EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MANGUEZAL DO ESTUÁRIO DO RIO PACOTI Bianca de Araújo Primo; Daniel Farias de Oliveira; Hugo Fernandes; Márcia Freire Pinto Resumo Nas grandes e médias cidades, a escola, bem como outros meios de informação, é responsável pela educação do indivíduo e, por conseguinte, da sociedade. A educação ambiental se constitui numa forma de instruir os cidadãos através de um processo pedagógico participativo constante, que procura inspirar no aluno uma consciência crítica sobre a totalidade dos problemas relativos ao ambiente, sendo esta consciência crítica a capacidade de captar a formação e as mudanças dos problemas ambientais. Neste contexto, fica evidente que é essencial que haja mudanças do comportamento humano no tocante à natureza, procurando gerar práticas de desenvolvimento sustentável para que se possa aliar ações econômicas e conservacionistas que possibilitem resultados proveitosos para a qualidade de vida de todos. Palavras-chaves: trilha ecológica, cartilha educativa, manguezal. 1. INTRODUÇÃO Os estuários, principalmente a subzona de proteção de manguezais, inseridos na zona costeira, são essenciais para a manutenção sadia de diversos ecossistemas existentes e de uma grande diversidade de vida animal e vegetal característica desses ambientes. Discutir assuntos relacionados ao ecossistema manguezal é o grande foco desse projeto, pois compreendemos que esse ecossistema é bastante importante para o equilíbrio natural dos demais ecossistemas interligados a ele. Muitas vidas sejam elas vindas do mar, do rio, do ar ou da terra dependem desse ambiente, o qual vem sendo desprezado e agredido durante muito tempo. Os trabalhos de educação ambiental devem sempre ser postos em prática, já que a demanda para ações de conservação e manutenção dos manguezais e da natureza é crescente, sobretudo nos dias atuais. Promover reflexões sobre a importância dos manguezais e as suas características, bem como os processos de degradação e suas conseqüências, através de momentos de vivências, encontros, sensibilização, produção de conhecimentos, expressões artísticas e mobilização para defesa da vida que existe no manguezal. Dessa forma, procura-se estimular a participação de todos de maneira que se tornem mais responsáveis pela manutenção do manguezal, tornando-se os multiplicadores de uma consciência ambientalmente correta a cerca dos fatores que regulam e que mantém os manguezais. Promover reflexões com a comunidade local, com estudantes desde o ensino fundamental ao ensino superior, com os turistas e as demais pessoas sobre importância ecológica dos manguezais, dos processos de degradações e conseqüências que esse ambiente vem sofrendo, através de práticas de educação ambiental é de grande interesse para todos, pois prioriza a manutenção de um ecossistema saudável para as presentes e futuras gerações. Os objetivos desse trabalho consistem em: Desenvolver uma cartilha sobre a fauna existente no manguezal do estuário do Rio Pacoti, que sirva de apoio às atividades de educação ambiental desenvolvidas na região. Elaborar uma trilha ecológica na área, com a delimitação de zonas explicativas com o intuito de facilitar o aprendizado em atividades de campo realizadas no estuário do Rio Pacoti com a comunidade local e estudantes do ensino fundamental, médio e superior. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 ÁREA DE ESTUDO O Rio Pacoti é o maior dos cursos d’água que atravessam a região metropolitana de Fortaleza, estando sua nascente na vertente-oriental da Serra de Baturité, percorrendo cerca de 150 km até desembocar no mar. A Área de Proteção Ambiental do Rio Pacoti abrange os trechos deste rio compreendidos entre a sua foz e a ponte velha da CE 040, no Município de Aquiraz. Nesta área, há ocorrência de manguezais, mata de tabuleiro, dunas móveis e fixas. Os manguezais estão situados na planície flúvio-marinha, representando a zona estuarina, ocorrendo desde a desembocadura até as proximidades da cidade de Aquiraz. A vegetação mais marcante ao longo das margens do estuário é a floresta de mangue, denominada de floresta Perenifólia Paludosa Marítima, que se alonga cerca de 15 km a partir da foz do rio, ocupando uma área estimada de 150 km. De acordo com estudos realizados na zona estuarina do Rio Pacoti, estima-se que este possua 158 hectares de manguezais, distribuídos ao longo dos cursos d’água até onde se faz sentir a influência das marés. Contígua à área de mangue, existe uma zona de transição formada por gramíneas, caracterizando a mudança da tipologia vegetal. Após essa estreita faixa de transição, o apicum, observa-se vegetação característica de zona litorânea, onde se inclui o tabuleiro litorâneo e a vegetação de dunas. (SEMACE) FOTO DA ÁREA –Anexo nº 1 2.2 METODOLOGIA Foi realizada uma visita ao local para uma breve observação da biodiversidade, das características geográficas da região estuarina do Rio Pacoti, próxima ao Centro de Estudo de Aqüicultura Costeira (CEAC) do Instituto de Ciências do Mar – LABOMAR, da Universidade Federal do Ceará. Foi feito o registro fotográfico do local e dos diversos organismos encontrados. Durante essa visita foi delimitado um percurso para que sejam realizadas trilhas. 2.2.1 CARTILHA (COMO VAI SER? VAI TER?) O modelo de cartilha foi desenvolvido a partir da descrição científica e popular do conhecimento faunístico da região, contendo fotografias das principais espécies encontradas no manguezal, ressaltando sua importância ecológica. 2.2.2 TRILHA A elaboração da trilha ecológica foi realizada a partir das observações de campo e da analise de mapas da região, para que fosse possível delimitar zonas com características peculiares onde ficarão os pontos de explicação, que poderão ser devidamente sinalizados com placas. Será elaborado também um mapa da trilha contendo as zonas e os pontos de explicação. 3. RESULTADOS A visita de campo proporcionou a elaboração do percurso da trilha ecológica, a delimitação de pontos de explicação e esclarecimentos do que pode ser abordado ao longo da trilha. Sugere-se, que no CEAC, antes do início da trilha, sejam esplanadas considerações sobre a importância da realização desse percurso, o que devemos observar e os cuidados que devem ser tomados. A trilha começa na mata de tabuleiro até a uma região de Apicum, onde podem ser dadas explicações sobre esse tipo de ambiente. O Apicum ou salgado ocorre na porção mais interna do manguezal, na interface médio/supra litoral, raramente em pleno interior do bosque. Seu limite é estabelecido pelo nível médio das preamares de sizígia e o nível das preamares equinociais. (Maciel, 1991). Seguindo a trilha, na direção Norte, pode-se avistar do lado direito o Rio Pacoti. A vegetação nesse trecho é bastante variada, mas com a presença principalmente o mangue-de-botão (Conocarpus erectus), típico nas regiões mais arenosas, presente na área de Apicum. Encontra-se também o mangue preto (Avicennia sp.), alguns gastrópodes e pequenos crustáceos, vários insetos como aranhas, libélulas, cupins, formigas e mosquitos. O próximo ponto de explicação é uma área um pouco mais aberta, com solo arenoso e onde existem algumas ostras e a presença de muito lixo. Esse ponto de explicação foi escolhido, justamente para falarmos da preservação do ambiente, da importância de cuidarmos do meio em que vivemos e aproveitarmos para falar de alguns animais que avistamos e das ostras que tem no local. Adiante, a trilha passa por uma área com muito mangue-de-botão e novamente mais um ponto de explicação, em um local, semelhante ao anterior. Nele pode-se avistar bem o Rio Pacoti e, dependendo da maré, podem ser realizados dois caminhos na trilha, um pelo banco de areia e outro passando por dentro do manguezal até uma gamboa, voltando pelo banco de areia. Nesse ponto, podem ser abordadas algumas características do manguezal, explicando a importância desse ambiente. O manguezal sistema ecológico costeiro tropical, dominado por espécies vegetais típicas, às quais se associam outros componentes da flora e da fauna, microscópicos e macroscópicos, adaptados a um substrato periodicamente inundado pelas marés, com grandes variações de salinidade. Os limites verticais do manguezal, no médio litoral, são estabelecidos pelo nível médio das preamares de quadratura e pelo nível das preamares de sizígia (Maciel, 1991). O manguezal, ecossistema bem representado ao longo do litoral brasileiro, encontra-se associado a estuários, baías e lagunas, ou diretamente exposto na linha de costa, é considerado no Brasil como de preservação permanente, incluído em diversos dispositivos constitucionais (Constituição Federal e Constituições Estaduais) e infraconstitucionais (leis, decretos, resoluções, convenções). A observação desses instrumentos legais impõe uma série de ordenações do uso e/ou de ações em áreas de manguezal (SchaefferNovelli, 1994). Seguindo a trilha pelo manguezal, bem fechado, com grande presença do mangue-vermelho (Rhizophora mangle), podemos avistar algumas espécies de caranguejo como o Aratu (Goniopis cruentata e o Aratus aratus). Nesse trecho é bem lamacento, o pé chega a afundar completamente. Chegando a gamboa, só podemos atravessar se a maré estiver realmente baixa. Nessa área, podemos avistar algumas aves, insetos, crustáceos e alguns moluscos. Caminhando em direção ao rio, pelo banco de areia, avistamos muitos mão no olho, conhecidos também por chama-maré (Uca sp.). Finalizamos nossa trilha no banco de areia, mostrando o rio, as dunas, os mangues, o solo, os animais. Comentando sobre as atividades que são realizadas nessa região como a pesca e a mariscagem. Comentar sobre alguns impactos que os manguezais estão sofrendo, como a carcinicultura, a poluição e o desmatamento. A trilha leva cerca de 40 minutos até esse ponto. Voltamos pelo mesmo caminho até o centro de apoio do Labomar, onde levamos mais 20 minutos. Totalizando 1 hora de trilha. TRILHA ECOLÓGICA MANGUEZAL DO RIO PACOTI BANCO DE AREIA APICUM RIO PACOTI CEAC PONTOS DE EXPLICAÇÕES 4. CONCLUSÕES Utilização da trilha para projetos de conhecimento ecológico e o uso da cartilha como instrumento pedagógico de educação ambiental. - importância de buscar parcerias para a elaboração da cartilha, tanto para parte de identificação da fauna como para produção do material. Como precaução para realização da trilha sugere-se a presença de pelo menos dois guias para orientação do grupo. Cuidados especiais quanto à roupa, de preferência de cor clara, e ao uso de calçados fechados. Importante salientar a utilização de repelente e protetor solar. Sugere-se que os visitantes levem água e nunca se separem do grupo. Vale salientar que é importante a busca de parcerias para a elaboração da cartilha, tanto para parte de identificação da fauna como para produção do material. (pode sair se não fizermos a cartilha)(Bianca) 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Maciel, N.C., 1991. Alguns aspectos da ecologia do manguezal. In: CPRH, 1991. Alternativas de uso e proteção dos manguezais do Nordeste. Recife, Companhia Pernambucana de Controle da Poluição Ambiental e de Administração dos Recursos Hídricos. Série Publicações Técnicas, No 003, 9-37. Schaeffer-Novelli, Y., 1994. “Os ambientes costeiro e marinho: aplicação dos conhecimentos científicos a um adequado manejo”; Sessão 7 “Ecossistemas costeiros brasileiros”, organizada por ocasião do “Course on the Integrated Management of Coastal and Marine Areas for Susteinable Development”, realizado no Instituto Oceanográfico da 59 Universidade de São Paulo, Brasil, 09 a 20 de maio de 1994, sob a égide da ONU.