O Diagnóstico Matheus de Almeida Queiroz (S4) E ele estava ali. Sentado. Não tinha forças sequer para se levantar e parecer surpreso com um diagnóstico tão devastador. Apenas pensava numa forma de contornar aquela situação. Não sabia como. S. A. Z. eram suas iniciais. Pelo menos era o que constava em seu precário prontuário, feito pelas mãos de um médico cuja letra era digna de uma caligrafia. Morava numa casa de dois andares com seus pais e sua irmã, mais nova do que ele. Suas condições de vida eram boas. Não tinha do que reclamar. Afinal, era o que todos diziam a ele. Tinha uma vida perfeita. Os seus sintomas começaram após uma festa de aniversário. Na verdade, S. A. Z. já notava alguns desses sintomas antes mesmo desse aniversário, mas não queria aceitar que estava ficando doente. Começou a se sentir cada dia pior, com a confusão mental sendo seu sintoma-guia. “Mas o que está acontecendo?”. Pensava consigo mesmo. “Eu não posso ficar doente! Não agora!”. E os dias passavam. Um, após o outro. Um, após outro. Um, outro. Um outro. Umoutro. Umutro. Umtro. Sentia seu coração correr. Enquanto remoia aqueles pensamentos que insistiam em ir e vir, sua doença se agravava. A alucinação, agora, parecia palpável. Queria tocá-la. Queria beijá-la. Não sabia mais o que fazer, pois já tinha tentado de tudo. Menos uma coisa. E isso talvez fosse a sua solução. Talvez fosse a sua cura. Passou-se o tempo. Vagarosamente. Sem pressa alguma. E foi S. A. Z. procurar novamente o médico que o tinha atendido naquela primeira vez. S. A. Z. estava calmo e introspectivo. O médico o convidou a sentar. Ele se sentou. Ambos se encararam durante alguns minutos. Sem palavras. Apenas um sorriso do paciente. O médico olhou para a mesa, pegou um papel e começou a escrever. Demorou-se menos de 5 minutos e entregou ao paciente o que havia escrito. E havia: “Sem necessidade de tratamento”. O paciente levantou-se e abriu um novo sorriso. O médico respondeu com outro sorriso. O paciente foi embora daquela sala. Uma moça o esperava. Eles deram as mãos e saíram daquele local. Ele se sentia bem. Após o paciente sair, o médico alcançava o prontuário que estava sobre a mesa, escreve algo e sai da sala. Na penumbra daquele consultório, via-se sobre a mesa: “Paciente sem necessidade de tratamento. Amor platônico resolvido com sucesso.”.