Atelier de Comunicação e Informação - Jornalismo É duro ser português Era eu ainda miúdo e já tinha todos os sonhos do mundo dentro de mim, um pouco ao estilo do Fernando Pessoa, mas sem o ópio. Era um sonhador daqueles que se deixavam levar pelo vento ou dos que ganhavam asas, qual publicidade da redbull. Sempre pensei, como qualquer outra pessoa, que quando fosse adulto - na verdadeira acepção do termo, não se tratando apenas da chegada à maioridade - iria ter uma boa casa, com um belo jardim, um cão adorável e uns dois ou três filhos, uma cara-metade perfeita, que teria o trabalho com que sempre sonhei, dinheiro no banco e paz no mundo. Actualmente, os sonhos não passam de meros pensamentos que «pessoa sim, pessoa não» tem durante a noite, quando de olhos fechados. O país está em mau estado. É impróprio para consumo. Médicos, advogados, jornalistas e uma lista interminável de licenciados das mais diversas áreas estão a trabalhar como recepcionistas, atendedores num call center ou num hipermercado qualquer. Cada um tenta prejudicar a vida do próximo e há cada vez mais desemprego. Como se não bastasse, temos ainda a Troika que retirou subsídios aos trabalhadores e ainda lhes aumentou os impostos. Não se vê, por isso, em tempos de crise, alegria no olhar das pessoas que passam na rua, contudo, todas as dores do país parecem passar nas noites de derby. Por outro lado, ainda há pouco tempo foi descoberto que os ex-ministros acumulavam pensões vitalícias com rendimentos do sector privado; temos Duarte Lima que alegadamente terá morto Rosalina Ribeiro, depois de lhe roubar uma boa maquia; um presidente de câmara a tentar inventar um milhão de euros para pagar aos seus funcionários os subsídios retirados; o Alberto João Jardim e o seu buraco financeiro e ainda (Dona) Filomena Correia que foi presa por supostamente ter cometido mais de 300 crimes por burla. A situação é similar à que se verificou aquando da pandemia da gripe A, só que quem “espirra” agora é a Grécia e nós - “Portugas” - apenas nos escondemos do vírus atrás do cinto fininho que nos asfixia as economias pessoais. Por isso, todos sabemos que vivemos num país falido, onde a única coisa que vai crescendo são os juros da dívida. Não sabemos para onde caminhamos, mas fazemo-lo porque somos uns sonhadores e ainda temos esperança de que haja um futuro melhor, que um santinho qualquer nos traga uma vida satisfatória e mais dinheiro para pagar as contas. Até lá, queixamo-nos muito e insultamos os políticos todos fazendo apenas a pausa dramática e «sagradinha» para ver “a bola”. «Porreiro pá!».