A partir da década de 1960, com a profissionalização da atividade

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CAPAS DE JORNAIS ORGÂNICAS OU CAMBIANTES,
Uma influência proveniente das revistas, a partir da década de 40 do
século passado.
A partir da década de 1960, com a profissionalização da atividade
jornalística, os Jornais de todo o Brasil começaram a sofrer mudanças
significativas em seu layout, transformando matérias e textos outrora densos e
pesados, em páginas mais agradáveis aos olhos do leitor.
Essa dinamização dos jornais, que iniciou uma nova era nas redações de
todo o país, conta inicialmente com a contribuição do artista plástico e designer,
Amílcar de Castro, responsável direto pelas transformações inovadoras que
foram de extrema relevância para o enriquecimento gráfico de layouts, em
especial, do Jornal do Brasil, um grande matutino carioca.
As inovações por ele impetradas, ainda no final dos anos de 1950,
traçando suas criações tanto no plano simétrico como assimétrico, acabou por
distinguir os layouts de jornais em duas formas distintas de visualização; são as
capas ordenadas, com uma distribuição literalmente mais organizada de fotos e
textos, e as capas orgânicas, onde predomina a disposição de fotografias quase
sempre com um apelo visual, sem um padrão anteriormente definido.
“O design pós-moderno, dentre muitos outros traços, se caracteriza pela sua natureza
irrequieta, efêmera e cambiante. Ele é uma reação intuitiva da nova geração designers aos
excessos racionalistas dos programadores visuais do pós-guerra.” (Flávio Vinicius Cauduro,
Phd em Comunicação Gráfica)
As capas orgânicas ou cambiantes, melhor definindo, partem do
pressuposto de uma inovação radical nos layouts, os quais buscam dilatar a
planaridade do suporte da linguagem, em especial, pelo recurso da fotografia. O
que não significa dizer que se trata de um trabalho desorganizado, pelo
contrário. O design gráfico cambiante procura explorar, com ênfase, todas as
possibilidades de exploração do tema dentro de sua brevidade.
São ainda trabalhos que não obedecem a padrões fixos, demonstrando
certa instabilidade em seus projetos gráficos e uma maior profundidade e
interatividade entre texto e ilustração. Essas características é que fazem do
Design Gráfico Cambiante um trabalho consequentemente mutável.
“O chamado design pós-moderno possui muitas nuances a serem estudadas. Pelo fato
de ser extremamente camaleônico, ele não admite generalizações e muito menos, a definição
de parâmetros ou regras.”, (KOPP, Rudinei. Design Gráfico Cambiante, p. 22)
Os jornais paulistas, por sua vez, como o recém-criado Jornal da Tarde (o
qual tinha uma redação basicamente formada por jovens), também seguiram
uma trilha de considerável atrevimento gráfico-visual. O JT, a exemplo disso, ao
longo das décadas de 1970 e 1980, ofereceu capas tão dinâmicas e originais ao
seu público, que algumas delas acabaram sendo selecionadas pelo próprio jornal
e qualificadas de históricas. E, no caso brasileiro, de uma maneira geral, sempre
houve uma tendência maior para as composições mais orgânicas do que
ordenadas.
Amílcar de Castro, que havia se afastado a algum tempo das redações,
volta em 1999 contratado pela Folha de São Paulo para desenhar o Jornal de
Resenhas, um suplemento voltado para o universo acadêmico e intelectual.
Assinou a programação visual desse jornal por quase quatro anos, morrendo no
final de 2002 e deixando um importante legado de transformações no campo da
programação visual dos jornais brasileiros.
Paulo A. Vieira
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