LAPPIS 24/01/2010 - 15:46:02 Inicial | Quem somos| Linhas de atuação| Publicações| Cursos| Agenda| Links| Fale conosco _______________ Cenários de Aprendizagem: Regina Henriques defende espaços concretos de interlocução entre ensino e trabalho no Congresso Salvador 2007 em 08-ago-2007 A pesquisadora do LAPPIS Regina Henriques, da Faculdade de Enfermagem da UERJ, participou de debate sobre ensino-aprendizagem na saúde no congresso promovido pela ABRASCO e contou para a nossa equipe um pouco da experiência relatada. Regina Henriques "Ensino-aprendizagem na saúde: cenários, metodologias e prática na formação dos profissionais de saúde". Esse foi o nome do painel no qual Regina Henriques, pesquisadora do LAPPIS e professora da Faculdade de Enfermagem/UERJ, defendeu seu trabalho sobre Cenários de Aprendizagem, em mesa coordenada por Lilian Koifman (UFF). É sabido que os cursos da área da Saúde vêm se mobilizando bastante, nos últimos anos, para as transformações que se fazem urgentes no sentido de consolidar a política pública de saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) e seu arcabouço político, ético e legal. Segundo Regina Henriques, nesse sentido, um dos princípios da formulação política e que talvez traduza mais especificamente a ação concreta dos trabalhadores da área na direção de novos paradigmas para a atenção e o cuidado em saúde, é o da integralidade. "A integralidade do cuidado em saúde assume múltiplos sentidos e muitas vezes é difícil aprender suas manifestações cotidianas no processo de cuidar que se desenvolve na perspectiva da sua incorporação aos processos de trabalho na área da Saúde e na formação para o cuidado. Os paradigmas adotados pelos cursos da área em seus projetos político-pedagógicos definem as decisões e escolhas que irão determinar certas configurações curriculares e a formação profissional", diz. "Cabe, então, aprofundar as reflexões e o debate entre todos os atores envolvidos com o setor saúde sobre as transformações entendidas como relevantes. Na multiplicidade de significados que a prática cotidiana nos serviços de saúde possui, estão ainda os sentidos que lhe vão sendo atribuídos pelos estudantes e docentes que ali desenvolvem suas atividades e que interagem, constroem relações e atribuem significados ao cuidado em saúde. Essas são questões bastante centrais para a transformação almejada e pela qual tantos têm lutado". Henriques esclarece quais são os objetivos do estudo, que integra a linha EnsinaSUS do LAPPIS: analisar de que modo os cenários de aprendizagem, sua definição e pressupostos adotados em sua seleção vêm impactando na formação dos profissionais de saúde e prática do cuidado. A metodologia ultilizada pelo estudo é de natureza qualitativa, de caráter exploratório e interpretação analítica, baseada nos documentos produzidos pela pesquisa. "Nesse trabalho, buscamos identificar pistas de práticas de integralidade na formação de profissionais de saúde, descrevendo a trajetória e materialidade dessas experiências", explica. A abordagem adotada foi transdisciplinar, traçando um mapa de seus autores e práticas. Na pesquisa, os cenários de aprendizagem foram investigados tomando por base planos de análise em três dimensões. "No plano macro, abordamos as perspectivas ético-político-pedagógicas na definição e na inserção nesses cenários. No plano micro, o foco está na redefinição das práticas pedagógicas e do cuidado, a partir de uma visão do trabalho em equipe e de atividades coletivas de aprendizagem; na formação vinculada ao processo de trabalho e aos problemas do cotidiano dos serviços e em atividades orientadas para os problemas dos usuários, pautadas na continuidade e em espaços múltiplos de atuação". Na análise molecular, foram observados o contato e a intercessão entre os processos de trabalho e de formação através de novos olhares em cenários de aprendizagem diversificados. "A construção de momentos pedagógicos que envolvam a vivência e a reflexão crítica dos atores sobre os problemas de saúde individuais e das coletividades, nos seus variados aspectos", completa. Como resultados, Regina Henriques diz que os cenários de aprendizagem constituíram um eixo de análise por serem espaços de intercessão entre o mundo do trabalho, do ensino e das demandas sociais por saúde. "Podem ser espaços de ampliação de experiências de ensino em direção à transdisciplinaridade, permitindo inserção crítica do aluno nos serviços, representando formas de potencializar expressões do controle social. Representam espaços para conhecer, na ação concreta no mundo, privilegiados para a construção e incorporação da integralidade no processo de ensino-aprendizagem. Sua diversificação institui novos olhares, insere o estudante desde o início de sua formação na rede de cuidados e propicia novas práticas de modelos de atenção à saúde". Desse modo, novos modelos de organização dos estágios, articulando graduação e extensão, garantiriam o enraizamento nas práticas locais e possibilitariam outra relação teoria-prática. Para Regina, que atua na Faculdade de Enfermagem da UERJ, a organização do estágio na forma de internato e a articulação da extensão com o ensino de graduação como política integradora ampliam a atuação da universidade para diferentes realidades, "possibilitam outras articulações com as políticas públicas de saúde, compromisso com sua implantação. A inserção do estudante desde os primeiros momentos da formação faz com que a relação entre teoria e prática adquira novos sentidos, em que a construção do conhecimento se dá a partir da ação concreta no mundo". Percebeu-se, assim, a necessidade de ter um olhar mais elaborado para a questão da interseção entre trabalho e educação onde os conflitos (como dispositivos de poder na construção de modelos e na relação docente profissional) que estão presentes nessa interação são devidos, em parte, aos objetivos e intenções que movem os dois processos de educação e de trabalho. "Então, o diálogo multidisciplinar/interdisciplinar com atividades coletivas de aprendizagem e inserção dos trabalhadores no planejamento e avaliação das atividades práticas potencializam mudanças na formação. Há um movimento de aproximação entre as instituições de ensino e serviço, em que pesem todos os conflitos que emergem nessa relação", concluiu. [BoletIN ] Powered by Publique!