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“Secretaria Digital”, mais uma medida burocrática que cerceia a liberdade de cátedra.
A Diretoria de Ensino de Itapecerica da Serra, neste ano (2014), iniciou uma
campanha para implantar em suas escolas um projeto piloto do Governo do Estado,
chamado de “Secretaria Digital”. Desde então, está sendo cobrado dos professores das
escolas localizadas nas regiões de Itapecerica da Serra, Embu-Guaçu, Juquitiba e São
Lourenço a continuidade do preenchimento dos tradicionais diários de papel e mais uma
novidade. Um tipo de “diário eletrônico”, onde os professores devem colocar seus conteúdos;
estratégias; recursos utilizados; faltas dos estudantes e justificativas das mesmas; notas;
descrições com o desenvolvimento de cada estudante etc., diariamente.
10 Motivos contrários à implantação da “Secretaria Digital”
1. Não há recursos tecnológicos suficientes: As escolas atualmente não oferecem
infraestrutura tecnológica, como Wifi e tablets, em quantidade suficiente para os
professores desempenharem mais essa função no seu horário de trabalho, tendo que
realizá-lo fora de seu horário de trabalho e com seus recursos particulares;
2. Baixos salários: Muitos professores da rede estadual acumulam atualmente dupla ou
tripla jornada de trabalho para melhorar suas condições financeiras. Já tendo
pouquíssimo tempo para preparar suas aulas e corrigir atividades produzidas pelos
Av. Jovina de Carvalho Dáu, 125, Parque Santos Dumont, Taboão da
Serra/SP CEP: 06754-200 Fone/Fax: 4701-5864
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estudantes, a “Secretaria Digital” colabora ainda mais para diminuir o tempo livre já
escasso destinado ao desenvolvimento dessas tarefas.
3. Perda da qualidade da educação: Os professores, já sobrecarregados com dupla ou
tripla jornada de trabalho e outras tarefas burocráticas, vão ter de realizar parte de
mais essa tarefa em sala de aula, inevitavelmente, diminuindo o tempo de suas
exposições e atividades em aula e, em consequência, diminuindo a qualidade de suas
aulas e tempo para tirar dúvidas, em meio a salas de aula superlotadas (De forma
semelhante aos médicos que, durante a consulta médica, nem olham para o paciente,
pois têm de preencher enorme quantidade de burocracias e atender enorme
quantidade de pacientes em pouco tempo);
4. Diminuição do tempo de ATPL e ATPC: Os professores devem preparar suas aulas
e corrigir as atividades produzidas pelos estudantes no ATPL. No ATPC devem
continuar desenvolvendo sua formação docente e elaborando projetos em conjunto
com o corpo docente. Mas com a Secretaria Digital os tempos de ATPL e ATPC estão
sendo usados para que os professores fiquem preenchendo o “Diário Eletrônico”. Para
garantir todo esse trabalho, já está em andamento uma medida para que os
professores cumpram o ATPL na própria unidade escolar;
5. Intensificação de fiscalização do trabalho do professor: Com a “Secretaria Digital”
os professores serão vigiados por toda hierarquia de gestores e a comunidade
escolar. Os professores não devem ser vigiados, devem ter boas condições de
trabalho e boa formação acadêmica para realizar um bom trabalho juntamente com a
comunidade escolar. Essa é uma característica de sociedades totalitárias, para vigiar
e perseguir dissidentes. Por exemplo, a escola Antônio Florentino vive um processo
concreto de intensificação de fiscalização do trabalho do professor. A gestão desta
escola começou perguntando aos estudantes como se comporta cada professor em
sala de aula; em seguida criou um semanário que deve ser preenchido com
conteúdos, estratégias e recursos e entregue nas mãos dos coordenadores para que
estes fiscalizem o trabalho dos professores; depois, os coordenadores entraram em
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sala para assistir a aula dos professores. A “Secretaria Digital” foi criada neste
contexto e com esse real objetivo.
6. Perda da autonomia docente: A autonomia docente está sendo cada vez mais
cerceada. Com o currículo oficial e o sistema de apostila, os professores são
obrigados a trabalhar com seus alunos os conteúdos — e muitas vezes as estratégias
— pré-estabelecidos pelo Estado de forma homogênea, dificultando um trabalho
pedagógico mais próximo de sua realidade e cerceando a autonomia do professor. A
“Secretaria Digital” vai servir para assegurar o cumprimento à risca do currículo, por
meio da vigilância a que submete os professores, isto é, mais um ataque à liberdade
de cátedra.
7. Trabalho não-remunerado: Os professores devem continuar fazendo o diário
tradicional de papel e transcrever tudo para o diário eletrônico, o que gera uma carga
extra de trabalho sem nenhum aumento em seu salário, isto é, são os professores que
estão pagando pelo custo da implantação do novo sistema com mais trabalho sem
mais remuneração;
8. Gestão burocrática: Os trabalhadores em geral convivem com algumas concessões
democráticas atualmente em muitos países do Ocidente e, ao mesmo tempo e
contraditoriamente, numa ditadura em seus locais de trabalho. A “Secretaria Digital” é
mais um decreto imposto de cima para baixo pelo Governo do Estado de São Paulo,
sem nenhuma participação dos professores nesta decisão.
9. Falta de formação: Os professores não receberam nenhuma formação para aprender
a utilizar o sistema eletrônico da “Secretaria Digital”. Quando questionam sobre
dúvidas em relação ao preenchimento do mesmo, nem sequer os gestores
conseguem esclarecê-las com precisão;
10. Falta de organização e estrutura tecnológica: O sistema da “Secretaria Digital”
criado é lento, fica em muitos momentos congestionado e o acesso, por conseguinte,
é demorado, atrasando e dificultando o trabalho dos docentes, quando estão tentando
preenchê-lo.
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