A Hiena e a Raposa Serra do Sol 30/08/2010 Francisco Gelinski Neto1 Este artigo resgata a continuidade do debate acerca da demarcação continua da Reserva Raposa Serra do Sol em Roraima que provocou empobrecimento de população e do estado em razão da decisão tomada pelos agentes do governo - Supremo Tribunal Fedral (STF). Olhando a foto de uma mãe indígena com sua pequena filha sobre escombros de uma casa de fazenda derrubada recentemente nos estimula algumas reflexões (Valor Econômico 26/08/2010). Primeiramente, por que a casa foi demolida se poderia servir até mesmo de depósito para produção agrícola ou mesmo para moradia de indígenas ou seus descendentes. A mãe retratada está vestida e arrumada de acordo com padrões urbanos e não indígena original. Escombros e demolição sugerem destruição de algo que exigiu trabalho e empreendimento por alguém anteriormente e, portanto, ocorreu na situação retratada desperdício econômico. Em segundo lugar com a saída dos produtores de arroz muitos indígenas perderam seu trabalho junto aos empresários rurais que lá produziam e que foram severamente prejudicados pela desapropriação que foi parcialmente e insuficientemente paga. Aparentemente ao solucionar o problema reserva com demarcação contínua criou mais uma dependência de recursos públicos (da sociedade). Agora, sem trabalho, os indígenas aumentaram sua taxa de alcoolismo e passaram a depender de programas de transferência de renda (Bolsa Família e Vale Solidário). Eles desejam recursos de 20 milhões de reais do BNDES para programa de desenvolvimento. Acredito firmemente que a perda de 0,8% do PIB de Roraima com a redução de produção dos arrozeiros poderia ter sido evitada com a demarcação descontínua e não só isso, se houvesse um projeto conjunto de desenvolvimento envolvendo comunidade de brancos e comunidade de indígenas naquela localidade a sociedade de forma geral ganharia. O que vai emergir de escombros e conflitos artificialmente criados para valorizar alguns grupos de interesse? Devemos todos prestar atenção, pois, estaria surgindo no Brasil a “indústria da demarcação” e muitas outras comunidades e estados arcarão com prejuízos em razão de fabricação de conflitos e perdas de produção com novas demarcações que já estão planejadas em vários pontos do país. Será que somente nos restaria rir para não chorar, tal qual a hiena do título? Meus documentos/artigos diversos meus/demarcação de terras/A hiena e a raposa... 1 Professor de Economia Agroindustrial e Teoria Econômica – Departamento de Economia e Relações Internacionais. [email protected]