Diodo Semicondutor e retificação: Fontes DC e Princípios de um Receptor de Rádio AM I. Grupo Davi dos Santos Zocchio - 083414 Francisco Azevedo Alves - 081432 Felipe Junqueira Borges - 073065 II. Objetivos O experimento consistia em duas partes distintas: na primeira parte o objetivo era visualizar, analisar e estudar os efeitos de retificação de um diodo semicondutor em tensões e correntes alternadas. Na segunda parte, realizamos o experimento de estudo de funcionamento de rádios AM (amplitude modulada). III. Teoria Para a realização deste experimento foram utilizados os seguintes aspectos teóricos: Diodo e Retificação: Diodo é um elemento de circuito não-linear que devido ao material utilizado em sua construção permite que a corrente passe em um sentido com resistência praticamente nula (Direta) e resiste à corrente no sentido inverso com resistência quase infinita (Inversa) tornado-se assim um elemento importante na retificação e consequente transformação de correntes alternadas em contínuas. A figura 1 demonstra essa propriedade do diodo (imagem obtida pelo osciloscópio em modo XY). Essa transformação da onda é chamada de retificação pois a onda senoidal é “cortada” em meio-período (figura 2). Figura 1 - Corrente passando por um Diodo 1 Figura 2 – Onda senoidal Também é possível obter uma retificação de onda completa com derivação central como foi feito no experimento; na Metodologia Experimental será exemplificado este circuito e o formato de onda resultante. Fonte DC: Com o uso de diodos é possível criar um circuito cuja voltagem e corrente de entrada são alternadas e a saída é em corrente contínua e voltagem contínua, este é o princípio básico de um circuito que compõem uma fonte DC (fonte de corrente contínua), largamente utilizada em diversos aparelhos eletrodomésticos para converter a corrente alternada que chega em residências para corrente contínua. A figura 3 abaixo exemplifica uma fonte de tensão DC feita com 4 diodos e um capacitor, uma fonte AC alimenta o circuito e a tensão de saída no capacitor é DC após a retificação. Figura 3 - Circuito com entrada AC e saída DC Princípios de Funcionamento de Rádios AM/FM: Os rádios funcionam com modulação em freqüência (FM) ou modulação em amplitude (AM). No presente experimento foi construído um receptor de rádio AM que funciona da seguinte forma: ondas eletromagnéticas são captadas por uma antena o que induz uma pequena corrente alternada no circuito, essa corrente então passa por um filtro LC que serve como um filtro passa-bandas, o sinal então é recuperado e retificado por um diodo e capacitor assim como a retificação nas fontes DC. Primeiramente estudamos o funcionamento do rádio com um gerador de funções e depois com uma antena em substituição ao gerador. IV. Metodologia experimental Neste experimento utilizamos: um osciloscópio, um protoboard, um transformador variável ligado a tensão de 110V, um transformador de isolamento de 9V com derivação 2 central, dois diodos retificadores 1N4004, um resistor de R = 470 ± 24 Ω, um capacitor eletrolítico de C = 1000 ± 100 μF, um capacitor variável, um indutor de L = 55μH, alto falantes e cabos de ligação do circuito. O primeiro procedimento foi montar um circuito assim como descrito na Figura 4. Com a malha de D2 desconectada de P, obtivemos no osciloscópio a onda de tensão no resistor, tiramos uma foto e a reproduzimos com o objetivo de explicar porque a onda tem a forma obtida. Em seguida repetimos o procedimento, só que com a malha D2 conectada ao ponto P. A etapa seguinte foi adicionar um capacitor eletrolítico de C = 1000 μF, em paralelo com o resistor R. Assim obtivemos uma fonte de tensão DC. Variando a tensão no transformador observamos a mudança na tensão DC de saída, e pudemos descobrir a relação entre essa tensão e a amplitude do sinal alterado. Figura 4 - Circuito utilizado na primeira parte O segundo procedimento foi montar o circuito mostrado na figura 5. Utilizando um gerador de funções de ondas senoidais, determinamos a freqüência de ressonância do filtro LC, para uma posição arbitrária do capacitor variável, e dentro da faixa de trabalho do gerador de funções. Assim podemos determinar o fator de qualidade Q do filtro LC. Em seguida variamos a amplitude e a freqüência do gerador, ou a freqüência do filtro e anotamos o que foi observado. Figura 5 - Circuito utilizado na segunda parte Utilizando em seguida o gerador de funções com modulação FM (com a tecla SWEEP do osciloscópio pressionada), conectamos à bobina L2, colocando próxima da bobina L1, de forma a induzir um acoplamento indutivo entre elas. Em seguida conectamos a saída do circuito da figura 5 ao alto falante e ouvimos o som na freqüência de modulação aplicada. Variando a amplitude do gerador, a amplitude de modulação, sua taxa e também sua freqüência do circuito LC, obtemos as frequências do gerador com que é possível obter uma tensão V de saída apreciável. Podemos analisar dessa forma o papel do fator de qualidade Q do circuito LC ressonante. 3 V. Resultados e análise dos dados 1ª Parte: Tendo montado o circuito para a parte A do experimento e mantendo a malha D2 desconectada em primeira análise obtivemos a seguinte curva no osciloscópio: Foto 1 - Retificação de meia onda Analisando essa imagem foi possível observar os efeitos do diodo na corrente alternada do circuito. Devido a sua característica de permitir a passagem de corrente num sentido e quase que impedir a passagem da corrente em sentido contrário, a onda que seria senoidal aparece “cortada” periodicamente em meio-período, esse é o efeito de retificação de onda explicado na Teoria. Após essa análise, nós ligamos a malha D2 e adicionamos um capacitor eletrolítico, como indicado na Metodologia Experimental, primeiramente colocamos o diodo no sentido de deixar passar a corrente e obtivemos a foto 2, depois invertemos o diodo da malha D2 para que ele não deixasse a correte passar, dessa forma a corrente sofre a chamada retificação de onda completa que, em conjunto como o capacitor em contínuo processo de carga e descarga, resultou na imagem (foto 3) obtida pelo osciloscópio: 4 Foto 2 – Tensão DC na saída; resultante da adição de um capacitor Foto 3 – Tensão DC na saída; resultante da adição de um capacitor A tensão, que era senoidal, passa a ser uma tensão contínua, ou seja, a corrente alternada foi retificada e convertida para a corrente contínua, esse circuito, portanto, nos permitiu entender o funcionamento de uma fonte de tensão DC. As ondas senoidais de tensão originárias da corrente alternada são retificadas nos dois sentidos devido a ligação da malha D2 e a adição do capacitor carregando e descarregando diminui o “gap” gerado pelos diodos que não são ideais. Os diodos deixam passar um pouco de corrente e acabam não atuando na onda toda, assim o capacitor torna-se um elemento otimizador no circuito, dessa forma temos a corrente e tensão contínuas. Neste circuito também coletamos alguns pontos para determinar a relação entre a tensão DC e a tensão fornecida. Estes pontos estão na tabela abaixo: 5 Tabela 1 - Pontos de Tensão de Entrada e Saída, coletados no circuito com o capacitor Tensão de Entrada (V) 20 26 32 38 44 50 56 62 68 74 80 86 92 98 104 110 σTE 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 Tensão de Saída (V) 1,8 2,34 3,12 3,85 4,56 5,33 6,02 6,78 7,4 8,16 8,9 9,57 10,3 11,1 11,8 12,6 σTS 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,05 0,05 0,05 0,05 Plotamos o gráfico no Origin (gráfico no Anexo) e, usando a linearização do programa, encontramos que: tg α = TS/TE = 0,11943 ± 0,0005 Portanto, a tensão de saída é aproximadamente 10 vezes menor que a de entrada. 2ª Parte: Montamos o circuito da figura 5, ajustamos a frequência para um valor acima de 200 kHz e, com o auxílio da caixa de som, ouvimos o som emitido pelo circuito. No ponto em que o som estava mais intenso, registramos a frequência auferida no CH1 do osciloscópio: 52,50 Hz. A seguir, variamos a frequência, obtivemos dois comportamentos distintos: para frequências mais baixas (menores do que a citada acima), o som não foi ouvido e, no osciloscópio, a figura impossibilitava a medição (o período da função não era identificável). Já para as frequências nas quais o som era ouvido, a frequência do CH1 não variava significativamente, ou seja, o valor estava fixo na frequência de ressonância, impossibilitando uma coleta de pontos distintos. Tentamos variar o sweep de diversas maneiras, porém o problema permaneceu. Mesmo assim, coletamos, ao variar a frequência no gerador, os valores obtidos de frequência e voltagem no CH1. A voltagem variou de 5,2 V até 19,6 V. Com os problemas citados, recorremos à formula teórica para calcular a qualidade Q do circuito. Antes, podemos fazer uma análise quantitativa: dada a nossa dificuldade em encontrar pontos e, recorrendo aos resultados do experimento 5 (em especial o gráfico), a qualidade deve ser um valor alto. Ou seja, para uma faixa muito 6 estreita de frequências, a voltagem (e, consequentemente a potência) salta para um valor muito grande. A fórmula teórica da qualidade é: Q = [(L/C)1/2]/R Porém, a resistência R da fórmula é a resistência interna do circuito, a qual não foi possível determinar, já que a fórmula teórica não estava prevista para ser utlizada. Podemos, entretanto, estimar o valor de R (aproximando para a resistência interna do indutor) e L/C: ω = 329,87 rad/s = 1/[LC]1/2 Como L = 55 μH, encontramos que C = 0,167 F. Então, a razão L/C e a qualidade ficam: L/C = 0,018 Q = 0,018/47 = 0,00038 O valor de Q encontrado não condiz com a análise qualitativa e o modelo previsto. Isso ocorreu devido aos erros experimentais, às interferências dos equipamentos e nos equipamentos utilizados e, principalmente, à baixa largura da faixa de frequências (resultado dos elementos do circuito, que amenizavam muito a frequência de entrada), tornando a medida imprecisa. Para facilitar a análise da conversão das modulações, a curva V vs f de um filtro LC genérico foi inserida abaixo: Figura 6 - Curva V vs f de um LC O ponto 4 é a frequência de ressonância. O circuito LC converte modulação em frequência (FM) em modulação em amplitude (AM) entre os pontos 2 e 4 (valor um pouco abaixo da frequência de ressonância). Neste trecho inclinado, a variação na frequência gera uma variação de amplitude neste local, convertendo a modulação da onda. VI. Discussão e conclusão Nesse experimento foram feitas análises de retificação, fontes de tensão DC e funcionamento de rádios AM/FM. Com elas nós concluímos que a retificação é 7 um processo causado por materiais que resistem a passagem de corrente em um determinado sentido e a impedem no outro, causando o “corte” de ondas senoidais, como discutido anteriormente, e que esse fenômeno é a base para construção de fontes DC na qual, através de diodos e capacitores, é possível converter corrente alternada em corrente contínua. Na segunda parte, vimos como se comporta um receptor de amplitude modulada, o circuito LC, com C variável. Verificamos a resposta do circuito quando aproximamos a frequência de entrada à frequência de ressonância, e a importância desta frequência para a sintonia de um rádio. Determinamos como uma frequência modulada pode ser detectada por um filtro LC e, devido à interferências externas e internas, e à baixa precisão dos instrumentos, o fator de qualidade não pode ser determinado com precisão. VII. Bibliografia HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física Volume 3, 6. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2002. BROPHY, J. J. Eletrônica Básica – 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1978. pp. – 94-101 Apostila de F-429 Experimento 7 – Diodo Semicondutor e Retificação : Fontes DC e Princípios de um Receptor de Rádio AM 8