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Cenários de Aprendizagem:
Regina Henriques defende espaços
concretos de interlocução entre
ensino e trabalho no Congresso
Salvador 2007
em 08-ago-2007
A pesquisadora do LAPPIS Regina Henriques, da Faculdade de
Enfermagem da UERJ, participou de debate sobre ensino-aprendizagem
na saúde no congresso promovido pela ABRASCO e contou para a nossa
equipe um pouco da experiência relatada.
Regina Henriques
"Ensino-aprendizagem na saúde: cenários, metodologias e prática na
formação dos profissionais de saúde". Esse foi o nome do painel no qual
Regina Henriques, pesquisadora do LAPPIS e professora da Faculdade
de Enfermagem/UERJ, defendeu seu trabalho sobre Cenários de
Aprendizagem, em mesa coordenada por Lilian Koifman (UFF).
É sabido que os cursos da área da Saúde vêm se mobilizando bastante,
nos últimos anos, para as transformações que se fazem urgentes no
sentido de consolidar a política pública de saúde, o Sistema Único de
Saúde (SUS) e seu arcabouço político, ético e legal. Segundo Regina
Henriques, nesse sentido, um dos princípios da formulação política e
que talvez traduza mais especificamente a ação concreta dos
trabalhadores da área na direção de novos paradigmas para a atenção e
o cuidado em saúde, é o da integralidade. "A integralidade do cuidado
em saúde assume múltiplos sentidos e muitas vezes é difícil aprender
suas manifestações cotidianas no processo de cuidar que se desenvolve
na perspectiva da sua incorporação aos processos de trabalho na área
da Saúde e na formação para o cuidado. Os paradigmas adotados pelos
cursos da área em seus projetos político-pedagógicos definem as
decisões e escolhas que irão determinar certas configurações
curriculares e a formação profissional", diz. "Cabe, então, aprofundar as
reflexões e o debate entre todos os atores envolvidos com o setor saúde
sobre as transformações entendidas como relevantes. Na multiplicidade
de significados que a prática cotidiana nos serviços de saúde possui,
estão ainda os sentidos que lhe vão sendo atribuídos pelos estudantes e
docentes que ali desenvolvem suas atividades e que interagem,
constroem relações e atribuem significados ao cuidado em saúde. Essas
são questões bastante centrais para a transformação almejada e pela
qual tantos têm lutado".
Henriques esclarece quais são os objetivos do estudo, que integra a
linha EnsinaSUS do LAPPIS: analisar de que modo os cenários de
aprendizagem, sua definição e pressupostos adotados em sua seleção
vêm impactando na formação dos profissionais de saúde e prática do
cuidado. A metodologia ultilizada pelo estudo é de natureza qualitativa,
de caráter exploratório e interpretação analítica, baseada nos
documentos produzidos pela pesquisa. "Nesse trabalho, buscamos
identificar pistas de práticas de integralidade na formação de
profissionais de saúde, descrevendo a trajetória e materialidade dessas
experiências", explica. A abordagem adotada foi transdisciplinar,
traçando um mapa de seus autores e práticas. Na pesquisa, os cenários
de aprendizagem foram investigados tomando por base planos de
análise em três dimensões. "No plano macro, abordamos as
perspectivas ético-político-pedagógicas na definição e na inserção
nesses cenários. No plano micro, o foco está na redefinição das práticas
pedagógicas e do cuidado, a partir de uma visão do trabalho em equipe
e de atividades coletivas de aprendizagem; na formação vinculada ao
processo de trabalho e aos problemas do cotidiano dos serviços e em
atividades orientadas para os problemas dos usuários, pautadas na
continuidade e em espaços múltiplos de atuação". Na análise molecular,
foram observados o contato e a intercessão entre os processos de
trabalho e de formação através de novos olhares em cenários de
aprendizagem diversificados. "A construção de momentos pedagógicos
que envolvam a vivência e a reflexão crítica dos atores sobre os
problemas de saúde individuais e das coletividades, nos seus variados
aspectos", completa.
Como resultados, Regina Henriques diz que os cenários de
aprendizagem constituíram um eixo de análise por serem espaços de
intercessão entre o mundo do trabalho, do ensino e das demandas
sociais por saúde. "Podem ser espaços de ampliação de experiências de
ensino em direção à transdisciplinaridade, permitindo inserção crítica do
aluno nos serviços, representando formas de potencializar expressões
do controle social. Representam espaços para conhecer, na ação
concreta no mundo, privilegiados para a construção e incorporação da
integralidade no processo de ensino-aprendizagem. Sua diversificação
institui novos olhares, insere o estudante desde o início de sua
formação na rede de cuidados e propicia novas práticas de modelos de
atenção à saúde". Desse modo, novos modelos de organização dos
estágios, articulando graduação e extensão, garantiriam o enraizamento
nas práticas locais e possibilitariam outra relação teoria-prática.
Para Regina, que atua na Faculdade de Enfermagem da UERJ, a
organização do estágio na forma de internato e a articulação da
extensão com o ensino de graduação como política integradora ampliam
a atuação da universidade para diferentes realidades, "possibilitam
outras articulações com as políticas públicas de saúde, compromisso
com sua implantação. A inserção do estudante desde os primeiros
momentos da formação faz com que a relação entre teoria e prática
adquira novos sentidos, em que a construção do conhecimento se dá a
partir da ação concreta no mundo".
Percebeu-se, assim, a necessidade de ter um olhar mais elaborado para
a questão da interseção entre trabalho e educação onde os conflitos
(como dispositivos de poder na construção de modelos e na relação
docente profissional) que estão presentes nessa interação são devidos,
em parte, aos objetivos e intenções que movem os dois processos de
educação e de trabalho. "Então, o diálogo
multidisciplinar/interdisciplinar com atividades coletivas de
aprendizagem e inserção dos trabalhadores no planejamento e
avaliação das atividades práticas potencializam mudanças na formação.
Há um movimento de aproximação entre as instituições de ensino e
serviço, em que pesem todos os conflitos que emergem nessa relação",
concluiu.
[BoletIN ]
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