Gabinete do Ensino Superior da Madeira O GEÓGRAFO Natureza do Trabalho Os geógrafos estudam fenómenos físicos e humanos à escala local, regional, nacional ou mundial. Estudam a forma como os fenómenos se distribuem no espaço, as causas e consequências dessa distribuição e as inter-relações que se estabelecem entre eles. Entre os fenómenos físicos estudados por estes profissionais, encontram-se a morfologia, o tipo de solo, as condições climáticas e a vegetação natural de determinada área. Descrevem o relevo quanto à sua forma (morfologia) - se é constituído por serras, montanhas, vales, planaltos, pequenas colinas ou superfícies planas - e registam, por exemplo, a variação das altitudes e a extensão das diferentes unidades. Realizam, igualmente, estudos sobre a rede hidrográfica, ou seja, a hierarquia das linhas e cursos de água, tais como rios e ribeiros. São responsáveis pela análise dos materiais rochosos que constituem o solo, com vista a classificá-lo segundo categorias convencionadas (arenoso, argiloso, pedregoso, etc.). Em relação às condições climáticas, analisam, entre outros parâmetros, a variação da precipitação registada, a amplitude térmica, a velocidade e direcção dos ventos e a influência de altas ou baixas pressões atmosféricas. De acordo com as informações obtidas, cabe-lhes classificar o clima de uma determinada área em estudo, obedecendo às tipologias estabelecidas (ex.: clima seco, clima húmido, clima temperado, clima continental, clima tropical ou clima mediterrânico, assim como as suas diferentes cambiantes). Dedicam-se, também, ao estudo e classificação das associações vegetais características de uma região: registam o tipo de plantas predominantes nos diferentes estratos (herbáceo, arbustivo e arbóreo) e a extensão de território que ocupam, classificando as associações segundo as suas características biogeográficas, como por exemplo as florestas (mediterrânica, equatorial, tropical), ou os ecossistemas agrícolas. Entre os fenómenos humanos estudados pelos geógrafos, salientam-se a população, o tipo de povoamento, as actividades dos grupos humanos e a distribuição dos equipamentos e infra-estruturas. Ocupam-se do estudo da população de uma área geográfica, recorrendo aos dados estatísticos ou procedendo a levantamentos (por exemplo, através de inquéritos ou entrevistas). Esta análise demográfica pode requerer uma classificação, por exemplo, segundo o número de habitantes e de residentes, a idade, o sexo, o grau de escolaridade e a profissão. Nos trabalhos relacionados com a forma como a população ocupa o espaço, observam, por exemplo, se a população se concentra em determinado ponto (povoamento aglomerado) ou se se encontra dispersa (povoamento disperso). Igualmente relacionada com a ocupação do espaço está a análise das actividades económicas desenvolvidas pela população. Neste âmbito, os geógrafos registam, entre outras actividades, o tipo de agricultura praticado (produtos cultivados, máquinas utilizadas, extensão de terreno cultivada, etc.), a indústria existente (produtos fabricados, localização das unidades fabris, factores e modos de produção, etc.) e a presença do sector terciário (localização, diversidade de actividades, segmentação, mercados, etc.). Registam, ainda, a distribuição dos equipamentos sociais, tais como recintos de culto, de educação e de diversão, bem como a distribuição das infra-estruturas, designadamente vias de comunicação e de abastecimento. Com as informações recolhidas nos seus estudos, e após a análise das inter-relações entre os diversos fenómenos, os geógrafos elaboram estudos integrados, relatórios e mapas que caracterizam o espaço e os diferentes fenómenos físicos e humanos, emitindo pareceres e recomendações que são de grande importância no apoio às decisões políticas em variados sectores da sociedade, contribuindo com o seu saber e capacidade de interpretação do espaço para o ordenamento do território e para o desenvolvimento territorial equilibrado. Os seus trabalhos são particularmente utilizados na elaboração de Planos Directores Municipais (planos de ordenamento do território municipal), no planeamento urbanístico, na formulação de políticas económicas e sociais e na protecção do ambiente. Apesar das inter-relações entre fenómenos físicos e humanos, é normal estes profissionais optarem por trabalhar apenas numa destas áreas. Podem, inclusive, especializar-se num determinado tipo de estudos: económicos (distribuição dos recursos e das actividades económicas), políticos (relação da geografia com os fenómenos políticos locais, nacionais e internacionais), urbanos e de transportes (organização e planeamento das cidades e das áreas metropolitanas) e ambientais (planeamento biofísico e defesa do património natural ou construído). Para executarem o seu trabalho, os geógrafos recorrem, com frequência, a tecnologias informáticas. É o caso dos sistemas de informação geográfica, que permitem obter, armazenar, manipular e analisar informação espacialmente referenciada, produzindo diversos tipos de documentos geográficos de relacionamento dos fenómenos. Por isso, é importante saberem trabalhar com computadores. Além disso, para ser geógrafo é conveniente possuir, entre outras características, curiosidade científica, gosto por fenómenos naturais e antropológicos e capacidade para os interpretar, facilidade em usar mapas e propensão para o trabalho de grupo. Esta é, de resto, uma profissão em que é raro o trabalho individual: dependendo do estudo em curso, assim se constituem equipas pluridisciplinares com arquitectos, arquitectos paisagistas, economistas, sociólogos, urbanistas, engenheiros civis, geólogos, meteorologistas, etc. Emprego Nesta profissão predomina o trabalho por conta de outrem, sendo raros os casos de trabalhadores por conta própria. São entidades empregadoras dos geógrafos as câmaras municipais, o Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território, o Ministério do Ambiente e Recursos Naturais e o Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, bem como empresas privadas que executam trabalhos na área do ambiente e do planeamento e ordenamento do território. Contudo, como a procura por parte destas organizações é reduzida, muitos geógrafos enveredam pela área do ensino, empregando-se, sobretudo, em estabelecimentos do ensino secundário. Para além da procura ser reduzida, enfrentam, por vezes, a concorrência de sociólogos na área da geografia humana e de arquitectos paisagistas e de engenheiros do ambiente na área da geografia física. 1 Gabinete do Ensino Superior da Madeira É na zona de Lisboa que se verifica uma maior procura, dada a concentração dos serviços ministeriais e das principais empresas privadas. Destaca-se, também, alguma procura na zona do Porto e nas câmaras municipais com mais recursos. A procura é mais generalizada ao território nacional apenas quando se trata de estabelecimentos de ensino. Formação e Evolução na Carreira Para ser geógrafo é necessário obter uma licenciatura em Geografia, designadamente num dos seguintes estabelecimentos: Ensino Público Licenciaturas Estabelecimentos Geografia Fac. de Letras da Univ. de Lisboa; Fac. de Letras da Univ. do Porto Geografia e Planeamento Univ. do Minho (Braga) Geografia e Planeamento Regional Fac. de Ciências Sociais e Humanas da Univ. Nova de Lisboa Geografia, área de espec. em Ordenamento do Fac. de Letras da Univ. de Coimbra Território e Desenvolvimento Geografia, área de espec. em Estudos Ambientais Fac. de Letras da Univ. de Coimbra Geografia, área de especialização em Ensino Fac. de Letras da Univ. de Coimbra Fontes: Guia de Acesso ao Ensino Superior - Candidatura /98 Estes profissionais devem possuir uma formação bastante alargada, pelo que é importante que os cursos confiram conhecimentos em matérias básicas como, por exemplo, história, economia, sociologia, geografia humana, geografia física, geografia económica, geomorfologia, estatística e informática e em matérias específicas, tais como desenvolvimento regional e local, cartografia e teledetecção, sistemas de informação geográfica, protecção do ambiente, climatologia, transportes e ordenamento do território. Quem desejar prosseguir os estudos, no sentido de obter uma maior especialização, pode fazê-lo frequentando um mestrado, por exemplo, em Geografia e Planeamento Regional - Gestão do Território, Dinâmicas Espaciais e Ordenamento do Território, Sistemas de Informação Geográfica ou Geografia Física e Ambiente. A carreira no sector público inicia-se com um estágio de 12 meses e a evolução processa-se de acordo com o mérito, o tempo de serviço e a existência de vagas. No entanto, no caso específico dos docentes do ensino secundário, começam com 1 ano de estágio e evoluem na carreira em função dos resultados que obtêm nas avaliações a que estão sujeitos quando pretendem subir de escalão. Esta progressão exige a frequência de acções de formação periódicas ou, em alternativa, a obtenção de pós-graduações ou mestrados. No sector privado, a carreira é definida de acordo com a política de recursos humanos delineada pela organização, podendo, por isso, variar consoante a entidade empregadora. Contudo, na maior parte dos casos, a carreira inicia-se com um estágio (6 ou 12 meses) e a evolução processa-se em função de aspectos como a dimensão e tipo de actividade que caracterizam a organização, bem como a experiência e conhecimentos demonstrados pelo indivíduo. Condições de Trabalho O trabalho dos geógrafos pode ser executado em gabinetes e no exterior (trabalho de campo). Nos gabinetes, estão rodeados por computadores, mapas e relatórios de estudos. No exterior, o ambiente é muito diverso: estão sujeitos às condições climatéricas do espaço a estudar, a deslocações a espaços de difícil acesso, à permanência durante algum tempo em locais despovoados ou em cidades com muita população, etc. O horário dos que estão vinculados à administração pública é de 35 horas semanais. Quanto aos que trabalham em empresas privadas, cumprem um horário de 40 horas por semana, que pode ser alargado quando realizam trabalho de campo. Perspectivas O mercado de emprego dos geógrafos é muito limitado, dado ser quase exclusivo da administração pública (central e local), sector em que o ingresso está bastante condicionado. Não se perspectivando alterações significativas a esta situação, as dificuldades de emprego continuar-seão a registar, pelo que a alternativa, para a maioria dos geógrafos, continuará a ser o ensino secundário. Para os que, apesar de tudo, apostem numa carreira na administração pública (central ou local) ou numa empresa privada é conveniente considerar as novas áreas de trabalho em que os geógrafos podem intervir, como o ambiente, o turismo e o lazer. No futuro, é provável que as maiores alterações relacionadas com o desempenho da profissão se verifiquem na forma de tratar a informação e de a dar a conhecer. Serão alterações causadas pela evolução tecnológica, a qual é importante que os geógrafos estejam aptos a acompanhar. 2 Gabinete do Ensino Superior da Madeira Contactos para Informações Adicionais Existem várias entidades que podem fornecer informações adicionais sobre esta profissão, nomeadamente: 213878787. 3