título do resumo

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VALORES DE MIC DE VANCOMICINA E CARACTERÍSTICAS
CLINICOEPIDEMIOLÓGICAS DE PACIENTES COM BACTEREMIA POR
MRSA.
Vitor Hugo Perugini (Bolsista IC-UEL), Márcia Regina Eches Perugini, Floristher
Elaine Carrara Marrone, email: [email protected]
Universidade Estadual de Londrina/CCS
Área e sub-área do conhecimento: Ciências da Saúde/Medicina
Palavras-chave: MIC, preditores de mortalidade, MRSA.
Resumo
Staphylococcus aureus resistente a meticilina (MRSA) está entre os mais
importantes patógenos causadores de infecção hospitalar, sempre associado a
elevados índices de morbimortalidade. Atualmente, inúmeros estudos avaliam
fatores que possam predizer aumento de mortalidade em bacteremias por
MRSA. Este estudo tem por objetivo identificar tais fatores, levando em
consideração variáveis clínicas e epidemiológicas dos pacientes, assim como
valores de concentração inibitória mínima (MIC) de vancomicina. Trata-se de
um estudo de coorte retrospectivo, realizado com pacientes do Hospital
Universitário de Londrina, cujos dados foram obtidos através de análise de
prontuários e consulta a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).
Os valores de MIC de vancomicina foram determinados por métodos de
microdiluição e E-test de 48 horas. Como resultado, observamos que 52% dos
indivíduos vieram a óbito, sendo a presença de sepse o fator mais
determinante. O valor de MIC mais prevalente foi 2µg/ml e valores maiores de
MIC estão relacionados a elevada mortalidade.
Introdução e objetivo
As infecções hospitalares tem se tornado o centro das atenções quando o tema
é saúde pública. Dentre os agentes responsáveis, Staphylococcus aureus é um
dos patógenos de maior importância, com destaque para a cepa resistente à
meticilina – MRSA, S. aureus meticilina resistente – sendo as bacteremias
causadas por MRSA associadas a maior mortalidade quando comparadas as
causadas por S. aureus sensível a meticilina (HOLMES et al., 2011; GASCH et
al., 2013).
Diante deste quadro, diversos estudos tentam avaliar fatores que
possam predizer mortalidade neste tipo de infecção, como os dados
clinicoepidemiológicos dos pacientes, as MICs dos agentes infecciosos e as
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drogas utilizadas, sendo a vancomicina mais utilizada para o tratamento de
infecções causadas por MRSA. Diversos estudos mostraram que uma MIC de
vancomicina elevada no tratamento de MRSA está associada a falhas
terapêuticas e uma maior taxa de mortalidade (GASCH et al 2013).
Considerando o exposto, é nítida a importância de se elucidar os fatores
capazes de predizer a mortalidade de indivíduos com infecção por MRSA. Por
conseguinte, o presente estudo teve por objetivo.
Procedimentos metodológicos
Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo realizado no Hospital
Universitário de Londrina (HU-UEL), onde foram selecionados 25 pacientes
internados durante o período de março de 2010 a maio de 2013. O critério para
escolha dos indivíduos foi presença de hemocultura positiva para MRSA no
decorrer da internação. Dos selecionados, realizou-se uma análise do
prontuário para obtenção de dados clínicos e epidemiológicos, além de
consulta ao banco de dados da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
(CCIH), obedecendo a um formulário pré-estabelecido com as características a
serem analisadas. Foram avaliadas as seguintes variáveis: idade, sexo, tempo
e local de internação, comorbidades associadas, realização de procedimentos
invasivos durante período de internação, presença de sepse e utilização de
antimicrobianos. Estas variáveis foram cruzadas com o desfecho do paciente,
alta ou óbito. Do total de 25 pacientes selecionados para o estudo, 22 amostras
foram analisadas e tiveram a concentração inibitória mínima (MIC) de
vancomicina estabelecida laboratorialmente. A determinação da MIC foi
realizada através dos métodos de microdiluição e E-test de 48 horas. Este
estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa envolvendo seres
humanos da Universidade Estadual de Londrina sob o CAAE número
0015.0.268.000-11.
Resultados e discussão
Primeiramente, foram analisadas as características clínicas e demográficas do
grupo de 25 indivíduos envolvidos no presente estudo. Os resultados
encontrados foram: Os resultados encontrados foram: 64% acima de 50 anos;
64% do sexo masculino; 96% realizaram procedimentos invasivos; 40% ficaram
internados em UTI/CTQ; 44% ficaram mais de 30 dias internados; 80% tinham
alguma comorbidade associada; 52% fizeram sepse; 92% realizaram
antibioticoterapia e 44% foram a óbito.
A seguir, os indivíduos foram separados em dois grupos segundo o
desfecho (óbito ou alta) e analisadas as mesmas características clínicas e
demográficas. Os resultados completos estão na Tabela 1.
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Tabela 1 – Características clínicas e demográficas dos 11 pacientes que
vieram a óbito e dos 14 que tiveram alta hospitalar.
Características
Idade (anos):
0 - 10
10 - 50
Acima de 50
Sexo masculino
Procedimentos invasivos
UTI/CTQ
Tempo de internação (dias):
≤ 30
˃ 30
Comorbidades
Sepse
Antibioticoterapia
N (%) - Óbito
N (%) - Alta
1 (9%)
1 (9%)
9 (82%)
8 (72%)
11 (100%)
8 (72%)
2 (15%)
5 (35%)
7 (50%)
8 (57%)
13 (92%)
4 (28%)
5 (45%)
6 (55%)
10 (90%)
9 (82%)
11 (100%)
9 (64%)
5 (36%)
10 (71%)
4 (28%)
12 (85%)
Foram analisados, também, os dados referentes à MIC das 22 amostras
selecionadas. Com o método de microdiluição, obtivemos 13 amostras com
MIC de 2µg/ml e nove com valor de 4µg/ml. Com o método E-test de 48 horas,
uma amostra com valor de 2µg/ml, dez com 3µg/ml e cinco com 4µg/ml.
Por fim, avaliamos o desfecho dos pacientes de acordo com os valores
da MIC, conforme o método utilizado (microdiluição e E-test 48h). Dos 22 casos
analisados, nove foram a óbito e 13 receberam alta hospitalar. Pelo método de
microdiluição, observa-se que 39% dos indivíduos com MIC de 2µg/ml foram a
óbito. Contudo, quando a MIC foi de 4µg/ml, a mortalidade subiu para 45%. Ao
analisar pelo método E-test 48h, a taxa de mortalidade para uma MIC de
3µg/ml foi de 40%; quando a MIC passou para 4µg/ml, 20% foram a óbito. Não
foi evidenciado, na amostra analisada, nenhum caso de MIC < 2µg/ml, o que
indica um perfil de alta resistência da flora bacteriana do HU-UEL.
Holmes et al. (2011) avaliou casos de diversos centros de saúda da
Austrália e Nova Zelândia. Em seu estudo, aproximadamente 18% dos
pacientes com bacteremia por MRSA desenvolveram sepse, contrastando com
os 52% evidenciados no presente estudo. Neste mesmo estudo, quando os
pacientes foram estratificados em grupos de alta ou baixa MIC de acordo com
resultado do E-test (≤ 1,5µg/ml e ˃ 1,5µg/ml, respectivamente), a taxa de
mortalidade passou de 12,2% para 26,8%, respectivamente.
Além disso, nosso resultados também se mostraram condizentes com
outro estudo análogo, conduzido por Yeh et al. (2011) em um hospital de
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Taipei, Taiwan, onde a presença de sepse foi o principal fator de risco para
óbito. Além disso, neste mesmo estudo, Yeh et al. demonstrou que valores
elevados de MIC (indicado em seu estudo como ≥1,5µg/ml) estão associados a
maiores taxas de choque séptico e, por consequência, de mortalidade.
Conclusão
Diante do exposto acima, podemos perceber que diversos fatores são capazes
de influenciar o desfecho que um paciente hospitalizado com bacteremia por S.
aureus. A presença de sepse é o fator de maior relevância para determinar
aumento da mortalidade, tanto neste como em outros estudos. O aumento da
concentração inibitória mínima à vancomicina tende, em diversos estudos, a
piorar o prognóstico do paciente, com consequente maior taxa de óbito.
Entretanto, a amostra da presente análise foi pequena, necessitando de
maiores estudos para que resultados mais conclusivos sejam produzidos.
Agradecimentos
Agradeço a PROIC/UEL pelo financiamento do presente estudo, à Profa. e Dra.
Márcia Regina Eches Perugini, à orientedora Profa. e Dra. Floristher Elaine
Carrara Marrone e aos funcionários do CCIH e do departamento de arquivos do
Hospital Universitário de Londrina.
Referências
GASCH, O.; CAMOEZ, M.; DOMINGUEZ, M. A; et al. Predictive factors for
mortality in patients with methicillin-resistant Staphylococcus aureus
bloodstream infection: impact on outcome of host, microorganism and therapy.
Clinical microbiology and infection : the official publication of the
European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases, v. 19,
n. 11, p. 1049–57, nov 2013.
HOLMES, N. E.; TURNIDGE, J. D.; MUNCKHOF, W. J.; et al. Antibiotic choice
may not explain poorer outcomes in patients with Staphylococcus aureus
bacteremia and high vancomycin minimum inhibitory concentrations. The
Journal of infectious diseases, v. 204, n. 3, p. 340–7, 1 ago 2011.
YEH, Y.-C.; YEH, K.-M.; LIN, T.-Y.; et al. Impact of vancomycin MIC creep on
patients with methicillin-resistant Staphylococcus aureus bacteremia. Journal
of microbiology, immunology, and infection = Wei mian yu gan ran za zhi,
v. 45, n. 3, p. 214–20, jun 2012.
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