Londrinenses se unem para vigiar licitações Londrina ganha na próxima terça-feira um Observatório de Gestão Pública, que pretende acompanhar e fiscalizar como a Prefeitura gasta os seus recursos. A assembleia de fundação está marcada para 20 horas, no auditório da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil). O Observatório de Londrina, que está sendo articulado desde março por um grupo de 40 profissionais liberais, trabalhadores da iniciativa privada e aposentados, deve atuar no acompanhamento dos editais de licitação. “O trabalho começa já na edição do edital, verificação se ele apresenta as características regulares. Faremos o acompanhamento do certame da licitação e o acompanhamento da execução daquilo que é proposto no edital”, explica o advogado Waldomiro Grade, que presidirá a versão londrinense do Observatório. Em Maringá, onde foi criada em 2004 a primeira entidade dessa natureza, o acompanhamento de 1,5% dos editais da Prefeitura resultou na economia de R$ 9,6 milhões de economia para os cofres municipais, só no ano de 2007. Isso porque o acompanhamento do Observatório levou o município a mudar editais de licitação, comprando produtos e serviços a preços mais baixos. De acordo com a coordenadora do Instituto da Cidadania Fiscal (ICF), Roni Enara, que mora e atua no Observatório de Maringá, não é possível mensurar a economia feita nos processos licitatórios posteriores a 2007, já que a Prefeitura adotou medidas sugeridas pela entidade em todos os processos, o que reduziu gastos. O ICF, que tem sede em Maringá, coordena a rede de observatórios. A partir do movimento iniciado no município foram criados 35 observatórios em todo o País, 19 deles no Paraná. “Nossa iniciativa é inspirada no observatório de Maringá”, admite Grade. Segundo ele, a proposta é fazer um “trabalho técnico, totalmente apartidário”. A necessidade de fugir da partidarização fez com que o Observatório de Londrina não aceitasse pessoas filiadas a partidos políticos nos seus quadros. “Não há interesse em confrontar a administração pública. O sentido é de colaboração e fazer com que consiga maior eficiência na administração pública”, declarou o advogado. Para isso, a entidade contará com o trabalho voluntário de pessoas com perfil técnico, como aposentados da Receita Federal e Estadual e de órgãos ligados às áreas contábil e do direito. Participam do Observatório de Londrina desde entidades de classe, como Acil, Sociedade Rural do Paraná , Fiep, OAB, Sincoval e Sindicato dos Jornalistas, até empresas como Copralon, Plaenge, Farmácias Vale Verde, Unicred e Unimed. Proposta contribui para transparência Para a coordenadora do Instituto de Cidadania Fiscal (ICF), Roni Enara, a proposta dos observatórios é “o exercício da cidadania fiscal”. “A ideia é o contribuinte acompanhar os gastos públicos que são gerados a partir dos impostos”, explica. Segundo ela, dessa forma a sociedade “contribui para a transparência de forma efetiva, prática”. Para isso, os observadores de Maringá fazem um acompanhamento “em tempo real”, desde quando é aberto o edital de licitação. E faz um acompanhamento técnico, com pessoas capacitadas para o acompanhamento dos processos licitatórios. A experiência de Maringá mudou o comportamento da administração e levou até à aprovação, pela Câmara Municipal, de uma lei de controle do estoques, que foi proposta pelo observatório. O sucesso da experiência maringaense chega ao ponto do observatório fazer a capacitação dos servidores municipais que atuam na área de licitação, para que os editais sejam feitos corretamente.