O CONTEXTO ESPORTIVO EM UMA PERSPECTIVA

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O CONTEXTO ESPORTIVO EM UMA PERSPECTIVA DESENVOLVIMENTISTA
Para BRONFENBRENNER (1993), os parâmetros do contexto estão estruturados de forma a sistematizar a
interação organismo-ambiente no processo de desenvolvimento humano. O ambiente ecológico é visto como um
conjunto de estruturas seriadas denominadas de microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema, sendo
que cada uma está inserida dentro da seguinte.
No nível mais interno está a pessoa em desenvolvimento em seus ambientes imediatos, a casa, a escola, os
vizinhos e o clube caracterizados como microssistemas. No ambiente seguinte, estão as relações que existem entre
esses ambientes, casa-escola, casa-clube, essas inter-ligações são denominadas mesossistemas. As formas de interrelações entre os microssistemas foram definidas por Bronfenbrenner como as forças do existentes no mesossistema e
são assim denominadas: participação multiambiental, laços indiretos, conhecimento interamabiental e comunicação
interambiental.
O terceiro nível do ambiente ecológico chamado de exossistema hipotetiza que o desenvolvimento da pessoa é
afetado por fatores que ocorrem em ambientes nos quais a pessoa em desenvolvimento não participa, como o local de
trabalho dos pais e, por último o macrossistema, que é a cultura ou subcultura que contorna os três níveis do ambiente
ecológico, onde a pessoa em desenvolvimento está inserida. A representação da estrutura dos sistemas ecológicos é
apresentada na Figura 1.
MACROSSISTEMA
Atitudes e ideologias da cultura
Valores
Mídia
Costumes
EXOSSISTEMA
MESOSSISTEMA
MICROSSISTEMA
Redes de
apoio
comunidade
Amigos
da
Família
Leis
igreja
Criança
família
escola
Local de Trabalho
do pai ou mãe
Serviços
comunitários
Atitudes
Cronossistema: Padronização de
eventos ambientais e
transições através do curso
da vida: condições sócio-históricas
FIGURA 1- Esquematização da estrutura da teoria dos sistemas ecológicos, com base em KREBS (1995, p.45).
Considerando,
portanto,
a
estrutura
do
esporte
competitivo
como
contexto
em
uma
perspectiva
desenvolvimentista, os subtópicos seguintes abordam como parâmetros: (a) a nível de microssistema, tanto a
modalidade esportiva quanto a família, ou seja, os ambientes nos quais o talento esportivo vive; (b) a nível de
mesossistema, as relações modalidade esportiva-família; (c) a nível de exossistema, as secretarias de esporte,
federações, os patrocinadores e outras instituições que estruturam a modalidade esportiva e (d) a nível de
macrossistema, os valores e crenças da cultura e subcultura na qual o talento está inserido e que de alguma forma
contribuem para a permanência ou o abandono do envolvimento com o esporte competitivo de alto rendimento.
2.3.1 Os microssistemas contexto esportivo e familiar de talentos esportivos
O microssistema é a unidade básica do modelo de análise de BRONFENBRENNER (1987), “sendo
caracterizado por um padrão de atividades, papéis e relações interpessoais experenciadas pela pessoa em
desenvolvimento em um determinado ambiente com particulares características físicas e materiais” (p.22). O termo
atividades se refere ao que as pessoas estão fazendo, papéis são as ações esperadas das pessoas que defendem uma
posição na sociedade como a posição do pai, do irmão mais velho, do amigo, do treinador e outras, e as relações
interpessoais são os modos como as pessoas tratam um ao outro, como mostrado pelo que eles dizem e fazem junto.
Assim, as atividades, papéis e relações interpessoais para Bronfenbrenner formam um gestalt que interagem em um
campo de comportamento (sistema) no qual uma mudança em um de seus componentes poderia afetar a configuração
inteira e poderia produzir um novo significado para a pessoa (THOMAS, 1995).
Portanto, não só as características pessoais da criança instigam o seu desenvolvimento, mas o ambiente inicia
transações que promovem ou inibem o desenvolvimento. A criança é afetada fortemente pelo que lhe é dito ou lhe feito
na presença dos pais, irmãos professores, treinadores, líderes de clubes ou outros significantes. Bronfenbrenner
continuou elaborando a sua teoria e refez definições chaves, tornando-as mais complexas para acomodar recentes
evoluções de seu esquema como, por exemplo, a definição de microssistema, cuja versão original está escrita abaixo
em letras romanas e a porção em itálico é um adendo do ano de 1993, que reflete as características instigativas do
desenvolvimento :
“Um microssistema é um padrão de atividades, papéis e relações interpessoais experenciados pela pessoa
em desenvolvimento em um determinado ambiente com particulares características físicas, sociais e
simbólicas que convidam, permitem ou inibem, o engajamento sustentado em atividades progressivamente
mais complexas em interação com o meio ambiente imediato” (BRONFENBRENNER, 1993, p. 15)
A partir da definição de Bronfenbrenner, o contexto esportivo competitivo de alto rendimento, por apresentar os
elementos necessários, atividades, papéis e relações interpessoais, pode ser categorizado como um microssistema, e
assim, analisado dentro dos parâmetros desse enfoque teórico, como foi demonstrado por VIEIRA et al. (1998). Esse
contexto para BRUSTAD (1995), é vivenciado por dezenas de milhares de crianças e adolescentes ao redor do mundo
que estão envolvidos em alguma forma de esporte competitivo.
Esse extensivo envolvimento de jovens em programas de esporte estruturado, tem gerado considerável
especulação e controvérsia sobre a participação esportiva precoce, qual a idade apropriada para crianças começarem a
competir e quais os motivos para participarem ou abandonarem o esporte. Entender as razões que determinam o fim da
participação é particularmente importante, pois provavelmente este é causado por uma experiência psicológica
indesejável ou desagradável para jovens atletas (CASAL, 1998).
O contexto esportivo é claramente orientado para o desempenho onde o indivíduo ou a equipe luta para realizar
seus objetivos e atingir um padrão de excelência. O indivíduo é responsável pelos seus comportamentos, os quais
conduzem ao resultado e, o processo, é avaliado por ele mesmo e por outros presentes, que o avaliam em termos de
sucesso ou fracasso. Esse é também um ambiente onde crianças e adolescentes podem utilizar o processo de
comparação social para determinar seu posicionamento perante o grupo e determinar seu próprio valor. EVANS &
ROBERTS (1987), tem sugerido que o ambiente esportivo é importante para que as crianças determinem seus padrões
de amizade e relatam que meninos e meninas preferem ser mais bem sucedidos no ambiente esportivo do que no
contexto de sala de aula.
Mas um paradoxo existe, além do esporte ser visto como um contexto altamente desejável no qual as crianças,
aparentemente, se realizam, por outro lado muitas delas acabam perdendo a motivação e abandonam a experiência
esportiva competitiva. Para SEEFELDT et al. (1978), aos dezessete anos 80% dos adolescentes, de seu estudo,
abandonaram o contexto esportivo, e entre as causas mais citadas para esse abandono, indicam a experiência esportiva
negativa, muita pressão por parte dos adultos, alta ênfase no vencer, além do conflito de interesse como aspectos
responsáveis pela alta taxa de abandono do esporte competitivo.
ORLICK (1973), entrevistando jovens entre 7-18 anos sobre suas intenções futuras no esporte, encontrou
indicativos que a maioria decidiu que não continuariam sua participação no próximo ano, citando os aspectos negativos
no envolvimento. Esses aspectos incluem a falta de tempo para jogar, a ênfase competitiva do programa e a ênfase no
vencer. Tais estudos sugerem que a estrutura de esporte para jovens estava inadequada em encontrar os motivos para
a participação e era responsável pelo seu comportamento de abandono.
A orientação para a competição ou a vitória tem sido apontado como um fator motivacional dentro do esporte,
afetando a persistência na prática da atividade esportiva. Dados de Ewing citado PETLICHKOFF (1996), indicam que a
orientação para a superação possui um efeito de incrementar a persistência na atividade, sendo que entre estudantes de
14-15 anos orientados em direção à vitória, tendiam a abandonar o esporte. DUDA (1989), constatou que aqueles que
se orientavam em direção a auto-superação permaneceriam mais tempo praticando o esporte selecionado.
No contexto esportivo, o sucesso é tipicamente definido por vitória na competição e, nesse sentido vencer é algo
claro e pouco ambíguo. Mas aderir a essa crença e colocar a principal ênfase no resultado cria uma situação onde são
dadas poucas oportunidades para as crianças orientarem suas experiências para a maestria. Se as crianças percebem
que tem pouca chance de desenvolver as habilidades necessárias para serem jogadoras, então, muito provavelmente
abandonam ou empregam uma estratégia de mal adaptação. Para WEISS & CHAUMETON (1992), são múltiplas as
causas para o abandono e devido a necessidade de alta persistência na atividade esportiva gera conflitos de interesse
com outras atividades ou mesmo interferir na relação interpessoal técnico-talento, ocasionando um mal relacionamento
com o treinador. Por outro lado, a família como outro microssistema imediato, onde vive o talento esportivo, deve ser
considerada de extrema importância no processo de desenvolvimento. Na família o talento também vivencia atividades,
relações interpessoais e papéis, sendo portanto, de extrema relevância abordar essa estrutura social.
Os familiares constituem umas das fontes de maior influência quando do envolvimento do filho em atividades
competitivas. Nesse sentido, a influencia dos pais sobre o filho desportista será benéfica se treinadores promoverem o
envolvimento dos pais com a atividade esportiva do filho. GONZÁLEZ (1997), cita algumas precauções dos treinadores
em relação aos pais, visando otimizar a participação desses na atividade esportiva dos filhos: informar aos pais os
interesses da equipe; convencer os pais, que a participação dos filhos, principalmente, durante a fase juvenil, melhora a
condição física, forma o caráter, promove habilidades sociais, mantém a família unida e proporciona experiência
positivas; levar ao conhecimento dos pais que o treinador se preocupa com o bem estar de seus filhos; o treinador deve
convencer os pais que o êxito não é apenas ganhar, mas esforçar-se muito para alcançar a vitória; mostrar aos
familiares que os conhece e se preocupa em manter uma boa relação com eles e, as funções do treinador e dos pais,
perante os filhos, devem estar muito bem delimitadas, onde os pais não devem interferir no trabalho do treinador.
CSIKSZENTMIHALYI et al. (1997), são enfáticos em valorizar a importância dos pais para o desenvolvimento do
talento e quão suportativos eles são emocionalmente em relação aos talentos quanto mais esses persistiram na
manutenção do interesse em sua área de maestria. Assim, o meio familiar é outro elemento determinante crucial. O
talento pode ser negligenciado se tem privação de experiências ou conflitos com os pais. Dessa forma, a família é
fundamental na educação de traços desejáveis para o desenvolvimento de talentos. Esse autor coloca três aspectos
fundamentais da importância dos pais e do ambiente familiar: (a) o que famílias oferecem a nível de informações na área
de conhecimento do talento; (b) o que família proporciona a nível de motivação, encorajamento e suporte; e, (c) o que a
família possibilita de disciplina e conjunto de hábitos que permitam a pessoa estudar e concentrar sobre um domínio, o
tempo suficiente para desenvolver as destrezas exigidas para um desempenho superior.
Para BLOOM (1985), a motivação dos jovens é também profundamente influenciada pelo ambiente social no
qual o vivem. Quanto tempo e esforço eles devotam para estudar e praticar depende em grande parte do material e do
suporte emocional que seus pais são capazes de dispor. Mesmo que muitos gênios tenham tido a capacidade de se
superar em circunstancias familiares precocemente desastrosas, é provável que muitos mais teriam florescido se suas
famílias tivessem proporcionado um caminho mais seguro.
Atributos pessoais, hábitos, famílias e escolas não são suficientes para entender a motivação de talentos para
devotar grande parte do tempo estudando química, música ou treinando em ginásios. Depende também da qualidade da
experiência que pode ser obtida no trabalho, no laboratório ou praticando a atividade desejada. Sobre isso os indivíduos
bem sucedidos em desenvolver seu talento comentam que tem prazer na realização de sua atividade. Atletas, artistas,
artesões e cientistas tendem a descrever o uso de seu talento como altamente prazeroso.
Talentos parecem demonstrar que apreciam sua atividade e não são distraídos, em questões externas se
mantém realizando a tarefa com o passar do tempo e, irão abordar isso mais criativamente, do que se a atividade fosse
extrinsecamente recompensada e não sob o seu controle pessoal. Mas, o desempenho de sua área de interesse,
certamente, está sujeita às influências de outras pessoas e ambientes e, uma análise dessas estruturas, é essencial
para a compreensão de fatores que promovem a continuidade ou descontinuidade do processo de desenvolvimento.
2.3.2 O mesossistema e os exossistemas do contexto esportivo competitivo
O segundo nível da estrutura esquematizada por Bronfenbrenner é denominada de mesossistema.
Mesossistema não é caracterizado por um ambiente específico, mas sim, pelas relações e interações que ocorrem entre
ambientes nos quais a pessoa em desenvolvimento participa ativamente. Na definição apresentada a seguir, o segmento
em tipo romano é a versão anterior e a porção itálica é a versão elaborada mais recentemente por BRONFENBRENNER
(1993):
“Um mesossistema inclui as interligações e processos que acontecem entre dois ou mais ambientes que
contêm a pessoa em desenvolvimento. É enfocada atenção especial nos efeitos sinergéticos criados pela
interação instigativa do desenvolvimento ou características inibitórias e os processos presentes em cada
ambiente” (p.22).
Como se fossem passagens de mão dupla, o padrão de inter relacionamento entre microssistemas pode
influenciar as percepções da criança e comportamento dentro de quaisquer dos ambientes nos quais a pessoa está no
momento localizada. Por exemplo, a experiência de crianças na sala de aula em qualquer dia é tipicamente afetada pela
impressões das atitudes dos seus pais e dos seus colegas significantes. Da mesma forma, o que ocorre com o talento
durante sua atividade no contexto esportivo pode ser afetado por uma atividade que tenha que ser desempenhada no
seio familiar, assim, muito do que ocorre no contexto familiar é compartilhado pelo contexto esportivo do talento e vice
versa. Por exemplo, MIHOVILOVIC (1968), cita que uma das causas para o término da carreira esportiva está
relacionado com razões familiares, principalmente, devido a uma exagerada interferência de pais na atividade do filho.
O envolvimento dos pais no ambiente da equipe onde o filho pratica o esporte competitivo pode ter influencia
negativa. GONZÁLEZ (1997), ressalta algumas influências negativas que envolvem pais e contexto esportivo competitivo
dos filhos: os pais podem tentar alcançar seus desejos servindo-se dos filhos como instrumento; os pais podem sentir
ciúmes da relação entre seus filhos e o treinador criando um conflito e aumentando a ansiedade dos filhos; os problemas
entre pais e filhos podem ser passados para o ambiente esportivo e, os pais podem utilizar de maus resultados
esportivos dos filhos para retirá-los do ambiente competitivo.
A condição financeira da família, pode influenciar como um fator decisivo da continuidade do envolvimento do
filho com a atividade esportiva, SAPP & HAUBENSTRICKERS (1978), referiram que aspectos negativos, foram
identificados com relação entre idade e abandono da atividade esportiva, onde 15% do descontínuo no esporte corre por
razões como, ter que trabalhar, freqüentemente citadas por jovens mais velhos e, outras razões, por crianças mais
jovens. Dessa forma, as ligações entre atleta-técnico, pai-técnico, status sócio-econômico da família-tempo de
desempenho do treinamento, são variáveis que poderão levar ao abandono do esporte competitivo.
Outras estruturas sociais podem determinar esse abandono, e são sistematizadas a nível de exossistema. Na
estrutura seguinte de Bronfenbrenner, o exossistema é assim definido:
“O exossistema inclui as interligações e processos que acontecem entre dois ou mais ambientes, pelo menos
em um dos quais não contém a pessoa em desenvolvimento, mas no qual eventos acontecem que
indiretamente influenciam o processo dentro do ambiente imediato no qual a pessoa em desenvolvimento
vive” ( BRONFENBRENNER, 1993, p. 22).
Essa definição de exossistema envolve as interligações entre possíveis eventos que ocorrem, por exemplo, no
ambiente familiar do técnico, na secretaria municipal de esportes, no clube ou em qualquer esfera do esporte
institucionalizado e, que de alguma maneira, podem afetar o envolvimento do talento com a prática da modalidade
esportiva. Essa definição possibilita a abordagem do contexto esportivo em uma perspectiva mais ampla, devido a
estrutura das instituições que normatizam ou regulamentam a atividade competitiva. Assim, a modalidade esportiva na
qual está inserido o talento está subordinada às decisões que ocorrem em ambientes mais remotos como as secretarias
de esportes, federações e confederações e patrocinadores. Nesses ambientes o talento não participa ativamente mas
ocorrem eventos que podem conduzir ao abandono do envolvimento com o esporte competitivo.
O esporte possui diversas dimensões, entre essas, a dimensão social. Para TUBINO (1992), é socialmente
importante, ao exigir uma organização complexa de investimentos, nesse sentido, cada vez mais passa a ser uma
responsabilidade social, principalmente, da iniciativa privada. Devido aos seus objetivos, espetáculo e rendimento, essa
dimensão de esporte traz consigo os propósitos de novos êxitos e vitórias conquistadas com regras pré establecidas
pelos organismos internacionais de cada modalidade. Para o autor há uma tendência natural que seja praticado pelos
talentos esportivos.
PETLICHKOFF (1996), cita como razões para o término da carreira esportiva competitiva: os problemas com os
técnicos, a estrutura organizacional do esporte e dificuldades financeiras. Dessa forma, o abandono desportivo não está
necessariamente vinculado com o fracasso mas, também pode estar relacionado com a vitoria. O êxito pode ser o fator
mais importante do estresse, atletas de elite parecem estar preparados para ganhar, mas não estão preparados para
enfrentar os estados afetivos posteriores à vitória. Nesse caso, aumentam as demandas e as exigência posteriores
como, a comunicação com pessoas, as aparições públicas, os contratos com patrocinadores, publicidade, entre outros.
2.3.3 O macrossistema do contexto esportivo competitivo
A mais distante influência nas experiências imediatas da criança é a ordem de atitudes, práticas e convicções
compartilhadas ao longo da sociedade em sua forma mais ampla. O macrossistema é composto pelo ambiente cultural
onde estão embutidos o micro, o meso e os exossistemas e caracteriza a delimitação mais ampla do processo do
desenvolvimento em contexto. Sua definição é:
“O macrossistema consiste de todo um padrão de micro, meso e exossistemas característicos de uma
determinada cultura ou outro contexto social maior, com um particular referencial desenvolvimentistainstigativo para o sistema de crenças, recursos, riscos, estilos de vida, estruturas, oportunidades, opções de
vida e padrões de intercâmbio social que estão incluídos em cada um desses sistemas. O macrossistema
pode ser visto como a arquitetura societal de uma cultura particular, subcultura ou outro contexto social
maior” (BRONFENBRENNNER, 1992, p. 228).
Portanto, o macrossistema caracterizado como a cultura é o contexto mais amplo que proporciona as
oportunidades para o talento, que dispondo de uma excepcional capacidade de desempenho, seja reconhecido em um
determinado campo de acordo com os critérios estabelecidos como relevante por esse domínio. Para que esse talento
se desenvolva, de acordo com CSIKZENTMIHALYI et al. (1997) a cultura deve encorajá-lo através de três maneiras: (a)
promovendo o domínio - uma vez que o domínio é organizado em bases eficientes torna-se fácil medir o desempenho e
consequentemente reconhecer um talento promissor. É mais fácil de se falar em talento para jogar xadrez do que em
matemática, matemática do que música, música do que arte e arte do que em excelência moral. Assim, xadrez é um
conjunto de regras claras, como domínio definido, claramente estruturado, é fácil reconhecer quem desempenha melhor.
Nesse enfoque, quanto mais organizados em bases eficientes mais fácil de detectar, educar e dar suporte aos
talentosos; (b) fortalecendo os campos da atividade humana - a segunda abordagem para o desenvolvimento do talento
é aumentar a capacidade para estimular o campo, reconhecendo e recompensando o desempenho em um dado
domínio. Algumas áreas oferecem mais recompensas intrínsecas do que outras e não necessitam de maior suporte, por
exemplo, música, literatura, dança e drama. Os talentos com investimentos mínimos continuam a fazer porque são
prazerosos e oferecem uma significância pessoal para expressar emoções e manusear conflitos; (c) desenvolvendo
destrezas individuais - o ponto em foco é que um talento em potencial não pode ser realizado ao menos que esteja
inserido em um domínio cultural que o reconheça como contribuição no campo e, portanto, promova o seu
desenvolvimento.
O talento em potencial raramente se desenvolve como o esperado e a diferença entre o sucesso e o fracasso,
pode estar relacionada, com os atributos pessoais ou com os contextos onde ocorrem os eventos e as oportunidades
que criam as condições necessárias para a exposição e reconhecimento em um determinado domínio da atividade
humana. Portanto, a preocupação com a orientação e educação de talentos é uma responsabilidade que envolve toda a
sociedade, pois existem benefícios para a coletividade em função do desenvolvimento de talentos.
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