SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA SOBRATI ROBERTA GOMES DIAS ALVES PERMANÊNCIA DE ACOMPANHANTES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NA VISÃO DOS GESTORES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE: Revisão da literatura MESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA OEIRAS –PIAUÍ 2011 PERMANÊNCIA DE ACOMPANHANTES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NA VISÃO DOS GESTORES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE: Revisão de Literatura Roberta Gomes Dias Alves1 RESUMO A proposta de humanização em UTI tem um horizonte mais amplo, englobando desde o ambiente físico até as relações entre as equipes de saúde. Dessa forma, valorizar a presença de acompanhantes na instituição hospitalar e apreender sua percepção é um processo fundamental para o alcance de uma prática assistencial realmente humanizada. Assim, esse estudo teve como objetivo pesquisar na literatura nacional e internacional a respeito da permanência de acompanhantes em Unidade de Terapia Intensiva Aberta, observando o ponto de vista dos gestores e da equipe de saúde. Segundo análise dos artigos selecionados pôde-se concluir que muitos pacientes desejam a permanência de acompanhantes e que os gestores e profissionais de saúde sabem da importância dos mesmos, mas acreditam que muitos serviços não estão estruturados para atender a nova resolução prontamente. Outros estudos demonstraram que os acompanhantes se sujeitam bem às normas estabelecidas, e de uma postura passiva e, muitas vezes agressiva passaram a de cooperação. Quanto aos profissionais alguns relatam se sentirem despreparados em lidar com a família. Palavras-chaves: UTI aberta, acompanhante, humanização, gestores, profissionais de saúde. ABSTRACT The proposal for of humanization in the ICU have a broader horizon, encompassing from the physical environment to the relationship between the health teams. Thus, valuing the presence of companions in the hospital and learn their perception is a fundamental process for the achievement of a truly humane care practice. Thus, this study aimed to search the national and international literature about the permanence of companions in the Intensive Care Unit Open, noting the views of managers and staff health. According to the analysis of the articles could be concluded that many patients want to stay escort and managers and health professionals know the importance of them, but believe that many services are not structured to meet the new resolution promptly. Other studies have shown that caregivers are subject to well established norms, and a passive and often became aggressive cooperation. Health care professionals some report feeling unprepared to deal with the family. Keywords: ICU open, companion, humanization, managers, health professionals. ____________________________________________________________________ 1 Enfermeira, pós-graduada em Obstetrícia e Neonatologia pela UFPI, em Saúde Pública pelo IBPEX, em Saúde da Família pelo IBPEX e mestranda em Terapia Intensiva pela Sobrati . INTRODUÇÃO Em virtude da constante expectativa de situações de emergência, da alta complexidade tecnológica e da concentração de pacientes graves, sujeitos a mudanças súbitas no estado geral, o ambiente de trabalho na UTI caracteriza-se como estressante e gerador de uma atmosfera emocionalmente comprometida, tanto para os profissionais como para os pacientes e seus familiares, sendo muitas vezes encarado como um ambiente agressivo e frio¹. A humanização é vista como um conjunto complexo de atitudes e ações motivadas por pensamentos éticos, humanísticos, sociais e holísticos. Hoje, a proposta de humanização em UTI tem um horizonte mais amplo, englobando desde o ambiente físico até as relações entre as equipes de saúde. Dessa forma, valorizar a presença de acompanhantes na instituição hospitalar é um processo fundamental para o alcance de uma prática assistencial realmente humanizada. Há dez anos a equipe de saúde de uma UTI visava exclusivamente o cliente, dando ênfase em sua evolução, observação e monitoramento de complicações, excluindo todo o seu contexto social, deixando a família em segundo plano². Com o tempo, percebeu-se que a família pode contribuir e interagir com a equipe, favorecendo o tratamento e influenciando na recuperação emocional do paciente. As políticas de humanização do Governo Federal têm favorecido algumas categorias de pacientes, no que se refere à presença de acompanhantes em unidades de internação, como as crianças, as gestantes e os idosos³. Em relação às UTI’s , as que possuem mais avanços são as Pediátricas e Neonatais, sendo o Método Canguru um bom exemplo de humanização para recém-nascidos de baixo peso e os cães terapêuticos de inovação em humanização a nível internacional. A instabilidade clínica do cliente, o aparato tecnológico, a complexidade dos cuidados e o risco de infecção são alguns dos motivos alegados pelos dirigentes e profissionais das UTI’s para não autorizarem a presença de acompanhantes. Mas as exigências do consumidor e as políticas de humanização do cuidado estão socializando discussões sobre vantagens e desvantagens da presença de acompanhantes, fazendo com que alguns serviços façam investimentos nesta área4,5,6. Com a RDC Nº 7, De 24 de fevereiro de 2010, muitos gestores viram-se obrigados a cumprir inúmeros requisitos físicos e tecnológicos, a publicação desta RDC é, sem dúvida uma grande conquista, pois ainda hoje muitas UTI são abertas no país sem nenhum critério e, com esses requisitos já vamos conseguir melhorar, em muito, a assistência e qualidade no atendimento oferecido aos pacientes, segundo o presidente futuro da AMIB, José Mario Telles. Mas, mesmo sendo abrangente e bastante significativa para a medicina intensiva, a RDC ainda precisará ser melhorada em vários pontos. Um dos que promete gerar muitas discussões é o que diz respeito ao número de Enfermeiros por leito de UTI. A antiga resolução recomendava um profissional para cada 10 leitos, número de leitos considerado alto pelos enfermeiros, que defendem 5 leitos para cada profissional. A nova RDC recomenda um enfermeiro para oito leitos, número considerado inadequado pela categoria. A importância do tema e, ao mesmo tempo, a diversidade de considerações e repercussões do ineditismo desta prática levou à realização deste estudo. O qual teve como objetivo fazer uma análise da literatura nacional e internacional, a partir da base de dados do PUBMED e SCIELO, a respeito da permanência de acompanhantes em Unidade de Terapia Intensiva Aberta, observando o ponto de vista dos gestores e profissionais de saúde. MÉTODOS Estudo descritivo através de revisão da literatura científica entre os anos 2000 a 2011 na base de dados SCIELO e PUBMED. Utilizou-se o critério de cruzamento das palavras-chaves: UTI aberta, acompanhante, humanização, gestores e profissionais de saúde. Com esses termos foram selecionados os artigos pertinentes ao tema abordado onde os critérios de inclusão foram a presença das palavras-chave, a limitação temporal e convergência com os objetivos do estudo, sendo excluídos os artigos que abordavam outras temáticas. RESULTADOS A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) vem sofrendo transformações com o surgimento de intervenções que são recomendadas e implementadas, dentre elas, a permanência constante do acompanhante junto ao cliente internado, como uma maneira de proporcionar conforto e diferencial de qualidade, isso tem sido uma preocupação dos gestores para adequarem seus serviços, sem aumentar muito as despesas da UTI, ou mesmo repassar esses gastos para os clientes. Segundo censo realizado em 2010 pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), cerca de 30% das 2.342 UTIs existentes no país são unidades neonatais e pediátricas, tornando na visão dos gestores ainda mais essencial as adequações estruturais para que se possa abrigar um acompanhante. Quando se conceitua a saúde como um equilíbrio biopsicossocioespiritual, devese inserir, no contexto hospitalar, a presença da família que traz segurança afetiva ao doente. A pessoa internada faz parte do sistema familiar e a hospitalização em UTI é um evento de crise, tanto para ela quanto para a família e a equipe de saúde deve avaliar as necessidades físicas e psicológicas de ambas e incorporá-las nas necessidades levantadas7. Ver o acompanhante como fonte de conforto e segurança, um elo com a equipe, um fator de melhoria da qualidade da assistência prestada e ser considerada uma ajuda em potencial na assistência, além de uma oportunidade de educação em saúde ao familiar, faz com que os profissionais de saúde, aceitem melhor a idéia da UTI aberta. A permanência de um acompanhante contribui para a humanização, pois o avanço tecnológico transforma o ambiente e as pessoas que nele trabalham. Ele passa a ser um elo entre a equipe, a família e a pessoa doente. Em estudo realizado em 2000 em uma UTI de Hospital Geral, particular, de médio porte do Estado de São Paulo, as autoras objetivaram identificar se o cliente adulto gostaria de ter um acompanhante enquanto internado na UTI. Dos participantes da pesquisa 41.3% preferiram não ter a presença de acompanhante. As razões dadas para essa opção foram relacionadas à preocupação com os familiares e por se sentirem seguros e bem atendidos. Entre as preocupações com a família, destacaram-se as seguintes: a família não poderá ajudar, irá sofrer, ficará preocupada; uns não possuíam nenhum ente disponível para ficar como acompanhante, outros preferiram poupar os membros da família e ainda consideraram o ambiente na UTI muito estressante7. As regras institucionais em uma UTI são rígidas em relação às visitas e acompanhantes. Determina-se horário e número de pessoas que podem visitar, favorecendo a instituição e não o doente. No momento da internação exige-se a entrega de todos os pertences, descaracterizando-o do seu mundo real. É comum na instituição hospitalar os colaboradores tratarem o cliente como se fosse uma criança, elaborando as frases no diminutivo. A autoridade também é utilizada, não respeitando a vontade do mesmo. É mantido sem roupa para facilitar uma eventual emergência, os cuidados são prestados muitas vezes em locais abertos por problemas na planta física ou não cumprimento da ética pelos profissionais apesar do Código de Ética de Enfermagem referendar, como dever do profissional, respeitar o natural pudor, a privacidade e a intimidade do cliente8. A informação oferecida ao familiar é muito importante, principalmente para conhecer o que é uma UTI, o que se faz para os clientes internados e como é o trabalho dos funcionários dessa unidade. O familiar precisa estar seguro de que a pessoa internada receberá toda a assistência de que necessita. Por outro lado, os funcionários parecem não saber como poderão transmitir essa segurança, tanto no que se refere ao tipo de informação que poderá ser dada, como na interpretação dos cuidados prestados. A ansiedade e a desconfiança inicial do familiar e do doente são resultados da própria situação de internação sendo amenizadas por meio das informações dadas9. Em 2004, realizou-se um estudo em uma UTI da cidade do Rio de Janeiro, onde as visitas eram restritas para um período de quinze minutos quatro vezes ao dia, com o propósito de prover descanso aos pacientes. O resultado mostrou que os trabalhadores da área de saúde foram os maiores interruptores do descanso, chegando-se à conclusão de que restringir as visitas não facilita o descanso do cliente. A prática de limitar visitas em UTI não tem base científica, pois se fundamenta na crença de que a presença de parentes ao lado da cama seria mais estressante para os clientes graves do que a presença dos trabalhadores da área. Sabe-se que qualquer aproximação do leito é vista pelo cliente como indícios de procedimento invasivo e doloroso. A dor gera medo com resposta do sistema nervoso simpático, levando à ansiedade e consequente estresse. Desde o surgimento das primeiras salas de Terapia Intensiva, houve resistência em autorizar a presença de acompanhantes, com base em argumentos sobre possível aumento de infecções. Um estudo desenvolvido em 1990 concluiu que houve aumento da carga bacteriana durante o ano em que foi instituída a presença de acompanhante na Terapia Intensiva, mas as bactérias isoladas eram de elevada resistência aos antibióticos usuais e em nenhum momento poderiam ter sido introduzidas pelos acompanhantes8. Em 2007, em uma UTI de um Hospital privado de Curitiba-PR, foi desenvolvida uma pesquisa em uma instituição privada, que possuía leitos de UTI aberta, sobre os limites e as possibilidades da permanência de acompanhantes na unidade. Responderam ao questionário 42 funcionários e 20 acompanhantes. Os resultados mostraram que os acompanhantes se sujeitam bem às normas estabelecidas, como uma condição de sua permanência. Mesmo reconhecendo os benefícios de acompanhantes para os pacientes, os funcionários relataram algumas restrições, dentre as quais, seu próprio despreparo em lidar com a família10. Com relação às condições da UTI de receber acompanhantes, 95% consideraram que, no geral, são boas, onde os benefícios apontados pelos acompanhantes são o apoio emocional, tranquilidade, recuperação mais rápida e confiabilidade no tratamento. Em relação às dificuldades, 35% não expressaram nenhuma e 65% queixaram-se da falta de conforto e das normas hospitalares. As sugestões dos familiares apontam para a correção da infra-estrutura como poltronas e sofás confortáveis, organização e capacitação de pessoal para atender os familiares10. As normas e rotinas para os acompanhantes da UTI são rigorosas e incluem o uso do crachá, rigor no horário, a proibição do uso de adornos, aparelhos celulares e qualquer tipo de alimento dentro da UTI, além do uso de avental durante todo o tempo de permanência e a lavagem das mãos. É importante salientar que estas exigências fazem parte de um conjunto de recomendações que visam tanto a medidas de proteção e segurança à saúde dos trabalhadores, como prevenir e combater o aparecimento/propagação de infecções hospitalares. Outros pesquisadores observaram que as razões que supostamente geram conflitos para a equipe de enfermagem que atua em uma UTI aberta não é a relação com o acompanhante ou o desenvolvimento de técnicas sob observação, visto que não houve evidências de que tais profissionais não gostavam de trabalhar sob o olhar atento da família, como se poderia supor. As restrições estavam mais relacionadas à falta de suporte e valorização profissional neste ambiente11. Por outro lado é difícil para o familiar lidar com o aporte tecnológico na mesma proporção que a equipe de saúde, já que para esta tal fato é naturalizado, pois, todo esse aparato, nada mais é do que seu instrumento de trabalho. Os familiares vêem com desconfiança, pois, os equipamentos e procedimentos parecem instrumentos de tortura e, para os profissionais, esses são apenas necessários à execução de suas tarefas diárias. Mesmo quando não há procedimentos os acompanhantes solicitam a todo o tempo os técnicos em enfermagem, pois se assustam com barulhos, bips, sangue e toda e qualquer alteração. As explicações e interrupções ocasionam direta ou indiretamente, sobrecarga e estresse para o funcionário. Alguns hospitais prevêem uma avaliação pela assistente social, porém muitas vezes, o acompanhante superestima sua capacidade emocional e, no cotidiano, os problemas se sobrepõem e as crises físicas, psicológicas, emocionais afloram. A imprevisibilidade das reações dos familiares deve ser incorporada como mais um aspecto da permanência de familiares a ser monitorado. A cartilha do Programa Nacional de Humanização12 que trata sobre a visita aberta e direito a acompanhante afirma, em um exemplo, que ao instituir um espaço diário de conversa com os acompanhantes, uma instituição mudou radicalmente a atitude destes no ambiente de cuidado. De uma postura passiva e, muitas vezes, agressiva passaram a de cooperação para com o coletivo e manutenção das combinações. Para que haja um bom desempenho entre as equipes, considera-se importante uma seleção na admissão do familiar. Esta triagem poderá ser realizada antes da admissão ou durante sua estada na primeira semana e deverá ser em conjunto com a equipe multidisciplinar (assistente social, psicóloga, enfermeiro e médico), a fim de identificar aquele com suporte emocional para dar assistência a seu familiar hospitalizado13. Sobre este comentário é importante ressaltar que o atendimento humanizado precisa ser entendido como responsabilidade de cada pessoa e não dever exclusivo de uma classe profissional, pois nenhuma categoria por si só consegue se apropriar do paciente, na sua totalidade dentro do processo saúde-doença. Falta ainda melhorar a avaliação do paciente que necessita de acompanhante e dos acompanhantes com condições de permanecer com os pacientes. Nem sempre os acompanhantes obedecem às regras, mesmo que elas sejam claras, sobretudo para pacientes cujos familiares são médicos. Neste caso específico, podemos considerar a baixa defesa que as outras profissões possuem em relação a esta categoria, o que pode gerar alguns conflitos. Os relacionamentos conflituosos entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem são provavelmente relacionados ao contexto histórico, entre as três categorias profissionais, na qual prevalece a supremacia médica. O que talvez possa interferir na dificuldade dos acompanhantes/familiares respeitarem as normas é a natureza privada desta UTI. Em pesquisa realizada recentemente com acompanhantes de UTI de hospital público e privado, evidenciou-se que as famílias de pacientes internados possuem medos, inseguranças e necessidades semelhantes, independente de questão social ou financeira, mas a preocupação com o cuidado do familiar emergiu na UTI do hospital privado, visto que os mesmos desconhecem as políticas públicas de humanização14. Possivelmente eles tenham dificuldade de compreender que as normas existem para proteger o paciente e favorecer o trabalho da equipe seguindo um principio científico. Se os dirigentes do hospital não tiverem êxito nas explicações, a não observação destas regras pode sobrecarregar os funcionários. Neste caso, a comunicação, a observação e a permanência contínua do acompanhante e às orientações facilitam a participação do acompanhante no convívio hospitalar15. No Centro de Terapia Intensiva para Adultos do Hospital Israelita Albert Einstein há Rotinas de Permanência de Acompanhantes em UTI, o enfermeiro é responsável pela autorização. Em se tratando de pacientes psiquiátricos, a psicóloga deverá compartilhar a decisão, de acordo com a Política Institucional de Pacientes Psiquiátricos. O Enfermeiro de Referência do Paciente comunica à Secretaria da UTI que deverá comunicar ao Coordenador de Enfermagem, ao Serviço de Psicologia, ao Médico Intensivista e ao Médico Assistente. Os Coordenadores de Enfermagem e do Serviço de Psicologia farão acompanhamento diário junto aos enfermeiros de referência do paciente dos casos autorizados para permanência16. Já no Hospital Santa Maria, em Teresina, Piauí, só é permitida a permanência de acompanhantes para pacientes estáveis e conscientes, os quais serão avaliados e dependendo da necessidade, será autorizada a permanência de 1 (um) acompanhante no período das 10:00 às 22:00h. Esse acompanhamento depende da autorização da chefia da UTI e deverá se adequar às normas gerais do Hospital: lavar as mãos antes e após a visita; não tocar nos aparelhos e equipamentos; respeitar os direitos dos outros pacientes internados; respeitar as regras de funcionamento do Hospital. Não é permitida: entrada com bolsas; uso de celular durante permanência na UTI; nem a circulação nas dependências da UTI; assim como deslocar-se ao leito de outro paciente. Não é permitida também presença de nenhum acompanhante no intervalo das 7:00 as 10:00h, a fim de possibilitar a realização de procedimentos internos17. Outro exemplo que temos aqui no nordeste, é o Hospital Getúlio Vargas (HGV), que instituiu um grupo de trabalho de humanização; para discutir a visita aberta e direito a acompanhante, uma proposta da Política Nacional de Humanização. Na ocasião ficou decidido que por enquanto o HGV não tem condições estruturais e financeiras de implantar a visita aberta, mas houve uma decisão de flexibilização da visita e direito a acompanhante, com acompanhamento caso a caso pelo serviço social e ampliação do horário de visita, com início às 14 horas e término às 17 horas. O HGV em Teresina-Pi, tem evoluído gradativamente na implantação dos dispositivos da PNH, principalmente nos que se refere à diretriz do Acolhimento, com implantação da visita aberta para pacientes terminais e disponibilização de dois boletins médicos para os familiares de pacientes nas Unidades de Terapia Intensiva- UTI. Outro passo importante foi a colocação de banners com os direitos e deveres dos usuários para melhorar o fluxo de informação dentro do hospital. Os gestores no referido estabelecimento, acreditam que a mudança é benéfica, mas o hospital deverá levar algum tempo para se estruturar adequadamente à nova resolução. Por outro lado, tem-se observado que os profissionais de enfermagem que atuam em UTI parecem desconfortáveis em relação à presença de visitantes dos pacientes internados, o que certamente os inquieta e os leva a refletir sobre essa prática em UTI e sobre a necessidade de tornar esse ambiente o mais confortável possível para o visitante. É necessário considerar que, quando se abre o hospital para o público, é preciso de mais investimento em recursos humanos e materiais. Para os doentes e acompanhantes, a avaliação e exigência dos seus direitos ficarão muito mais fáceis, se realmente souberem o que acontece dentro de uma UTI. CONCLUSÃO Segundo análise dos artigos selecionados pôde-se concluir que quanto aos profissionais, alguns relatam se sentirem despreparados em lidar com a família, receosos quanto as novas mudanças. Há dúvidas se a equipe de saúde está preparada para atender adequadamente tais acompanhantes, tanto a instituição quanto os profissionais de saúde precisarão aprender a gerenciar esses conflitos até que esta proposta seja absorvida por todos os atores implicados neste processo, provocando os resultados esperados. A permanência de um acompanhante durante a internação em UTI não deve ameaçar a instituição e os profissionais da saúde, desde que estes pratiquem o atendimento com qualidade. A presença do acompanhante é uma das formas de garantir a qualidade no atendimento. Os gestores entendem que o equilíbrio entre receitas e despesas é de fundamental importância para a viabilidade financeira de um hospital. Dentro de um mercado cada vez mais competitivo, e com recursos financeiros limitados , a adequada gestão de custos deve ser priorizada em instituições hospitalares. E que dentre os diversos custos hospitalares, os medicamentos e materiais, constituem alguns dos principais custos destas empresas, respondendo por 25 a 40% do dispêndio total,concluindo-se que o acompanhante 24 horas por paciente não irá onerar a instituição. BIBLIOGRAFIA 1. Almeida VAL, Narciso RB, Uechi K. Visitas em UTI: uma abordagem frente os sentimentos dos familiares e da equipe de enfermagem. In: Primeiro Ciclo de Debates sobre. Assistência de Enfermagem. Anais. 1988; p. 276-92. 2. Almeida FP, Veloso JWN, Blaya RP. In: Knobel E, Laselva CR, Moura Júnior DF. Terapia Intensiva Enfermagem. lª ed. São Paulo (SP): Atheneu; 2006. p.39-48. 3. Brasil. Lei Nº 8069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da criança e do adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da República do Brasil, Brasília, 16 jul. 1990. 4. Ministério da Saúde (BR). Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília (DF): Febrasgo/Abenfo; 2001. 5. Brasil. 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