Segunda Guerra Mundial(A Defesa de Moscou)

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A Defesa de Moscou
Nesta narrativa precisa e fria da defesa de Moscou, um historiador inglês combinou seus diversos talentos
com os do marechal Zhukov para produzir algo que não é encontrado em nenhum outro livro. Esta obra
talvez seja a melhor fonte de informação sobre uma das maiores e mais terríveis campanhas deste ou de
qualquer outro século
A primeira derrota de Hitler
Em sua diretiva n° 21, de 18 de dezembro de 1940, Hitler determinou o objetivo da Campanha Barbarossa:
“A União Soviética deve ser esmagada numa campanha rápida antes do fim da guerra com a Inglaterra, e
os primeiros ataques prepararão o caminho para a ocupação do centro vital de comunicações e armamento
– Moscou”. Nas discussões subseqüentes sobre as operações militares, entretanto, tornou-se cada vez mais
evidente que havia uma discrepância entre o pensamento de Hitler e o de seus consultores no Alto-Comando
das Forças Armadas (OKW) por um lado, e o Alto-Comando do Exército alemão (OKH) por outro. Hitler
tentava por todos os meios por em prática as teorias do Mein Kampf, pois suas preocupações relacionavamse com os assuntos políticos e ideológicos como também com a economia no setor militar. Essa dualidade
de opinião entre Hitler e seus assessores influiu para prejudicar a campanha em seus primeiros estágios de
ataque à união Soviética (22 de junho de 1940) e nos meses que se seguiram, até chegar as portas de
Moscou. Assim, tanto no planejamento como na execução, Hitler e o OKH seguiram rumos paralelos,
continuando, porém, separados. Além disso, quando o ataque inicial sofreu um adiamento de quatro ou
cinco semanas, como resultado da campanha dos Balcãs, este fato deveria ter concentrado as operações
numa área mais restrita, tendo em mira um único objetivo.
O Grupo de Exércitos Centro, que desfechara golpes violentos contra as forças inimigas numa série de
grandes operações de cerco, deveria ter atacado Moscou através de Minsk-Smolensk-Viazma, mas foi
incapaz de romper a resistência inimiga. Os velozes avanços empreendidos pelas colunas Panzer, que,
diante de seu sucesso nas campanhas anteriores, eram o presságio de uma vitória rápida, não tiveram o
mesmo efeito no Leste. Nos vastos espaços abertos, as unidades blindadas movimentaram-se isoladas e não
podiam aproximar-se, tendo de esperar pelas unidades de infantaria, dando assim ao inimigo, em grandes
grupo, a oportunidade de poder romper os cercos e escapar à perseguição das forças alemães, tão logo
chegavam às extensas áreas de florestas e pântanos. Hitler estava plenamente cônscio desse problema
quando emitiu sua Diretiva n° 33 a 19 de julho de 1941, ali constando que desistia de Moscou como o
principal objetivo do Grupo de Exércitos Centro e ordenava que as forças alemães fossem divididas:
poderosas unidades do Grupo de Exércitos Centro foram desviadas para o sul, a fim de se juntarem ao
Grupo de Exércitos Sul, que avançava sobre Kiev com o intuito de impedir ao inimigo uma retirada para
leste. Kiev caiu em mãos alemães a 19 de setembro de 1941, embora a batalha prosseguisse até o dia 26 do
mesmo mês. Essa “batalha involuntária” não teve nenhum efeito decisivo. Ao contrário, ela imobilizou as
unidades panzer e foi motivo de considerável perda de tempo; a intenção de derrotar a União Soviética
numa campanha rápida foi frustrada. Uma vez reiniciado o ataque a Moscou a 2 de outubro, e assim que
Briansk e Viazma foram tomadas a 6 e 7 de outubro, o Grupo de Exércitos Centro conseguiu penetrar as
posições de defesa de Moscou. Por volta de meados de outubro, as primeiras neves do inverno haviam-se
transformado em lama congelada, surpreendendo as forças alemães, que não contavam com isso e estavam
mal equipadas, ocasionando um revés inesperado. No final de outubro, as posições alemães eram as
seguintes: a 3a Divisão Panzer estava em Klin, na estrada Kalinin-Moscou, e as unidades avançadas da 7a
Divisão Panzer defendiam uma cabeça-de-ponte a leste do canal Volga-Moscou, em Yakhroma,
aproximadamente a 35 km de Moscou; para o sul, a 2a Divisão Panzer lutava pela posse de Tula ao sul da
cidade; a 4a Divisão empenhava-se num ataque frontal a 40 km da cidade; assediadas pela frente e pelo
flanco, as forças alemães não podiam continuar avançando. Desde 22 de junho de 1941 elas vinham
combatendo ativa e constantemente e agora seu moral e sua resistência física declinavam. Atrás da frente
alemã não havia reservas para preencher as imensas brechas que deixavam expostos alguns milhares de
quilômetros da linha de batalha. O Exército Vermelho não usara uma só vez sua força total para deter o
ataque alemão e agora os soviéticos viam que chegara sua hora de revidar. Daí em diante, nem Hitler nem
o OKW tinham voz ativa no campo de batalha - isto era exclusividade do inimigo real: Zhukov. Nas
semanas e meses que se seguiram, o exército alemão teria a prova do quanto o Exército Vermelho
aprendera, enquanto se limitava a deter seu ataque, tanto ao nível tático quanto na parte operacional.
Visto no contexto mais amplo da Segunda Guerra Mundial, o fracasso em derrotar a União Soviética em
quatro ou cinco meses assinalou o fim da Blitzkrieg.
Dos pontos de vista político, econômico e militar, Hitler subestimara a União Soviética. Em 1939 ele
considerara “realização digna de um estadista” o fato de a Alemanha só ter de lutar numa frente, mas agora
a guerra em duas frentes se tornara uma realidade, tal como a Alemanha experimentara antes, em 19141918. Era evidente que os aliados de Hitler estavam desiludidos e que nas áreas ocupadas a resistência às
forças de ocupação aumentava. A Turquia, que Hitler gostaria de ter visto participando na “sua guerra”,
continuou de lado, na expectativa. Enquanto a resistência aliada a Hitler recebia considerável impulso, a
Inglaterra, em particular, soube aproveitar a trégua tão necessária para promover seus preparativos militares
e desenvolver suas alianças. A União Soviética podia contar com as Potências Ocidentais e lançar todo o
seu peso contra a Alemanha. Além disso, desde 7 de dezembro de 1941, quando o Japão atacou Pearl
Harbor, os portos do grande arsenal da democracia estavam abertos aos líderes da União Soviética.
A batalha às portas de Moscou, no inverno de 1941-1942, é considerada, acertadamente, como uma das
mais decisivas da Segunda Guerra Mundial. Ela foi o último ato retardado no desígnio alemão de derrotar
a Rússia. O que quer que Hitler empreendesse a partir desse momento, só poderia representar o adiamento
de sua derrocada final.
O autor do exame que se segue, Geoffrey Jukes, tornou-se conhecido pelos seus livros, Stalingrado, o
Princípio do Fim e Kursk: the Clash of Armour. Possuidor de um vasto conhecimento sobre a Wehrmacht
e o Exército Vermelho, ele pintou um quadro bem autêntico da batalha às portas de Moscou, mantendo
elevado grau de objetividade, combinado com vigor e colorido. Este livro é digno sucessor dos seus
trabalhos anteriores. Na minha opinião de comandante de tropas e testemunha do começo da campanha
alemã até o bem sucedido avanço sobre o canal Volga-Moscou e a retirada final, posso conformar a
veracidade do que foi narrado. - General Hasso von Manteuffel
A ascenção do Marechal Zhukov
Se a Batalha da Inglaterra foi a primeira vez, na Segunda Guerra Mundial, que se estabeleceram claramente
as limitações militares da Alemanha, à Batalha de Moscou cabe a segunda. Mas, sob outros aspectos, há
muito pouco em termos de comparação entre as duas batalhas. No primeiro caso, as pontas-de-lança
adversárias, o Comando de Caças da Real Força Aérea e as Luftflotten 2, 3 e 5, consistiam de tripulações
lançadas em combate em número raramente superior a 1.000 pelos alemães, salvo nos momentos de pressão
máxima, e nunca atingido esse número pelos ingleses. Foi uma batalha entre forças empenhadas em
tecnologia moderna e cujo resultado deveu muito a fatores científicos, tais como a posse do radar pelos
ingleses; além disso a mais notável arma alemã - suas forças blindadas - não pôde participar.
Por outro lado, a Batalha de Moscou foi uma luta de titãs, com mais de um milhão de soldados empenhados
em combate nos dois campos adversários. Foi a primeira de vários embates na Frente Oriental, e na qual as
forças Panzer, o orgulho do exército alemão, enfrentaram abertamente um Exército Vermelho
aparentemente exaurido pelos meses de defesa exaustiva e infrutífera; agarraram confiantes aquela presa
suprema, a capital do único estado comunista do mundo, viram-se escapar das suas mãos e foram obrigadas
a uma fuga, que quase se transformou numa debandada. A recuperação do Exército Vermelho, depois que
quase todas as forças regulares com as quais começara a guerra foram eliminadas (por volta de dezembro
de 1941, havia quase 3.500.000 soldados soviéticos em campos de prisioneiros de guerra alemães) foi um
feito extraordinário e para o qual toda a União Soviética contribuiu de uma forma ou de outra. Mas a defesa,
que teve de ser conduzida por uma mistura de unidades ad hoc, remanescentes de exércitos derrotados,
divisões de reserva mobilizadas às pressas, e da Milícia Popular, que era totalmente destreinada, foi, em
sua estrutura, obra de um homem. O mesmo aconteceu com a escolha do momento adequado para lançar
as reservas, que incluíam praticamente as últimas forças do quadro de paz – as divisões siberianas do
Exército do Extremo Oriente – contra forças alemãs, cujo ímpeto de ataque declinara, mas que ainda não
se haviam entrincheirado para uma luta na defesa. Esse homem era o Comandante da Frente Ocidental
Soviética (Grupo de Exércitos), o General-de-Exército, e mais tarde Marechal da União Soviética, Georgy
Konstantinovich Zhukov.
Ele nasceu em 1896 na aldeia de Strelkovka, da então Governança de Kaluga, a sudoeste de Moscou. A
família Zhukov, como a de muitos outros bem sucedidos generais do Exército Vermelho, era extremamente
pobre e seu pai, um sapateiro, passava muito tempo fora de casa à procura de trabalho. Todavia, ao contrário
de muitos dos seus contemporâneos, o jovem Zhukov pôde freqüentar a escola, onde se saiu muito bem,
até os 10 anos de idade, quando foi tirado dali para começar a ganhar a vida. Em 1907 ele tornou-se aprendiz
de peleiro e curtidor de um dos irmãos de sua mãe em Moscou, onde pôde continuar sua educação
freqüentando a escola noturna. Em agosto de 1915, devido às imensas perdas humanas do exército russo
nas batalhas da Primeira Guerra Mundial, ele foi convocado antes do tempo para servir no 189 o Batalhão
de Infantaria da Reserva. Ao completar seu treinamento ele foi transferido para a cavalaria, para o 10 o
Regimento de Dragões Novgorod, onde se tornou “vice-suboficial” (mais ou menos equivalente a sargento)
e foi ferido em ação, recebendo por duas vezes a elevada condecoração tzarista por bravura, a Cruz de São
Jorge.
Pouco depois de sair do hospital, deu-se a revolução de fevereiro de 1917. Como em geral acontecia no
exército, seu esquadrão nomeou um comitê de soldados, do qual ele foi eleito presidente e delegado junto
ao Soviete (Conselho) Regimental, que, em março votou pelo apoio ao Partido Bolchevista de Lenine. Este
ato dividiu o regimento em três facções hostis, com alguns apoiando os bolchevistas; outros, o Governo
Provisório, de Kerenski, que desejava continuar a guerra, e outros, ainda, os Nacionalistas Ucranianos, que
favoreciam a independência da Ucrânia. A facção pró-bolchevista era a minoria e Zhukov foi obrigado a
ocultar-se por várias semanas, antes de retornar secretamente a Moscou, onde chegou em fins de novembro
de 1917. Já então os bolchevistas haviam tomado o poder em Petrogrado (então a capital e hoje chamada
Leningrado), sobrevindo a guerra civil que se prolongaria até 1922.
Zhukov, que já então ligara seu destino ao Partido Comunista, decidiu apresentar-se como voluntário para
a Guarda Vermelha, o núcleo do exército que o governo revolucionário estava formando, mas antes que
pudesse fazê-lo, foi atacado de tifo e somente seis meses depois é que pôde realizar sua intenção,
ingressando como soldado raso na 1a Divisão de Cavalaria de Moscou. O Exército Vermelho tinha grande
necessidade de oficiais treinados, pois a maior parte do corpo de oficiais ingressara nos Exércitos Brancos,
e um subalterno dedicado e experiente vindo de um regimento de elite do Exército Imperial poderia
progredir com rapidez. Ao término da guerra civil, Zhukov estava no comando de um esquadrão no 1 o
Exército de Cavalaria (cujo comandante, outro ex-subalterno da cavalaria do Exército Imperial, Semyon
Mikhailovich Budenny, ele viria a substituir à frente da defesa de Moscou em 1941) e decidira fazer do
exército a sua carreira. O 1o Exército de Cavalaria era o orgulho das forças armadas do novo estado e muitos
dos mais notáveis generais soviéticos sairiam do seu quadro de suboficiais. Mas talvez o que mais influiu
em sua carreira foi o interesse demonstrado mais tarde pelo Comandante-de-Brigada Semyon
Konstantinovich Timoshenko, que, dezoito anos depois, já então marechal e Comissário Popular da Defesa,
elevou Zhokov, seu colega mais jovem, ao posto de seu primeiro-ajudante, como Chefe do Estado-MaiorGeral.
No período entre as duas guerras, Zhukov, já famoso como um dos mais promissores jovens militares do
Exército Vermelho, se transferira da cavalaria para os blindados e esposara as modernas teorias da guerra
blindada expostas pelo Capitão Liddell Hart, que os alemães estavam adotando e que o Chefe do EstadoMaior-Geral soviético, o brilhante Marechal Tukhachevsky, estava propagando ativamente. Contudo, ele
não se destacou suficientemente a ponto de atrair a atenção da polícia secreta quando Stalin, em 1938,
empreendeu o seu desastroso e sangrento expurgo do corpo de oficiais, e isto lhe daria sua primeira
oportunidade de brilhar como comandante de uma grande força em combate. Juntamente com muitos outros
oficiais considerados “dignos de confiança” e, portanto, livres do expurgo, ele se viu rapidamente
promovido a postos deixados vagos por oficiais superiores que “desapareceram” nos anos terríveis de 193839. Em julho de 1939 ele foi indicado para o comando das forças soviéticas e mongóis que estavam
combatendo um exército japonês de 75.000 homens que invadira a República Popular da Mongólia pela
China. A 20 de agosto de 1939 ele contra-atacou os japoneses e por volta do dia 31 os expulsara (ou o que
restara deles, pois 41.000 foram mortos, feridos ou capturados) numa completa debandada de volta à China.
Esse acontecimento influiu consideravelmente na decisão japonesa de não atacar a União Soviética em
1941, o que possibilitou a Stalin transferir a maior parte das suas divisões siberianas para o Oeste; isso, no
entanto, não teve grande repercussão numa Europa já tão preocupada com o início da Segunda Guerra
Mundial. As notícias sobre a Mongólia foram eliminadas dos jornais a 1o e 2 de setembro de 1939 e
substituídas pelas da invasão da Polônia empreendida pelos alemães e dos ultimatos britânicos e francês,
de modo que a Europa teria sua opinião formada sobre o Exército Vermelho e seus líderes de acordo com
o seu desastroso desempenho na guerra contra a Finlândia três meses depois. Somente os japoneses, por
experiência própria, classificariam como formidável o poderio militar soviético. Não obstante, o sucesso
de Zhukov resultou em seu primeiro encontro com Stalin e no começo de um relacionamento que cresceu
rapidamente e deu a Zhukov maior autonomia na tomada de decisões militares do que a alcançada por
qualquer outro soldado.
Logo de início ele foi nomeado assistente do seu velho chefe, Timoshenko, no Q-G do Distrito Militar
Ucraniano, que, sendo enviado para o norte em janeiro, de 1940, para assumir o comando da guerra contra
a Finlândia, fez-se acompanhar por Zhukov, integrado nas funções de Chefe de Estado-maior. Os dois
concluíram com sucesso aquela campanha, anteriormente tão mal encetada, e Stalin então nomeou
Timoshenko Comissário Popular da Defesa, com a incumbência de restaurar o poderio militar do Exército
Vermelho, e este colocou Zhukov no posto que ele próprio ocupara antes, agora rebatizado como “Distrito
Militar especial de Kiev” e considerado um dos mais importantes comandos da campanha, devido à sua
extensa fronteira com a Polônia então ocupada pelos alemães. Foi ali que ele fez seu primeiro discurso em
público, a 11 de dezembro de 1940, deixando bem clara a necessidade de fortalecer as qualidades militares
(contrastando bastante com o espírito de lealdade à liderança do partido), atacando alguns membros mais
antigos do Alto-Comando, muitos dos quais eram exemplos clássicos e desastrosos de promoção
conseguida apenas por lealdade a Stalin e não por talento militar, e insinuando a necessidade de iniciar
preparativos para a guerra contra a Alemanha. Esta talvez fosse a mais perigosa de todas as declarações,
porquanto implicava que a Aliança Germano-Soviética de 1939 não eliminava tal possibilidade e, portanto,
sugeria que Stalin podia ser tapeado. Nem Zhukov nem qualquer historiador soviético explicou a razão por
que ele fez esse discurso, nem por que, tendo-o feito, não foi punido: muitos dos seus colegas tinham sido
castigados por menos. Não obstante, a filosofia que ele então expressou, destacando a necessidade de as
operações bélicas estarem nas mãos de militares fidedignos, e não sujeitas à divisão de controle inerente ao
velho sistema de chefes políticos, continuaria sendo sua característica e encontraria expressão concreta
quando se tornou Ministro da Defesa após a morte de Stalin.
Ao expor as razões de sua manifestação pública tentando alertar sobre as incoerências de certos aspectos
da política do governo, ele aparentemente não teve problemas por causa disso, sendo, ao contrário, apenas
dois meses depois, em janeiro de 1941, novamente promovido. A ocasião foi uma conferência de cúpula
em Moscou, na qual se apresentou uma série de debates sobre os problemas da guerra moderna e até mesmo
um plano, admitindo-se um eventual ataque alemão. A participação de Zhukov, na conferência e no plano
de guerra foi relevante. No fim dos trabalhos, Stalin convocou os oficiais superiores para uma reunião
dentro de duas horas e ordenou ao Chefe do Estado-Maior-Geral, General Meretskov, que fizesse um
relatório sobre o exercício. Meretskov, avisado à última hora, e devido à escassez de tempo, apresentou um
relatório deficiente, como qualquer um teria feito nas mesmas circunstâncias. Stalin esperou até que ele
terminasse e depois voltou-se para Zhukov: “O camarada Timoshenko pediu que se nomeasse o Camarada
Zhukov para Chefe do Estado-Maior-Geral. Estão todos de acordo?” Ninguém se atreveu a objetar, de modo
que a partir de 14 de janeiro de 1941, Zhukov passou a ocupar o segundo mais alto posto do Exército
Vermelho, aos 44 anos de idade e passando por cima de muitos companheiros que poderiam muito bem
considerar-se com mais direito a essa promoção.
Integrado ao novo posto, o principal dever de Zhukov era ajudar seu velho patrono, Timoshenko, a eliminar
as falhas apresentadas na guerra finlandesa e preparar o Exército Vermelho para a guerra com a Alemanha,
que parecia tornar-se cada vez mais inevitável. Mas a importância da tarefa e Stalin confiando que poderia
adiar o confronto pelo menos até 1942, significavam que não se poderia esperar resultados favoráveis do
programa de modernização, pelo menos durante um ano. E Hitler atacaria dentro de seis meses e oito dias
a partir da data da integração de Zhukov nas novas funções. Quando se deu o ataque, Timoshenko e Zhukov
presenciaram suas forças desaparecendo em direção aos campos de prisioneiros alemães, as forças aéreas
dizimadas em terra e Stalin ora apenas como espectador, o que paralisava a máquina de guerra soviética,
porque os expurgos haviam ensinado a todos que tomar qualquer iniciativa era algo extremamente perigoso,
dando ordens para que as tropas resistissem, quando a prudência militar mandava que se trocasse espaço
por tempo, sendo preferível a retirada, para evitar o cerco. Em Kiev, todo um grupo de exércitos foi
aniquilado, porque Stalin não permitia que a cidade se entregasse; os alemães fizeram 665.000 prisioneiros.
Os soviéticos negam isso raivosamente, mas admitem perdas de 527.000 homens em dois meses, enquanto
preferem ignorar o destino de pelo menos 10 divisões de reserva despachadas para a Ucrânia após o início
das hostilidades, e que provavelmente também desapareceram, aumentando o total de perdas em cerca de
100.000 homens. Em todo o período a partir de 22 de junho até o começo do ataque alemão a Moscou a 30
de setembro, a única batalha que pôde ser considerada uma vitória foi a operação de Zhukov em Yelnya,
em agosto e setembro, onde os alemães foram expulsos da cidade, embora escapassem por um triz à sua
tentativa de cerco. Tudo o mais ou foi um fracasso total ou uma dispendiosa ação de retardamento,
resgatando tempo com sangue, e avaliando-se os resultados somente no futuro, quando as outras batalhas,
para as quais o tempo foi um fator de grande significação, já haviam sido travadas.
Pelo começo do outono, Timoshenko e Zhukov há muito haviam deixado de exercer funções sedentárias
no Ministério da Defesa. Stalin assumira o posto de Comandante-Chefe, e o Marechal Shaposhnikov, exCoronel do Exército Imperial, um dos poucos oficiais superiores tzaristas a aceitar o comunismo, se tornara
Chefe do Estado-Maior-Geral. Instalara-se um Q-G Geral (STAVKA), e o antigo Comissário do Povo e
seu ajudante, como membros do mesmo, eram despachados para lá e para cá para estabilizar uma frente
que desaparecia progressivamente. Foi nessa função de “quebra-galhos” que Zhukov conseguiu deter
temporariamente os Panzer em Yelnya, onde lançou em combate os seis exércitos da sua Frente de Reserva
a fim de travar a batalha de 26 dias do Bolsão de Yelnya e deter o avanço do Grupo de Exércitos Centro
para Moscou. Leningrado estava sendo sitiada pelo Grupo de Exércitos Norte e sua queda parecia iminente.
Zhukov recebeu ordens de encarregar-se da cidade, onde chegou a 12 de setembro. Em três dias de energia
inaudita conseguiu restaurar a ordem na linha defensiva já bastante abalada, demitiu grande número de
oficiais, enviou alguns para o pelotão de fuzilamento, por retiradas não-autorizadas, e deteve o Grupo de
Exércitos Norte. Embora não o soubesse na época, sua feroz energia fez com que Hitler classificasse o
esforço do Grupo de Exércitos Norte como “um fracasso”, e em pouco tempo seus blindados, o Grupo
Panzer 4 do Coronel-General Hoeppner, começavam a dirigir-se para o sul a fim de participar da ofensiva
contra Moscou. Mas eles só teriam desempenhado papel insignificante na tomada de Leningrado, porque
as cidades oferecem péssimo terreno de operações para forças móveis. A ocupação da cidade seria uma
tarefa entregue às divisões de infantaria, e se tivesse havido indícios manifestos de abalo na defesa, elas
teriam avançado para o alvo que Hitler insistia em classificar como superior a Moscou pela sua posição
estratégica e pela sua importância simbólica já que era o berço da revolução comunista. Posteriormente, a
cidade resistiria a 900 dias de sítio nos quais, embora muitos milhares dos seus cidadãos morressem de
fome e inanição, jamais estaria tão perto da captura quanto nas vésperas da chegada de Zhukov.
De Leningrado, chamado por Stalin, Zhukov foi a Moscou, a 8 de outubro, ali encontrando uma situação
das mais graves. Na verdade, as defesas de três grupos de exércitos (as Frentes Ocidental, de Reserva e de
Briansk) haviam-se desintegrado ante a arremetida dos alemães; as colunas Panzer tinham penetrado e
praticamente o caminho estava desimpedido até a capital. Mais adiante neste livro, Zhukov descreve com
suas próprias palavras a maneira como enfrentou a situação. Basta dizer aqui que ele inverteu as posições
e infligiu aos alemães sua primeira grande derrota terrestre de toda a guerra, destruindo de tal modo a
confiança que Hitler depositava em seus generais, a ponto de demitir o Comandante-Chefe do Exército, os
três Comandantes de Grupo de Exércitos e 31 outros generais. As perdas alemãs em homens, material e
moral foram igualmente significativas, porquanto nunca mais, durante toda a guerra, a Alemanha estaria
em situação de poder montar uma ofensiva que não fosse num eixo estratégico de cada vez.
Hitler volta-se contra a Rússia
Em setembro de 1939, o novo exército-modelo alemão invadiu a Polônia por trás de pontas-de-lança de
tanques e infantaria motorizada, protegido por uma cortina de bombardeiros de mergulho (Stukas). Os
poloneses, mal equipados e surpreendidos pela tática de uma guerra moderna, foram a cobaia inocente dos
primeiros testes empreendidos em grande escala das teoria da guerra blindada, originariamente apresentadas
nos anos 20 por estudiosos britânicos como Liddell Hart, todavia esposadas com entusiasmo por um grupo
de oficiais remanescentes da derrotada Reichswehr de 100.000 homens da Alemanha. A personalidade de
maior renome entre eles, Heinz Guderian, conseguira vencer a oposição dos superiores mais renitentes,
preparara e submetera à prova uma formação-modelo centralizada no tanque e no soldado de infantaria
transportado em caminhões e, finalmente, conseguira conquistar o entusiasmo e o apoio de Hitler para o
novo conceito de tática. Também outros exercícios fizeram experiências baseadas nas idéias dos teóricos
britânicos, mas por várias razões a filosofia da mobilidade não conseguira impor-se. Como resultado, o
tanque persistiu sobretudo como elemento de apoio da infantaria, sendo a unidade de mobilidade tática o
soldado de infantaria, marchando a 4 ou 5 km por hora e avançando em combate, com o devido respeito
pela segurança dos seus flancos, numa velocidade muito menor. Somente na nova Wehrmacht dos fins dos
anos 30 é que havia forças consideráveis que podiam mover-se com a rapidez de um tanque, cerca de 32
km por hora, nas quais a infantaria era transportada em caminhões, para elevar a sua velocidade à dos
tanques, e não ao contrário, e nas quais uma questão de princípio era avançar rapidamente só dando à
proteção dos flancos a atenção mínima ditada pela prudência.
O sêxtuplo aumento em mobilidade tática assim obtido seria utilizado para penetrar as formações de linha
de um exército convencional, expondo-o, assim, ao cerco das forças móveis à sua retaguarda e das massas
de infantaria convencional à sua frente. Se preferisse a retirada ao cerco, poderia sofrer a investida das
forças móveis, e assim se tornaria impossível estabilizar suas posições, e aquela atitude não passaria de uma
debandada, protegida pela incansável atividade dos bombardeiros de mergulho.
O conceito revolucionário de guerra foi de grande eficácia no golpe contra a Polônia, pois em menos de
três semanas a campanha estava praticamente encerrada. Oito meses depois, em maior de 1940, as doutrinas
de Guderian foram mais uma vez postas à prova num teste ainda maior, quando as novas forças se
desencadearam contra a França, Holanda e Bélgica, cujos exércitos, mais a Força Expedicionária Britânica,
contavam com efetivos que superavam numericamente os da Alemanha. Seis semanas de campanha renhida
impuseram à França uma rendição que o exército do Kaiser tentara conseguir em vão durante os quatro
anos e três meses da Primeira Guerra Mundial; expulsaram os britânicos de volta ao Canal da Mancha,
bastante desfalcados de homens e da maior parte das suas armas pesadas, e expuseram as Ilhas Britânicas
a uma ameaça de invasão mais direta do que haviam experimentado desde 1805. Os britânicos dispuseramse a enfrentar uma provação à qual não estavam acostumados; desde 1066 a Grã-Bretanha estivera a salvo
de invasões inimigas, mas nenhuma potência havia dominado o continente europeu como a Alemanha
parecia estar conseguindo em 1940.
Por várias razões, políticas e psicológicas, bem como militares, felizmente a ameaça não se concretizou. A
opinião de Hitler sobre os britânicos era bastante complicada e ambivalente. Ele estava inclinado a aceitar
a continuidade da existência do Império Britânico, contanto que a Grã-Bretanha reconhecesse que a Europa
estava sob seu domínio; embora a Gestapo preparasse planos macabros em relação às principais
personalidades e pretendesse deportar os homens capazes para o continente assim que a Inglaterra tivesse
sido subjugada, Hitler naquele estágio esperava que os britânicos “vissem a razão”, compreendessem a
inutilidade de combater sem a ajuda de aliados e concordassem com uma paz negociada que tornaria
indiscutíveis as suas conquistas. O fato de que ele julgou mal o temperamento dos britânicos na adversidade
já é notório; o mesmo acontece com sua ambivalência em relação à idéia de eliminá-los do nível de
igualdade do poder mundial.
Não obstante, uma vez que os britânicos recusaram inequivocamente a idéia de uma paz negociada, os
preparativos para a invasão, apropriadamente chamada “Operação Leão-Marinho”, prosseguiram e, aqui,
sem dúvida, houve a influência de fatores estratégicos.
A chave do sucesso concentrava-se na possibilidade de desembarcar e abastecer um exército na outra
margem do Canal da Mancha e, por conseguinte, a atitude da marinha alemã era decisiva. O entusiasmo
dos seus líderes pelo empreendimento foi temperado pelo conhecimento que tinham de que forças de
superfície da Marinha Real eram consideravelmente superiores às suas em número e que se poderia esperar
que elas lutassem eficazmente em defesa do seu território metropolitano, partindo das bases principais
disponíveis e com séculos de tradição de sua invencibilidade. Somente o novo fator do poderio aéreo
poderia mudar o equilíbrio de forças em favor da Kriegsmarine e isto significava que se precisava recorrer
à Luftwaffe, porque a marinha alemã não dispunha de forças aéreas para combate.
A princípio a Luftwaffe, personificada pelo seu líder, o gordo Reichsmarschall Hermann Goering,
acreditava poder demonstrar superioridade aérea sobre a RAF numa questão de dias. Estes, no entanto, se
transformaram em semanas, que por sua vez viraram meses, e assim se constatou que os britânicos, embora
às vezes em grandes dificuldades, resistiam até o fim e que as perdas que estavam causando à Luftwaffe
superavam as suas em aviões e em grau muito maior no fator realmente decisivo da Batalha da Inglaterra -
tripulações aéreas, especialmente pilotos. Quando julho deu lugar a agosto, e este ao mês de setembro,
tornou-se evidente que a superioridade aérea, o pré-requisito para a “Operação Leão-Marinho”, não seria
conquistada Tão cedo, já que o início das tempestades de inverno tornaria duvidosa a possibilidade de
abastecer as tropas do outro lado do Canal da Mancha. Pela primeira vez, desde o início da guerra, a Batalha
da Inglaterra viera provar que a cadeia de sucessos militares da Alemanha podia ser rompida. Com o
fracasso das investidas da Luftwaffe, a mais poderosa arma da Alemanha, seu exército até então invencível,
não pôde ser utilizado contra um antagonista cujas enfraquecidas forças terrestres provavelmente não teriam
resistido durante muito tempo.
Todavia, esses acontecimentos não tiveram o poder de lançar qualquer dúvida sobre a eficácia do exército
alemão. O fracasso coube somente à força aérea e à marinha, que se mostraram inoperantes. Havia ainda
no continente europeu outra potência que não estava sujeita ao domínio de Hitler e cuja existência
continuada significava que seu poderio no continente era incompleto, cujo território era acessível por terra
e para a qual a atitude de Hitler era totalmente destituída de qualquer ambigüidade. Essa potência era a
União Soviética, governada pelo ditador georgiano, Joseph Stalin.
Naquela época, os dois países eram nominalmente aliados; na verdade, foi a aliança, o Pacto MolotovRibbentrop, assinado a 25 de agosto de 1939, que possibilitou a invasão da Polônia pelos alemães e
provocou a eclosão da guerra. Mas independente do que as considerações táticas pudessem ditar, não podia
haver dúvidas do antagonismo existente a longo prazo entre as duas ditaduras. Desde os primeiros tempos
da formação do partido nazista, Hitler encarava seu vizinho comunista no Leste como a mais mortífera
manifestação da “conspiração judia internacional” à qual atribuía a culpa dos insucessos da Alemanha.
Haveria discussões sobre esferas de influência a serem divididas assim que o Império Britânico estivesse
em condições de ser desmembrado, mas nenhum dos dois governos acreditava realmente na possibilidade
de coexistência a longo prazo. E expressivo das atitudes de Hitler para com a Grã-Bretanha por um lado, e
para com a União Soviética por outro, o fato de que ele pronunciou a sentença fatal: “temos de cuidar da
Rússia”, na realização de uma conferência secreta com oficiais superiores do OKH (o Alto-Comando do
Exército), a 21 de julho de 1940. Haviam passado apenas quatro semanas desde a rendição da França e a
Batalha da Inglaterra já começara, embora a data oficial de início alemã para ela, o Dia da Águia (13 de
agosto), estivesse marcada para dali a três semanas.
Nem o OKH, responsável pelo planejamento da operação, nem o OKW, o Alto-Comando das forças
armadas, responsável pela distribuição e movimento das forças necessárias, permitiram, na época, que seus
sucessos retumbantes de 1939 e 1940 os cegassem a ponto de não verem as dificuldades inerentes a esse
empreendimento muito maior. Não era segredo o fato de que perseguir os esquivos exércitos russos pelos
vastos espaços das estepes havia acarretado enormes derrotas a grandes líderes militares do passado,
inclusive Napoleão, e que uma campanha prolongada, que daria à Rússia tempo de mobilizar seus grandes
recursos de potencial humano, provavelmente não seria bem sucedida. Desde o começo do processo de
planejamento, quase todos os militares sugeriam que o Exército Vermelho deveria ser atraído para combate
o mais possível para oeste, de preferência para oeste da linha dos rios Dvina e Dnieper, mas por certo a
oeste de Moscou. A campanha deveria começar em maio de 1941, isto é, após o degelo de primavera, que
transforma a maioria das estradas (poucas são pavimentadas) em faixas de lama, e deveria terminar em 17
semanas, no máximo, isto é, antes do reaparecimento da lama com as chuvas de outono. O Serviço de
Inteligência em relação ao Exército Vermelho era deficiente em certos aspectos, mas admitia-se que ele
poderia desenvolver 119 divisões (96 de infantaria e 23 de cavalaria) e mais 28 brigadas mecanizadas,
contra as quais a Alemanha, com 146 divisões (24 Panzer, 12 motorizadas e 110 de infantaria) estaria em
superioridade numérica.
Enquanto os generais Marcks e Feyerabend preparavam o esboço dos planos de operação para o OKH, o
OKW trabalhava baseando-se em suas próprias apreciações. O plano Marcks visava a duas penetrações
principais: uma pela Rússia Branca, até Moscou, e a outra pela Ucrânia, até Kiev. Elas operariam
independentes uma da outra, dando pouquíssima atenção aos seus flancos, de acordo com as diretrizes
clássicas da guerra Panzer, até que o grupo norte tivesse capturado Moscou, quando então se desviaria para
o sul, para a retaguarda das forças soviéticas que estariam enfrentando o grupo sul. Por outro lado, o estudo
do OKW estabelecia o deslocamento de três grupos (Norte, Centro e Sul) visando a Leningrado, Moscou e
Kiev, respectivamente, e era mais convencional, porquanto admitia que eles protegeriam os flancos uns dos
outros avançando aproximadamente à mesma velocidade.
Já dissemos que o Serviço de Inteligência alemão sobre o Exército Vermelho era precário em certos
aspectos. Foi tomada importante providência para remediar essa falha quando, em outubro de 1940, decidiuse autorizar missões de reconhecimento aéreo sobre território soviético, visando a identificar áreas militares,
quartéis, aeródromos e alvos militares similares. Com o passar dos meses, essas missões aprofundaram-se
cada vez mais na União Soviética e as fotografias tiradas por esses precursores dos U-2 americanos não
bastavam para uma reavaliação maior dos efetivos do Exército Vermelho na área central (de Brest até
Moscou). Essa pesquisa, com os resultados dos planos de guerra realizados pelo OKH em fins de novembro
e começos de dezembro, reforçara, as primeiras conclusões do General Marcks de que a força de ataque
dirigida contra Moscou teria de ser particularmente poderosa. As questões agora haviam chegado a um
ponto em que se poderia apresentar opiniões a Hitler e a 5 de dezembro, o Chefe do Estado-Maior-Geral
do OKH, Coronel-General Halder, fez um resumo das conclusões tiradas até então. Seu relato mostrou que
houvera certa fusão de pensamento entre o OKH e o OKW, porquanto foi adotada a idéia de se organizar
um ataque de três pontas, encontrada no estudo do OKW. Halder observou que os três centros principais de
produção de armamentos e, portanto, as três áreas que o Exército Vermelho teria de defender se pudesse
enfrentar uma guerra prolongada, seriam os de Leningrado, Moscou e Kiev. Portanto, essas áreas
constituíam os alvos estratégicos a ser atingidos e se deveria destacar um grupo de exércitos para cada uma.
Os russos não poderiam defender essas áreas a menos que defendessem e lutassem a oeste da linha DvinaDnieper, como os alemães queriam que o fizessem. Dois dos grupos de exércitos lutariam ao norte dos
pântanos do Pripet e um ao sul, concentrando assim toda a força do ataque ao longo dos eixos Leningrado
e Moscou.
Diante dos comentários de Hitler sobre essa apresentação surgiram os primeiros sinais de divergência do
ponto de vista militar geralmente aceito sobre a importância básica que Moscou representava como alvo
estratégico - divergência que viria a confundir o andamento das operações no verão seguinte. Hitler
concordou com Halder de que o Grupo de Exércitos Centro, operando ao longo do eixo Varsóvia-Moscou,
deveria ser mais forte que os outros, mas o justificou com base na possível necessidade de um desvio de
parte das suas forças para o norte, para ajudar o grupo dali e eliminar formações soviéticas sitiadas nos
estados bálticos, e não pela importância que representava o próprio objetivo.
Até então, a operação não tinha um codinome geral. Apenas o OKH chamava-a de “Otto”. Pouco depois
dos debates de Halder com Hitler, o OKW recebeu ordens de reunir os vários documentos relativos aos
planos e incluí-los numa Diretiva do OKW Führer que seria assinada por Hitler. O rascunho da Diretiva
21, de codinome “Fritz”, foi submetido à apreciação de Hitler a 17 de dezembro, reaparecendo no dia
seguinte com o pomposo codinome de “Barbarossa”, evocação à lembrança do imperador medieval
Frederico, o da barba Ruiva (participante da 3a Cruzada, companheiro de Ricardo Coração de Leão e de
Felipe Augusto de França), na tentativa de disfarçar uma campanha de pilhagem e conquista protegidas
pelo manto de uma Cruzada. A mudança de nome como indicador do estado de espírito de Hitler não é tão
importante quanto as modificações de conteúdo entre o rascunho da Diretiva “Fritz” e o da “Barbarossa”
representam para o historiador militar. O Führer detalhou seus co...
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