Violencia contra as Mulheres Rádio Esperança Locutor : Falar da

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Violencia contra as Mulheres
Rádio Esperança
Locutor : Falar da violência baseada no género em áfrica é reflectir a volta de um problema cuja a
compreensão nos remete a um conjunto de factores em Moçambique mais concretamente na província
do Niaça, apesar dos esforços do governo para promover a igualdade de direitos e oportunidades entre
os cidadãos as mulheres continuam a viver e conviver com esta triste realidade. Só no ano passado
Niaça registou perto de 1300 casos de violência dos quais cerca de 1000 contra mulheres conforme
dados do gabinete de atendimento a mulher e criança vítimas de violência.
Intervenção 1 : Falando do aumento signifique aqui as pessoas já estão muito conscientes aderirão ao
nossos serviços, tem recebido resultados positivos por isso há muita aderência e nesse caso temos
subida exagerado.
Locutor : os dados aqui apresentados reflectem alguma coragem das mulheres em denunciar situações
de violência. Entretanto há ainda muitas outras mulheres que mesmo vivendo nas cidades preferem o
silêncio face a esta realidade. Ania Vasco Lencio é casada e mãe de três filhos tem o nível médio do
ensino secundário geral e sonha em fazer o ensino superior é um sonho que pode não ser concretizado.
Ania : Eu sou casada mas estou a cinco anos fora do meu marido, ele esta na faculdade.
Locutor: onde é que ele esta na faculdade.
Ania : Esta em Bemba
Locutor : e a senhora já pensou em estudar também?
Ania : Penso mas, depois de ele concluir é que ou posso continuar
Locutor : quando fala com ele sobre a possibilidade de você estudar fora como é que ele reage?
Ania : Ele nunca mostrou vontade de eu estudar fora, diz para eu ficar perto dos meus filhos e cuidar
deles
Locutor : porque é que deve ser ele a ir estudar fora e você ficar com os filhar a cuidar?
Ania : ele disse que nós como mulheres devemos suportar, cuidar filhos, devemos ser diferentes dos
homens, eu compreendo.
Locutor : Mas se ela decidisse estudar fora será que o marido aceitava
Ania : Para eu continuar a estudar deve ser que mesmo, porque eu tenho muitos filhos com ele, três
filhos, são muitos, não da para eu ir lá longe as crianças ficaram sozinhas.
Locutor : Ele não pode ficar com as crianças?
Ania : Ele diz que como ele é homem, nos mulheres é que devemos suportar as crianças por sermos
mães
Locutor : Ania Vasco Lencio, um exemplo concreto do conformismo face a violência baseada no
género. Se nas cidades a violência prevalece, o que dizer do meio rural? A oficial de comunicação na
organização comunitária Estamos, considera que nos distritos de Madimba e Lago por exemplo o
cenário é mais preocupante.
Oficial de comunicação : Na saúde também a violência sexual, elas não tem poder de negociar o sexo,
não tem poder de se expressar e elas passam por muitos constrangimentos.
Locutor : Cosina Namalha da organização comunitária Estamos no Niaça. O director provincial da
acção social do Niaça, Rosario Sacarias. Aponta os factores culturais como sendo o centro da
prevalência de situações de violência baseada no género.
Rosario : Como poder ver essa concepção, acaba ser uma violência psicológica, uma violência moral
porque estamos a inibir o desenvolvimento social, cultural, económico, político da própria mulher,
então, mas isso é origem é a cultura. Porque nos crescemos, com a concepção de que a mulher tem que
ficar em casa, cuidar dos filhos.
Locutor : como ultrapassar o problema, para o nosso entrevistado mais do que acções punitivas é
necessário que haja consciencialização permanente da sociedade principalmente das próprias mulheres.
Rosario : nos devemos ter em partida que se é mulher, a única coisa que nos diferencia é a parte sexual,
por exemplo, ela ter sexo feminino e eu ter sexo masculino. Mas é pessoa, tem sangue, tem tudo, tem
todas as características e ser humano. Entrar dai que tem que se partilhar as actividades, tem que se
partilhar as oportunidades, tem que se partilhar tudo o que é direito do ser humano.
Locutor : Rosario Sacarias, Director provincial da acção social do Niaça, e as prováveis soluções para o
combate à violência baseada no género, um problema muito discutido, mas perpetrado por vezes por
pessoas instruídas seja qual for o motivo lembre-se que nada justifica a violência.
Despedem-se; Ernesto Saul e Frasio Parco
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