O fim do mundo como nós conhecíamos

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RELATO CRÍTICO: PLAYTIME, MEDIANERAS E NICOLAU SEVCENKO
NOME: GUILHERME IEGAWA SUGIO
DISCIPLINA: FORMAS, ESTADOS E PROCESSOS DA CULTURA NA ATUALIDADE
PERÍODO: NORTURNO
O FIM DO MUNDO COMO NÓS CONHECÍAMOS
“It’s the end of the world as we know it and I feel fine”
Michael Stipe
Nossa condição como ser humano no mundo contemporâneo é um conceito turvo, com
uma definição ainda não muito clara. Basta nos perguntarmos como definimos o eu e o nós na
sociedade: modernos, pós-modernos, caóticos, cartesianos, informacionais, vazios, apáticos,
virtuais.
Definir o zeitgeist não deveria ser uma atividade de relação de contemporaneidade entre
sujeito e objeto. Estamos tão próximos do tempo presente que não podemos enxergar o desenho
que define o ser humano dentro do contexto contemporâneo, muito menos o próprio contexto.
Deveria ser uma atividade feita na posterioridade, no momento em que estamos distantes o
suficiente do objeto para poder defini-lo com mais precisão dentro de seu contexto.
Há certas pessoas que tentam exprimir sua concepção sobre a condição social humana
em suas produções artísticas. Duas destas produções são o filme Playtime (1967), de Jacques
Tati, e Medianeras (2011), de XXX. Cada um no seu tempo, no seu contexto e com sua própria
percepção sobre o presente e o futuro do homem social. Os dois filmes retratam dois cenários
distintos da Síndrome do Loop, conceito de Nicolau Sevcenko sobre a evolução tecnológica e
suas consequências no homem.
“Estou muito contente com a sua organização”
Personagem sem nome
Em Playtime, é possível enxergar o devir moderno em diversos momentos do filme. Na
construção cinematográfica, temos a linearidade temporal e o uso intenso de cãmeras fixas. Na
construção narrativa, o agito monótono do cotidiano norte-americano, o clima futurista e
organizado e a vida cartesiana das personagens retratadas. Na construção arquitetônica, as
paredes de vidro. Na construção filosófica, a modernidade sólida.
O futuro otimista desenhado por Jacques Tati não esperava uma repentina e vertiginosa
queda que estavam porvir. O moderno nunca se concretizou em sua totalidade e o pós-moderno
chegou para deixar ainda mais turvas as fronteiras do papel do homem dentro de seu prórprio
contexto.
“A internet me aproximou do mundo, mas me distanciou da vida”
Martín
Em oposição, Medianeras retrata um presente muito menos positivo do que a previsão
de Playtime, um desleixo contemporâneo que constrata com a certeza do furor moderno, de
Tati. Os ambientes clautrofóbicos e sem janelas, construção de Buenos Aires sem qualquer
planejamento urbanístico. Essa construção arquitetônica reflete diretamente na personalidade
das personagens do filme: dificuldades nos relacionamentos, falta da transparência nas relações
cotidianas.
“A técnica, nesse sentido, é socialmente consequente quando dialoga com a crítica”
Nicolau Sevcenko
A obra de Nicolau Sevsenko vem como um aporte teórico para explicar de como
partimos de um ínicio positivo em Playtime, com todos os seus ideais modernistas, e chegamos
na dura realidade contemporânea de Medianeras, um presente pós-moderno que exprime a falha
dos ideias modernos convertendo a realidade em uma situação de descompasso da vida pessoal
com a vida social das personagens.
Foi a falta de planejamento no desenvolvimento das técnicas e tecnologias que levou ao
fim do mundo como conhecíamos. A responsabilidade com o futuro e com o meio ambiente (no
caso dos filmes, com a cidade). A velocidade com que essas mudanças também aconteceram foi
um fator enebriante para a consciência humana sobre suas perspectivas, a síndrome do loop se
fez presente.
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