3 a enfermagem como agente facilitador no processo de

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA PROGRAMA DE
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
GISELLE DE FÁTIMA NASCIMENTO DOS SANTOS CAVALCANTE
O CUIDADO HUMANIZADO DE ENFERMAGEM EM
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA
João Pessoa
2012
1
GISELLE E FÁTIMA NASCIMENTO DOS SANTOS CAVALCANTE
O CUIDADO HUMANIZADO DE ENFERMAGEM EM
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Coordenação do Curso de Mestrado
Profissionalizante em Terapia Intensiva pelo
Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, para
obtenção do título de Mestre em Terapia
Intensiva.
Orientadora: Profa.
Nascimento Silva Dias
Ms.
Ana
Paula
João Pessoa
2012
2
GISELLE DE FÁTIMA NASCIMENTO DOS SANTOS CAVALCANTE
O CUIDADO HUMANIZADO DE ENFERMAGEM EM
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Coordenação
do
Curso
de
Mestrado
Profissionalizante em Terapia Intensiva pelo
Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, para
obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.
Aprovado em: ___/___/2012
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________________
Profa. Ms. Ana Paula Nascimento Silva Dias - Orientadora
_____________________________________
Prof -
Membro
3
Dedico
À minha mãe Maria das Neves (in
memoriam), pelo carinho, incentivo,
apoio e perseverança incontestável,
proporcionando vitória de forma honrosa
na minha trajetória de vida.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, por participar de todas as conquistas na minha vida.
Aos meus pais, que sempre estiveram nos meus momentos mais difíceis, e sem
dúvida alguma, consolidam este ato memorável.
Ao meu esposo Alexandre, pelo incentivo e confiança depositados em mim, meu
amor e amigo de todas as horas.
Ao meu filho Guilherme José, por ser o maior motivo do meu existir.
À minha orientadora Ana Paula, pela disponibilidade e amizade.
Ao meu irmão Ricardo e minha cunhada Flaviana, pela contribuição na
construção desta obra.
5
RESUMO
Diversas ações são preconizadas pelo Ministério da Saúde no que se refere ao respeito das
individualidades, direito à tecnologia e acolhimento ao binômio Criança-Família. É de
fundamental importância que a equipe de Enfermagem atuante em unidades de terapia
intensiva pediátrica (UTIPs) busque medidas que minimizem a dor e o sofrimento da criança
e sua família. Dessa forma, refletiremos acerca do cuidado prestado pela equipe de
enfermagem às crianças que necessitam de cuidados intensivos, bem como às famílias que
atravessam um momento de muita apreensão e incertezas. Utilizamos a técnica de revisão
bibliográfica para abordamos este assunto tão atual e necessário para ser discutido com
gestores e equipe multiprofissional. Diante do exposto, entendemos que a Humanização do
cuidado seja a melhor forma de melhorar a qualidade da assistência prestada em UTIPs,
elevando o nível de satisfação da família e da própria equipe de Enfermagem.
Palavras-chave: Humanização. Enfermagem. UTI.
6
ABSTRACT
Several actions are recommended by the Ministery of Health with regard to respect for
individuals, technology and the right to host the binomial Child-Family. It is vital that the
Nursing team active in the pediatric intensive cares units (PICUs) seek measures to minimize
pain and suffering of the child and his family. Thus, we will reflect on the care provided by
nursing staff to children Who need intensive care, and families going through a momento f
appehension and uncertainty. We use the technique of literature review to address this is issue
so current and needed to be discussed with managers and multidisciplinary team. Therefore,
we believe that the Humanization of care is the Best way to improve the quality of care
provided in PICUs, raising the level of satisfaction of the family and the Nursing team.
Key words: Humanization. Nursing. ICU.
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8
1.1 METODOLOGIA......................................................................................................9
2 A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA ............................................... 9
3 A ENFERMAGEM COMO AGENTE FACILITADOR NO PROCESSO DE
HUMANIZAÇÃO ................................................................................................................... 11
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 14
8
1 INTRODUÇÃO
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um ambiente de alta complexidade
que tem por objetivo a monitorização 24 horas do paciente por uma equipe
interdisciplinar, cercada por recursos tecnológicos e pessoal treinado para garantir o
direito à sobrevida de cada paciente. As Unidades de Terapia Intensiva Pediátricas
(UTIPs) são aquelas voltadas exclusivamente para a assistência à criança, geralmente
até os 16 anos de vida e procuram atender às particularidades desta faixa etária.
A UTIP é considerada um setor estressante para a criança, para a família e
também para o profissional de saúde. A criança tem dificuldade de adaptação, na
maioria das vezes, por se tratar de um lugar estranho; aos pais ela é um lugar repleto de
incertezas e dúvidas acerca da vida do seu (a) filho(a). Não é muito diferente para a
equipe multiprofissional, pois está lidando diariamente com questões relativas à morte,
mas destes espera-se que sejam treinados para lidar com estas situações e possam
melhor assistir ao binômio criança-família.
Em meados do século XX, passou a haver uma necessidade de recuperar o
modelo de atendimento dentro das UTIs e de resgatar a inter-relação profissional de
saúde-doente, bem como de integrar a família no processo terapêutico. Daí, o paradigma
que passou a reger esta linha de pensamento foi o “cuidar”, basicamente legitimado pela
Humanização na Saúde (LIMA, 2004).
Desta forma, em 2003 é lançada a Política Nacional de Humanização (PNH)
com o objetivo de colocar em prática os princípios do SUS no cotidiano dos serviços de
saúde, produzindo assim mudanças no modo de gerir e cuidar (BRASIL, 2002). Mais
recentemente, a SOBRATI lançou a Campanha “Abra seu coração: abra a sua UTI 24
horas. Humanize”, com o objetivo de contribuir com as políticas de humanização, mais
especificamente enaltecendo a presença/participação da família no processo do cuidar
(GOMES; FERRARI; FURTADO, 2011).
Dentro da interdisciplinaridade da UTIP, deve-se destacar a Equipe de
Enfermagem por se tratar da maior mão-de-obra e geralmente ser o profissional a ter o
primeiro e maior contato com a criança. O envolvimento da Equipe de Enfermagem
com o binômio criança-família é de fundamental importância, por proporcionar uma boa
qualidade de sobrevida do paciente e tornar os pais elementos ativos neste processo
(FERNANDES; ANDRAUS; MUNARI, 2006).
8
Dessa forma, temos por objetivo refletir acerca da assistência de enfermagem
prestada às crianças que necessitam de cuidados intensivos, bem como às famílias que
atravessam este momento repleto de apreensão e incertezas.
1.1 METODOLOGIA
Com a intenção de encontrar na literatura científica nacional publicações sobre
a humanização do cuidado de enfermagem prestado em unidades de terapia intensiva
pediátricas, procurou-se realizar um levantamento bibliográfico. Dessa forma,
acreditou-se ser uma maneira viável de encontrar a visão de alguns autores sobre o tema
proposto.
Foram selecionados materiais que fizessem parte de periódicos de enfermagem,
tendo como requisito a sua indexação, regularidade e periodicidade. Esta consulta
ocorreu diretamente a estes periódicos bem como em consultas através de sites como
Scielo e Lilacs no período de outubro de 2011 a janeiro de 2012.
2 A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA
A UTIP é um ambiente hospitalar onde são utilizados técnicas e procedimentos
sofisticados que podem propiciar condições para a reversão dos distúrbios que colocam
em risco a vida de crianças e adolescentes. Geralmente, esta clientela necessita de
cuidados intensivos por questões relacionadas a complicações respiratórias e processos
infecciosos de causas diversas.
A hospitalização em UTIP introduz a criança em um ambiente estranho, onde
há exposição intensa a estímulos nociceptivos, como o estresse e a dor, ruídos, luz
intensa e contínua, bem como procedimentos clínicos invasivos e dolorosos que podem
se fazer necessários na rotina desse serviço (MOREIRA, 2001).
É contínuo o movimento de admissões e intervenções no setor. É um local
cercado por equipamentos de maior complexidade e, em sua maioria, bastante frio, por
se tratar de um ambiente em que a refrigeração se faz necessário.
9
É inquestionável que a evolução da tecnologia modificou o prognóstico e a
sobrevida destas crianças. No entanto, a fragilidade da pele, bem como a presença de
tubos e sondas são causas de sofrimento, vistos que os mesmos não estão preparados
para tantos estímulos que lhes são estranhos e assustadores (MORAES et al, 2004).
Para os pais, a UTIP é um ambiente de esperança e de medo. Esperança por
saber que este é um local preparado para atender melhor o seu filho e aumentar as
chances de sobrevida. Medo, por saber dos riscos inerentes aos pacientes que vão para
tal ambiente, e ainda, sentimentos de frustração por não estarem, em geral, preparados
para esta separação.
Diante do exposto, é oportuno dizer que esses fatores têm acarretado
conseqüências aos pacientes e seus familiares e à equipe de enfermagem das UTIPs.
Apesar desse cenário que às vezes dificulta o atendimento humanizado por parte de
alguns profissionais de saúde às crianças hospitalizadas, vem sendo observada uma
mudança de consciência e comportamento em alguns profissionais quanto à importância
de prestar um cuidado mais humanizado (REICHERT, 2000).
Assim é necessário repensar as ações em saúde nesse âmbito, visando à
humanização do cuidado em UTIPs pautada no atendimento das necessidades de todos
os agentes envolvidos nesse processo.
Um dos aspectos que envolvem uma prática dessa natureza está relacionado ao
modo como lidamos com o outro. Uma das características do processo de trabalho em
saúde é que o mesmo se funda numa inter-relação interpessoal muito intensa. Assim,
essa característica implica em fazermos a diferença no modo como lidamos com o
outro, tratando-o com dignidade e respeito, valorizando seus medos, pensamentos,
sentimentos, valores e crenças, estabelecendo momento de fala e escuta (REICHERT;
LINS; COLLET, 2007).
O cuidado humanizado não é uma técnica ou artifício, é um processo vivencial
que permeia toda a atividade das pessoas que assistem ao paciente, procurando realizar
e oferecer o tratamento que ele precisa como ser humanizado, dentro das circunstâncias
peculiares que se encontra em cada momento no hospital (DESLANDES, 2004).
No ambiente da UTIP, um conjunto de ações podem ser implementadas
visando à produção de cuidados em saúde capaz de conciliar a melhor tecnologia
disponível com a promoção do acolhimento e respeito ético e cultural ao paciente.
Dessa forma é necessário investir na formação e sensibilização dos
profissionais de saúde das UTIPs, promovendo não só a capacitação técnica, mas
10
também, sensibilizando-os para que planejem a assistência pautada nos fundamentos da
humanização do cuidado, a fim de proporcionar à criança e sua família um ambiente
tranqüilo e acolhedor, apesar da situação da hospitalização vivenciada (BRASIL, 2002).
3 A ENFERMAGEM COMO AGENTE FACILITADOR NO PROCESSO DE
HUMANIZAÇÃO
O conhecimento científico e a habilidade técnica são características
imprescindíveis para o rigoroso controle das funções vitais na tentativa de reduzir a
mortalidade e de garantir a sobrevivência de crianças internas em UTIPs. Assim,
destacamos a importância do acompanhamento e da atualização dos avanços
terapêuticos e tecnológicos nessa área (ARAÚJO, 2005).
Nesse processo, e no mesmo patamar de importância, colocamos a crucial
necessidade em compreender os fatores que produzem estresse na UTIP a fim de
elaborarmos um planejamento das intervenções que o minimizem ao máximo. São
muitos os fatores considerados causadores de estresse para as crianças, família, e em
especial, a equipe de enfermagem.
No que concerne à equipe de enfermagem, essa assume um leque de
atribuições, capacidades e responsabilidades que são essenciais para avaliar, entender e
apoiar com segurança ao paciente e sua família durante esse processo crítico
(MOREIRA, 2001).
Pelo exposto, compreendemos que a enfermagem tem papel relevante na
manutenção das condições da vitalidade destas crianças, devendo fundamentar suas
ações em conhecimentos científicos. Cabe ao enfermeiro da UTIP organizar o ambiente,
planejar e executar os cuidados de enfermagem de acordo com a necessidade
individualizada de cada criança. Exercendo assim, uma assistência integral, de
qualidade e humanizada (SCOCHI, 2001).
A capacidade dos profissionais de enfermagem para apreender as necessidades
singulares de cada criança é de grande importância para que os procedimentos e
cuidados de rotina, dolorosos e invasivos, sejam empregados de forma individualizada.
Um dos primeiros passos nesse sentido é a observação acurada das respostas
11
comportamentais e fisiológicas do cliente, visando à diminuição do estresse e da dor,
contribuindo para o seu conforto e desenvolvimento (GAIVA,2004).
É imperativo ressaltar a importância da atenção e do cuidado aos familiares
nesse processo, em particular aos pais. Atualmente, observamos que a atenção aos pais,
muitas vezes, limita-se a informações voltadas a questionamentos sobre a rotina
hospitalar e sobre a situação da criança, não havendo preocupação, na maioria das
vezes, com os aspectos emocionais desses familiares (NASCIMENTO, 2000).
Autores afirmam que as características peculiares desse papel incluem a
habilidade de reconhecer e conviver com a família na situação da doença, incluindo-a
no planejamento dos cuidados dispensados à criança, bem como, respeitando suas
decisões em relação ao tratamento. Além disso, acreditamos que, ao valorizar a
presença da família, sobretudo dos pais, durante o tratamento da criança, o enfermeiro e
toda sua equipe desempenham um papel singular no cuidado aos pacientes pediátricos.
Entretanto, podemos observar ainda que, na prática clínica, o desempenho do
papel da enfermagem junto aos pacientes nem sempre revela ações de apoio à interação
pais/filhos, mas se mostra centrado nos aspectos técnico-biológicos, em que se constitui
em fonte geradora de conflito, na medida em que tal situação reflete contradição entre a
formação acadêmica e o exercício profissional (SCOCHI, 2001).
Ainda neste contexto, identificamos que a literatura aponta que as condições
insatisfatórias de trabalho relacionadas à precariedade de recursos humanos, acarretam
sobrecarga emocional e de trabalho, contribuindo para que a assistência direta ao
paciente não seja assumida como prioritária pelo enfermeiro. Diante das ansiedades que
envolvem o trabalho na UTIP, a equipe de enfermagem utiliza mecanismos defensivos,
como o distanciamento do paciente, negando, assim, os aspectos psicológicos dos
mesmos e seus próprios sentimentos e desejos (LAMY, 1997).
Associado a isso, está o fato de que, em geral, a fadiga pelo ritmo de trabalho
excessivo; questões éticas que impõem decisões freqüentes e difíceis; alto grau de
exigência dos demais profissionais do hospital, da família, dos pacientes, e dos próprios
colegas de equipe, podem acarretar em desestruturação emocional.
Todos estes fatores fazem com que a equipe de enfermagem se esqueça de
visualizar o ser humano que está à sua frente. Assim, torna-se difícil implementar a
essência do aspecto humano relacionado ao cuidado de enfermagem.
É importante que os profissionais de enfermagem implementem suas ações no
fortalecimento de relações interpessoais que envolvam a criança e seus pais,
12
possibilitando reflexões e fornecendo apoio necessário acerca de seus conhecimentos,
ansiedades e expectativas. Tal conduta é prioritária, em se tratando de UTIP, pois neste
setor, a capacidade técnica é fundamental para a sobrevida dos pacientes, porém a
priorização de questões relacionadas às necessidades psicoafetivas das crianças e de
seus familiares não devem ser menosprezadas (CARVALHO, 2002).
A comunicação é necessária ao relacionamento interpessoal profissional de
enfermagem/familiares. A equipe de enfermagem deve mostrar sensibilidade à
comunicação verbal e não-verbal, capacidade de ouvir atentamente, saber o que falar e
quando falar e utilizar uma linguagem clara e acessível.
Além da linguagem apropriada para o nível de conhecimento dos pais, a equipe
de enfermagem deve proporcionar aos pais ou a outros familiares a oportunidade de
visualizar e tocar a criança, haja vista que é extremamente útil ao desenvolvimento do
vínculo afetivo.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração pela equipe de
enfermagem diz respeito aos horários de visita que são dispensados aos familiares,
sendo estes, momentos em que o envolvimento dos pais e familiares com a equipe de
enfermagem poderia ser intensificado, no sentido de promover o apego com a criança.
Sem dúvida, esta é uma oportunidade de pretar-lhes informações, não apenas sobre o
quadro clínico, mas também sobre o funcionamento do setor, equipamentos, e,
sobretudo, demonstrar interesse pela presença e pelos cuidados que podem ser prestados
pelos familiares à criança (LIMA, 2004).
Nesse sentido, é importante estarmos atentos ao fato de que as propostas de
humanização em saúde também envolvem repensar o processo de formação do
profissional,
ainda
centrado,
predominantemente,
no
aprendizado
técnico
e
individualizado, com tentativas muitas vezes isoladas de exercício da crítica,
criatividade, e sensibilidade, levando à cristalização dos sentimentos do profissional, na
construção de uma relação de ajuda eficiente aos usuários do serviço de saúde, bem
como seus familiares (ARAÚJO, 2005).
A literatura pesquisada aponta que humanizar a assistência à família e à criança
implica em fornecer um cuidado integral e singular a ambos, dando ênfase a suas
crenças, valores, individualidade e personalidade; uma vez que cada ser é único, porém,
envolvido em um contexto familiar, que possui história de vida, e por isso, deve ser
respeitado para que se possa manter a dignidade desse grupo durante a hospitalização.
13
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista o nosso objetivo em identificar na literatura ações de
enfermagem que contribuem para a humanização da assistência na Unidade de Terapia
Intensiva Pediátrica, salientamos que a análise dessas ações envolve aspectos
relacionados ao ambiente da UTIP, ao vínculo afetivo entre pais/família e filho (a),
tendo a enfermagem como agente facilitador no processo de humanização.
Este estudo apresenta aspectos que podem minimizar o estresse na UTIP, como
uma das formas da humanização do cuidado. Para tanto, acreditamos ser necessário
extrapolar as ações individuais para a busca da construção de processos coletivos
envolvendo todos os agentes que participam da assistência. Isso implica em garantir
uma equipe em número suficiente e capacitada tecnicamente para o consumo de
tecnologias disponíveis para melhorar e prolongar a vida da criança hospitalizada, em
criar ambientes de trabalho que promovam o relacionamento interpessoal, em
humanizar as relações de trabalho, em promover ambiente seguro e confortável para o
paciente, família e equipe. Assim, os gestores dos serviços precisam estar sensibilizados
para atender às demandas específicas desse setor no hospital.
A humanização da assistência na UTIP deve-se pautar no cuidado singular, na
integralidade e respeito à vida e é dependente do encontro envolvendo cuidador e ser
cuidado. A construção da integralidade não deve ser transformada em um conceito, mas
sim numa prática do cuidado que trata da valorização da vida, do respeito ao outro e das
diferenças entre os seres humanos. Portanto, momentos de reflexão acerca do processo
de trabalho no cotidiano são fundamentais a fim de se rever as práticas.
Apesar do grande esforço que os profissionais de enfermagem possam estar
realizando no sentido de humanizar o cuidado em UTIP, esta é uma tarefa difícil, haja
vista que demanda atitudes às vezes individuais contra um sistema tecnológico
dominante. E, muitas vezes, a própria dinâmica do trabalho em uma UTI não possibilita
momentos de reflexão acerca do seu processo de trabalho.
A presença efetiva da equipe de enfermagem com escuta sensível é tão
importante quanto procedimento técnico, uma vez que nem sempre os conhecimentos
técnicos funcionam tão bem diante de situações de estresse. Somente vendo, escutando
14
e sentindo o paciente e a família como um todo, estaremos atendendo e compreendendo
a essência do cuidar humano.
É oportuno destacar a responsabilidade que a enfermagem possui de envolver
os familiares, centrada na figura dos pais, no cuidado direto ao menor. Métodos e
intervenções devem ser implementados com a finalidade de propiciar a participação dos
mesmos no cuidado de tais crianças, com o auxílio de procedimentos estritamente
necessários, minimizando condutas agressivas e estressantes.
Acreditamos que o investimento profissional implica no direcionamento de
ações que objetivem um convívio cada vez mais humano, buscando qualidade e
produtividade no trabalho em equipe, conscientizando-se da necessidade da manutenção
de um auto-equilíbrio que nos possibilite realizar um trabalho com competência técnica,
habilidade e dedicação profissional.
É preciso aprimorar as relações humanas, procurando fundamentá-las na
competência e no amor pelo que se está realizando, e assim, restaurar o ser humano
como um todo. Muitos profissionais de saúde são saudáveis fisicamente, mas precisam
ser curados em seu interior. Para humanizar o cuidado, faz-se necessário mudar o
modelo mental. Será através de mudanças amplas e profundas, não serão alcançadas por
meio de iniciativas superficiais e de curto prazo. Daí, começa o nosso desafio e um
longo caminho a ser percorrido.
15
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17
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