EXERCÍCIOS DE RECUPERAÇÃO FINAL 2015 Disciplina: História Professor: Rafael Magalhães Turma: 1º ano 1. O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do planeta, desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra há milênios: as pirâmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos construídos ao longo do Nilo. O que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois a) significava, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos. b) representava para as populações do alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e encontrar trabalho nos canteiros faraônicos. c) significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas riquezas, construindo templos. d) representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os desocupados a trabalharem em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito. e) significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a religião baseada em crenças e superstições. 2. Ao visitar o Egito do seu tempo, o historiador grego Heródoto (484 - 420/30 a.C.) interessou-se por fenômenos que lhe pareceram incomuns, como as cheias regulares do rio Nilo. A propósito do assunto, escreveu o seguinte: "Eu queria saber por que o Nilo sobe no começo do verão e subindo continua durante cem dias; por que ele se retrai e a sua corrente baixa, assim que termina esse número de dias, sendo que permanece baixo o inverno inteiro, até um novo verão. Alguns gregos apresentam explicações para os fenômenos do rio Nilo. Eles afirmam que os ventos do noroeste provocam a subida do rio, ao impedir que suas águas corram para o mar. Não obstante, com certa frequência, esses ventos deixam de soprar, sem que o rio pare de subir da forma habitual. Além disso, se os ventos do noroeste produzissem esse efeito, os outros rios que correm na direção contrária aos ventos deveriam apresentar os mesmos efeitos que o Nilo, mesmo porque eles todos são pequenos, de menor corrente." Heródoto. História (trad.). livro II, 19-23. Chicago: Encyclopaedia Britannica Inc. 2a ed. 1990, p. 52-3 (com adaptações). Nessa passagem, Heródoto critica a explicação de alguns gregos para os fenômenos do rio Nilo. De acordo com o texto, julgue as afirmativas a seguir. I. Para alguns gregos, as cheias do Nilo devem-se ao fato de que suas águas são impedidas de correr para o mar pela força dos ventos do noroeste. II. O argumento embasado na influência dos ventos do noroeste nas cheias do Nilo sustenta-se no fato de que, quando os ventos param, o rio Nilo não sobe. III. A explicação de alguns gregos para as cheias do Nilo baseava-se no fato de que fenômeno igual ocorria com rios de menor porte que seguiam na mesma direção dos ventos. É correto apenas o que se afirma em a) I. b) II. c) I e II. d) I e III. e) II e III. 3. Considere a afirmação do historiador Pedro Paulo Funari: “A guerra do Peloponeso não deixou de ser, até os nossos dias, uma narrativa histórica maior. Pode parecer espantoso ver como recorrente um uso político contemporâneo de um conflito tão distante no tempo e concernente a uma realidade histórica tão específica quanto a das cidades gregas. Com efeito, os primeiros a lerem, relerem e a se inspirarem em Tucídides foram as elites britânicas. Desde os primórdios da Inglaterra moderna, nascida dos conflitos com o continente, os ingleses abandonaram todas as pretensões de potência terrestre europeia, em proveito da conquista dos mares.” (FUNARI, Pedro Paulo. Usos da Guerra do Peloponeso. Revista Brasileira de História Militar. Ano II, n. 4, abril de 2011) Com qual cidade-Estado os ingleses se identificaram nos relatos de Tucídides sobre a Guerra do Peloponeso? Justifique sua resposta, explicando o que foi a Guerra do Peloponeso, no que se refere aos principais envolvidos, a suas motivações e às consequências para o mundo grego. 4. Leia o fragmento do documento a seguir, que trata da escravidão na Idade Antiga. “Ao lidarmos com escravos, não deveríamos permitir que fossem insolentes para conosco, nem deixá-los totalmente sem controle. Aqueles cuja posição está mais próxima da dos homens livres deveriam ser tratados com respeito; aqueles que são trabalhadores deveriam receber mais comida. Já que o consumo de vinho também torna homens livres insolentes [...], é claro que o vinho jamais deveria ser dado a escravos, ou só muito raramente.” (ARISTOTELES, in: CARDOSO, Ciro Flamarion. O trabalho compulsório na antiguidade. Rio de Janeiro: Graal, 1984, p. 108) Sobre a escravidão na Antiguidade, é correto afirmar: a) Esteve presente com igual importância econômica em todas as sociedades mediterrâneas. b) Foi restrita às cidades-estados da Grécia e à Roma republicana e imperial. c) Foi tão importante nas sociedades do Egito e da Mesopotâmia quanto nas da Grécia e de Roma. d) Foi marcante nas sociedades grega e romana só a partir de um determinado estágio do desenvolvimento de ambas, quando surgiu a propriedade privada. e) Era desconhecida nas chamadas sociedades hidráulicas do Egito e da Mesopotâmia e entre os hebreus e fenícios. 5. “Os generais os enganam quando os exortam a combater pelos templos de seus deuses, pelas sepulturas de seus pais. Isto porque de um grande número de romanos não há um só que tenha o seu altar doméstico, o seu jazigo familiar. Eles combatem e morrem para alimentar a opulência e o luxo de outros. Dizem que são senhores do universo, mas eles não são donos sequer de um pedaço de terra”. (Apud Plutarco. Vidas paralelas. Barcelona: Ibéria, 1951. v4, p.150) Segundo Plutarco, essas foram palavras proferidas por Tibério Graco, político romano, em um discurso público. A respeito da iniciativa promovida tanto por ele, como por seu irmão Caio, durante o período da Republica romana (VI a.C. – I a.C.) podemos afirmar que a) reafirmou o poder da aristocracia romana, confirmando o direito a terras e indenização em caso de expropriação nos períodos de guerra. b) os irmãos Graco reconheciam que a distribuição de terras seria a solução para atender às necessidades de uma plebe marginalizada. c) defendiam uma maior participação política da classe de comerciantes para promover o desenvolvimento e expansão da economia romana. d) incitavam o povo a apoiar as ditaduras militares, sendo os generais do exército, os únicos capazes de assumir o governo em época de crise. e) os irmãos Graco, com o apoio do Senado e da aristocracia romana, puderam promover uma reforma social que aplacou o clima de tensão vivido na época. 6. Analise as imagens a seguir. As imagens referem-se a dois jogos de tabuleiro: o xadrez, que popularizou-se na Europa a partir do século XI, representando um cenário de batalha medieval, e o War, que foi lançado no mercado mundial em 1959. Com base no exposto, explique como as imagens a) expressam uma transformação geopolítica da Idade Medieval para a Idade Contemporânea; b) referem-se a uma prática comum às Idades Medieval e Contemporânea. 7. Os homens da Idade Média estavam persuadidos de que a terra era o centro do Universo e que Deus tinha criado apenas um homem e uma mulher, Adão e Eva, e seus descendentes. Não imaginavam que existissem outros espaços habitados. O que viam no céu, o movimento regular da maioria dos astros, era a imagem do que havia de mais próximo no plano divino de organização. (Georges Duby. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos, 1998. Adaptado.) O texto revela, em relação à Idade Média ocidental, a) o prevalecimento de uma mentalidade fortemente religiosa, indicativa da força e da influência do cristianismo. b) a consciência da própria gênese e origem, resultante das pesquisas históricas e científicas realizadas na Grécia Antiga. c) o esforço de compreensão racionalista dos fenômenos naturais, base do pensamento humanista. d) a construção de um pensamento mítico, provavelmente originário dos contatos com povos nativos da Ásia e do Norte da África. e) a presença de esforços constantes de predição do futuro, provavelmente oriundos das crenças dos primeiros habitantes do continente. 8. Com a naturalidade de um soberano que sabia usar da autoridade em sua plenitude, D. Pedro criou a Ordem do Cruzeiro. Não será certamente coincidência que o ato aproximava-se daquele de Napoleão Bonaparte ao estabelecer a legião de Honra (1802). Também a coroação de 10 de dezembro tivera como modelo, em grande medida por intermédio da competência de Jean-Baptiste Debret, a cerimônia de sagração do imperador francês. Fonte: NEVES, Lúcia Bastos Pereira. A vida Política. In: COSTA E SILVA, Alberto (coord.) Crise Colonial e Independência: 1808-1930. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011 (Adaptado) A criação da honorífica Ordem do Cruzeiro por D. Pedro I representava a a) limitação do imperador em remunerar financeiramente os feitos públicos. b) preocupação em disseminar os ideais revolucionários franceses no Brasil. c) concessão de privilégios sociais em oposição ao modelo estamental europeu. d) inspiração nos ideais liberais divulgados pela imprensa dos radicais jacobinos. e) manutenção de práticas típicas das monarquias absolutistas na nação independente. 9. O Estado Absoluto da Idade Moderna apresentou um caráter ambíguo, refletindo o sentido de transição do período. De um lado, foi um “Estado feudal transformado” com a burocracia administrativa, formada em grande parte pelos senhores feudais, que mantinham valores e privilégios seculares; de outro, um dinâmico agente mercantil, unificando mercados, eliminando barreiras internas que entravavam o comércio, uniformizando moedas, pesos e leis, além de empreender conquistas de novos mercados. Entretanto, nascido da aliança do rei com a burguesia na Baixa Idade Média, da necessidade socioeconômica e da política da época, acabou se tornando parasitário e aristocrático, necessitando cada vez mais de uma crescente tributação. Em fins da Idade Moderna, o poderio e o esplendor dos reis absolutistas opunham-se ao empreendimento burguês, à lucratividade e à capitalização em curso, levando ao processo das revoluções burguesas que, ao derrubar os monarcas absolutistas, inaugurariam o mundo contemporâneo. Com base no exposto, assinale a alternativa que caracteriza o Estado Absolutista em suas instituições políticas e econômicas. a) Liberalismo econômico: permitia a ascensão política da burguesia. b) Absolutismo esclarecido: gradual retirada do Estado da arena econômica. c) Economia social de mercado: economia liberal com limitações do Estado, visando melhor distribuição de renda e oferta de oportunidades para as classes menos privilegiadas. d) Absolutismo liberal: iniciativa privada na economia e o Estado apenas aplica a justiça e conduz a política externa. e) Absolutismo monárquico: forte intervenção do Estado na economia. 10. “Essencialmente, o absolutismo era apenas isto: um aparelho de dominação feudal alargado e reforçado, destinado a fixar as massas camponesas na sua posição social tradicional (...). Por outras palavras, o Estado absolutista nunca foi um árbitro entre a aristocracia e a burguesia, ainda menos um instrumento da burguesia nascente contra a aristocracia: ele era a nova carapaça política de uma nobreza atemorizada (...).” ANDERSON, Perry, Linhagens do Estado Absolutista. Trad. Porto: Afrontamento, 1984, pp. 16-17. a) Na perspectiva de Anderson, o Estado absolutista significou um rompimento drástico com relação à fragmentação política característica do período feudal? Justifique. b) Na visão de Anderson, qual era o grupo social dominante nos quadros do Estado absolutista? Justifique. c) Além dos elementos apontados no texto, ofereça mais duas características constitutivas dos chamados Estados absolutistas. 11. Analise a imagem a seguir. Desde a Idade Média, São Tiago Maior foi retratado de várias formas. Nessa imagem do século XVII, que recorre à Reconquista na Península Ibérica, sua figura é representada como Matamouros. Com base na imagem, conclui-se que essa recorrência alude à a) valorização da cultura islâmica, derivada do contato com os muçulmanos. b) apropriação de personagens bíblicos, utilizados para legitimar a disputa territorial e religiosa. c) formação de uma matriz cultural ibérica, renovada pela fusão entre belicismo islâmico e apostolicismo cristão. d) incorporação do princípio muçulmano da Guerra Santa, favorecida pela expansão árabe. e) adoção do ideal muçulmano de martírio, advindo da experiência adquirida nas Cruzadas. 12. Analise o texto abaixo: Las tres caravelas (...) Um navegante atrevido Saiu de Palos um dia Vinha com três caravelas A Pinta, a Nina e a Santa Maria Em terras americanas Saltou feliz certo dia Vinha com três caravelas A Pinta, a Nina e a Santa Maria Muita coisa sucedeu Daquele tempo pra cá O Brasil aconteceu É o maior, que é que há? (...) Viva Cristóvão Colombo Que para nossa alegria Veio com três caravelas A Pinta, a Nina e a Santa Maria (Algueró Jr. Moreau. Tradução: João de Barro) Analise as proposições sobre essa canção popular, gravada por Caetano Veloso e Gilberto Gil no disco Tropicália ou Panis et Circensis (1968). I. A letra faz referência a episódios históricos conhecidos como o “descobrimento da América” pelos europeus, por meio da viagem empreendida pelo almirante Cristóvão Colombo, partindo da costa da Espanha pelo Oceano Atlântico, e atingindo as ilhas do Caribe, no dia 12 de outubro de 1492. II. Os cantores da Tropicália utilizam a canção com ironia em relação ao discurso ufanista dos militares brasileiros durante a ditadura. Para eles, o Brasil estava submisso aos interesses econômicos dos Estados Unidos, como havia sido em relação às monarquias ibéricas no período colonial. III. O autor da letra, ao afirmar que o navegador “saltou feliz certo dia” nas terras americanas, identifica-se com os nativos, que consideram esse episódio o início de uma era de paz e prosperidade, pois Colombo veio “para nossa alegria”. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. b) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. c) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. d) Somente a afirmativa I é verdadeira. e) Todas as afirmativas são verdadeiras. 13. As caravelas, por conta de sua leveza e da forma de suas velas, foram uma invenção que tornou as viagens marítimas mais rápidas. Na figura temos uma representação dessa embarcação. Sobre essas embarcações, é correto afirmar que seu uso foi predominante no período a) contemporâneo, nas migrações dos chamados povos bárbaros. b) medieval, com a expansão do Império de Alexandre, o Grande. c) moderno, nas expedições portuguesas e espanholas. d) da Segunda Revolução Industrial, no século XX. e) da expansão do Império Romano, no século II. 14. Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma, E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo. Quem te sagrou criou-te português. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal! PESSOA, Fernando. “O Infante”. Mensagem. Obra poética, 1960. Identifique quatro características que, segundo o texto, marcaram a expansão marítima portuguesa dos séculos XV e XVI. Exemplifique com os versos do próprio poema. 15. Considere os dois extratos de documentos abaixo: 1. Ilustrações publicadas na obra “De humani corporis fabrica”, do médico belga André Vessálio (1543). 2. “Aconselho-te, meu filho, a que empregues a tua juventude em tirar bom proveito dos estudos e das virtudes (...). Do direito civil quero que saibas de cor os belos textos e que mos compare com filosofia. Enquanto ao conhecimento das coisas da natureza, quero que a isso te entregues curiosamente (...) depois (...) revisita os livros dos médicos gregos, árabes e latinos, sem desprezar os talmudistas e cabalistas, e por frequentes anatomias adquire perfeito conhecimento do outro mundo [o microcosmos] que é o homem.” (RABELAIS, François. Pantagruel [1532]. In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, 1976, v. 11) Considerando os documentos acima, além dos conhecimentos sobre o período, disserte sobre as principais características do Renascimento, relacionando-as com as transformações sociais em curso na Europa. 16. O Vaticano inaugurou a nova iluminação do interior da Capela Sistina, que valoriza os detalhes de obras-primas da história da arte. Quando “O juízo final”, a parede de afrescos considerada a maior obra do humanismo, foi restaurada, há 20 anos, talvez o efeito obtido não fosse como o de hoje. Sete mil leds, com luz difusa e ao mesmo tempo intensa, permitem uma valorização sem precedentes das cores. (Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/10/vaticano-inaugura-nova-iluminacao-do-i terior-da-capela-sistina.html.) Patrimônio da humanidade, a obra de Michelangelo é um dos símbolos máximos do Renascimento. Sobre o contexto histórico em que foi produzida essa obra, é correto afirmar que a) o artista retratou o resgate das culturas helenísticas, principalmente no que se refere às concepções mitológicas e politeístas. b) Michelangelo, o autor de “O juízo final”, manteve em sua obra-prima o princípio básico da arte renascentista: o teocentrismo. c) os humanistas preconizavam o estabelecimento de dogmas cristãos dissolvidos desde a expansão vertiginosa da Igreja Ortodoxa. d) a obra retrata ainda temas cristãos, retirados da Bíblia, mas contém o realismo, humanismo e naturalismo característicos da Renascença. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: “O direito de criticar dogmas e encaminhamentos é assegurado como liberdade de expressão, mas atitudes agressivas, ofensas e tratamento diferenciado a alguém em função de crença ou de não ter religião são crimes inafiançáveis e imprescritíveis.” (“Intolerância religiosa é crime de ódio e fere a dignidade”. Portal de Notícias do Senado Federal. Publicado em 16 de abril de 2013. Disponível em: <http://www12.senado.gov.br/jornal/edicoes/2013/04/16/intolerancia-religiosa-e-crime-de-odio-e-fere-adignidade>). 17. Destaque dois conflitos religiosos ocorridos após a Reforma Protestante na Europa, entre os séculos XVI e XVII, discorrendo sobre os motivos de seu desenvolvimento. 18. Leia o fragmento. Um famoso escândalo político foi o de Antônio Perez, que em 1571 era secretário de Estado de Felipe II, tendo alcançado um dos postos mais importantes na monarquia. Por rivalidades, viu-se envolvido em intrigas internacionais. Conhecia todos os segredos da coroa, tendo absoluto controle sobre o Tesouro. Foi acusado de vender cargos, de suborno e de trair segredos do Estado. Felipe viu um caminho para atingilo: a Inquisição. Tinha de ser acusado de heresia. Foi difícil encontrar provas contra seu catolicismo, mas o confessor do rei conseguiu-as. Mesmo sendo íntimo amigo do inquisidor-mor e tendo o apoio da população de Saragoça, Perez foi acusado de herege. Conseguiu fugir e morreu em Paris, e, conforme testemunhou o núncio apostólico da região, sempre viveu como fiel católico. (Anita Novinsky, A inquisição) A partir do texto, é correto concluir que a Inquisição espanhola a) ampliou as suas prerrogativas nas nações europeias menos fiéis ao poder do papado, com o intuito de ampliar o número de seguidores. b) perdeu parte de suas atribuições e poderes a partir da Contrarreforma católica, conforme deliberação do Concílio de Trento. c) manteve, durante a sua existência secular, vínculos essenciais com a questão religiosa, excepcionalmente confundindo-se com a questão política. d) resumiu sua atuação a alguns poucos casos exemplares, com o intuito de evitar a propagação do islamismo e das igrejas reformadas. e) apesar de sua fundamentação religiosa, esteve vinculada ao Estado e serviu aos interesses de grupos ligados ao poder. 19. “A conquista do Brasil pressupunha também o domínio ideológico dos povos das regiões colonizadas pela Coroa lusitana. Havia que provar pelo convencimento e pela força – a superioridade do modo oficial português de ser. Era necessário convencer as populações nativas e os recém-chegados da inferioridade e do 'bestialismo' dos hábitos americanos. A opção de europeus pela cultura material e social tupinambá causava tensões insustentáveis na férrea camisa-de-força vivencial em que as elites civis e religiosas ibéricas enquadravam as classes subalternas – metropolitanas e coloniais.” MAESTRI, Mário. Os senhores do litoral. Conquista portuguesa e agonia tupinambá no litoral brasileiro. (século 16). POA: Editora da Universidade/UFRGS, 1994. p. 61. O texto acima e seus conhecimentos sobre as relações de dominação entre europeus e as populações indígenas na América Portuguesa permitem afirmar que a) os missionários analisavam o sistema cultural indígena, seus costumes, seu cotidiano, etc., segundo a moralidade cristã. b) a adaptação dos europeus aos Trópicos e a assimilação de certos costumes indígenas foi estimulada pela Coroa e pela Igreja Católica. c) os colonizadores, os missionários e os agentes portugueses compreendiam os costumes indígenas de forma idealizada, tolerante e idílica. d) os primeiros anos de colonização do território brasileiro foram marcados pela miscigenação e tolerância acerca do sistema cultural tupinambá. e) embora na colônia os europeus tenham adotado práticas de intolerância, na metrópole possuíam postura com maior respeito à diversidade cultural e religiosa. 20. Leia com atenção o fragmento retirado da Carta de Pero Vaz de Caminha. “E quando veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles [os índios] se levantaram conosco e alçaram as mãos, ficando assim, até ser acabado; e então tornaram-se a assentar como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim todos, como nós estávamos com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção.” Pero Vaz de Caminha. In: OLIVIERI, A. C. e VILLA, M. A. Crônicas do descobrimento. São Paulo: Ática, 1999, p. 23. Em relação à Carta de Caminha para o Rei de Portugal, pode-se dizer que é: a) Uma narrativa que projeta sobre as populações nativas uma visão de mundo cristão, como se o Brasil fosse uma espécie de paraíso edênico. b) Um relato imparcial sobre as populações indígenas, porque o autor narra exatamente o que viu e viveu no Brasil. c) Uma narrativa capaz de identificar a verdadeira essência das populações indígenas brasileiras que já conheciam o cristianismo, e traziam no seu íntimo um conhecimento prévio dos ensinamentos pregados por Cristo a seus discípulos. d) Um relato que expressa total ignorância e despreparo do cronista sobre o caráter dissimulado e estratégico das populações indígenas, que desejavam tão somente ganhar a confiança dos viajantes europeus para obter lucros e fazer alianças políticas para derrotar seus inimigos. e) Um relato sem valor histórico, pois está marcado por uma perspectiva eurocêntrica e preconceituosa sobre os habitantes nativos do Brasil. 21. Leia o texto a seguir. Tocadas em 1500 pelos homens de Pedro Álvares Cabral, as terras que hoje são brasileiras foram desde então oficialmente incorporadas à coroa portuguesa. Se haviam sido frequentadas antes, como sugere o Esmeraldo de Situ Orbis, e defendem alguns historiadores portugueses, disso não ficou maior registro, e não há, pois, como fugir da data consagrada e recentemente celebrada – para o bem e para o mal – por brasileiros e portugueses. Descoberto oficialmente, pois, em 1500, sob o pontificado de Alexandre VI Borgia, não se pode dizer, a rigor, que existisse, então, nem Brasil nem brasileiros. Vários são os sentidos dessa não existência. (Adaptado de: SOUZA, L. M. O nome do Brasil. Revista de História. São Paulo, 2001. n.145. p.61-86. Disponível em: <http://revhistoria.usp.br/images/stories/revistas/145/RH-145__Laura_de_Mello_e_Souza.pdf>. Acesso em: 7 jun.2013.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, responda aos itens a seguir. a) Cite e explique 2 fatores que possibilitaram o pioneirismo do Estado português nas Grandes Navegações. b) Explique o que a historiadora e autora desse texto, Laura de Mello e Souza, quer dizer com a seguinte passagem: “não se pode dizer, a rigor, que existisse, então, nem Brasil nem brasileiros.”. 22. As imagens remetem a dois marcos históricos do processo de conquista e ocupação da região amazônica pela Coroa de Portugal: a construção do Real Forte do Príncipe da Beira na margem direita do Rio Guaporé, entre 1776 e 1783, e a expedição à região do Amazonas comandada por Pedro Teixeira, ocorrida entre 1637 e 1639. Identifique duas estratégias da colonização portuguesa na Amazônia ao longo dos séculos XVII e XVIII. Em seguida, aponte duas características físicas ou demográficas dessa região que tenham interferido nas estratégias de colonização. 23. A colonização, apesar de toda violência e disrupção, não excluiu processos de reconstrução e recriação cultural conduzidos pelos povos indígenas. É um erro comum crer que a história da conquista representa, para os índios, uma sucessão linear de perdas em vidas, terras e distintividade cultural. A cultura xinguana – que aparecerá para a nação brasileira nos anos 1940 como símbolo de uma tradição estática, original e intocada – é, ao inverso, o resultado de uma história de contatos e mudanças, que tem início no século X d.C. e continua até hoje. FAUSTO Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. Com base no trecho acima, é correto afirmar que a) o processo colonizador europeu não foi violento como se costuma afirmar, já que ele preservou e até mesmo valorizou várias culturas indígenas. b) várias culturas indígenas resistiram e sobreviveram, mesmo com alterações, ao processo colonizador europeu, como a xinguana. c) a cultura indígena, extinta graças ao processo colonizador europeu, foi recriada de modo mitológico no Brasil dos anos 1940. d) a cultura xinguana, ao contrário de outras culturas indígenas, não foi afetada pelo processo colonizador europeu. e) não há relação direta entre, de um lado, o processo colonizador europeu e, de outro, a mortalidade indígena e a perda de sua identidade cultural. Gabarito: Resposta da questão 1: [A] O enunciado e a alternativa correta da questão remetem a aspectos da vida no Antigo Egito, quais sejam, o poder teocrático do faraó, a arquitetura representada pelas pirâmides e os templos e o trabalho. No entanto, a ênfase no poder do faraó de “escravizar grandes contingentes”, requer observar que a forma de trabalho predominante no Antigo Egito era servidão coletiva (modo de produção asiático). Assim sendo, o faraó requisitava compulsoriamente mão de obra abundante junto às comunidades sob seu poder. Resposta da questão 2: [A] A resposta da questão não depende de conhecimento ou de interpretação histórica. É apenas uma interpretação do texto que deve ser confrontada com as três afirmações realizadas. Resposta da questão 3: A Guerra do Peloponeso é tradicionalmente relatada como um conflito entre Atenas e Esparta; na verdade, um conflito envolvendo a Confederação de Delos (liderada por Atenas) e a Liga do Peloponeso (liderada por Esparta), numa luta pela hegemonia sobre o mundo grego. A Inglaterra é identificada com Atenas, vista como potência expansionista, que exercia forte influência sobre diversas cidades, dentro e fora do território grego. Cidade litorânea, Atenas se fortaleceu economicamente a partir do comércio marítimo. Resposta da questão 4: [D] Somente a proposição [D] está correta. A questão remete a escravidão na Antiguidade Clássica, Grécia e Roma. A escravidão já existia nas civilizações da Antiguidade Oriental como Egito, Mesopotâmia, Fenícios, Hebreus e Persas, porém, foi na Antiguidade Clássica Ocidental, Grécia e Roma, que ela se tornou um modo de produção hegemônico em um determinado momento da história destas duas civilizações. Pensadores importantes como Aristóteles justificava a escravidão considerando-a natural e justa Resposta da questão 5: [B] Somente a proposição [B] está correta. A questão remete a expansão romana ocorrida no período da República, 509-27 a.C. A expansão romana foi liderada pelos patrícios (elite agrária), porém o exército romano era composto pelos mais humildes que batalhavam, venciam, conquistavam terras, mas não usufruíam desta riqueza. Esta expansão gerou inúmeros problemas como o aumento da escravidão, da desigualdade social, da concentração fundiária, da violência, entre outras. Assim, os irmãos Gracos defenderam reformas sociais importantes que beneficiavam os camponeses e os mais pobres em geral, tais como o projeto da Reforma agrária defendido por Tibério Graco e a Lei Frumentária de Caio Graco. Estes projetos sociais fracassaram por tocar nos interesses da elite agrária, os patrícios. Na história da Roma antiga quem defendia os mais humildes acaba morrendo, basta observar a morte de Tibério e Caio Graco, Júlio César, Jesus, entre outros. Resposta da questão 6: a) As imagens expressam uma transformação geopolítica da Idade Medieval para a Idade Contemporânea na medida em que projetam diferentes ambientes de guerra, nos dois jogos. Na primeira imagem, a projeção criada pelo jogo de xadrez alude a um cenário de batalha medieval em que se confrontam dois exércitos com as peças tradicionais do jogo (peões, torres, cavalos e reis são destacados na imagem). Nesse sentido, o espaço geográfico da batalha travada pelos jogadores está associado a um território restrito, que tinha na Europa seu palco privilegiado. Por sua vez, a segunda imagem alude a um espaço geográfico ampliado, que toma todo planeta como palco de batalha. Essa transformação do espaço, onde a guerra é ambientada, toma como base o “mundo conhecido” para cada um dos períodos. Assim, essa ambiência remete às diferenças entre o século XI, dominado por conflitos entre as monarquias medievais, e a segunda metade do século XX, que tinha na Guerra Fria um de seus principais marcos geopolíticos. b) Pela análise das imagens, pode-se identificar duas práticas comuns, tanto à Idade Média quanto à Idade Contemporânea (o candidato deve apresentar apenas uma prática): - a de guerrear: nas duas imagens, os jogos de tabuleiro aludem à utilização do conflito bélico como mecanismo para a resolução de conflitos políticos em suas épocas. Nesse sentido, muito embora as técnicas utilizadas, os ambientes de guerra e as implicações políticas aludidas nos jogos sejam diferentes, o fenômeno da guerra continua sendo um mecanismo utilizado nas duas épocas; - a de jogar: os jogos de tabuleiro representados indicam que, nos dois períodos, os momentos de descanso e lazer têm nos jogos uma de suas formas de expressão. Nesse sentido, apesar de os jogos serem diferentes, a prática cultural do jogo é comum às duas épocas. Resposta da questão 7: [A] Durante a Idade Média, a ideologia predominante era aquela criada e ditada pela Igreja Católica, baseada no Cristianismo. Fundamentos como a terra ser o centro do Universo e a criação do homem e da mulher por Deus faziam parte dessa ideologia. O pensamento humanista é posterior e marca o início da Era Moderna. Resposta da questão 8: [E] A criação da Ordem do Cruzeiro reflete uma prática comum do Absolutismo europeu: a criação de estruturas e homenagens aos Monarcas ou Imperadores. Resposta da questão 9: [E] A partir do advento do Mercantilismo, as Monarquias Absolutistas passaram a se caracterizar pela intensa intervenção estatal na economia. Resposta da questão 10: Segundo o autor, que representa um dos expoentes da visão marxista de História, o Estado Absolutista não representa uma mudança drástica, pois preserva os tradicionais privilégios da velha elite feudal. Tal modelo, desenvolvido na Idade Moderna, apesar de possuir uma estrutura centralizada de poder, representou uma adaptação. Para o autor, a classe dominante é a nobreza, responsável pelo controle dos principais cargos políticos. Ministros, conselheiros e assessores do Rei pertenciam à nobreza, colocando essa classe social no controle do Estado. Os Estados Absolutistas garantiam privilégios ao clero e eram caracterizados por grande intolerância religiosa, principalmente nos países católicos, nos quais o poder do rei era justificado como sendo de origem divina. No campo econômico, os Estados exerciam forte intervenção e controle, preocupados em obter balança comercial favorável, segundo uma mentalidade mercantilista. Resposta da questão 11: [B] O processo de reconquista da Península Ibérica insere-se num contexto de retomada das últimas áreas de domínio árabe no continente europeu e de expansão do cristianismo. A experiência dos cristãos nessa disputa teve caráter político, econômico e religioso. Ao final, com a vitória dos cristãos sobre os árabes, a expansão europeia colocou-se em outro patamar com a posterior incorporação dos continentes americanos e de áreas do continente asiático. Resposta da questão 12: [C] A questão remete ao “Descobrimento” através da música “As três caravelas” interpretada por Gilberto Gil e Caetano Veloso no contexto do movimento estético denominado “Tropicalismo”. A música faz referência a chegada de Colombo à América em 1492 partindo de Palos na Espanha. A canção foi utilizada como crítica aos militares que possuíam um discurso ufanista. Para os tropicalistas, o Brasil era submisso aos EUA assim como foi de Portugal no contexto da colonização. Resposta da questão 13: [C] A questão remete à invenção das caravelas. Estas embarcações, devido a sua leveza e as formas de suas velas, foram muitas utilizadas nas grandes navegações portuguesas e espanholas realizadas nos séculos XV e XVI. Eram grandes embarcações feitas de madeira, capazes de transportar centenas de pessoas e toneladas de mercadorias. Possuíam uma ou mais velas grandes e altas de formato, geralmente, retangular. Resposta da questão 14: Fernando Antônio Nogueira Pessoa, 1888-1935, conhecido como Fernando Pessoa, grande poeta português elaborou diversas poesias sobre a Expansão Marítima Comercial Europeia que ocorreu nos séculos XV e XVI na qual a jovem nação Portuguesa foi a pioneira. O auge da história de Portugal foi exatamente o contexto das Grandes Navegações, durante a dinastia de Avis, conforme exalta o poeta português Luís Vaz de Camões na obra “Os Lusíadas”. No entanto nos séculos XVIII e XIX, Portugal vivia uma grave crise econômica e política corroborada pela vinda da Corte portuguesa para o Brasil em 1808. Neste sentido, o poeta Fernando Pessoa vivendo em contexto de profunda crise reflete sobre as Grandes Navegações. O poeta faz referência a este contexto histórico quando escreve “Deus quis que a terra fosse toda uma, / Que o mar unisse, já não separasse”. Aponta dúvidas sobre a esfericidade do planeta terra “E viu-se a terra inteira, de repente, surgir, redonda, do azul profundo”. Faz menção ao pioneirismo português “Quem te sagrou criou-te português”. Aponta também para a crise do império lusitano no Oriente “Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez”. Ainda faz referência ao mito do Sebastianismo criado no contexto da morte do rei Sebastião em 1578 na batalha de Alcácer-Quibir. O mito sugere que a nação portuguesa retomará sua importância histórica, “Senhor, falta cumprir-se Portugal!”. Resposta da questão 15: O Renascimento Cultural foi um amplo movimento caracterizado por uma mudança significativa na forma de enxergar o mundo, principalmente nos centros urbanos, caracterizada pelo antropocentrismo, individualismo e racionalismo. Tanto as imagens do corpo humano, destacando o esqueleto e a musculatura de forma científica, quanto o texto reforçam a necessidade do conhecimento racional sobre o ser humano e o universalismo desse conhecimento, que deixa de ser monopólio da Igreja Católica e pode ser formado a partir de diferentes culturas. Resposta da questão 16: [D] O Renascimento, movimento de valorização da figura humana que pregava o Antropocentrismo em detrimento ao Teocentrismo, produziu uma série de obras artística que contavam com (1) humanismo, (2) realismo e (3) naturalismo para valorizar o homem em meio a temáticas religiosas. Resposta da questão 17: Os conflitos ocorridos após a Reforma Protestante ocorreram, em geral, em função do direito ao reconhecimento da liberdade de culto das novas religiões e das disputas de poder entre nobreza e burguesia em várias nações. Podemos citar os seguintes conflitos: Noite de São Bartolomeu (França), Guerra dos Trinta Anos (vários países) e Revolução Puritana (Inglaterra). Resposta da questão 18: [E] O texto deixa claro que o Rei Filipe II usou a Inquisição para um fim político: destituir seu secretário de Estado que estava concentrando mais poderes do que o desejado. Assim, o texto corrobora o exposto no item [E] (“esteve vinculada ao Estado e serviu aos interesses de grupos ligados ao poder”). Resposta da questão 19: [A] O contato entre europeus e indígenas foi marcado pelo etnocentrismo por parte dos europeus, que mediam os hábitos e costumes dos índios a partir da medida da própria cultura europeia. Resposta da questão 20: [A] Somente a proposição [A] está correta. A questão remete ao importante documento histórico, a “Carta de Caminha”. Esta questão pode ser respondida a partir das alternativas incorretas. Pero Vaz de Caminha narrou o indígena dentro de sua concepção de mundo, a cultura cristã ocidental. Sua narrativa não identificou a verdadeira essência das populações indígenas brasileiras. Não podemos concordar com a ideia de que os indígenas eram dissimulados e estratégicos e que possuíam interesses em obter lucros. O documento tem um grande valor histórico. Resposta da questão 21: a) Entre os fatores que explicam o pioneirismo português nas Grandes Navegações se destacam, entre outros elementos, a centralização política precoce, que permitiu a Portugal a coordenação das ações estratégicas necessárias para realização de um empreendimento de tal envergadura; a experiência anterior no comércio de longa distância, realizado inicialmente sob a hegemonia de Gênova e Veneza, bem como o envolvimento com o mundo islâmico do mediterrâneo; o desenvolvimento da arquitetura naval, permitindo o desenvolvimento da caravela, embarcação mais leve e veloz que as existentes na época e que permitia aos portugueses se aproximarem da terra firme sem encalhar; o aprimoramento das técnicas (determinação de latitudes e longitudes) e dos instrumentos de navegação (quadrante e astrolábio); o desenvolvimento de uma nova mentalidade voltada à experimentação e à verificação e não apenas à tradição, possibilitando a realização de diversas experiências e inovações, localização geográfica privilegiada, a Escola de Sagres. b) A historiadora Laura de Mello e Souza sugere na passagem “não se pode dizer, a rigor, que existisse, então, nem Brasil nem brasileiros” aspectos como: os povos autóctones, cerca de 2.500.000 habitantes indígenas na época da chegada de Cabral, não constituíam uma unidade cultural, tampouco política, pois se tratavam de um conjunto variado de sociedades; os portugueses ocuparam um território, desconhecido por eles, sendo o Brasil uma construção histórica posterior, portanto é equivocado (anacronismo) pensar o território brasileiro atual para o século XVI; o Estado brasileiro será formado apenas no século XIX, quando conquistará a independência política da Europa, formando um Império; a identidade nacional brasileira, tema complexo e polêmico da historiografia, terá suas primeiras manifestações, ainda que fragmentárias, na crise do antigo sistema colonial no final do século XVIII. Resposta da questão 22: O aluno pode citar algumas estratégias da colonização portuguesa na Amazônia no período colonial, sobretudo nos séculos XVII e XVIII, tais como: construção de fortes destinados à defesa de terras conquistadas, utilização da numerosa população indígena local como mão de obra, realização de expedições de exploração e reconhecimento do território, controle e uso da navegação de rios para assegurar a posse do território, estímulo à presença de missões religiosas dedicadas à catequese dos indígenas e a exploração dos recursos naturais da floresta (coleta e extração das drogas do sertão, como canela e cacau). Entre as características físicas ou demográficas da região podem ser destacas a extensa floresta equatorial, grandes vazios demográficos, bacias hidrográficas navegáveis, dispersão dos recursos naturais pela floresta e a existência de numerosa e diversificada população indígena. Resposta da questão 23: [B] O texto deixa claro que, apesar da violência da colonização portuguesa, a cultura indígena sobreviveu no Brasil, de adaptando e se misturando à cultura europeia. O melhor exemplo que o autor cita é o da cultura dos índios Xingus.