A QUESTÃO DO TRABALHO COMO CATEGORIA DE ANÁLISE DA

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A QUESTÃO DO TRABALHO COMO CATEGORIA DE ANÁLISE DA
CIÊNCIA GEOGRÁFICA
Anna Paulla Artero Vilela1
Ricardo Pires de Paula2
RESUMO: Este artigo pretende levantar uma breve discussão referente à temática
Trabalho no âmbito da ciência geográfica. Para isso, buscou realizar uma análise
quantitativa de artigos apresentados e publicados em anais de evento a fim de desvendar
a importância que é dada ao tema na pesquisa acadêmica. Desse modo, este trabalho
quer discutir de que forma a academia se propôs a discutir o tema em monografias,
dissertações, teses, artigos em periódicos e trabalhos apresentados em eventos e
publicados em Anais. Apreendemos que o tema demonstra sua relevância como sendo
uma categoria de análise que fortalece trabalhos, objetos e temáticas que perpassam o
campo das relações sociais, os quais estão intrinsicamente ligados à produção do espaço
geográfico. Por isso, discutir o tema se faz de extrema urgência visto que a questão do
Trabalho é hoje entendida fora do seu contexto à qual Marx (1992) nos reporta, ou seja,
por meio do trabalho o ser humano toma consciência de sua unidade com a natureza e,
assim, a manuseia a fim de modificá-la para de sanar sua carência das necessidades
básicas para sua sobrevivência. Dinâmica esta que seria responsável, pelo menos em tese,
por provocar a consciência da sua unidade com a natureza e provocar a emancipação das
amarras das regras impostas pelo mundo do capital e a felicidade individual e coletiva.
Diante dessas premissas, este trabalho busca trazer para Educação a importância dos
professores tratarem sobre a temática com os alunos.
Palavras chave: Trabalho; Geografia; Academia; Educação.
1Discente
do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT/UNESP) Bolsista da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), processo n° 2016/09273-8. e-mail
[email protected]
As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade da autora e
não necessariamente refletem a visão da FAPESP.
2Professor doutor na FCT/UNESP – Presidente Prudente/SP. e-mail: [email protected]
1
INTRODUÇÃO
A importância de trabalhos que abordem a temática Trabalho se configura como
primordial para compreendermos as relações entre a sociedade e natureza, e seus
desdobramentos no espaço geográfico. É, pois, na mediação entre esses dois
componentes que se configura a importância do trabalho para a sobrevivência da espécie
humana, transformadora do espaço mediante as técnicas por excelência.
Diante de tal premissa, o presente artigo busca contribuir com o conhecimento
geográfico destacando como tem se expandindo a discussão sobre a questão sob a
perspectiva da Geografia e, principalmente, no meio acadêmico brasileiro. Traz, por
conseguinte, uma breve reflexão sobre o conceito Trabalho.
A metodologia utilizada para verificar como a discussão tem ocorrido foi através do
levantamento de dados que indiquem a utilização do termo. Desta forma, foi realizado
investigação sobre as linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação em geografia
através do banco de dados da CAPES (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível
Superior) – SUCUPIRA3. Além disso, foi realizado o levantamento do termo no periódico
próprio que estuda questões relacionadas à geografia, ou seja, Periódico Mercator
Universidade Federal do Ceará (UFC)4.
Por fim, foram analisados todos os trabalhos do Encontro Nacional dos Geógrafos de
2010 e 2012. Este evento é itinerante e ocorre a cada dois anos com tem a finalidade de
reflexão de temas atuais pertinentes à Geografia.
CONCEITUAÇÃO DO CONCEITO TRABALHO
O conceito trabalho neste artigo tem como conteúdo a medição do processo em que
o ser humano, diante do desprovimento de materiais necessários aos seus desejos, entra
em contato com a natureza e a transforma com intuito de sanar estas carências (MARX,
1982). Tal processo necessita de esforços para serem cumpridos e que possam ser
realizados coletivamente ou individualmente.
Na Geografia é apresentada a importância do trabalho como sendo o mediador
entre homens e mulheres com a natureza. Neste sentido, Milton Santos destaca que
É por demais sabido que a principal forma de relação entre o homem e a
natureza, ou melhor, entre o homem e o meio, é dada pela técnica. As técnicas
são um conjunto de meios instrumentais e sociais com os quais o homem realiza
sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço. (SANTOS, 2012, p.29).
A relação entre a técnica e Trabalho é relevante em cada momento histórico, pois
sua transformação no espaço se deve mediante ao tempo, neste caso a indissociabilidade
3
O SUCUPIRA é um órgão do Ministério da Educação responsável pelo reconhecimento e avaliação dos
Programas de Pós-Graduação em todo Brasil.
4
O periódico Mercartor é um espaço de divulgação dos trabalhos científicos resultantes de pesquisas densas que tratam de
questões sob a perspectiva da sociedade acadêmica. O periódico possui Qualis A1 e, portanto, é um conceito avaliado pela
CAPES como sendo uma revista de alto impacto na comunidade acadêmica.
2
é necessária e está intrínseca. Dessa maneira, não se trata de espaço e tempo, mas sim
espaço tempo (RAY, 1993).
Por certo, revela-se como uma crítica aos intelectuais que optam por uma produção
do conhecimento sem questionamento e, assim, não busca na história ou na cultura a
compreensão mais precisa da realidade no que diz respeito à superação dos problemas da
sociedade de uma maneira geral. Em outras palavras, a construção do conhecimento tem
causado até os dias de hoje inúmeros conflitos que se materializam em um conhecimento
estritamente utilitário e, por isso, apropriado pelo capital com a única finalidade de
geração de riquezas.
A ciência geográfica tem se dedicado a compreender problemas como os
desequilíbrios ambientais para não perceber os desequilíbrios sociais (PORTO
GONÇALVES, 2001). Trabalhar com o conceito Trabalho e buscar compreendê-lo sob a
perspectiva da geografia significa desvendar a realidade e os processos socioespaciais, ou
seja, a construção de uma Geografia socialmente útil.
Na Geografia brasileira a principal discussão sobre trabalho se apresenta sob a égide
do capitalismo, a exploração da mais valia mediante a hierarquia social, da classe
dominante sobre os dominados, os que possuem meios particulares de imposição de
ações e os que possuem a força de trabalho em troca da sobrevivência (MOREIRA, 1994).
A classe dominante reprime a ociosidade como meio de legitimar a conquista da
mais valia. Para isso, se apóia num discurso contra o ócio, pois este se coloca contra a
idéia de desenvolvimento e os ideais progressistas sob a ótica capitalista. Como destaca
Porto Gonçalves (2001, p.378/379) se referindo à idéia daquele que goza da ociosidade
como libertação, mas que a classe dominante é “aquele que nega o ócio, que vive para o
negócio, que chama os outros - os que se movem com outros ritmos, por outros tempos –
de indolentes e preguiçosos porque, para ele, parecem estar sempre atrasados”.
Seguindo o padrão de pensamento da classe dominante, solidificado nos preceitos
cristãos, somente é por meio do trabalho que se apresenta a verdadeira emancipação e
libertação da humanidade. Por outro lado, neste discurso, não revela o outro lado
existente e que se efetiva por meio da subordinação, degradação, escravização,
precarização e exploração do trabalho se coloca o discurso ideológico alienante para não
revelar este lado.
A ociosidade passa a ser combatida por meio dos salários baixos, pois o indivíduo
precisa sempre se preocupar em adquirir dinheiro para suprir seus meios de
sobrevivência. Desde cedo há a preocupação em evitar ociosidade nas crianças, desta
forma a escola passa a ser utilizada como recurso e uma forma de não perder tempo, pois
a luta foi sempre sobre o tempo não contra ele (THOMPSON, 1998). Afinal, como diz o
ditado que se tornou uma fala comum e popular: tempo é dinheiro.
Nesta perspectiva, a administração do tempo é muito valiosa em uma sociedade
capitalista, tudo passa a ser cronometrada, como a alimentação, o sono, as necessidades
pessoais, o trabalho e principalmente o lazer que em muitos casos não ocorre. Momentos
de lazer são raros devido ao cansaço e atribulações do cotidiano, principalmente quando
essa sobrecarga desgasta o trabalhador chegando ao adoecimento. Deste modo, pensar
em querer momento de lazer se torna um luxo.
3
Por conseguinte, o tempo natural do sol e da lua são substituídos pelo tempo do
relógio, instrumento dos agentes dominantes, que se impõe na vida dos dominados e não
permite a ociosidade. Desta forma, o tempo é comandado pela mão de obra, não mais a
mão de obra comanda o tempo (THOMPSON, 1998).
A força dos dominantes sempre é acompanhada das relações econômicas e
políticas, que possibilitam maior legitimação de suas intenções e ações. Assim,
Uma sociedade brasileira que possui sua história estabelecida em pilares de
disparidades, em que homens livres e escravos pudessem gozar de estabilidade,
sem que haja violência ou temor a ela, por isso a negociação e sabedoria política
eram importantes. No Brasil os escravos mais negociaram, que lutaram
abertamente contra o sistema. (REIS&SILVA, 1989, p.14).
Mesmo diante dessa realidade, ainda sim existe e insiste em permanecer uma força
que busca resistência em se transformar em meras ferramentas utilitárias desse sistema.
Nos dias atuais, tal resistência aparece com outras roupagens, signos, símbolos e através
de um conjunto de mudanças, técnicas e ritmos.
A importância de trabalhos acadêmicos que possuem em sua essência buscar
entender o conceito de trabalho e seus desdobramentos é um desafio que tem avançado
na Geografia. Dessa maneira, é apresentado a seguir um panorama dos trabalhos
científicos sobre a temática.
ESTUDO SOBRE OS TRABALHOS REALIZADOS SOBRE A TEMÁTICA DO TRABALHO
Existem hoje no Brasil 63 programas de Pós-Graduação em Geografia. A busca foi
realizada na plataforma do SUCUPIRA, banco de dados da capes que possui uma política
de transparência. Tudo que é alimentado na plataforma fica disponível a quaisquer
usuários que eventualmente possuam interesse nos dados que ali são disponibilizados ao
público.
Neste caso buscamos nos 63 programas as linhas de pesquisa que possuam o termo
trabalho como sendo a temática de produção do conhecimento. O resultado foi
encontrado em três programas (Quadro 1):
Quadro 1.
Programas
Universidade Federal da Paraíba/
João Pessoa
Universidade Federal de Goiás
(Campus Catalão)
Universidade Estadual Júlio de
Mesquita Filho (Campus de
Presidente Prudente)
Linhas de Pesquisa
Cidade e Campo/ Espaço e Trabalho
Trabalho e Movimentos Sociais
Trabalho, Saúde Ambiental e
Movimentos Socioterritoriais
4
Os dados apresentados nos remetem a alguns questionamentos, que, com certeza,
não serão respondidos neste texto. Por exemplo, por que em apenas 3 programas a
temática é estudada? Por que a temática não desperta interesse de pesquisa? Quais os
tema e linhas predominantes? Por outro lado, por que a temática Trabalho aparece nestes
3 programas? O que os move?
Estes questionamentos são relevantes e demonstram a necessidade de mais estudos
a fim de responder estes questionamentos e, com isso, buscar meios de superação às
questões colocadas.
A discussão não está concentrada no território e suas linhas promovem o
envolvimento de pesquisas sobre trabalho e a geografia em diferentes acepções de
trabalho, como processo de desenvolvimento e organização territorial, trabalho como
resistência e trabalho sob a ótica da precarização e degradação. O termo trabalho
demonstra suas varias possibilidades de uso em pesquisas.
No levantamento dos periódicos foi optada a escolha de apenas um mediante a
quantidade e variedade na área da Geografia e com diferentes pesos na avaliação da
CAPES. A escolha foi por um periódico que foi bem avaliado e que trabalha com uma
diversidade de temas da Geografia.
O periódico Mercator (UFC) publica artigos desde2002 e foi utilizado esse recorte
temporal para fazer o levantamento. Desde forma, selecionamos artigos que aparecem
em seus títulos o termo Trabalho (Quadro 2):
Quadro 2
Ano
2009
2011
2014
2015
2016
Termo
Trabalho e Migrações
Divisão Territorial do Trabalho
Trabalho na Cana de Açúcar
Lazer e Trabalho no Espaço Urbano
Mercado de Trabalho
Neste quadro se pode notar que o termo trabalho tem aparecido nos trabalhos e
houve um avanço desde 2002, em que se notava a ausência deste termo nos trabalhos
publicados neste periódico se tornando recorrente nos últimos anos.
Demonstra também sua variedade de possibilidades de engajamento nas pesquisas
com diferentes intencionalidades de abordagem.
Diante disso foi escolhido analisar dois anos do Encontro Nacional de Geógrafos
Brasileiros que ocorreram em 2010 e 2012, a escolha dos anos foi mediante a ausência
dos anais em versão digital dos anos anteriores. Ocorreu um evento do ENG em 2016,
porém não se encontra disponível.
Este evento ocorre em âmbito nacional, sob organização da Associação dos
Geógrafos Brasileiros com participação de alunos da graduação e pós-graduação em
geografia, podemos caracterizar como um dos principais eventos na área que contribui
muito com as discussões sobre temas atuais que preocupam a ciência geográfica.
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Neste evento a preocupação foi com a utilização do termo trabalho nos títulos dos
trabalhos publicados em anais, como realizado no periódico e nas linhas de pesquisa.
A tabela que segue (Quadro 3) abaixo é referente aos Anais do XVI Encontro
Nacional de Geógrafos Brasileiros – Porto Alegre – 2010.
Quadro 3
Quantidade
3
1
2
Tema
Migração do
Trabalho
Cidadania, Trabalho
e Juventude
Mobilidade do
Trabalho
Trabalho Feminino
Relações Capitalista
deTrabalho
Trabalho Escravo
Precarização do
Trabalho
Divisão Social do
Trabalho
Trabalho Infantil
Produção do Espaço
e Relação de
Trabalho
Metropolitano
Crise do Trabalho
Capital, Trabalho e
Exclusão Social/
Estado
Trabalho em Marx
Mundo do Trabalho
4
Relações de Trabalho
1
Organização do
Trabalho
Trabalho, Progresso
e Desenvolvimento
Trabalho Fabril
1
4
1
1
2
3
1
1
1
1
2
1
3
Eixo
Cidade/ Urbano
Educação
Cidade/ Urbano
Cidade/ Urbano
Campo/ Rural
Campo/ Rural
Cidade/ Urbano
Campo/ Rural
Educação
Cidade/ Urbano
Cidade/ Urbano
Cidade/ Urbano
Campo/ Rural
Cidade/ Urbano
Cidade/ Urbano
Educação
Campo/ Rural
Cidade/ Urbano
Pensamento
Geográfico
Campo/ Rural
Campo/ Rural
Cidade/ Urbano
6
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
Pensamento
Geográfico
Campo/ Rural
Cidade/ Urbano
Cidade/ Urbano
Trabalho Camponês
Divisão do Trabalho
Atores, Trabalho e
Novos Territórios
Divisão Territorial do
Cidade/ Urbano
Trabalho
Divisão Espacial do
Cidade/ Urbano
Trabalho
Trabalho em Áreas
Natureza/ Meio
deGarimpo
Ambiente
Trabalho na Idade
Pensamento
Média
Geográfico
Trabalho como
Campo/ Rural
Mediação da Relação
Homem/ Natureza
Entre Capital e
Cidade/ Urbano
Trabalho
na Construção Civil
Desafios do Trabalho
Cidade/ Urbano
Coletivo
Reestruturação
Cidade/ Urbano
Produtiva e Trabalho
Campo/ Rural
Trabalho como
Cidade/ Urbano
Prática de
Resistência
Divisão Internacional
Cidade/ Urbano
do Trabalho
Neste evento foram publicados 2.200 trabalhos, sendo que em 47 títulos de
trabalhos aparecem o termo trabalho. Estes 47 trabalhos aparecem distribuídos em todos
os eixos de diálogos do evento, mas com predominância nos eixos Campo/ Rural e Cidade/
Urbano.
A próxima tabela (Quadro 4) que segue abaixo é referente aos Anais do XVII
Encontro Nacional de Geógrafos Brasileiros – Belo Horizonte – 2012.
Quadro 4
Quantidade
2
Tema
Migração e as
Relações de
Trabalho
Eixo
Cidade/ Urbano
Educação
7
1
2
1
1
5
1
1
2
1
3
2
1
3
4
1
1
2
2
1
1
1
Mudanças do
Cidade/ Urbano
Trabalho
Condições e Relações
Campo/ Rural
de Trabalho
Como Fica o
Campo/ Rural
Trabalho
Força de Trabalho
Campo/ Rural
Precarização do
Campo/ Rural
Trabalho
Cidade/ Urbano
Trabalho Formal
Campo/ Rural
Trabalho Produtivo e
Pensamento
Improdutivo
Geográfico
Mobilidade do
Cidade/ Urbano
Trabalho
Campo/ Rural
Trabalho e o
Natureza/ Meio
Paradigma
Ambiente
Trabalho Escravo
Campo/ Rural
Mercado de Trabalho
Educação
Cultura do Trabalho
Educação
Trabalho Feminino
Cidade/ Urbano
Educação
Campo/ Rural
Relações de Trabalho
Campo/ Rural
Cidade/ Urbano
Mundo do Trabalho
Cidade/ Urbano
Geografia, Território
Campo/ Rural
e Trabalho
Divisão Territorial do
Campo/ Rural
Trabalho
Cidade/ Urbano
Degradação das
Campo/ Rural
Condições de
Cidade/ Urbano
Trabalho
Exploração do
Natureza/ Meio
Trabalho
Ambiente
Trabalho e Relação
Campo/ Rural
de Poder
Regulação Social do
Campo/ Rural
Trabalho
No XVII Encontro Nacional dos Geógrafos foram 2.620 trabalhos publicados, e o
termo Trabalho apareceu quarenta vezes nos títulos dos artigos. Assim, optamos por
8
estudar dois Anais do evento para tentar demonstrar que a geografia tem se mantido
presente na discussão, embora de maneira restrita.
Por outro lado, quando aparece a discussão do termo aqui estudado ele se
manifesta de maneira diversificada, aspecto este que acaba por fortalecer a discussão nas
ciências humanas.
No final da década de 70 no Brasil a Geografia Crítica entra no debate com raízes em
pensadores como Hegel, Lefèbvre, Karl Marx, Engels, David Harvey, etc. Um dos autores
brasileiros que promove este debate para geografia foi Milton Santos. A corrente teórica
materialista histórica baseada no método dialético se destaca no embate da Geografia
Teorética Quantitativa, proporcionando o conflito, com base na resistência.
Na dialética, Lefebvre destaca que “Os pesquisadores confrontam as opiniões, os
pontos de vista, os diferentes aspectos do problema, as oposições e contradições”
(SPOSITO,2004, p.41apud LEFÈBVRE 1983). Esse método tenta compreender o movimento
da sociedade através das contradições, no instante em que estamos em um estado
subversivo germina a vontade de desvendar as obscuridades que estão presentes na
realidade de uma sociedade frágil.
O conceito de Trabalho é discutido com muita relevância, contribuindo para uma
discussão que continua esporádica na Geografia, outras ciências humanas já haviam
promovido esta discussão há algum tempo.
Refletindo sobre o exposto a historia e a geografia sua indissociabilidade, a
expansão do termo/ conceito trabalho só fortalece as discussões de pensar a
grandiosidade do conhecimento para formação de indivíduos críticos.
Pensar que cada produção cientifica envolveu indivíduos que estão dispostos a
construir ou colaborar com o conceito é um avanço para ciência geográfica e humanas,
pois destaca a preocupação de cientistas com a temática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensar na história da Geografia e como o conceito Trabalho vem sendo discutido
revela cada vez mais sua importância, para compreendermos o espaço geográfico.
Reflexões que levam a entender o trabalho na Geografia e que possa ser denominado
como a Geografia do Trabalho é um avanço para ciência geográfica e para a ciência
humanas.
Foi demonstrado através das tabelas que a discussão sobre o tema precisa se
fortalecer. Porém, existe certa estabilidade no campo das discussões atinentes à ciência
geográfica.
Não negligenciar esta discussão e demonstrar em cada espaço da academia a
importância que é trabalhar com um conceito que envolve vidas e, assim, colocar a
Geografia em movimento para além das armadilhas do sistema é uma conquista.
Dessa forma, tem a continuação da luta pelo espaço e principalmente pela
continuidade da discussão de trabalho.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MARX, K. O Capital. Rio de Janeiro: Difel, 1982.
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PETERSEN, S. R. F. A PRESENÇA DA HISTÓRIA SOCIAL DO TRABALHO NO AMBIENTE
ACADÊMICO BRASILEIRO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS. XXVI Simpósio Nacional da ANPUH –
Associação Nacional de História. Anais. São Paulo, 2011.
PORTO-GONÇALVES, C. W. A invenção de novas geografias: a natureza e o homem em
novos paradigmas. IV Congresso Venezuelano de Geografia. Anais. Caracas, 2001.
RAY, C. Tempo, espaço e filosofia. Campinas: Papirus, 1993.
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SANTOS, M. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Editora
da Universidade de São Paulo, 2012.
SPOSITO, E.S. Geografia e Filosofia: contribuição para o ensino do pensamento
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THOMPSON, E. P. A Formação da Classe Operária Inglesa. 3v. Trad. Denise Bottmann. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
_______________ Costumes em comum. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
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