COM PAULO, NO CAMINHO DA LUZ! I. UM ITINERÁRIO ESPIRITUAL De Damasco ao deserto, do deserto a Jerusalém e de Jerusalém para o mundo! Na sequência da actividade proposta para o Advento e Natal, centrada na temática da luz, sugerimos percorrer o nosso caminho pascal, como «caminho da luz», e também agora, sob a guia, e na companhia de São Paulo. Para marcarmos os momentos desse caminho, escutemos o testemunho do Apóstolo, na Carta aos Gálatas (1,15-24). Aí, o próprio São Paulo nos dá conta de três momentos importantes da sua vida, depois de ser alcançado pela «intensa luz» vinda do Céu, no caminho de Damasco: a sua partida para o deserto, a subida a Jerusalém e a missão junto dos pagãos. Deste modo, São Paulo inspira-nos os passos, no nosso caminho pascal, como verdadeiro «caminho da luz»! Da luz de Damasco ao deserto, do deserto a Jerusalém, e de Jerusalém para o mundo! É o itinerário descrito pelo próprio Apóstolo. Esses três momentos, podemos revivê-los, respectivamente, em três tempos: Quaresma, Semana Santa e Tempo Pascal. Assim: 1. Quaresma: Como Paulo, e com Cristo, partir para o deserto! Gal.1,15-17 “Mas, quando aprouve a Deus - que me escolheu desde o seio de minha mãe e me chamou pela sua graça - revelar o seu Filho em mim, para que o anuncie como Evangelho entre os gentios, não fui logo consultar criatura humana alguma, nem subi a Jerusalém para ir ter com os que se tornaram Apóstolos antes de mim. Parti, sim, para a Arábia e voltei outra vez a Damasco”. À semelhança de Jesus, que depois do Baptismo, vai para o deserto, antes de começar a sua missão, também Paulo parte para o deserto. Assim, ao seu primeiro arrebatador e entusiástico início, seguem-se os tempos de silêncio e provação. É que a resposta à vocação geralmente implica um distanciamento, uma verdadeira experiência de escuridão e cepticismo (cf. Act. 9,8-9; 22,11.13). A luz que atingiu Saulo-Paulo faz com que ele perceba, então, a gravidade do pecado pessoal e aquele pecado radical que pesa sobre a condição humana: a isso ele se refere, por exemplo, com acentos diversos, na Carta aos Romanos (cap. 7), quando descreve a condição trágica do ser humano, sobretudo em relação à impotência de fazer o bem que gostaria de praticar. O Senhor fá-lo intuir o quanto deverá sofrer por causa de seu nome (Act.9,16). Nesta perspectiva, Paulo conduz-nos ao deserto, para viver a Quaresma, como tempo de consulta de Deus, tempo de confrontação, tempo de escuta, da voz mais íntima e secreta de Deus. É curioso olhar para o significado da palavra deserto. Em hebraico, deserto diz-se «midbar». Pode significar “lugar solitário”, mas também “eu falo”. O deserto, ao mesmo tempo, é o lugar do silêncio e é o lugar de uma palavra que esse silêncio guarda. Na Quaresma, a Igreja é chamada a uma experiência de deserto. É uma experiência penitencial, de conversão e de revisão de vida. Nesse despojamento experimentado e voluntário, a Igreja deve redescobrir a palavra que, em silêncio, incessantemente é dita por Deus. 2. Semana Santa e Tríduo Pascal: Como Paulo, e com Cristo, subir a Jerusalém! Gal.1,18-20 “18 A seguir, passados três anos, subi a Jerusalém, para conhecer Cefas (Pedro), e fiquei com ele durante quinze dias. 19 Mas não vi nenhum outro Apóstolo, a não ser Tiago, o irmão do Senhor. 20O que vos escrevo, digo-o diante de Deus: não estou a mentir”. No calor desta maturação interior, São Paulo começa a anunciar Cristo com entusiasmo. Fá-lo já em Damasco, onde o ódio dos judeus o obriga a fugir de maneira quase rocambolesca (cf. Act. 9,23-25). Volta, pois, para Jerusalém, onde muitos discípulos têm medo dele, não acreditando ainda que ele fosse um discípulo (Act. 9,26). Barnabé, porém, acredita nele e toma-o consigo, ajudando-o a ser acolhido também pelos outros. Entretanto, apesar dos esforços de Barnabé, Paulo vê-se obrigado a deixar também Jerusalém, sobretudo por causa das claras insistências de seus irmãos na fé, baseadas principalmente no temor de que a sua obstinação evangelizadora pudesse provocar uma reacção ainda mais dura da perseguição em curso (cf. Act. 9, 27-30). Confuso e humilhado, Saulo retorna para Tarso onde permanecerá por alguns anos (ao menos até 43 d.C.), num estado espírito confuso, pesado e sombrio. Ao tempo dos primeiros entusiasmos segue-se, pois, o período da amargura e desilusões: as incompreensões não vêm apenas dos adversários dos cristãos, mas também dos próprios irmãos de fé. Conhece assim a solidão, a vergonha diante dos seus, a derrota em relação a seus sonhos, enfim, vive um desconforto humanamente inevitável diante da tarefa incompleta que, no momento, se lhe apresenta como impossível de realizar. Esta subida a Jerusalém, como a de Jesus (Lc.9,51 ss), está marcada, na vida de Paulo, por imensas dificuldades e resistências dos ouvintes. Paulo, de algum modo, vive o mistério da Cruz, perante as desconfianças, medos, recusas e humilhações. Paulo ajuda-nos a subir a Jerusalém, com a determinação de Cristo. Esta podia ser a tónica da Semana Santa e do Tríduo Pascal. "Eis que subimos a Jerusalém" (Mc 10, 33). Com estas palavras o Senhor convida os discípulos a percorrer com Ele o caminho que da Galileia leva ao lugar onde se realizará a sua missão redentora. Este caminho para Jerusalém, que os Evangelistas apresentam como o coroamento do itinerário terrestre de Jesus, constitui o modelo da vida do cristão, empenhado em seguir o Mestre no caminho da Cruz. Cristo também faz aos homens e às mulheres de hoje o convite a "subir a Jerusalém", participando intimamente no mistério da sua morte e ressurreição. 3. Tempo Pascal: Como Paulo, enviados por Cristo, partir em missão! Gal.1,21-24 “21 Seguidamente, fui para as regiões da Síria e da Cilícia. 22 Mas não era pessoalmente conhecido das igrejas de Cristo, que estão na Judeia. 23 Apenas tinham ouvido dizer: «Aquele que nos perseguia outrora, anuncia agora, como Evangelho, a fé que então devastava.» 24 E, por causa de mim, glorificavam a Deus”. O tempo pascal deverá ser aproveitado para despertar o ardor missionário, à semelhança de Paulo que parte pelo mundo, a anunciar o Evangelho. É Barnabé, o amigo do coração, que livra Paulo da provação e o lança, no grande empenho missionário. Com uma iniciativa tão livre quanto audaciosa, vai buscar Saulo a Tarso e leva-o consigo para Antioquia, onde reside uma comunidade que o quer, pois lá a missão floresce para além de todas as expectativas e os discípulos - em Antioquia foram chamados pela primeira vez de cristãos - têm necessidade de ajuda no serviço da pregação do Evangelho. Seguir-se-ão as grandes viagens missionárias de Paulo, com inumeráveis provações e consolações (cf. 2 Cor. 11,24-28). Através de todas estas experiências, unificadas pelo amor a Cristo e pela força recebida da sua graça, vai-se realizando em Paulo uma espécie de transfiguração: disso é testemunha o grande e comovente discurso em Mileto, que o capítulo 20 dos Actos dos Apóstolos narra. É um discurso de despedida, quase um testamento do apóstolo, e que, de certa forma, resume a sua vida. Desde o exórdio é comovente: "Vós sabeis ... ", diz Paulo, mostrando ser alguém bem conhecido entre os seus. Os factos falam por ele: viveu o seu ministério com intensa participação emotiva, com imenso amor a Cristo e aos seus, com profunda humildade para com os outros, para consigo mesmo e para com Deus (cf. Act 20,18ss). II. UMA CHAMA PAULINA, NO CÍRIO PASCAL. UMA DINÂMICA PASTORAL Propomos viver o itinerário espiritual acima descrito, a partir de uma dinâmica simples: promover entre os catequizandos e as (suas) famílias, a preparação de um «círio pascal», de inspiração paulina. O círio pascal, coluna de cera, de algum modo, evoca essa outra coluna de fogo, que acompanhava Israel no seu êxodo (Ex.13,21), isto é, no seu caminho, pela noite, até se tornar o símbolo da luz de Cristo, vivo e ressuscitado. Sabemos e conhecemos da Liturgia da Vigília Pascal todo o seu simbolismo e como ele é cuidadosamente preparado para ser levado em procissão e colocado num candelabro adequado. Neste ano Paulino, sugerimos gravar, no círio pascal de cada família (e eventualmente no círio pascal da comunidade!), alguns dos elementos que compõem o logótipo do ano Paulino, apresentando assim aos fiéis, São Paulo, como “coluna da Igreja” e aprendendo dele a identificarmo-nos com o mistério pascal de Cristo. Esta decoração do círio deverá ser feita em família, para que este seja apresentado à comunidade (na quinta-feira santa ou na sexta, conforme os casos; cf. esquema) e integrado numa cruz luminosa, a traçar no chão da Igreja, ou num dos seus acessos (cf. esquema). Pretende-se, com esta dinâmica, não só vivenciar a Quaresma, como sobretudo induzir e conduzir à participação nas celebrações da Semana Santa e do Tríduo Pascal, a partir de uma mistagogia adequada. 1. ESQUEMA GERAL Aqui apresentamos e resumimos a proposta semanal, cuja dinâmica assenta em 4 passos simples: consultar, gravar, viver e rezar a Palavra de Deus, que é farol dos nossos passos e luz dos nossos caminhos (Sl 118 [119], 105). 1. CONSULTA 2. GRAVA [Decorar, esculpir, pintar, marcar, colar, estampar…] Arranjar recipiente de água, dentro do qual colocar o círio. [esta água será benzida, na Vigília Pascal ou no Rito de Aspersão no Domingo de Páscoa]. Alude ao mistério do nosso Baptismo. Gen.22,9-12 Rom.8,35 Mc.9,7 Gravar no círio, a «espada» de São Paulo, que é a espada da Palavra e a espada do martírio de São Paulo… Ex.20,1-3 I Cor.1,22-23 Jo.2,15 Gravar no círio o livro da Palavra (alude às Cartas de Paulo). II Cron.36,23 Ef.2,4-5 J0.3,19-21 Gravar no círio a chama, que alude ao ardor e ao calor, com que São Paulo evangelizava. Jer.31,33 Heb.5,8-9 Jo.12,24 3ª 2ª 1ª Gen.9,14-15 I Pe.3,21 Mc.1,12-13 4ª [pelo menos uma das citações] 5ª Semana Quaresma Gravar no círio as algemas, que apontam para Paulo, que se tornou livre, como prisioneiro de Cristo! 3. VIVE [Uma atitude de vida] Esta semana, viver um dia «seco», um dia só a água, sem refrigerantes, nem bebidas doces, sem ruídos, sem stress, sem televisão, sem telemóvel… Realizar com amor, um sacrifício, algo de muito custoso. Por exemplo, dar algo de que mais gostemos, como Abraão que estava disposto a dar o seu único Filho. Elaborar um Decálogo, isto é, um texto, com dez palavras de São Paulo (cf. citações); Estas palavras serão escritas em 10 fitas de cores diferentes para amarrar no ramo a levar para a Benção no Domingo de Ramos. Durante a semana, escrever o exame de consciência, apontando, em segredo, os pecados de cada um. Depois acender o círio e com a sua chama queimar os papéis. Ver, em família, o filme «Favores em cadeia» e conversar sobre ele; realizar algum gesto, que demonstre um coração obediente e livre 4. REZA [revitalizar algumas fórmulas da oração] Rezar bem e diariamente a oração do «Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo», em memória do Baptismo! Rezar bem e diariamente a oração da “Ave-Maria”, ficando na companhia dAquela cujo coração é atravessado por uma espada de dor! Rezar bem e diariamente o PaiNosso, resumo de todo o Evangelho! Rezar bem e diariamente o Acto de Contrição, como exercício de purificação interior Fazer bem a Oração da manhã e a Oração da noite, como expressão de uma vida em aliança com Deus Viver a Semana Santa, participando com alegria nas celebrações Rezar bem as palavras do “Sinal da Cruz” [2 (no ângulo superior esquerdo) 0 Ramos Semana Santa Fil.2,6-11 Gravar no círio a Cruz, e entre os braços da Cruz, cada um dos números que integram 2009: (no ângulo superior direito) 0 (no ângulo inferior esquerdo) e 9 (no ângulo inferior direito)]. Deste modo lembramos que a Cruz é o grande título de glória de Paulo e dos cristãos (Gal.6,14). Quinta-Feira Santa I Cor.11,23-26 Tríduo Pascal Sexta-Feira Santa Jo.19,40-41 Vigília Pascal Domingo de Páscoa Crianças do 1º, 2º e 3º anos da Catequese trazem os círios, que serão colocados no espaço onde vai decorrer o momento de adoração. Deixá-los ficar, devidamente assinados, para serem recolhidos no Domingo de Páscoa. Crianças e adolescente do 4º ao 10º anos trazem os círios no respectivo recipiente, que serão colocados no chão da Igreja, em forma de cruz. No final da Adoração da Cruz recolhem pétalas, do «horto» onde Jesus é sepultado (ou do arranjo de rosas que estão a ladear a cruz) e com elas cobrem o seu recipiente de água, onde está mergulhada a base do círio. Os adultos levam também do horto, as pétalas, para colocarem no seu círio (que ainda está em suas casas) Os fiéis (adultos) trazem os respectivos círios, para se acenderem no círio pascal da comunidade, no momento próprio do Rito da Luz, conforme a Liturgia da Vigília Pascal. Acendem-se todos os círios, a partir da chama do círio (através de vários pavios) e assim se forma uma cruz luminosa. Benze-se a água dos círios, no Rito da Aspersão. No final, crianças e adolescentes da Catequese levam para casa, o respectivo círio, para acenderem, ao domingo, no tempo pascal. Participar nas celebrações do Tríduo Pascal Oração / Adoração diante do Santíssimo Oração / Adoração da Cruz Oração da Visita Pascal (conforme pagela distribuída na comunidade para esse efeito) 2. ALGUMAS BREVES ANOTAÇÕES SOBRE OS 4 PASSOS: 2.1. CONSULTAR A PALAVRA! São Paulo resolveu “não consultar” de imediato criatura alguma, mas desloca-se para o deserto, lugar da escuta e da revelação da Palavra. Nesse sentido, sugerimos, para cada semana, a consulta da Bíblia, em família. Apresentam-se três citações breves, de cada uma das leituras dominicais. Mas pode escolher-se apenas aquela leitura, que ilumina mais directamente o sentido do símbolo a gravar. Eis algumas palavras que justificam o sentido da nossa escolha: 1ª Semana: Vamos ler estes textos (da 1ª e da 2ª leituras), de modo a descobrir a água, como um elemento sacramental fundamental, na celebração do Baptismo. Nesta água é mergulhado o círio pascal, na noite de Páscoa, com estas palavras “Desça sobre esta água, Senhor, por vosso Filho, a virtude do Espírito Santo, para que todos, sepultados com Cristo na sua morte, pelo Baptismo, com Ele ressuscitem para a Vida”. Por outro lado, o texto do Evangelho, contrasta, com a «secura do deserto». Mas é, nessa secura, que mais se valoriza e experimenta o valor e a riqueza da água, como fonte de vida. «O sinal original e pleno do Baptismo é a imersão» (ou infusão) tripla na água (cf. CIC 628); «A “imersão” na água simboliza a sepultura do catecúmeno na morte de Cristo, donde sai pela ressurreição com Ele (cf. Rom. 6,3-4 e Col. 2,12) como “nova criatura” (2 Cor. 5,17 e Gal. 6,15)» (CIC 1214; cf. RCB 91.128). Gen.9,14-15 Quando cobrir a Terra de nuvens e aparecer o arco nas nuvens, 15recordar-me-ei da aliança que firmei convosco e com todos os seres vivos da Terra, e as águas do dilúvio não voltarão mais a destruir todas as criaturas I Pe.3,21 21Isto era uma figura do baptismo, que agora vos salva, não por limpar impurezas do corpo, mas pelo compromisso com Deus de uma consciência honrada, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo, Mc.1,12-13 12Em seguida, o Espírito impeliu-o para o deserto. 13E ficou no deserto quarenta dias. Era tentado por Satanás, estava entre as feras e os anjos serviam-no. 2ª Semana: Nesta semana, os textos ajudam a valorizar o símbolo da espada, quer pela referência ao «cutelo» de Abraão (1ª leitura), quer pela referência à espada, de que São Paulo nos fala (2ª leitura). Importa descobrir as várias significações da espada: espada, como instrumento da sua execução (martírio), a espada do seu combate (2 Tim. 4,7), a espada da sua luta, como homem sofredor, a espada da Palavra da verdade. Podemos pensar ainda na «espada de dor» que atravessou o coração de Maria. Gen.22,9-13 9Chegados ao sítio que Deus indicara, Abraão construiu um altar, dispôs a lenha, atou Isaac, seu filho, e colocou-o sobre o altar, por cima da lenha. 10Depois, estendendo a mão, agarrou no cutelo, para degolar o filho. 11Mas o mensageiro do Senhor gritou-lhe do céu: «Abraão! Abraão!» Ele respondeu: «Aqui estou.» 12O mensageiro disse: «Não levantes a tua mão sobre o menino e não lhe faças mal algum, porque sei agora que, na verdade, temes a Deus, visto não me teres recusado o teu único filho.» Rom.8,35 35 Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Mc.9,7 7Formou-se, então, uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado. Escutai-o.» 3ª Semana: Nesta semana, lemos uma das versões dos Dez mandamentos (1ª leitura), como expressão da aliança. São Dez palavras que dão sentido e valor à nossa vida. Neste sentido, podíamos gravar no círio, o livro, lembrando o AT e o NT, onde se condensam as palavras da antiga e da nova aliança. Fica o desafio a escolher entre as Cartas de São Paulo, dez palavras luminosas, para a vida. Eis um simples exemplo, mas que não esgota nem limita a escolha: 1. Rom.13,8: Não fiqueis a dever nada a ninguém, a não ser isto: amar-vos uns aos outros. Pois quem ama o próximo cumpre plenamente a lei. 2. I Cor.13,13: Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor; mas a maior de todas é o amor. 3. I Cor.9,16“Ai de mim se eu não evangelizar. ” 4. II Cor.4,12: Em nós opera a morte, e em vós a vida! 5. Gal.2,20; Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim! 6. Gal. 5,1 Foi para a liberdade que Cristo nos libertou 7. Ef.5,8,28 Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo! 8. Fil.1,21;2,5: É que, para mim, viver é Cristo! 9. Col.3,2 Aspirai às coisas do alto e não às coisas da terra! 10. II Tes.3,10: Se alguém não quer trabalhar também não coma! Ex.20,1-3 1Deus pronunciou todas estas palavras, dizendo: 2«Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egipto, da casa da servidão. 3Não haverá para ti outros deuses na minha presença. I Cor.1, 22-23 22Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam em busca da sabedoria, 23nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios. Jo.2,15-16 15Então, fazendo um chicote de cordas, expulsou-os a todos do templo com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas pelo chão e derrubou-lhes as mesas; 16e aos que vendiam pombas, disse-lhes: «Tirai isso daqui. Não façais da Casa de meu Pai uma feira.» 4ª Semana: Neste Domingo, a primeira leitura faz ressoar o anúncio do regresso do Povo bíblico, que parte da Babilónia para a Terra da Promessa. Trata-se de um “novo êxodo”. Como não recordar aqui a «coluna de fogo» que acompanhou o Povo de Deus, na sua primeira travessia? A chama de São Paulo que gravamos no círio, lembrar-nos-á essa coluna de fogo e a luz do próprio Cristo vivo e ressuscitado, que, por meio do Espírito Santo, guia e conduz a sua Igreja. A Luz é também um dos temas do evangelho deste Domingo. Na Noite Pascal, celebramos com o simbolismo da luz a Ressurreição de Cristo. O Círio Pascal, aceso em todas as celebrações da cinquentena pascal, será uma recordação do motivo da nossa festa principal. Este simbolismo da luz leva-nos a chamar «Luz esplendente» a Cristo, como o faz um hino das primeiras gerações. Queremos participar desta luz, porque Ele é, como se nos apresentou no Evangelho, a Luz do mundo, a manifestação da Luz do próprio Deus, e todo aquele que caminha nele não caminha nas trevas. Além disso, estamos destinados a viver como «filhos da luz»: na verdade, no amor, na felicidade. II Cron.36,23 23«Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do céu, deu-me todos os reinos da terra e encarregou-me de lhe construir um templo em Jerusalém, cidade de Judá. Quem de vós pertence ao seu povo? Que o Senhor, seu Deus, seja com ele, e se ponha a caminho.» Ef.2,4-5 4Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo amor imenso com que nos amou, 5precisamente a nós que estávamos mortos pelas nossas faltas, deu-nos a vida com Cristo - é pela graça que vós estais salvos Jo.3.19-21 19E a condenação está nisto: a Luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à Luz, porque as suas obras eram más. 20De facto, quem pratica o mal odeia a Luz e não se aproxima da Luz para que as suas acções não sejam desmascaradas. 21Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, de modo a tornar-se claro que os seus actos são feitos segundo Deus.» 5ª Semana: A promessa do coração novo e da nova aliança (1ª leitura) pode ser associada aos vários anéis das algemas, que iremos gravar no círio. Paulo passou por muitas prisões (II Cor.11,23), em Filipos (Act.16,23), em Jerusalém (Act.21,33), em Cesareia (Act.23,23), em Roma (Act.28,20.30); em Éfeso (I Cor.15,32; II Cor.1,1.89). Teve de comparecer diante de vários tribunais, em Corinto (Act.18,12), em Jerusalém (Act.22,20) e em Cesareia (Act.24,1.2). São vários os simbolismos que se podem dar à imposição do anel: sujeição, pertença, firmeza, fidelidade. Por isso, se utilizou sobretudo para expressar a atitude dos que contraem matrimónio. O anel entre os esposos cristãos tem uma referência acrescentada ao amor nupcial e à aliança entre Cristo e a sua Igreja: não é estranho, portanto, que o anel nupcial se chame também «aliança». Podemos olhar para estes anéis das algemas, como anéis que evocam a aliança e compromisso do amor seja com Deus, seja com o próximo. O amor prende porque cativa e se deixa cativar, mas liberta, porque nos abre aos outros! Podemos recordar aqui como Paulo é homem livre, sendo prisioneiro de Cristo e como Cristo é um homem livre, na obediência ao Pai (2ª leitura). Jer.31,33 33Esta será a Aliança que estabelecerei, depois desses dias, com a casa de Israel - oráculo do Senhor: Imprimirei a minha lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração. Serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Heb.5,8-9 Apesar de ser Filho de Deus, aprendeu a obediência por aquilo que sofreu 9e, tornado perfeito, tornou-se para todos os que lhe obedecem fonte de salvação eterna, Jo.12,24 24Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto. Semana Santa Limitamo-nos aqui a destacar alguns pensamentos bíblicos, desde o Domingo de Ramos ao Tríduo Pascal, na certeza de que a Liturgia da Semana Santa é já suficientemente rica de símbolos e mensagens. Ramos Fil.2,6-11 6Ele, que é de condição divina,não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; 7no entanto, esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-se, identificado como homem,8rebaixou-se a si mesmo, tornandose obediente até à morte e morte de cruz. 9Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo e lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome, 10para que, ao nome de Jesus,se dobrem todos os joelhos,os dos seres que estão no céu,na terra e debaixo da terra; 11 e toda a língua proclame:"Jesus Cristo é o Senhor!", para glória de Deus Pai. Quinta-feira Santa I Cor.11,23-26 23Com efeito, eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus na noite em que era entregue, tomou pão 24e, tendo dado graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim». 25Do mesmo modo, depois da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; fazei isto sempre que o beberdes, em memória de mim.» 26Porque, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha. Sexta-Feira Santa Jo.19,40-41 40Tomaram então o corpo de Jesus e envolveram-no em panos de linho com os perfumes, segundo o costume dos judeus. 41No sítio em que Ele tinha sido crucificado havia um horto e, no horto, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. 2.2. GRAVAR A PALAVRA (os símbolos do logótipo do ano Paulino gravados no círio pascal) Gravar a Palavra, na memória e no coração, é um dos principais exercícios da fé, como adesão à Palavra de Deus que se nos revela. Mas aqui trata-se de dar expressão à Palavra, gravando-a. Por isso, propomos preparar o círio pascal, gravando nele alguns dos símbolos do logótipo do ano Paulino. Gravar significa aqui «decorar, esculpir, pintar, marcar, colar, ou estampar». Cada família o fará, de acordo com a sua criatividade. Deste modo conheceremos Paulo e como ele se identificou com Cristo, com a sua vida, morte e ressurreição. Eis algumas palavras breves, que esclarecem o sentido destes símbolos e a sua gravação, no círio: 2ª semana: Gravar a espada: a espada é, sem dúvida, o grande símbolo de São Paulo. Esta espada é o símbolo do verdadeiro “soldado de Cristo”, do grande combatente e sofredor! Mas a espada, sugere também o vigor penetrante da Palavra de Deus, que é “como uma espada de dois gumes”, é uma palavra cortante, que fere e cura; é uma palavra penetrante, que vai até ao mais íntimo de nós mesmos. A espada é, por fim e sobretudo, o instrumento com que São Paulo foi martirizado em Roma, no tempo da perseguição de Nero, nos anos 64 a 65. 3ª semana: Gravar o grande livro, que representa os escritos de São Paulo, as suas treze Cartas, que lemos praticamente, em quase todos os domingos, ao longo do ano, como segunda leitura; 4ª semana: Gravar a chama, que exprime a paixão ardente, o fogo da caridade, o calor da ternura paterna e do amor maternal, com que São Paulo formou e gerou, pelo evangelho tantos filhos para a fé. Esta chama manifesta ainda a extrema afectividade e calor humano que Paulo mantém com todos os seus colaboradores e fiéis. 5ª Semana: Gravar os nove anéis das algemas, que, segundo a tradição, mantiveram São Paulo, preso em Roma. Paulo não hesita em definir-se, várias vezes, como "prisioneiro de Cristo", apoiado na força de Deus, por amor dos pagãos. Ele sente-se também «prisioneiro do Espírito», impelido pelo sopro do Espírito Santo, que o conduz, de cidade em cidade, a anunciar a Boa Nova! Semana Santa: Gravar a Cruz da qual disse São Paulo: «Quanto a mim, de nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo». Paulo abraçou com todo o amor a Cruz de Cristo, nas suas tribulações, calúnias, sofrimentos, prisão e, por fim, no seu martírio. Gravar entre os braços da Cruz, cada um dos números que integram 2009. Nota prática: Para estas actividades, podem ser envolvidos diversos grupos da catequese ou grupos pastorais. Por exemplo: 1. Um grupo (ou vários) que se responsabilize(m) pelo fornecimento e venda dos círios pascais familiares; 2. Um grupo (ou vários) que se responsabilize(m) pela angariação e venda dos respectivos recipientes; 3. Um grupo (ou vários) que se responsabilize(m) pelo corte das dez fitas de dez cores gravadas com as frases do Decálogo de São Paulo, para serem atadas aos ramos de oliveira; 4. Um grupo (ou vários) que se responsabilize(m) pelo fornecimento e venda das pétalas das rosas, a colocar no «horto» onde Jesus foi sepultado e que servirão de decoração ao recipiente com água, onde está mergulhada a base do círio pascal familiar. O CÍRIO PASCAL1 A palavra círio vem do latim, cereus, de cera (produto das abelhas). Na Liturgia cristã, ao falar-se das «velas», alude-se ao uso humano e ao sentido simbólico que os círios produzem. O círio mais importante é o que se acende na Vigília Pascal, como símbolo de Cristo-Luz, e que se coloca sobre uma coluna elegante ou candelabro adornado. O Círio Pascal é, desde os primeiros séculos, um dos símbolos mais expressivos da Vigília. No meio da escuridão (toda a celebração se faz de noite e começa com as luzes apagadas), de uma fogueira previamente preparada acende-se o Círio, que tem uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano e das letras Alfa e Ómega – a primeira e a última do alfabeto grego –, para indicar que a Páscoa de Cristo, princípio e fim do tempo e da eternidade, nos atinge com força sempre nova, no ano concreto em que vivemos. Tem menor importância a pinha de incenso que também se pode incrustar na cera, simbolizando as cinco chagas de Cristo na cruz. Este Círio, «pela verdade do sinal, deve ser de cera, novo cada ano, único, relativamente grande, nunca artificial, para poder evocar que Cristo é a luz do mundo». Na procissão de entrada da Vigília, canta-se por três vezes a aclamação ao Círio: «A luz de Cristo. Graças a Deus», enquanto, progressivamente, se vão acendendo as velas dos presentes e as luzes da igreja. Depois, coloca-se o Círio na coluna ou candelabro, que vai ser o seu suporte, e proclamase à sua volta, depois de o incensar, o solene Precónio Pascal. Além do simbolismo da luz, tem também a de oferenda, como cera que se gasta em honra de Deus, espalhando a sua luz: «Aceitai, Pai santo, este sacrifício vespertino de louvor, que, na solene oblação deste círio, pelas mãos dos seus ministros Vos apresenta a santa Igreja. Agora conhecemos o sinal glorioso desta coluna de cera, que uma chama de fogo acende em honra de Deus […] Nós Vos pedimos, Senhor, que este círio, consagrado ao vosso nome, arda incessantemente para dissipar as trevas da noite.» O mesmo que vão anunciando as leituras, orações e cânticos, di-lo o Círio com a linguagem diáfana da sua chama viva. A Igreja, a esposa, sai ao encontro de Cristo, o Esposo, com a lâmpada acesa na mão, gozando com Ele na noite vitoriosa em que se anunciará – no momento culminante do ¬Evangelho – a grande notícia da sua Ressurreição. O Círio estará aceso em todas as celebrações, durante as sete semanas da Cinquentena, ao lado do ambão da Palavra, até à tarde do domingo de Pentecostes. Uma vez concluído o Tempo Pascal, convém que o Círio se conserve dignamente no baptistério, e não no presbitério. Durante a celebração do Baptismo deve estar aceso, para tomar dele a luz das velas dos novos baptizados. Também se acende o Círio Pascal, junto ao féretro, nas exéquias cristãs, para indicar que a morte do cristão é a sua própria Páscoa. Assim, utiliza-se o simbolismo deste Círio, no Baptismo e nas exéquias, no princípio e na conclusão da vida: o cristão participa da luz de Cristo, ao longo de todo o seu caminho terreno, como garantia da sua definitiva incorporação na Luz da vida eterna. 2.3. VIVER A PALAVRA Em cada semana propomos uma atitude de vida, de modo que a dinâmica conduz as famílias a uma verdadeira transformação da mente, do coração e da vida. O esquema apresenta algumas sugestões que, obviamente, podem ser substituídas por outras. Ouvir a palavra sem a levar à prática, é como construir sobre a areia. 1 JOSÉ ALDAZÁBAL, Dicionário Elementar de Liturgia, Ed. Paulinas, Prior Velho 2007, 70. 2.4. REZAR A PALAVRA Propomos que se retomem algumas fórmulas de oração, de maneira a que sejam mais conscientemente rezadas. Cada semana, podemos desenvolver o sentido de cada uma das frases ou expressões dessa oração, que todos os dias repetimos. Na folha dominical ou noutro recurso pastoral, esta oração deverá ser apresentada, com algumas explicações e sugestões, para que possa ser mais bem rezada. A Luz de Damasco A luz de Damasco é um grito para a ovelha que regressa A luz de Damasco é um tombar do trigo, um cairdo grão – cega tanto como os olhos De um homem perseguido quando se volta para nós! A luz de Damasco golpeia. É circuncisão que abre, limpa! A luz de Damasco é dura. Da dureza das pedras que um mártir junta com as mãos com que empedra o caminho para a morte. A luz de Damasco é esse lume da oração de um mártir ao morrer. Daniel Faria (1971-1999) Proposta elaborada por Pe. Amaro Gonçalo (Pároco de Nossa Senhora da Hora), Pe. José Araújo (Pároco de Vila Cã e Codal, de Vale de Cambra) e António Madureira (Leigo, Director do SDEIE).