Há uma década, a Organização Mundial da Saúde (OMS)

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Tratamento supervisionado da tuberculose
evita abandono
Com essa terapia, pacientes dos municípios prioritários no combate à
doença contam com acompanhamento e medicação gratuitamente
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a tuberculose mata
todos os anos cerca de dois milhões de pessoas em todo o planeta. O Brasil
registra por ano 85 mil novos casos, um número considerado alto pelo
Ministério da Saúde. Seis mil brasileiros perdem a vida em conseqüência dessa
doença anualmente. Um dos maiores empecilhos ao combate a esse grave
problema de saúde é o abandono do tratamento. Com o desaparecimento dos
sintomas, nos primeiros dias da medicação, muitas pessoas acabam deixando
a terapia de lado. O abandono da terapia pode levar o paciente a desenvolver
uma tuberculose resistente à medicação.
Para evitar que isso aconteça, o Ministério da Saúde começou a pôr em
prática nos 315 municípios considerados prioritários no combate à doença o
Programa de Tratamento Supervisionado da Tuberculose. Em 2005, metade
desses municípios prioritários terão esse tipo de tratamento implementado. São
cidades que respondem por mais de 70% dos casos de tuberculose do país.
“Esse método é bastante eficiente e apresenta expectativa de cura de 96%”,
afirma o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas
Barbosa.
O governo federal quer estender o tratamento supervisionado a todos os
municípios prioritários até o ano de 2007. O Ministério da Saúde acredita que
se houver esforço concentrado da União, estados e municípios essa meta pode
ser antecipada. “Em todo esse processo a descentralização é a melhor forma
de aperfeiçoar o programa. Em cada unidade de saúde, por mais longe que
seja do centro da cidade, deve existir o programa de controle da tuberculose”,
diz Jarbas.
Segundo o secretário, para se ter uma idéia da expansão do programa, em
2001 apenas 21% das unidades de saúde possuíam tratamento supervisionado.
Em 2004, esse número pulou para 52%. “Quando o paciente toma o remédio na
frente do profissional é mais difícil abandonar o tratamento”, diz Jarbas
Barbosa, referindo-se a um dos maiores problemas enfrentados durante o
tratamento da doença, que dura seis meses.
Investimento – Para controlar a tuberculose no país e tratar todos os casos
descobertos, o ministério investirá até 2007 cerca de R$ 119,5 milhões. “Essa
verba servirá para capacitação de profissionais, aquisição de medicamentos,
campanhas de divulgação, apoio aos laboratórios e repasse de recursos aos
estados e municípios”, afirma o secretário de Vigilância em Saúde.
Causada pelo Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch, a tuberculose
é transmitida pela tosse ou espirro de um doente. Possui como sintomas mais
comuns febre, tosse, cansaço e perda de apetite. A maior parte dos casos de
tuberculose (mais de 90%) são pulmonares, mas o problema pode atingir outras
partes do corpo, como a pele, os rins e as meninges.
A tuberculose se manifesta com maior freqüência em áreas com baixo
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O crescimento populacional nas
periferias das grandes cidades contribuiu para o aumento do número de casos
no Brasil. Há uma grande concentração de registros de tuberculose em todas
as metrópoles brasileiras. Outro ponto que agrava essa situação em todo o
mundo é a associação com a aids. No Brasil, 8% dos pacientes com a doença
também têm aids. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 25% dos
portadores do HIV/aids podem desenvolver tuberculose ao longo da vida. Esse
fator se relaciona à baixa imunidade do organismo do portador da aids.
O diagnóstico precoce representa a medida mais recomendada para que o
tratamento seja eficaz. Todas as pessoas que têm tosse com catarro há mais
de três semanas devem procurar uma unidade do Sistema Único de Saúde
(SUS). Ali elas podem fazer o exame de escarro para tuberculose. Os postos do
SUS oferecem o diagnóstico e os medicamentos para o tratamento
gratuitamente. “Por meio do tratamento supervisionado, os pacientes não
apenas recebem a medicação completa, como também são acompanhados por
agentes de saúde”, assinala Jarbas Barbosa. Os pacientes devem tomar os
medicamentos durante seis meses, sem interrupção. “O problema é que nos
dois primeiros dias, a pessoa já observa melhoras, acha que está curada e
abandona o tratamento”, afirma Jarbas.
Visitas periódicas – Durante o Tratamento Supervisionado, o paciente
visita periodicamente o posto de saúde para se encontrar com um médico. Ele
também faz exames de sangue e escarro para que se avalie a sua
recuperação. O profissional da área presta assistência ao doente até a cura
completa.
Uma das preocupações do governo no combate à tuberculose é proteger as
crianças. A doença atinge principalmente jovens e adultos. Porém, se existe um
doente em casa, a maior parte das crianças com as quais ele convive termina
infectada.
Ao nascer, crianças devem tomar a vacina BCG, que protege contra formas
graves de tuberculose. A prevenção dessas formas exige um reforço com a
vacina entre 6 e 10 anos. A dose é oferecida no SUS e há mais de uma década
a cobertura vacinal chega a praticamente 100%.
Ministério investe na ampliação do tratamento
O governo tem apostado em ampliar o Programa de Controle da
Tuberculose, para que ele fique mais acessível aos pacientes. Uma das metas
do Ministério da Saúde é fazer com que todas as unidades básicas e equipes
do Programa Saúde da Família (PSF) possam realizar o diagnóstico e oferecer
o tratamento para os pacientes. No ano passado, houve treinamento de 12 mil
profissionais para diagnosticar e acompanhar o tratamento dos pacientes. No
ano passado, o governo federal investiu no 30 milhões no Programa Nacional
de Controle da Tuberculose.
Com a visita dos agentes de saúde nas comunidades também é possível
oferecer um tratamento supervisionado da doença. Durante essas visitas, os
profissionais de saúde verificam se, de fato, o medicamento está sendo usado
pelo paciente. As visitas beneficiam pessoas com dificuldades de locomoção,
usuários abusivos de álcool e desempregados.
Em novembro de 2004, o Ministério da Saúde distribuiu um certificado para
os municípios que atingiram a meta de impacto de controle da tuberculose. O
objetivo do ministério é curar, pelo menos, 85% dos que adoecem por ano. Se
isso não for feito, cada paciente pode transmitir a doença para mais duas
pessoas. Em 2004, 15 municípios foram premiados por atingir essa meta e
receberam uma menção honrosa.
Serviço:
A principal medida para controlar a tuberculose é o diagnóstico precoce, para
que se faça o tratamento adequado.
Todas as pessoas que apresentam tosse com catarro há mais de três
semanas, acompanhada ou não dos outros sintomas da doença, devem
procurar uma unidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar o exame
de escarro.
Se houver confirmação do diagnóstico da tuberculose, a pessoa será
encaminhada para o tratamento adequado.
Mais informações por meio do telefone do Disque Saúde (0800 61 1997).
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