Texto 1: Artes para a 2ª série do Ensino Médio – Prof.ª Luciana Carvalho ARTE DO RENASCIMENTO As figuras começam a apresentar contornos mais suaves e aspectos mais humano. Suas principais características são: razão, objetividade, imitação dos gregos e romanos, equilíbrio, simplicidade, homem como centro do universo, a revalorização da beleza física do homem com a representação do corpo nu, a natureza como grande fonte de inspiração, figuras naturais que dão ideia de movimento e o surgimento da técnica de pintura a óleo, com a utilização de cores vivas. Renascimento na Itália Chamou-se Renascimento o movimento cultural desenvolvido na Europa entre 1300 e 1650. Tal nome sugere um súbito reviver dos ideais greco-romanos, o que não é de todo correto: mesmo no período medieval o interesse pela cultura clássica não desapareceu. Exemplo disso é Dante Alighieri (1265 – 1321), poeta italiano que manifestou entusiasmo pelos clássicos. Também nas escolas das catedrais e dos mosteiros, autores latinos e filósofos gregos eram muito estudados. A arquitetura No período românico construíram-se templos fechados. A arquitetura gótica buscou a verticalidade. Já o arquiteto do Renascimento buscou espaços em que as partes do edifício parecessem proporcionais entre si. Procurou, ainda, uma ordem que superasse a busca do infinito das catedrais góticas. Um dos primeiros arquitetos a expressar esses ideais foi Filippo Brunelleschi (1377 – 1446). Exemplo de artista completo, foi pintor, escultor e arquiteto, além de dominar conhecimento de matemática e geometria. Destacou-se como construtor e teve participação decisiva na construção da catedral de Florença – igreja de Santa Maria del Fiore. A construção dessa catedral começou em 1296; em 1369 as obras haviam terminado, mas o espaço a ser ocupado por uma cúpula continuava aberto. Em 1420, coube a Brunelleschi projetá-la. A pintura No fim da Idade Média e no Renascimento, predomina uma interpretação científica do mundo. Sobretudo na pintura, isso se traduz nos estudos da perspectiva segundo os princípios da matemática e da geometria. O uso da perspectiva conduz a outra tendência do período: o uso do claro-escuro, que consiste em pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra. Esse jogo de contrastes dá aos corpos uma aparência de volume. A combinação da perspectiva e do claro-escuro, por sua vez, contribui para dar maior realismo às pinturas, isto é, torna-as mais próximas da realidade. Outro aspecto da arte do Renascimento, em especial da pintura, é a formação de um estilo pessoal. Mais livre em relação ao rei e à Igreja, o artista é como o vemos hoje: um criador independente, que se expressa contando apenas com sua capacidade de criação. Daí haver, no Renascimento, inúmeros artistas de prestigio, com características próprias. Piero dela Francesca: a geometria do humano Para Piero dela Francesca (1410 – 1492) a pintura não tem por função principal representar um acontecimento ou transmitir emoções, como alegria, tristeza, sensualidade. Sua obra apresenta, muitas vezes, uma composição geométrica combinada ao uso de áreas de luz e sombra. Botticelli: a linha que sugere ritmo Sandro Botticelli (1445 – 1510) é considerado o artista que melhor transmitiu, no desenho, um ritmo suave e gracioso às figuras. Seus quadros – com temas tirados da Antiguidade grega ou da tradição cristã – buscam expressar o ideal de beleza do artista. Leonardo da Vinci: conhecimento científico e beleza artística Da Vinci (1452 – 1519) teve múltiplos interesses e habilidades. Aos 17 anos, em Florença, foi aprendiz de Verrocchio, escultor e pintor consagrado. Em 1482 foi para Milão, onde fez um projeto urbanístico completo para a cidade: uma rede de canais e um sistema de abastecimento de água e de esgotos, ruas alinhadas, praças e jardins públicos. Por volta de 1500 o artista passou a dedicar-se a estudos de perspectiva, óptica, proporções e anatomia. Nessa época, fez milhares de desenhos com anotações e os mais diversos estudos sobre anatomia humana, proporções de animais, movimentos, plantas de edifícios e engenhos mecânicos. Da Vinci pintou pouco: o afresco mural Última Ceia e cerca de quinze quadros, entre os quais destacam-se Mona Lisa e A virgem e o menino. Dominou com sabedoria o jogo de luz e sombra e criou uma atmosfera que, partindo da realidade, estimula a imaginação do observador. Michelangelo: a expressão da dignidade humana Aos 13 anos, Michelangelo (1475 – 1564) foi aprendiz de Domenico Ghirlandaio, consagrado pintor de Florença. Depois, frequentou a escola de escultura mantida por Lourenço Médici, também em Florença. Entre 1508 e 1512, trabalhou na pintura do teto da Capela Sistina, no Vaticano, para o qual concebeu grande número de cenas do Antigo Testamento. Rafael: a simplicidade e a harmonia Rafael Sanzio (1483 – 1520) é considerado o pintor renascentista que melhor desenvolveu os ideais clássicos de beleza: harmonia e regularidade de formas e cores. Tornou-se muito conhecido por pintar as figuras de Maria e Jesus, e seu trabalho transformou-se em modelo para o ensino de pintura em muitas escolas mais tradicionais. A escultura Nas esculturas italiana do Renascimento destacam-se Michelangelo e Andrea del Verrocchio. Verrochio (1435 – 1488) trabalhou em ourivesaria, o que influenciou sua escultura: algumas de suas obras possuem detalhes que lembram o trabalho de um ourives – artesão que trabalha com peças de ouro. Entre elas, destaca-se Davi, escultura da personagem bíblico que venceu o gigante Golias, poderoso soldado de um exército inimigo do povo de Israel. Quando a observamos, inevitavelmente a comparamos ao Davi de Michelangelo, pois as duas figuras são extremamente diversas entre si. Na escultura, a criatividade de Michelangelo manifestou-se ainda em outros trabalhos, como a Pietá, conservada atualmente na basílica de São Pedro, em Roma. O Renascimento na Alemanha e nos Países Baixos Com o tempo, as ideias dos artistas italianos que valorizavam a cultura greco-romana começaram a se expandir. Artistas como Duner, na Alemanha, e Holbein, Bosch e Bruegel, nos Países Baixos, renovaram a pintura em seus países inspirados pela pintura italiana renascentista. Durer: a arte e a realidade Albrecht Dures (1471 – 1528) foi um dos primeiros artistas alemães a representar o corpo humano com uma beleza ideal, como imaginaram os artistas clássicos gregos e romanos. Como se dedicou à geometria e à perspectiva, valorizou também a observação da natureza e a reproduziu fielmente em muitos de seus trabalhos. Durer foi famoso também como hábil gravador – artista que produz gravuras usando como matriz a madeira ou o metal. Hans Holbein: a dignidade humana Hans Holbein (1498 – 1543) ficou conhecido como retratista de personalidades políticas, financeiras e intelectuais da Inglaterra e dos Países Baixos. Seus retratos destacam-se pelo realismo e pela aparência de tranquilidade das pessoas retratadas. Ele procurou para expressar um dos ideais renascentistas de beleza: a dignidade do ser humano. Bosch: a força da imaginação Hieronymus Bosch (1450 – 1516) criou uma obra inconfundível, rica em símbolos da astrologia, da alquimia e da magia do final da Idade Média. Nem todos os elementos presentes em suas telas, porém, podem ser decifrados, pois muitas vezes ele combina aspectos de diversos seres – animais ou vegetais – e cria estranhas formas sem motivo aparente. O que pretendia ele? Alguns estudiosos veem em sua obra a representação do conflito que inquietava o espírito humano no final da Idade Média: de um lado, o sentimento do pecado ligado aos prazeres materiais; de outro, a busca das virtudes na vida ligada à espiritualidade. Além disso, muitas crenças religiosas espalharam-se pela Europa entre as pessoas mais simples e fortaleceram superstições, talvez representadas na pintura de Bosch. Bregel: um retrato das aldeias medievais Pieter Bruegel, o Velho (1525 – 1569), viveu nas grandes cidades da região de Flandres (na atual Bélgica), já sob a influência dos ideias renascentistas, mas retratou a realidade das pequenas aldeias que ainda conservavam a cultura medieval. É o caso, por exemplo, da pintura Jogos Infantis. A partir do século XV até o século XIX acompanhando a evolução social e politica, foram surgindo vários movimentos das Artes Plásticas, sobretudo da pintura, com novos valores, novos estilos e suas características. No final do século XIX, com o desenvolvimento industrial, o crescimento da ciência, a descoberta do telefone, da luz elétrica e da estrada de ferro, os pintores deixam os estúdios e passam a pintar ao ar livre, fazendo da natureza seu próprio tema. Tinham como preferencia as paisagens, tais como: o céu, os rios, os campos, as montanhas e a neve. A música no Renascimento A viola utilizada na música brasileira, principalmente na região centro-oeste do país, descende da viola portuguesa, também chamada viola de arame, ou seja, viola de cordas de metal. Esse instrumento atinge na Europa o seu apogeu no século XVI, aparecendo em romarias, arraiais e bailaricos em Portugal, no período do Renascimento. No período renascentista, paralelamente à prática das igrejas, a música profana passa a se identificar melhor com as emoções humanas, os seja, fala do amor, dos sentimentos, conflitos e desejos mundanos, adquire uma liberdade natural e ocupa um lugar importante como temática nas mãos dos compositores da época. A valorização da música profana e instrumental no Renascimento é evidente, pois nessa época os compositores passam a escreve músicas com a finalidade de que sejam executadas por instrumentos musicais, e não somente para vozes. Apesar da expansão da música profana, a música religiosa continua ocupando lugar de destaque pela importância e qualidade de sua elaboração, expressando-se por meio do coral cantando, a cappella, ou seja, sem acompanhamento de instrumentos musicais. Nesse período, a técnica da composição se desenvolve de uma maneira surpreendente, havendo registro de músicas compostas para um ou mais coros cantando simultaneamente. Vamos citar apenas os compositores que mais se destacaram, e cujas obras expressavam sentimentos próprios do pensamento renascentista. Josquin des Près, compositor holandês, foi considerado o Príncipe dos Compositores pelos músicos de sua época. Sua obra causava admiração aos ouvintes, pela clareza das palavras em conjuntos de vozes cantadas simultaneamente. Palestrina, compositor italiano, renovou a técnica da composição para várias vozes, levando a polifonia à perfeição. John Dowland, alaudista inglês, musicou versos de William Shakespeare, autor de diversas peças teatrais conhecidas, como Romeu e Julieta. A elaboração dessas obras, sua sofisticação e riqueza de detalhes só foram possíveis a partir de uma metodologia de composição que está vinculada à escrita musical. Além disso, a escrita favoreceu a preservação dessas músicas, registrando-as em partituras com fidelidade até os nossos dias. O Teatro no Renascimento O início do teatro renascentista foi precisamente em 1486, quando Hipólito, a primeira tragédia de Sêneca, foi montada em Roma. O que fez o teatro dos humanistas, como era também chamado o teatro renascentista, foi colocar o homem no centro de sua atenção, diferentemente do que acontecia no teatro medieval, em que, como você recorda, a Igreja e Deus estavam no centro das atenções dos dramaturgos e dos artistas. Esse teatro se desenvolveu, no inicio, a partir de atividades de ensino. Várias universidade e escolas latinas começaram a armar palcos improvisados em seus pátios, costume que se espalhou por toda a Europa. Príncipes e cardeais transformaram-se em patronos de teatro; reis, imperadores e papas convidavam, para a sua corte, poetas, atores e pintores para organizar suas festas. Comparando esse momento do teatro com os séculos anteriores, você vai perceber que a mudança foi radical. No principio, o palco era elevado e seu cenário era composto por uma fileira de casas pintadas em um pano no fundo. Às vezes essas casas eram divididas em gabinetes com cortinas de correr. Mona Lisa – Leonardo Da Vinci O nascimento de Vênus - Sandro Botticelli Pietá – Michelangelo Buonarroti