A Reencarnação está na Bíblia

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A Reencarnação está na Bíblia...
Luiz Antonio Rucinski
A Reencarnação está na Bíblia...
Reencontrando o antigo ensinamento!
Porto União – SC 2006
Luiz Antonio Rucinski
REVISÃO
Liana Márcia Justen
CAPA
Nícolas Alexandre Rucinski
FOTOGRAFIA
Luiz Antonio Rucinski
1ª edição – Agosto de 2006 1.000 exemplares
“Dedico à minha esposa Maria Izabel e aos meus filhos Tatiana e Nícolas,
com muito amor, admiração e carinho.”
Índice
Agradecimentos 09
01. Uma Pequena História da Bíblia 13
02. As Desigualdades do Nascimento 23
03. Somos Duais: Matéria e Espírito 29
04. A Lei do Carma 37
05. E Na Quarta Geração Tornarão Para Cá 51
06. Algumas Afirmações do Antigo Testamento 59
07. O Espírito de Elias Reencarnou em João Batista 69
08. Os Gêmeos: Jacó e Esaú 83
09. Nas Entrelinhas dos Milagres 89
10. É Necessário Nascer de Novo 99
11. Pelo Lavatório da Reencarnação 109
12. A Evolução Espiritual 121
13. A Glorificação dos Corpos 135
14. Somos Todos Deuses 151
15. Inferno: Uma Criação do Homem 157
16. O Início do Cristianismo, e como Jesus se tornou Deus 173
17. A Substituição da Reencarnação por Dogmas 197
18. Conclusão 237
19. Bibliografia 243
Agradecimentos
O ano era 1992. Eu estava começando uma nova atividade profissional:
Representação Comercial. Vieram as longas viagens que a nova profissão
exigia. O distanciamento da família foi sentido de imediato, saudades da
esposa, dos filhos, dos parentes e dos amigos, principalmente no final do
dia. Um colega de profissão, percebendo esta dificuldade que comecei a
sentir, perguntou-me:
- Luiz Antonio, você gosta de ler?
- Não, respondi.
Na oportunidade, eu estava com 38 anos de idade e ainda não havia lido
nenhum livro, nada além de revistas em quadrinhos. No final da semana
seguinte, ele me emprestou o livro “Mansões da Alma”, de H. Spencer
Lewis, que li em uma semana. Percebi, então, que era exatamente o que me
faltava: a leitura. Ao mesmo tempo, aquele tema despertou em mim uma
incansável busca, fazendo-me procurar por mais literatura que tratasse da
imortalidade da alma. Agradeço, portanto, ao meu amigo Luiz Carlos
Rikowski, por haver me emprestado aquele livro e outros, sempre na hora
certa e com o assunto certo.
Diversos amigos sabendo que estudava sobre o tema da reencarnação,
pediram-me que fizesse uma palestra sobre o assunto. Eu, que nunca havia
falado em público, acabei aceitando o desafio com certo receio, e, em
maio de 2001, fiz minha primeira palestra pública, abordando o assunto em
vários tópicos diferentes. Ao final, recebi muitos elogios e o resultado
foi um sucesso. Por isso, quero fazer um agradecimento especial a Helga
Beate Will Clementino da Silva, que, naquela oportunidade, parabenizoume, dizendo:
- Luiz Antonio, você precisa escrever um livro.
Ela foi a primeira pessoa que me falou sobre essa hipótese e lembro-me
que lhe respondi:
- Não, Helga, isto é impossível.
Mas ela insistiu dizendo:
- Você ainda irá escrever um livro.
Vieram novas palestras e outras pessoas falaram sobre o assunto e o
sonho agora tornou-se uma realidade.
Agradeço também ao meu amigo Edson Miguel Abel Nogueira, pelo seu
incentivo e apoio nas horas difíceis. Quando as dúvidas surgiam, era você
quem me escutava atentamente e após, com tranqüilidade, dava sua opinião.
Também sempre esteve presente nas minhas palestras públicas, mesmo
naquelas cidades mais distantes.
A Carlos Roberto Durdyn, que acreditou desde o início no resultado
positivo de nosso trabalho e também esteve sempre presente, tendo sua
participação na escolha do título do livro.
A Marcelo Budek, conhecedor das mais variadas linhas do misticismo,
dizendo-nos com convicção: Jesus foi nosso irmão mais velho, o exemplo a
ser seguido.
A Amaury José Varnier, que me cedeu alguns de seus preciosos livros,
para que pudéssemos nos aprofundar em nossas pesquisas.
A Theodoro de Almeida, a Hilário Zarpelon, e a todos os Fratres e
Sorores do Pronaos de União da Vitória, muita Paz Profunda, é o que lhes
desejo de coração.
Agradeço ainda, pelo apoio recebido dos meus Irmãos: João Sergio
Rucinski, Luís Carlos Franzoi e Manoel José Gonçalves da Silva.
Aos Irmãos e Cunhadas da Loja União III, bem como a todos os nossos
amigos que nos incentivaram, o meu muito obrigado e que o Grande
Arquiteto do Universo os abençoe.
“A maior de todas as ignorâncias é rejeitar uma
coisa sobre a qual você nada sabe.”
(H.Jackson Brown)
“Os livros falam a verdade, meus irmãos: A vida de cada homem é o
resultado de existências anteriores. As injustiças passadas trazem
desgostos e sofrimentos; o bem do passado expande a felicidade.
Colheis o que semeais, olhai para o campo! O sésamo vem do sésamo,
o trigo vem do trigo, o silêncio e a sombra o sabiam!
Assim nasce o destino do homem, ele vem colher o sésamo ou
o trigo que semeou numa vida passada.“
(Buda, 642 - 558 a.C.)
"Renascer... eis a vida, o progresso incessante, o eterno evoluir,
eis a lei do Criador! Eis do mestre Jesus, como luz rutilante o ensino
imortal no evangelho do amor. Renascer... eis lei imutável, constante,
pela qual nosso "eu" no cadinho da dor, em sublime ascensão
pela luz deslumbrante, subirá para Deus, nosso Pai e Senhor...”
(Chico Xavier, 1.910 – 2.002)
Na abertura deste trabalho, é apresentado um pequeno relato sobre a
criação do Livro Sagrado, como e quando aconteceram as primeiras
traduções e sua formação ao longo dos séculos até os nossos dias. Ele tem
sido o best-seller de todos os tempos e já foi traduzido para mais de
2.300 idiomas e dialetos, sendo que somente no século XX, foram vendidos
mais de 1,5 bilhão de exemplares no mundo todo.
A Bíblia Sagrada possui 73 livros na versão católica e 66 nas versões
evangélicas e protestantes. Os sete livros a mais na versão católica,
chamados de “deuterocanônicos”, são: Macabeus 1 e 2, Tobias, Judite,
Eclesiástico, Sabedoria e Baruc, e foram acrescentados na versão grega do
Antigo Testamento, por ocasião da primeira tradução.
A Bíblia cristã está dividida em duas partes, tendo a figura de
Jesus como divisor, sendo o Antigo Testamento escrito antes do seu
nascimento e o Novo Testamento após. A Bíblia judaica possui somente os
39 livros do Antigo Testamento, uma vez que o judaísmo não reconhece
Jesus como o Messias relatado em suas profecias.
No início, os povos nômades repassavam suas leis de regras morais
e práticas espirituais de pai para filho, de geração a geração, ao redor
das fogueiras em seus acampamentos, ou através de cânticos, uma forma
mais fácil de memorizar. Segundo o Professor Milton Schwantes, da
Universidade Metodista de São Paulo, especialista no Antigo Testamento,
foi durante o século 8 AC.que se adotou a escrita desses conhecimentos,
primeiro em pedaços de cerâmica e em pergaminho, mais tarde em papiro,
porém não existe certeza de quais textos tenham sido escritos antes dos
demais. Originalmente, dos 39 livros do Antigo Testamento, 37 foram
escritos em hebraico, e 2 em aramaico. É importante observar que a
escrita usada foi num hebraico consonantal, ou seja, só com consoantes,
sem sinais de vocalização. Estes, que substituem as vogais, são
conhecidos como Massoretes. Existe uma regra homilética, que associa
palavras ou frases com o valor numérico das letras hebraicas, que é a
chamada Guematria. A palavra Amor, em hebraico “ahaváh”, tem valor
numérico igual a 13 (treze), enquanto que Unidade, em hebraico “échad”,
também possui valor numérico igual a 13. Deus em hebraico é “Iahvéh”, e
seu valor numérico é 26 (vinte e seis). Observe-se que a soma dos valores
das palavras Amor, 13, mais Unidade, 13, é igual a Deus, 26, ficando
evidente que Deus é Amor e Unidade, fato numérico que só pode ser
verificado na língua hebraica.
Entre 336 e 324 AC, Alexandre, o Grande, rei da Macedônia,
conquistou parte do mundo conhecido da época, fundando a cidade de
Alexandria, no Egito, que se tornou um centro comercial e cultural,
atraindo outros povos e considerável número de judeus. Alexandre, educado
na cultura grega, determinou que o idioma grego fosse adotado em todas as
regiões por ele conquistadas. Isso ocorreu na Síria, Egito, Itália,
países da Ásia Menor, entre outros, tornando-se, com o tempo, necessária
uma tradução dos textos originais do Velho Testamento, do hebraico para o
grego.
A primeira tradução para a língua grega ficou conhecida como
Septuaginta, a chamada Bíblia dos setenta (LXX). Conta a lenda que, por
volta de 285 AC., em Alexandria, o bibliotecário Demétrio solicitou esta
tradução ao governante egípcio Ptolomeu Filadelfo, para que uma cópia da
mesma constasse da célebre biblioteca da cidade. Para esta tarefa, foram
escolhidos 6 representantes de cada uma das 12 tribos de Israel, em um
total de 72 sábios. Os 12 grupos foram colocados em locais separados,
para que realizassem a tarefa de modo independente, e após todos haverem
terminado as traduções, estas foram comparadas e consideradas idênticas.
Acredita-se que tenham sido traduzidos somente os 5 primeiros livros, ou
seja, o Pentateuco, e mais tarde os demais, com término no ano 150 a.C.,
aproximadamente.
A Septuaginta, como a primeira versão grega, foi a tradução que os
Apóstolos teriam usado na época de Jesus, e até hoje é utilizada na
correção de erros de tradução. O Novo Testamento foi inteiramente escrito
em grego, sendo os quatro principais evangelhos escritos nos períodos:
Mateus, entre 70 e 80; Marcos 65 e 70; Lucas, após o ano 70 e João, 90 e
95. Os Atos dos Apóstolos, entre 80 e 90, as Epístolas Paulinas, 50 e 67;
Epístolas Católicas 60 e 95, e finalmente, o Apocalipse, 90 e 95. Durante
muitos anos, o Evangelho foi repassado de forma oral, antes de ser
escrito em sua totalidade. No inicio do Cristianismo, existiam também
muitos outros evangelhos e textos.
Os primeiros cristãos reuniam-se em locais subterrâneos, as
catacumbas, devido às perseguições dos judeus e dos romanos. Por isso,
produziam o máximo de cópias dos textos a que tinham acesso. Dentre
estes, alguns foram julgados apócrifos, quando houve a escolha dos textos
considerados oficiais ou canônicos, formando o Novo Testamento. Entre 150
e 170, Taciano, aluno de Justino, o Mártir, já havia elaborado um resumo
da vida de Jesus, baseado nos quatro evangelhos. A crença cristã foi
ganhando adeptos em muitas regiões e se tornaram necessárias versões em
outras línguas, como o armênio, copta, georgiano e siríaco. Chegaram a
ser criados novos alfabetos, para divulgar os evangelhos entre povos que
ainda não possuíam a escrita. Um exemplo é a escrita gótica, criada pelo
bispo Ulfilas, no século IV. Essa versão, derivada do grego, omitia o
livro dos Reis, pelo receio de incentivar os godos para novas guerras,
mas mesmo assim estes saquearam Roma em 410. Em 863, os irmãos Cirilo e
Metódio criaram o idioma eslavo, com os caracteres que são usados até os
dias de hoje, para facilitar a leitura da Bíblia, traduzindo-a para o
esloveno, originando as versões escritas russa, ucraniana, sérvia e
búlgara.
Os 4 evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João, foram definidos
como inspirados por Deus, no Concílio de Nicéia, em 325. Em 363, o Novo
Testamento é oficialmente reconhecido como canônico, com exceção do
Apocalipse. No Concílio de Cartago, em 397, decide-se aceitar a
reincorporação do Apocalipse. Deu-se preferência aos escritos de
Apóstolos ou Discípulos de Apóstolos, e os que não constaram da lista dos
escolhidos, foram considerados apócrifos, o que significa, em grego,
escondidos ou reservados. Os apócrifos foram usados por mais de cem anos
antes de se tornarem “heréticos”. Depois de longos debates e brigas, em
1.546, no Concílio de Trento, os atuais 27 livros, considerados
inspirados por Deus, foram promulgados oficialmente.
O Antigo Testamento era dividido em 52 seções, o mesmo número de
semanas no ano, possibilitando a leitura de uma seção a cada semana, nas
sinagogas. A criação de capítulos é atribuída a Estêvão Langton em 1.228,
facilitando a leitura e localização das citações. Em 1.528, criou-se uma
nova subdivisão dos textos, que foram agrupados em versículos,
trabalhados primeiramente com o Antigo Testamento, pelo Frei Pagnini e em
seguida o Novo Testamento, por Roberto Estevão, em 1.550. Os 73 livros da
Bíblia Católica ficaram divididos em 1.333 capítulos e 35.700 versículos.
Somente em 382 foi feita a tradução para o latim, por São Jerônimo,
a pedido do bispo de Roma. Por aproximadamente 20 anos, ele estudou
hebraico em Jerusalém, buscando todos os manuscritos existentes do Antigo
Testamento, para escrever o texto que ficou conhecido como “Vulgata”, ou
seja, Versão Comum, considerada o texto oficial do Cristianismo
Ocidental. Jerônimo completou sua obra por volta do ano 400. A Bíblia, em
sua versão latina, foi usada por muitos séculos pela igreja, pois as
traduções eram difíceis, e além de ter um custo muito alto, eram poucos
os que sabiam ler. Em 1.079, o Papa Gregório VII proibiu bíblias
Vernáculas (Locais).
O primeiro trabalho de tradução da Bíblia em português aconteceu no
reinado de D.Diniz (1.279-1.325), baseando-se na Vulgata Latina de
Jerônimo, sendo traduzidos somente vinte capítulos do livro de Gênesis.
Existem ainda outros registros de trechos datados de 1.495. João Ferreira
de Almeida, nascido em 1.628 nas proximidades de Lisboa, traduziu o Novo
Testamento em 1.676. Esta versão foi impressa em 1.681, na Holanda.
Almeida faleceu em 1.693, deixando a tradução do Antigo Testamento
incompleta, tendo traduzido até o Livro de Ezequiel. O trabalho foi
concluído por Jacobus Akker, em 1748. Cinco anos mais tarde, em 1.753,
surgia a primeira Bíblia em português.
Na metade do século XV, na Alemanha, o ourives Johannes Gutemberg
desenvolveu a arte de tipos metálicos móveis, criando a primeira prensa,
e sendo seu grande trabalho a impressão da tradução da Bíblia para o
latim. Posteriormente, as primeiras seis línguas que tiveram suas
traduções impressas da Bíblia foram: alemão, italiano, francês, tcheco,
holandês e catalão. Em meados do século 16, já existiam também edições em
espanhol, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês, polonês e
finlandês. Em 1.790, foi publicada a versão do padre católico Antônio
Pereira de Figueiredo, elaborando a tradução para o português diretamente
da Vulgata, em sete volumes, consumindo 18 anos de trabalho.
Mary Jones, nascida no País de Gales, no século XVIII, com apenas 9
anos de idade, sonhava ter uma Bíblia em casa e no seu idioma, o galês.
Porém, dois fatores distanciavam seu sonho da realidade: sua família era
muito pobre e os livros, além de muito raros, eram caros, principalmente
a Bíblia. Disposta a qualquer sacrifício, a menina trabalhou arduamente e
economizou durante 6 anos, percorrendo 40 quilômetros a pé para atingir a
sua meta: comprar um exemplar da Bíblia. Sensibilizado com o sacrifício
da menina, um grupo de cristãos ingleses decidiu fazer algo para tornar a
Bíblia acessível a todos os povos. Em 1.804, foi fundada a primeira
Sociedade Bíblica em Londres, a Sociedade Bíblica Britânica &
Estrangeira. Hoje, mais de 200 anos depois, existem 137 Sociedades
Bíblicas espalhadas pelo mundo.
Atualmente, existem diversos tipos de Bíblia: para mulheres, jovens,
crianças, pastores, de estudo, bilíngüe, em braile, especiais e
comentadas. Uma matéria publicada na “Folha de S. Paulo”, em 05/09/2004,
mostra o Brasil liderando a produção de Bíblias no mundo, com uma tiragem
média anual de 7 milhões de volumes. Em 2002, o país bateu um recorde,
superando os Estados Unidos, devido ao aumento de fiéis nas igrejas
evangélicas e ao crescimento da Renovação Carismática da igreja católica,
somados às exportações para países de língua portuguesa.
Assim, a Bíblia, o Best Seller de todos os tempos, já foi traduzida
para mais de 2.300 línguas e dialetos, e somente no século XX, foram
vendidos mais de 1,5 bilhão de exemplares no mundo inteiro.
“Uma vez que a alma não pode ser encontrada sem o corpo e todavia não é
corpo, pode estar neste ou naquele
corpo e passar de corpo em corpo.”
(Giordano Bruno, 1548 –
1600)
"Não posso pensar em inimizade permanente entre homem e homem,
e, acreditando, como acredito na teoria do renascimento, vivo na
esperança de que, se não nesta existência, mas em alguma outra, poderei
abrir os braços a toda a Humanidade, num amplexo amigo”.
(Gandhi,1869 – 1948)
"Antes de nascer, a criança já viveu e a morte não é o fim. A vida é um
evento que passa como o dia solar que renasce".
(Papiro egípcio de 5000 anos)
“Ó tu, moço ou jovem que te julgas abandonado pelos deuses, saiba que, se
te tornares pior, irás ter com as piores almas, ou, se melhor,
juntar-te-ás melhores almas, e em toda sucessão de vida e
morte farás e sofrerás o que um igual pode merecidamente
sofrer nas mãos de iguais. É esta a justiça dos céus.”
(Platão, 427 – 347 a.C.)
“Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem
principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a
altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá
separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos
8:38-39)
No capítulo 2, começamos a demonstrar que a REENCARNAÇÃO é a
justificativa mais plausível para as desigualdades de nascimento.
Minhas grandes dúvidas e questionamentos sempre foram as desigualdades de
nascimento. Por que uns nascem sadios e inteligentes, enquanto outros
doentes, aleijados ou retardados, uns ricos, outros miseráveis; alguns
vivem pouco tempo, um ano ou alguns meses ou nem isso, apenas alguns
dias, e outros vão até os cem ou passam deles? Devemos analisar a questão
do espírito, que pertence a Deus e é algo divino. Como seria então a
escolha de que uns sofram uma vida toda em um corpo deficiente, enquanto
outros venham num corpo perfeito? São tantas as injustiças, como a morte
prematura causada por guerras, doenças, fome, acidentes e infortúnios
outros, que não é preciso mencionar.
Alguém explicará que é hereditário, ou um caso genético, mas
perguntamos: quem não conhece uma família com vários filhos, sendo uns
três ou quatro nascidos em corpos sadios, com inteligência e certos dons
que se manifestam ainda na infância, mas havendo um filho do mesmo casal
com sérios problemas mentais ou físicos? Essa justificativa, então, se
torna sem efeito, e se a Bíblia nos diz que Deus é justo, misericordioso,
e ama a todos igualmente, começam a surgir contradições.
Nasci em uma família católica, muito religiosa, descendente de
europeus. Desde a infância nos foi ensinado que não deveríamos faltar à
missa dominical, sendo esta falta um pecado grave. Aprendi com meus pais
e avós que devíamos prestar muita atenção no sermão do padre, porque ele
nos transmitia a palavra de Deus. Mais tarde, na catequese, aprendemos
que o padre era o elo que nos ligava com o Criador e somente através da
igreja seríamos livrados do fogo eterno do inferno. Após haver cumprido
todos os seus dogmas, teríamos nossa alma salva no dia do Juízo Final. As
escolas que freqüentávamos possuíam em seu currículo o curso de religião;
o mundo em que crescemos girava em torno da Igreja Católica, sem termos
acesso a outras doutrinas.
Em determinado período de minha vida, quando estava com 12 a 13 anos
de idade, meu saudoso pai passou por um período de busca espiritual, e na
época não compreendi o significado daquele momento. Eu o acompanhei em
sua peregrinação por diversas religiões e seitas, que foram mais de dez,
as quais ele freqüentava por um determinado período. Tomava conhecimento
de suas diretrizes e caminho, mas não se sentia satisfeito naquela
orientação: ele possuía um vazio que necessitava ser preenchido e aquela
busca continuou por vários anos. Um dia, sofremos um grave acidente a
caminho de uma destas igrejas, quando o veículo que nos levava para o
centro da cidade colidiu com um caminhão. Ficamos um longo período em
convalescença, sendo que a recuperação de meu pai foi mais difícil,
porém, quando recobrou a saúde, julgou o acidente como um sinal de Deus,
cessou sua busca e retornou à igreja que pertencia, vivendo ainda muitos
anos, seguindo seus preceitos.
Meu pai gostava muito de ler a Bíblia, e aos domingos, sentávamos em
semicírculo, para ouvir suas leituras, e assim aprendi a me dedicar às
Sagradas Escrituras. Somente algum tempo depois de sua morte, compreendi
sua jornada espiritual.
Eu ansiava por uma resposta convincente, que justificasse as
desigualdades. Foi através dos livros que passei a ter acesso a uma
literatura que me mostrou um outro mundo, com uma diversidade de
religiões e filosofias, muitas delas ensinando a Lei da reencarnação, e
as desigualdades da vida começaram a fazer mais sentido para mim, segundo
o princípio de que a reencarnação é o cumprimento da lei da causa e
efeito, ficando assim mais fácil entender este Deus Justo e
Misericordioso.
“Se vós que sois maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto
mais o Pai Celestial” (Lucas 11:13)
Passei a estudar as entrelinhas da Bíblia, descerrando o véu que
encobre um verdadeiro tesouro: os ensinamentos dos primeiros cristãos,
nos séculos seguintes a Jesus, como na passagem acima, comparando o amor
do Pai Celestial por nós.
“Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem
principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades. Nem a
altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá
separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos
8: 38-39)
Nada neste mundo vai nos separar do amor de Deus, portanto, aqui
apresento a seguinte questão: como situar o fogo eterno do inferno neste
contexto?
Desejo mostrar que Deus, em seu infinito amor, nos apresenta
muitas oportunidades de voltar a um corpo físico, para repararmos
possíveis faltas cometidas em vidas anteriores.
“Assim como nos cruzamos por milhares de sonhos na vida presente, também
a existência atual é apenas uma entre milhares de vidas
para as quais entramos provenientes de uma outra vida mais real...
E para a qual retornamos após a morte.”
(Tolstoi, escritor russo, 1.828 – 1.910)
“E o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o
deu.” (Eclesiastes 12:7)
“O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.”
(I Coríntios 15:47)
Aqui são analisadas dezesseis passagens Bíblicas, mediante as quais
fica evidenciado que somos duais, sendo o espírito, imortal e a matéria,
finita.
“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas
o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.”
(Gênesis 2-7)
“O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.”
(I Coríntios 15:47)
Torna-se evidente que nossa formação é composta de dois
corpos, o primeiro formado pelo pó da terra, em que são usados elementos
primários da natureza e ainda sem vida, senão depois que Deus insuflar em
suas narinas o “sopro da vida” - um corpo psíquico, divino, etéreo e
imortal.
“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras
que eu vos tenho dito são espírito e são vida.” (João 6:63)
“E o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o
deu.”
(Eclesiastes 12:7)
A afirmação mostra que o espírito é que vivifica o corpo, jamais
subordinado ao corpo, independe deste para existir, pois já existe e vem
ao plano físico para animar um corpo, especialmente preparado para ele.
Estas passagens confirmam a existência dos dois corpos, confirmando
a separação entre ambos. Na hora em que passarmos pela transição, pela
morte física, desencarnamos, ou seja, passamos para um outro plano, não
importa a terminologia utilizada para denominá-lo. O corpo físico irá se
decompor e voltará ao pó da terra, e o espírito retornará a Deus que o
deu.
“Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é a carne dos homens, outra a
carne dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes. Também há
corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e
outra a dos terrestres.” (I Coríntios 15:39-40)
Aqui nos é explicado que não só as carnes são diferentes, como as
dos homens, animais, aves e peixes. O texto vai além, mostrando a
diferença existente entre os corpos, dando ênfase aos celestes, devido à
sua glória, a imortalidade:
“Mas digo isto, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de
Deus; nem a corrupção herda a incorrupção.” (I Coríntios 15:50)
“Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não vêem;
porque as que se vêem são temporais, enquanto as que se não vêem são
eternas.” (II Coríntios 4:18)
O Apóstolo Paulo apresenta uma definição perfeita dos diferentes
corpos, e nos orienta para que não percamos tempo com o corpo terreno, e
sim atentemos ao que não se vê, pois este é eterno, este é o corpo
espiritual, a essência, o Eu imortal, terminologia que passaremos a
empregar no decorrer do nosso estudo.
“Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito. E, havendo dito isso, expirou.” (Lucas 23:46)
Jesus, nos seus últimos instantes neste plano físico, nos deixa uma
mensagem sobre a importância que tem o corpo espiritual: ao entregar seu
espírito imortal ao Pai Celestial, nada menciona sobre o corpo físico,
pois Ele tinha plena consciência que este voltaria ao pó e não poderia
jamais herdar o reino de Deus.
“E todos choravam e pranteavam; ele, porém, disse: Não choreis; ela não
está morta, mas dorme. E riam-se dele, sabendo que ela estava morta.
Então ele, tomando-lhe a mão, exclamou: Menina, levanta-te. E o seu
espírito voltou, e ela se levantou imediatamente; e Jesus mandou que lhe
desse de comer.” (Lucas 8:52-55)
No milagre da filha de Jairo, então com 12 anos de idade, para os
presentes no local, a menina estava morta. Mas o texto diz que Jesus
ordenou a ela que se levantasse, o seu espírito voltou e deu vida
imediatamente à menina. Ela, no mesmo instante, levantou-se, provando
assim que o corpo físico, sem o espírito, não tem vida, pois este é o Eu
imortal, que anima nosso corpo.
“Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé
sem obras é morta.” (Tiago 2:26)
Tiago reforça a passagem anterior, indo além, afirmando que o corpo
sem o espírito está morto e a fé, sem as suas obras, também está morta,
nula. Mostramos com isso que o Eu imortal é eterno e sempre existiu, pois
fomos criados à semelhança de Deus.
“Jesus lhes disse: "Em verdade, em verdade, vos digo: antes que Abraão
existisse, eu sou.”
(João 8:58)
“E agora, glorifica-me, Pai, junto de ti, com a glória que eu tinha junto
de ti antes que o mundo existisse.” (João 17:5).
Jesus afirma que, antes de Abrão, “eu sou”, isto é, já existia, e
roga a glória que possuía quando estava junto com Ele, antes do mundo
existir. No entanto, a Bíblia narra que Jesus foi gerado por Maria, a
história de seu nascimento e sua infância, e como poderia Ele ter
existido milhares de anos antes?
“Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai.”
(João 16: 28)
O próprio Jesus nos confirma ter vivido outras vidas, observem que
ele veio ao mundo e o está deixando outra vez, sendo outra vez, é porque
já tinha ido mais vezes à casa de seu Pai. É importante notarmos que o
fato está sendo narrado por João, quando Jesus está se despedindo dos
seus Apóstolos, portanto não havia morrido nesta existência.
“Então disse o Senhor: O meu Espírito não permanecerá para sempre no
homem, porquanto ele é carne, mas os seus dias serão cento e vinte anos.”
(Gênesis 6:3)
Enquanto estivermos na carne, estamos com os dias contados, pois o
Espírito imortal não ficará para sempre no homem.
“Mas que os mortos hão de ressurgir, o próprio Moisés o mostrou, na
passagem a respeito da sarça, quando chama ao Senhor; Deus de Abraão, e
Deus de Isaque, e Deus de Jacó. Ora, ele não é Deus de mortos, mas de
vivos; porque para ele todos vivem.” (Lucas 20:37-38)
Conforme Abraão, Isaque e Jacó já morreram há muito tempo, porém
Deus não os considera mortos, pois para Ele todos estão vivos. Isto
significa que, encontrando-nos no plano físico ou no plano espiritual,
jamais deixaremos de existir. O que precisamos perceber é que o Eu
imortal precisa do corpo físico, para poder se manifestar no plano
terreno.
“Mas disto hão de dar contas àquele que está prestes a julgar os vivos e
os mortos. Eis por que o evangelho foi pregado também aos mortos, a fim
de que sejam julgados como os homens na carne, mas vivam no espírito,
segundo Deus.”
(I Pedro 4:6)
Quando Pedro estava pregando, naquela região, muitos acreditavam
que o final dos tempos estava próximo e que vivos e mortos estariam
prestes a serem julgados. E para encontrar lógica no que Pedro estava
ensinando, perguntamos por que o Evangelho era pregado também aos mortos?
Porque o nosso Eu imortal vai acumulando as experiências vida após
vida, evoluindo espiritualmente.
“É na experiência da vida que o Homem Evolui”
(Harvey Spencer Lewis, 1.883 – 1.939)
“Porque é necessário que todos nós sejamos manifestos diante do tribunal
de Cristo, para que cada um receba o que fez por meio do corpo, segundo o
que praticou, o bem ou o mal.” (II Coríntios 5:10)
Neste capítulo, valemo-nos de trinta e três passagens Bíblicas para
explicar a Lei da Causa e Efeito, ou seja, o Carma, e demonstrar como
está explícita, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, nos
ensinamentos de Jesus.
Reconhecendo que somos duais - matéria e espírito - e que o corpo físico
é apenas o veiculo usado para o nosso eu imortal manifestar-se neste
plano, necessitamos de uma justificativa para esses sucessivos retornos.
Sabendo que somos filhos de Deus, conseqüentemente carregamos uma
centelha divina em nós, que almeja evoluir para atingir a perfeição. É
quase impossível isto ocorrer em apenas uma vinda, por isso a
Misericórdia Divina nos faculta muitos regressos a este plano, até que
tenhamos atingido o estado de perfeição e não mais precisemos retornar.
Todos nós, consciente ou inconscientemente, fazemos parte desta
roda evolutiva, alguns mais evoluídos, outros ainda principiantes, todos
precisando uns dos outros para alcançar nosso objetivo final, que é a
perfeição.
Porém, para que possamos atingí-la, existem algumas regras, sendo a
principal delas a Lei da Causa e Efeito, ou Lei do Carma. A Bíblia esta
repleta de exemplos, como veremos mais adiante, que só farão sentido se
existir a reencarnação.
“Porque é necessário que todos nós sejamos manifestos diante do tribunal
de Cristo, para que cada um receba o que fez por meio do corpo, segundo o
que praticou, o bem ou o mal.”
(II Coríntios 5:10)
Seremos julgados no tribunal de Cristo, a cada volta nossa ao plano
espiritual. Em outras palavras, toda vez que deixamos o corpo físico,
aquela centelha divina, que é parte de Deus, toma consciência de erros
praticados na última existência e se prepara então para retornar e
reparar estes erros. Conforme esclarece a passagem acima, isto ocorre
novamente através de um corpo físico.
“Vê que hoje te pus diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal.”
(Deuteronômio 30:15)
Tomamos consciência, no plano espiritual, de que é necessário
voltar para reparar aquilo que resultou de escolhas insensatas. Deus nos
concedeu a vida, que é temporária neste plano, e a morte, que é apenas um
nascimento para o plano espiritual. Também nos facultou o livre arbítrio,
dispondo em nosso caminho o bem e o mal, deixando para nós e somente nós
a decisão de escolher e realizar o que seja certo ou errado.
“Quem derramar sangue de homem, pelo homem terá o seu sangue derramado;
porque Deus fez o homem à sua imagem.” (Gênesis 9:6)
“Quem ferir a um homem, de modo que este morra, certamente será morto.”
(Êxodo 21:12)
E o que seria, então, o certo e o errado? Esses versículos indicam,
com grande afirmação e muita clareza, que seremos cobrados pelo sangue
que derramarmos ou pela vida que tirarmos do próximo. Não restando tempo
suficiente na mesma vida, pagaremos na próxima e assim será cumprida a
palavra da Bíblia.
É preciso lembrar que a linguagem bíblica, utilizada pelos profetas,
por Jesus e pelos apóstolos, é simbólica, referindo-se a termos e figuras
adequados ao entendimento das pessoas, segundo a realidade social e
cultural em que viviam.
“Se alguns homens brigarem, e um ferir uma mulher grávida, e for causa de
que aborte, não resultando, porém, outro dano, este certamente será
multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e pagará segundo
o arbítrio dos juizes; Mas se resultar dano, então darás vida por vida,
olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por
queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.” (Êxodo 21:22-25)
“Quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente; como ele
tiver desfigurado algum homem, assim lhe será feito.”
(Levíticos 24:20)
“Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com
ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e
sejas lançado na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás
dali enquanto não pagares o último ceitil.”
(Mateus 5:25-26)
O livro de Êxodo, no Antigo Testamento, afirma que a Lei é
implacável, porém, Mateus mostra-nos o caminho a ser seguido, para nos
reconciliarmos com as pessoas a quem prejudicamos, enquanto estivermos
juntos neste plano. Caso contrário, seremos entregues ao guarda, que para
cumprir a lei de Deus, determinará que voltemos ao corpo físico,
comparando este à uma prisão, onde pagaremos nosso débito até o último
centavo. No Antigo Testamento, encontramos outras referências sobre o
retorno cármico:
“Porquanto o dia do Senhor está perto, sobre todas as nações, como tu
fizeste, assim se fará contigo; o teu feito tornará sobre a tua cabeça.”
(Obadias 1:15)
“Ele retribui ao homem segundo suas obras, e dá a cada um conforme o seu
proceder.”
(Jô 34:11)
“Retribui-lhes segundo as suas obras e segundo a malícia dos seus feitos;
dá-lhes conforme o que fizeram as suas mãos; retribui-lhes o que eles
merecem.” (Salmos 28:4)
“A ti também, Senhor, pertence a benignidade; pois retribuis a cada um
segundo a sua obra.” (Salmos 62:12)
“Do fruto das suas palavras o homem se farta de bem; e das obras das suas
mãos se lhe retribui.”
(Provérvios 12:14)
“Se disseres: Eis que não o sabemos; porventura aquele que pesa os
corações não o percebe? e aquele que guarda a tua vida não o sabe? e não
retribuirá a cada um conforme a sua obra?” (Provérbios 24:12)
“Ai do ímpio! mal lhe irá; pois se lhe fará o que as suas mãos fizeram.”
(Isaías 3:11)
“Tu lhes darás a recompensa, Senhor, conforme a obra das suas mãos.”
(Lamentações 3:64)
Como se observa, no Antigo Testamento está claro que o retorno
cármico fazia parte da Lei dos Profetas.
Analisando agora o Novo Testamento, qual a idéia que ele nos
apresenta e qual o conceito de Jesus, com referência a este tema?
“Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas
dar-lhes pleno cumprimento, porque em verdade vos digo que, até que o céu
e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até
que tudo seja cumprido.” (Mateus 5:17-18)
“Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho
também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas.” (Mateus 7:12)
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que
julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a
vós.” (Mateus 7:1-2)
No Sermão da Montanha, Jesus recomenda que as Leis dos Profetas
sejam cumpridas, pois Ele não veio para mudá-las, afirmando que tudo será
cumprido até o último til. Para tanto, começa prestando vários
ensinamentos, sendo o primeiro que não façamos aos outros aquilo que não
queremos para nós, como reconheceremos nas passagens a seguir.
“Então Jesus lhe disse: Mete a tua espada no seu lugar; porque todos os
que lançarem mão da espada, à espada morrerão.” (Mateus 26:52)
“Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para
ti no dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a
cada um segundo as suas obras;” (Romanos 2:5-6)
“Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada,
necessário é que à espada seja morto. Aqui está a perseverança e a fé dos
santos.” (Apocalipse 13:10)
“Porque cada qual levará o seu próprio fardo.” (Gálatas 6:5)
“Vedes então que é pelas obras que o homem é justificado, e não somente
pela fé.” (Tiago 2:24)
”E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo
a obra de cada um, andai em temor durante o tempo da vossa peregrinação.”
(I Pedro 1:17)
“Alexandre, o latoeiro, me fez muito mal; o Senhor lhe retribuirá segundo
as suas obras.”
(II Timóteo 4:14)
“Ora, uma só coisa é o que planta e o que rega; e cada um receberá o seu
galardão segundo o seu trabalho.” (I Coríntios 3:8)
“Eis que cedo venho e está comigo a minha recompensa, para retribuir a
cada um segundo a sua obra.” (Apocalipse 22:12)
“Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos
perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus;
porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre
justos e injustos.” (Mateus 5:44-45)
Tudo aquilo que fizermos aos outros, estaremos fazendo a nós
mesmos, e assim, cedo ou tarde, provaremos o nosso próprio veneno. O
Mestre Jesus nos deu muitas instruções para não transformarmos nossas
próximas vindas a este mundo físico em um autêntico inferno:
“Ai do mundo, por causa dos tropeços! pois é inevitável que venham; mas
ai do homem por quem o tropeço vier! Se, pois, a tua mão ou o teu pé te
fizer tropeçar, corta-o, lança-o de ti; melhor te é entrar na vida
aleijado, ou coxo, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no
fogo eterno. E, se teu olho te fizer tropeçar, arranca-o, e lança-o de
ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que tendo dois olhos,
ser lançado no inferno de fogo.”(Mateus 18:7-9)
Observemos que a expressão “lançado no inferno de fogo”, do
Evangelista Mateus, é a maneira simbólica com que ele nos mostra como
seria nossa vinda ao corpo físico, com um fardo cármico para quitar.
Aconselha-nos a entrar para a vida totalmente deficientes, mas evitando
os tropeços a qualquer custo, desviando-nos assim do inferno de fogo, que
é aqui mesmo.
Esta é uma passagem de grande intensidade, em que a necessidade de
reencarnação, como quitação de atos destrutivos ao próximo, está muito
evidente. Analisando a expressão “mas ai do homem por quem o tropeço
vier”, interpretamos que o apóstolo se refere ao homem que criou para si
um carma negativo fazendo outros tropeçarem e está se preparando para
retornar ao plano físico para fazer esta quitação em um corpo aleijado.
Segundo nossa interpretação, uma vez que se possui o livre arbítrio e
para acelerar o processo de quitação cármica, é preferível que se traga
uma deficiência física ao nascer, do que evitá-la, nascendo sadio e não
conseguindo assim fazer esta quitação. Para tanto, e em cumprimento à Lei
de Causa e Efeito, será necessário retornar quantas vezes for preciso.
“Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos;
volte-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque
é generoso em perdoar.” (Isaías 55:7)
“Compassivo e misericordioso é o Senhor; tardio em irar-se e grande em
benignidade. Não repreenderá perpetuamente, nem para sempre conservará a
sua ira.” (Salmos 103:8-9)
O Profeta Isaías nos orienta para deixarmos os maus pensamentos e os
caminhos errantes da vida e nos dirigirmos ao Senhor. Em Sua bondade,
teremos a promessa que não nos punirá perpetuamente, mas nos dará novas
oportunidades através da reencarnação. Quando resgatarmos nossos atos
destrutivos, estaremos então com nossos carmas negativos quitados e Sua
ira se transformará em bondade.
“Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar,
não deixará as noventa e nove nos montes para ir buscar a que se
extraviou? E, se acontecer achá-la, em verdade vos digo que maior prazer
tem por esta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. Assim
também não é da vontade de vosso Pai que está nos céus, que venha a
perecer um só destes pequeninos.” (Mateus 18:12-14)
É evidente nesta passagem que o nosso Criador Supremo não deseja
perder nenhum de seus amados filhos; como um pastor, momentaneamente
deixaria de cuidar de noventa e nove ovelhas para salvar uma, apenas uma,
que se extraviou. Esta salvação ocorre através da reencarnação, para que
cada um reencontre o caminho, reparando os atos que fizeram com que
saísse do seu rumo.
“E embora vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem, - não
vão todos para um mesmo lugar?” (Eclesiastes 6:6)
Tenhamos em mente que a nossa jornada final é voltar à Deus. A
busca incessante que nosso eu imortal persegue e procura está na paz
espiritual, a qual só será encontrada mediante a evolução, que é uma
missão dura e penosa. Sem o processo evolutivo, justificando as várias
oportunidades que temos de voltar, não seria possível concluir nossa
caminhada, onde o ponto final será o mesmo para todos, em Deus.
“Sinto que logo deixarei esta vida terrena. Mas como estou convencido de
que nada existe na natureza que possa ser aniquilado, tenho como certeza
que o mais nobre de mim mesmo não cessará de viver.
Embora eu me arrisque a não ser rei em minha próxima vida...
ora, tanto melhor!... viverei mesmo assim uma vida ativa e,
o que é melhor, sofrerei menos por ingratidão.”
(Frederico “O Grande”, 1712 – 1786)
“Não comecei quando nasci nem quando fui concebido. Eu tenho crescido e
evoluído através de incalculáveis miríades de milênios.”
(Jack London, escritor americano, 1.876 – 1.916)
“Todos os seres humanos experimentaram vidas anteriores... Quem sabe
quantas formas físicas o herdeiro do céu ocupa, antes que ele possa
compreender o valor daquele silêncio e solidão, cujas planícies
estreladas são apenas a antecâmara dos mundos espirituais?”
(Honoré Balzac, escritor francês, 1.799 – 1.850)
“Quando o organismo físico falece a alma sobrevive.
Depois toma conta de outro corpo.”
(Paul Gauguin, pintor francês, 1.848 – 1.903)
“Tu, porém, irás em paz para teus pais; em boa velhice serás sepultado.
Na quarta geração, porém, voltarão para cá; porque a medida da iniqüidade
dos Amorreus não está ainda cheia.”
(Gênesis 15:15-16)
Neste capítulo, são apresentadas sete passagens Bíblicas, frisando
que, em uma delas, um simples erro de tradução ou uma alteração - a nosso
ver, intencional - trocando a palavra “na” pela preposição “até”,
desvirtuou totalmente a doutrina da reencarnação.
“Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de ser
descoberto, nem oculto que não haja de ser conhecido.”
(Mateus
10:26)
A própria Bíblia já nos alerta, Mateus nos diz que tudo será
descoberto, nada ficara para sempre oculto. A simples substituição de uma
preposição, “na” por “até”, muda completamente o significado e a essência
da passagem:
“Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu
Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a
terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” (Êxodo 20:5)
As traduções bíblicas que chegaram a nossas mãos possibilitam, na
passagem acima, a interpretação de que os filhos e netos pagarão por
erros cometidos por seus pais e avós, afirmando que Deus visitará a
iniqüidade dos pais nos filhos “até” a terceira e quarta geração. Porém,
como podemos conferir na tradução correta da primeira versão latina:
“in tertiam et in quartam generationem eorum qui oderunt me” (versão da
Bíblia para o Latim, no século IV, dirigida por São Jerônimo)
“na terceira e na quarta geração daqueles que me odeiam.” (Tradução
correta)
A preposição “até”, encontrada em nossas Bíblias, não faz sentido,
pois vemos no texto original em Latim “in”, que significa “na”. Não seria
justo, segundo as leis divinas já mencionadas nos capítulos anteriores,
os filhos pagarem pelos erros dos pais.
“E faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam.” (Êxodo 20:6)
Encontramos a afirmação, já no capitulo seguinte, que Deus fará
misericórdia até mil gerações daqueles que o amam, interpretando gerações
como retornos do Eu imortal a um corpo físico. Veremos nas próximas
passagens, que a Lei determina que cada um pague pelas suas iniqüidades,
e não seus descendentes diretos, filhos, e netos.
“Não se farão morrer os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais; cada
qual morrerá pelo seu próprio pecado.” (Deuteronômio 24:16)
“Naqueles dias não dirão mais: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes
dos filhos se embotaram. Pelo contrário, cada um morrerá pela sua própria
iniqüidade; de todo homem que comer uvas verdes, é que os dentes se
embotarão.” (Jeremias 31:29-30)
Ficou claro nas passagens citadas que os filhos e netos não pagarão
por erros cometidos pelos pais e avós. Não serão os descendentes carnais
que irão reparar os erros de uma determinada Alma, ou Eu imortal.
A passagem de Êxodo 20:5 fará muito mais sentido se a interpretarmos
como a reencarnação do mesmo Eu Espiritual na terceira ou na quarta
geração, que estaria voltando num novo corpo, especialmente preparada
para ele, como bisneto ou trineto, tendo uma nova chance de quitação do
carma.
“Pergunta às gerações passadas e medita a experiência dos antepassados.
Somos de ontem, não sabemos nada. Nossos dias são uma sombra sobre a
terra.” (Jô 8:8-9)
O Capítulo 8 do livro de Jó demonstra o curso necessário da justiça
divina. Para que ele pudesse melhor compreender o porquê de suas atuais
provações, foi-lhe ordenado que perguntasse às gerações passadas, como
teria sido o comportamento dos seus antepassados e que era necessário
meditar se seu carma se justificava por atos cometidos por seu Eu
imortal, no passado, quando estivera vivendo no corpo físico de um deles.
Pois se somos de ontem, o texto confirma que já vivemos no passado,
já existimos anteriormente e somos como uma sombra que passa, vem e vai.
Se de nada recordamos em nossa memória objetiva presente, isso resulta da
misericórdia do Criador, para não nos lembrarmos dos erros cometidos no
passado, senão através da evolução, do crescimento espiritual e da
meditação.
“Tu, porém, irás em paz para teus pais; em boa velhice serás sepultado.
Na quarta geração, porém, voltarão para cá; porque a medida da iniqüidade
dos Amorreus não está ainda cheia.” (Gênesis 15:15-16)
Note-se a afirmação de que ele irá para junto de seus pais quando
em boa velhice morrer, mas que “voltarão para cá”, na quarta geração. A
interpretação do texto não deixa duvidas, pois aqui fica difícil negar a
reencarnação. A mensagem é rica em ensinamentos, afirmando que existe um
débito coletivo, e que voltaremos para resgatar determinados carmas em
novas encarnações, tantas quantas forem necessárias para sua compensação.
Podemos interpretar que as personalidades almas, tanto dos
descendentes de Abraão, como dos amorreus, teriam que voltar na quarta
geração, em novos corpos, e todos viveriam novamente juntos, para que se
completassem ou ficassem cheias as medidas das suas iniqüidades.
Se o texto é claro quando nos mostra que se voltará na quarta
geração, como fica o dogma da espera pelo juízo final? Veremos na
seqüência!
“A doutrina da reencarnação é clemente para com os que não acreditam
nela; ela não fala de inferno nem de paraíso; não faz nenhuma ameaça,
aquele que a rejeita só crê numa única e passageira vida. O que me e faz
sorrir com a mesma alegria, com que meus contemporâneos riam das
religiões de tempos já passados, pois isso não passa de materialismo,
crença exclusiva neste mundo que recusa o “além”, um “mundo de retorno.”
Entretanto, é preciso viver de tal modo que se possa desejar viver outra
vez, como se fosse nosso dever, pois, de toda sorte, viveremos de novo.
Marquemos nossa vida com o selo da eternidade, este pensamento é mais
rico que todos os dogmas religiosos que nos ensinaram a viver esta vida
como sendo efêmera e nos ordenaram a voltar os olhos para o céu, a fim de
percebermos
uma outra existência, vaga e indefinida.”
(Frederich Nietzsche, 1844 – 1900)
“Breves foram meus dias entre vós, e mais breves ainda as palavras que
pronunciei, mas se minha voz cessa em vossos ouvidos, e se meu amor se
apaga em vossa lembrança, eis que retornarei, e com um coração mais rico
e lábios mais submissos, ao espírito falarei. Sim, voltarei com a maré, e
mesmo que a morte me oculte, que o maior dos silêncios me envolva,
procurarei de novo vossa compreensão... Sabei, pois, que do maior
silêncio retornarei... Não esqueçais que voltarei para vós... Um breve
instante, e meu desejo recolherá o pó e a espuma para um outro corpo. Um
breve instante, um momento de repouso
no vento, e uma outra mulher me trará ao mundo.”
(Khalil Gibran, 1883 - 1931)
“Os gênios são almas mais velhas. Alguns pensam que se trata de uma
benção ou de um talento, mas na verdade é o fruto de uma longa
experiência em muitas vidas passadas.”
(Henry Ford, 1863 - 1947)
“Eu era um jovem de boas qualidades, coubera-me, por sorte, uma boa alma;
Ou antes, sendo bom, entrara num corpo sem mancha”
(Sabedoria 8:1920)
No capítulo 06, focalizando-se dezoito passagens Bíblicas, percebese, nas entrelinhas, que os profetas e sábios da época já confirmavam, em
seus ensinamentos, a doutrina da Reencarnação.
Vamos apresentar neste capítulo mais algumas passagens do Antigo
Testamento que, a nosso ver, sugerem a reencarnação e não a ressurreição.
Jó era muito rico, pois possuía sete mil ovelhas, três mil camelos,
quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas e ainda contava com
muitos homens ao seu serviço. Seus dez filhos se davam muito bem entre
si. Era também um homem íntegro e reto, temente a Deus e que sempre se
desviava do mal.
No entanto, em pouco tempo, viu seu mundo desmoronar, perdeu seus
bens, criações, empregados e até seus filhos, ficando completamente sem
nada, porém ainda lhe restou a fé em Deus. Sabendo que os bens eram
passageiros, coisas deste mundo, acreditava em Deus e tinha a certeza de
que, através de uma nova mãe, voltaria a terra. Por isso, deu graças ao
Senhor:
“E disse: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor
deu e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor.” (Jó 1:21)
“Eis que eu nasci em iniqüidade, e em pecado me concedeu minha mãe.”
(Salmos 51: 5)
Existe somente uma justificativa para se nascer em iniqüidade: ter
cometido esta iniqüidade em uma existência anterior. E como uma mãe pode
gerar um filho já em pecado? Certamente pode, se acreditarmos na préexistência da alma. Em outras palavras: este filho cometeu erros numa
vida passada, motivo pelo qual sua mãe o concebeu em pecado.
“Eu era um jovem de boas qualidades, coubera-me, por sorte, uma boa alma;
Ou antes, sendo bom, entrara num corpo sem mancha.” (Sabedoria 8:19-20)
Ao contrário dos anteriores, o autor deste texto afirma que, sendo
bom e possuindo boas qualidades, e tendo morrido ainda jovem, como
compensação, recebera um novo corpo em sua nova encarnação: um corpo sem
mancha, podemos interpretar como significando um corpo perfeito.
“Morrendo um homem, porventura tornará a viver? Todos os dias em que
agora combato espero até que chegue a minha mudança.”
(Jó 14:14)
Vamos nos concentrar na pergunta feita: “- acaso tornaremos a viver, após
nossa morte?” Notemos que não há negação alguma, quanto à possibilidade
de voltar a viver. Pelo contrário, ele esperava pela mudança todos os
dias de sua vida, até que esta chegasse.
“Tu, que me fizeste ver muitas e penosas tribulações, de novo me
restituirás a vida, e de novo me tirarás dos abismos da terra.”
(Salmo 71:20)
Aqui interpretamos que o Salmista, para se referir à reencarnação,
usou a expressão “me restituirás a vida”, e, o que é mais importante,
mencionou que “de novo me tirarás dos abismos da terra”. O termo “de
novo” significa que ele já havia sido tirado das profundezas da terra
anteriormente, e assim tinha a esperança de que de novo voltaria à vida.
Há ainda a referência aos abismos da terra, onde somos enterrados.
“Ainda que os espalhassem entre os povos, eles se lembrarão de mim em
terras remotas; e, com seus filhos, viverão e voltarão.” (Zacarias 10:9)
Aqui encontramos a promessa de Deus aos descendentes da tribo de
Judá, que, após espalhados e cativos em terras distantes, multiplicar-seiam e, mesmo estando longe, continuariam se lembrando Dele, viveriam e
voltariam com seus filhos. Sabemos que o período de exílio foi longo, e
que numa só existência seria impossível estar ali presente, ouvir a
promessa, ir para terras remotas, viver com os filhos e voltar do
cativeiro na mesma geração. Mas a promessa se tornaria possível, se
reencarnado em novo corpo, entre seus descendentes.
“Antes que eu te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da
madre te santifiquei; às nações te dei por profeta.” (Jeremias 1:5)
A nosso ver, este texto apresenta um caso de reencarnação. Ao
afirmar que já o conhecia: “Antes que eu te formasse no ventre”, quer
dizer, antes mesmo da concepção, Deus já o tinha como justo o suficiente
para lhe dar a missão de ser um grande profeta entre as nações. É
evidente que o Eu Espiritual de Jeremias já existia e era bastante
evoluído para receber essa importante missão.
“Assim fala o Senhor Iahweh a estes ossos: Eis que vou fazer com que
sejais penetrados pelo espírito e vivereis.” (Ezequiel 37:5)
“Então ele me disse: Filho do homem, estes ossos representam toda a casa
de Israel, que está a dizer: Os nossos ossos estão secos, a nossa
esperança está desfeita. Para nós está tudo acabado. Pois bem, profetiza
e dize-lhe: Assim diz o Senhor Iahweh: Eis que vou abrir os vossos
túmulos e vos farei subir dos vossos túmulos, ó meu povo, e vos
reconduzirei para a terra de Israel. Então sabereis que eu sou Iahweh,
quando eu abrir os vossos túmulos e vos fizer subir de dentro deles, ó
meu povo. Porei o meu espírito dentro de vós e haveis de reviver: eu vos
reporei em vossa terra e sabereis que eu, Iahweh, falei e hei de fazer,
oráculo de Iahweh.” (Ezequiel 37:11-14)
Notemos que Yahweh (Deus) está usando Ezequiel como intermediário,
ou médium, para se comunicar com o povo de Israel, fazendo-lhe uma
promessa. O texto nos mostra a doutrina da reencarnação, se entendermos
que os ossos representam esse povo, que, após a morte, foi enterrado em
seus túmulos.“Os nossos ossos estão secos, a nossa esperança está
desfeita.”
Podemos interpretar claramente que já estavam mortos, e, assim,
para eles tudo havia se acabado. Porém, Yahweh, que os chamava de meu
povo, através do Profeta Ezequiel, lhes falou: “Eis que vou abrir os
vossos túmulos e vos farei subir dos vossos túmulos,” farei entrar neles
o meu espírito, “e haveis de reviver” Ele está afirmando que os
reviveria, portanto voltariam reencarnados, numa outra oportunidade: “eu
vos reporei em vossa terra”, ou seja, voltariam para a terra em que
tinham vivido antes de haver sido enterrados.
A ressurreição do último dia, ou Juízo Final, não é mencionada, o
que demonstra que esta possibilidade não existe no texto, pois não se
fala em céu, purgatório, muito menos em inferno. Voltarão sim, à terra de
Israel, à vossa terra. Voltar e reviver, depois de os ossos já estarem
secos, é reencarnação e não ressurreição!
“Pelo que consultou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu, nem
por sonhos, nem por Urim, nem por profetas.” (I Samuel 28:6)
O rei, nessa oportunidade, era Saul, em substituição a Samuel, que
já havia morrido. Os filisteus estavam nas proximidades e com um exército
muito maior que o seu. Então, Saul pediu uma resposta do Senhor sobre a
situação, mas este nada respondeu.
“Então disse Saul aos seus servos: Buscai-me uma necromante, para que eu
vá a ela e a consulte. Disseram-lhe os seus servos: Eis que em En-Dor há
uma mulher que é necromante.”
(I Samuel 28:8)
O próprio Rei Saul havia determinado que fossem mortos todas as
necromantes (mulheres que se comunicavam com os mortos) e adivinhos da
terra. Mas os seus servos sabiam de uma que sobrevivera em Em-Dor, e
ele, então a procurou, disfarçado. Ela lhe alertou sobre a perseguição do
Rei, mas acabou cedendo aos seus apelos e perguntou com quem desejava se
comunicar.
“A mulher então lhe perguntou: Quem te farei subir? Respondeu ele: Fazeme subir Samuel.”
(I Samuel 28:11)
Mas, em seguida a mulher gritou em alta voz: - “Por que me
enganaste? Pois tu mesmo és Saul!”
Então o rei a acalmou e prometeu que nada lhe aconteceria. E assim a
necromante trouxe o já morto Samuel para ser interrogado por Saul.
“Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? Então
disse Saul: Estou muito angustiado, porque os filisteus guerreiam contra
mim, e Deus se tem desviado de mim, e já não me responde, nem por
intermédio dos profetas nem por sonhos; por isso te chamei, para que me
faças saber o que hei de fazer.” (I Samuel 28:15)
Mas Samuel nada podia fazer, e reclamou por ter sido molestado de
seu descanso, mas atendendo o apelo de Saul, lhe disse:
“E o Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus.
Amanhã tu e teus filhos estareis comigo, e o Senhor entregará o arraial
de Israel na mão dos filisteus.” (I Samuel 28:19)
A Bíblia proíbe a comunicação com os mortos, e não nos cabe aqui
questionar essa contradição, mas como explicar que Saul tenha ido
consultar Samuel, se este já estava morto? Ao menos, ficamos sabendo que,
após nossa morte, continuamos existindo, isto é um fato que não há como
negar.
“Não voltarás para nos vivificar, e para teu povo se alegrar contigo?”
(Salmo 85:7)
“Andarei perante o Senhor, na terra dos viventes.” (Salmo 116:9)
Temos aqui duas passagens dos Salmos: a indagação sobre se irão ser
vivificados novamente, e a promessa de que se andará perante o Senhor na
terra dos viventes. Isto significa que estão aguardando suas
oportunidades de reencarnar novamente.
“Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e
exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e
sobre a terra das sombras fá-lo-ás cair.” (Isaías 26:19)
Entendemos que, quando o texto nos mostra que os habitantes do pó,
ou “os teus mortos viverão”, significa que somos imortais e retornaremos
ao plano físico, como o orvalho que cai sobre a terra.
“Mais vale o bom nome do que o bom perfume; o dia da morte do que o dia
do nascimento.” (Eclesiastes 7:1)
Se a Bíblia nos diz que é melhor o dia da morte do que o dia do
nascimento, está se referindo ao corpo físico que deixaremos para trás,
pois somente o Eu Imortal sobreviverá, e não haverá mais dor nem
sofrimento e sim muita paz e um merecido período de descanso, para logo
voltarmos novamente em busca do crescimento espiritual!
“Digo-vos, porém, que Elias já veio, e não o reconheceram; mas fizeramlhe tudo o que quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer às
mãos deles. Então entenderam os discípulos que lhes falava a respeito de
João, o Batista.” (Mateus 17:11-13)
Estabelecendo-se um paralelo entre o Antigo e o Novo Testamento,
são analisados vinte e cinco trechos bíblicos, dentre eles os que Jesus
afirma que Elias reencarnou em João Batista, confirmando que o Eu Imortal
de ambos é o mesmo.
Buscaremos demonstrar, neste capítulo, que o Espírito ou Eu Imortal
que animou o corpo físico do Profeta Elias reencarnou no corpo físico de
João Batista. Indicaremos também aspectos comuns entre atitudes e fatos
que os dois personagens vivenciaram, semelhantes demais para ser apenas
coincidências. Mostraremos ainda a lei do carma aplicada como justiça
divina e a afirmação do próprio Mestre Jesus, dizendo ser João Batista o
Profeta Elias que haveria de vir, assim como entenderam os discípulos.
“Eis que eu envio o meu mensageiro, e ele há de preparar o caminho diante
de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, e o
anjo do pacto, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor dos
exércitos.”
(Malaquias 3:1)
O Livro de Malaquias é o último do Antigo Testamento, escrito entre
430 e 420 AC. E, na passagem acima, encontramos a promessa de que alguém
viria para preparar o caminho diante do Senhor: “Eis que eu envio o meu
mensageiro.”
“Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio eu ante a tua face o
meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho. Em
verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior
do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é
maior do que ele. E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino
dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto. Pois todos
os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é
este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos, ouça.”
(Mateus 11:10-15)
O Evangelho de Mateus é o que abre o Novo Testamento, e nesta
ocasião o próprio Mestre Jesus confirma que João Batista é o mensageiro
prometido: “Este é aquele de que está escrito: Eis que envio eu ante a
tua face o meu mensageiro.” Também é destacada a grandeza de sua evolução
espiritual - era o maior dos nascidos de mulher - dentre os que estavam
no plano físico naquela ocasião. Porém, no reino dos céus, ele ainda não
tinha esta grandeza, e era o menor dentre eles; como veremos mais
adiante, João Batista ainda possuía um débito para quitar. Pode-se
concluir ainda que os que estão no reino dos céus não voltam a nascer de
mulher.
Mas a confirmação do Mestre de que ele era Elias não deixa dúvida:
“é este o Elias que havia de vir.” E parece que o Mestre sabia que muitos
não iriam acreditar na afirmação de que João Batista era Elias, pois
alertou: “E, se quereis dar crédito”, ou seja, se quiserem acreditar,
acreditem, pois “Quem tem ouvidos, ouça.”
“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e
terrível dia do Senhor.” (Malaquias 4:5)
Lembramos que o primeiro texto apenas dizia que viria um
mensageiro, sem citar nome, porém, o capítulo 4:5 confirma que se trata
do profeta Elias. Quanto ao grande e terrível dia do Senhor, todos nós
sabemos que se refere a crucificação de Jesus.
“Mas o anjo lhe disse: Não temais, Zacarias; porque a tua oração foi
ouvida, e Isabel, tua mulher,” te dará à luz um filho, e lhe porás o nome
de João e terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu
nascimento; porque ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho,
nem bebida forte; e será cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua
mãe; converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus; irá
adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos
pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar
para o Senhor um povo apercebido.” (Lucas 1:13-17)
Lucas confirma o grau de evolução do espírito de João Batista, e a
importância de sua vinda naquela ocasião. Relata que foi anunciado por um
anjo, trazendo a boa nova a Zacarias, de que mesmo sendo sua esposa
Isabel, estéril e de idade avançada como ele, teriam um filho que traria
muitas alegrias e fazendo recomendação quando ao nome, João, “porque será
grande diante do Senhor” e “irá adiante dele no espírito e poder de
Elias.” Evidencia-se aqui que o retorno de Elias é espiritual,
reencarnando em um novo corpo físico, concebido nesta ocasião por Izabel,
esposa de Zacarias.
“Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for
dada do céu. Vós mesmos me sois testemunhas de que eu disse: Não sou o
Cristo, mas sou enviado adiante dele.” (João 3:27-28)
João Batista reiterou que os que o conheciam sabiam que ele não era
o Cristo, mas o enviado antes dele, como haviam anunciado as profecias,
confirmando assim ser Elias voltando para cumprir aquela missão.
"João dizia, pois, às multidões que saíam para ser batizadas por ele:
Raça de víboras, quem vos ensina a fugir da ira vindoura?” (Lucas 3:7)
"Sucedeu que, ao meio-dia, Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas
vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha
alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; talvez esteja
dormindo, e necessite de que o acordem.” (I Reis 18:27)
Nestas duas passagens vemos que tanto João como Elias eram
intrépidos, destemidos, corajosos, desafiadores.
“Ora, João usava uma veste de pêlos de camelo, e um cinto de couro em
torno de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.” (Marcos 1:6)
“Ora, João usava uma veste de pêlos de camelo, e um cinto de couro em
torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.”
(Mateus 3:4)
Se a semelhança entre os trajes de João e Elias é algo que nos
chama a atenção, as vestes do primeiro, nos Evangelhos de Marcos e de
Mateus, são descritas em passagens idênticas: as vestes eram de pêlos de
camelo e usava um cinto de couro em torno de seus lombos. O fato é
narrado em dois evangelhos, o que nos leva a crer que os trajes de João
eram diferentes dos costumes da região, digamos, um estilo próprio.
“Pelo que ele lhes indagou: Qual era a aparência do homem que subiu ao
vosso encontro e vos falou estas palavras? Responderam-lhe eles: Era um
homem vestido de pêlos, e com os lombos cingidos dum cinto de couro.
Então disse ele: É Elias, o tisbita.”
(II Reis 1:7-8)
No passado, o espírito de João Batista, quando estava encarnado no
corpo de Elias, também era descrito como vestindo pêlos e tendo um cinto
de couro nos lombos. Interessante observar que, quando os mensageiros
relataram seus trajes para o rei Acabe, este imediatamente o reconheceu
como sendo Elias, o tisbita, pois provavelmente ninguém mais se vestia
assim.
“Ao que disse Acabe a Elias: Já me achaste, ó inimigo meu? Respondeu ele:
Achei-te; porque te vendeste para fazeres o que é mau aos olhos do
Senhor.” (I Reis 21:20)
“Ora, Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito, e como
matara à espada todos os profetas. Então Jezabel mandou um mensageiro a
Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se até
amanhã a estas horas eu não fizer a tua vida como a de um deles. Quando
ele viu isto, levantou-se e, para escapar com vida, se foi. E chegando a
Berseba, que pertence a Judá, deixou ali o seu moço.”
(I Reis 19:1-3)
Elias ameaçou e repreendeu o rei Acabe, porque este, incitado por
sua mulher Jezabel, havia feito grandes abominações e desrespeitado as
leis de Deus, e então passou a perseguir Elias. Mais tarde, a própria
Jezabel mandou ameaçar Elias, que, sentindo o perigo e para salvar sua
vida, fugiu para Berseba.
“Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito ter a mulher de teu irmão.
Por isso Herodias lhe guardava rancor e queria matá-lo, mas não podia.”
(Marcos 6:18-19)
“Pois Herodes havia prendido a João, e, maniatando-o, o guardara no
cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Felipe; porque João
lhe dizia: Não te é lícito possuí-la. E queria matá-lo, mas temia o povo;
porque o tinham como profeta.” (Mateus 14:3-5)
E com João Batista não foi diferente. Também desafiou o rei
Herodes, repreendendo-o por tomar a mulher de seu próprio irmão, e, de
modo similar a Elias, foi perseguido e odiado por um rei e uma mulher.
“Elias lhes disse: Prendei os profetas de Baal; que nenhum deles escape!
E eles os prenderam. Elias fê-los descer para perto da torrente do Quison
e lá os degolou.” (I Reis 18:40)
Após vencer um desafio contra os profetas de Baal, Elias os mandou
prender e ele mesmo os degolou, criando para si uma dívida cármica.
Conforme vimos no capítulo 4, aqui se faz e aqui se paga.
“E tornando logo com pressa à presença do rei, pediu, dizendo: Quero que
imediatamente me dês num prato a cabeça de João, o Batista. Ora,
entristeceu-se muito o rei; todavia, por causa dos seus juramentos e por
causa dos que estavam à mesa, não lha quis negar. O rei, pois, enviou
logo um soldado da sua guarda com ordem de trazer a cabeça de João. Então
ele foi e o degolou no cárcere, e trouxe a cabeça num prato e a deu à
jovem, e a jovem a deu à sua mãe.” (Marcos 6:25-28)
Por ocasião do aniversário do rei Herodes, apresentou-se dançando a
filha de sua amante, que muito o agradou e este lhe disse: - “Pede-me o
que quiseres e será teu”. Incitada pela mãe, que queria se vingar de João
Batista, a jovem pediu a cabeça deste. Como vimos no texto acima, o
profeta foi então degolado no cárcere e imediatamente sua cabeça foi
levada em um prato para a jovem, que a entregou à sua mãe. João possuía
uma grande missão, vindo adiante de Jesus, preparando o caminho do
Mestre, mas tinha uma dívida cármica e, assim como fêz aos profetas de
Baal, quando ainda era Elias, assim foi lhe feito como João Batista.
“E este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de
Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?
Ele, pois, confessou e não negou; sim, confessou: Eu não sou o Cristo. Ao
que lhe perguntaram: Pois que? És tu Elias? Respondeu ele: Não sou. És tu
o profeta? E respondeu: Não.” (João 1:19-21)
Por que João Batista diz que não é Elias? Porque nosso Eu Imortal,
nosso espírito eterno é um só, porém, em cada encarnação no plano físico,
criamos uma nova personalidade. Naquele momento, de fato João Batista não
era Elias, ele fôra Elias no passado. Nossa personalidade muda de
encarnação para encarnação. Quando o Eu Imortal reencarna, abandona por
completo a personalidade anterior. Notemos ainda que os sacerdotes e
levitas conheciam a lei a fundo; quando perguntaram a João se ele era
Elias, estavam falando de reencarnação, como alguém que morreu há séculos
estaria ali diante deles.
“Enquanto ele estava orando à parte achavam-se com ele somente seus
discípulos; e perguntou-lhes: Quem dizem as multidões que eu sou?
Responderam eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda
outros, que um dos antigos profetas se levantou.” (Lucas 9:18-19)
“Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus
discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?
Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros,
Jeremias, ou algum dos profetas.” (Mateus 16:13-14)
Os discípulos também acreditavam em reencarnação, pois quando o
Mestre lhes perguntou o que diziam a seu respeito, deram a mesma
resposta, tanto em Lucas como em Mateus: Falaram-lhe que podia ser João
que já havia morrido, ou Elias, Jeremias ou algum dos profetas. Eles
acreditavam numa forma de retorno, porem não sabiam como isso acontecia.
“Então lhe perguntaram: Por que dizem os escribas que é necessário que
Elias venha primeiro? Respondeu-lhes Jesus: Na verdade Elias havia de vir
primeiro, a restaurar todas as coisas; e como é que está escrito acerca
do Filho do homem que ele deva padecer muito a ser aviltado? Digo-vos,
porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como dele
está escrito.” (Marcos 9:11-13)
Como estava anunciado pelos escribas, que era necessário que Elias
viesse primeiro, os discípulos não o reconheceram como João Batista, mas
o Mestre confirmou que Elias já havia vindo, e lhe fizeram tudo quanto
quiseram, como estava escrito.
“Perguntaram-lhe os discípulos: Por que dizem então os escribas que é
necessário que Elias venha primeiro? Respondeu ele: Na verdade Elias
havia de vir e restaurar todas as coisas; digo-vos, porém, que Elias já
veio, e não o reconheceram; mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim
também o Filho do homem há de padecer às mãos deles. Então entenderam os
discípulos que lhes falava a respeito de João, o Batista.” (Mateus 17:1013)
Aqui Mateus repete o texto de Marcos, mas vai além não deixando
duvidas. “Digo-vos, porém, que Elias já veio” e que, como ele, João
Batista, sofreu, o Filho do Homem haveria de padecer nas mãos deles.
“Então entenderam os discípulos que lhes falava a respeito de João, o
Batista.”
“E, indo eles caminhando e conversando, eis que um carro de fogo, com
cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num
redemoinho.” (II-Reis 2:12)
Muitas pessoas argumentam que Elias não poderia reencarnar como
João Batista, porque foi arrebatado aos céus. Observemos as seguintes
passagens:
“Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem.”
(João 3:13)
“Mas digo isto, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de
Deus.” (I Cor. 15:50)
Se o Apóstolo João nos diz que ninguém subiu ao céu, senão o que
desceu do céu, ou seja, Jesus, o Filho do homem, e nos é ensinado que
carne e sangue não podem herdar o reino de Deus, Elias não foi arrebatado
aos céus, definitivamente. O texto bíblico fala em redemoinho - talvez
tenha ocorrido uma forte tempestade com raios e relâmpagos.
“Então lhe veio uma carta da parte de Elias, o profeta, que dizia: Assim
diz o Senhor, Deus de Davi teu pai: Porquanto não andaste nos caminhos de
Jeosafá, teu pai, e nos caminhos de Asa, rei de Judá.” (II Crônicas
21:12)
“Posteriormente, a Bíblia informa que Jeorão recebeu uma carta de Elias,
assim, quando Jeorão, rei de Judá, começou a reinar, já havia ocorrido o
que está escrito em II-Reis, 2:12, e se Elias ainda podia enviar uma
carta ao rei Jeorão é porque, após a sua “ascensão”, continuava aqui na
terra profetizando para o reino de Judá.” (FINOTTI. 1972 p.26 e 27)
"Sou reencarnacionista por três razões: a doutrina reencarnacionista é
justa, racional, verossimilmente científica e provavelmente verdadeira."
(Gustave Geley, 1.865 – 1.924)
“Como está escrito: Amei a Jacó, e aborreci a Esaú. Que diremos, pois? Há
injustiça da parte de Deus? De modo nenhum.”
(Romanos 9:13-14)
À primeira vista, passa despercebido, nos versículos acima, que a
declaração de Deus foi anterior ao nascimento dos gêmeos Jacó e Esaú.
“E os filhos lutavam no ventre dela; então ela disse: Por que estou eu
assim? E foi consultar ao Senhor. Respondeu-lhe o Senhor: Duas nações há
no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas estranhas, e um povo
será mais forte do que o outro povo, e o mais velho servirá ao mais
moço.” (Gênesis 25:22-23)
Isaac, filho de Abraão, era casado com Rebeca e esta, sendo
estéril, não podia ter filhos. Porém, o Senhor atendeu as orações de
Isaac, e permitiu que Rebeca concebesse, ficando grávida de gêmeos. Estes
lutavam em seu ventre, e, sofrendo muito com as dores, ela foi consultar
ao Senhor, que lhe respondeu: “-Duas nações há no teu ventre, um será
mais forte que o outro e o mais velho servirá ao mais moço”.
Esaú, vermelho e cabeludo, nasceu primeiro; e Jacó, em seguida,
agarrado ao calcanhar de Esaú. Era costume, naquela época, que o
primogênito ocupasse o lugar do pai, desde que este o abençoasse. Jacó,
fazendo-se passar pelo irmão mais velho Esaú com uma pele de cabra sobre
os braços, enganou a Isaac, este já velho e quase cego, e assim recebeu a
bênção paterna. Então, Jacó teve doze filhos, que deram origem às doze
tribos de Israel.
A justificativa que encontramos para o fato de que os irmãos já
brigavam antes do nascimento, ainda no ventre da mãe, é que eles já
existiam antes da concepção, trazendo diferenças a serem resolvidas em
relação a vidas passadas. A própria servidão do mais velho em favor do
mais novo indica que Jacó adquiriu este merecimento em vidas anteriores.
Do contrário, não compreendemos o porquê de Deus criar dois espíritos, ou
duas almas, para serem inimigos desde o ventre da mãe. As diferenças
estavam neles mesmos e não em Deus.
“Como está escrito: Amei a Jacó, e aborreci a Esaú. Que diremos, pois? Há
injustiça da parte de Deus? De modo nenhum.”
(Romanos 9:13-14)
Aqui fica muito mais clara nossa observação, pois como se
explicaria a declaração feita por Deus quanto a amar mais a Jacó e estar
aborrecido com Esaú? Certamente conhecia seus atos de vidas anteriores.
Que diremos, pois? Deus é injusto? O próprio Paulo, na carta aos
Romanos, nos garante que de modo nenhum há injustiça por parte de Deus, e
sim uma bênção divina, nos dando nova chance num novo corpo físico, para
podermos reparar nossas faltas.
“Ao cabo de dias trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel
também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora,
atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta, mas para Caim e para a
sua oferta não atentou. Pelo que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o
semblante.” (Gênesis 4:3-6)
Há, neste caso, uma preferência de Deus por Abel e por suas
oferendas, e perguntamos: por que não gostou das ofertas de Caim?
Provavelmente, Deus que já conhecia bem o Eu Imortal de Caim e o grau de
evolução de cada um dos irmãos. Somente a preexistência de ambos em uma
vida anterior é que justificaria a preferência. Porquanto ambos houvessem
nascido espiritualmente pela primeira vez, não poderia haver diferença
entre os dois irmãos.
“Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que
comete pecado é escravo do pecado.” (João 8:34)
O Mestre nos ensinou, através de João, que todo aquele que comete
pecado é escravo do pecado. Assim compreendemos o que ocorreu com os
gêmeos de Rebeca e com os irmãos Caim e Abel: tornaram-se escravos de
seus erros no passado.
“Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com
ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz
te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que
de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil.”
(Mateus 5:25-26)
Perdoa teu inimigo enquanto estás a caminho com ele, por desavenças
criadas (em vidas passadas), caso contrário, o adversário te entregará ao
juiz (Eu Imortal) e este te entregará ao oficial de justiça (Lei Divina)
que te enviará à prisão (corpo físico). E não sairemos desta roda da vida
até que paguemos o último ceitil.
“Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” (Romanos
14:12)
Na ocasião de cada transição, cada morte física, nosso Eu Imortal
prestará contas de si mesmo a Deus, e de imediato saberá o que deve fazer
na próxima vinda, para compensar as diferenças com nossos irmãos de
caminhada evolutiva.
É necessário destacar que, da mesma forma, há compensação para
escolhas acertadas e atos construtivos, que resultarão em carma positivo,
pois a lei divina é justa. Isto explica as diferentes bênçãos que são
atribuídas aos mesmos integrantes de uma família, e a diversidade de
dons, inteligência, saúde e outras que se fazem notar na sociedade
humana.
Mesmo sendo inúmeras as dificuldades e provações pelas quais
deve passar uma alma encarnada no corpo físico, é importante entendê-las
como formas de resgate de atos passados, em uma nova oportunidade. Assim,
não devemos nos queixar, mas enfrentar essas coisas com coragem,
paciência e perseverança. A fé na bondade e na misericórdia divina é
fundamental, para que possamos atravessar a jornada terrena com a certeza
de estar vencendo os próprios empecilhos à evolução que nos conduzirá ao
Pai Celestial.
“E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. Perguntaram-lhe os seus
discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?”
(João 9:1-2)
Cabe aqui a pergunta dos discípulos: se a cegueira do homem que
Jesus viu era de nascença, ele pecou quando e onde, para nascer desta
maneira?
Mediante a análise detalhada de doze passagens Bíblicas, provamos
que os filhos não pagam pelos erros dos pais.
O cego de nascença
O Mestre Jesus pregava a seus discípulos, caminhando com eles e
sempre lhes ensinando algo de novo. Em uma determinada oportunidade,
conforme consta no Evangelho de João...
“E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. Perguntaram-lhe os seus
discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?”
(João 9:1-2)
Prestemos atenção à pergunta dos discípulos: “– quem pecou, este ou
seus pais, para que nascesse cego?” Sem interferência de dogmas, somente
com a razão e usando a lógica, se ele pecou para nascer cego, pecou
quando? Só pode ter sido em uma existência anterior, ou seja, em uma
outra vida.
Mas a pergunta é extensiva também aos seus pais; naquela época, não
se empregavam as palavras avós, bisavós, tataravós, etc., quando se
falava seus pais, estava-se referindo aos antepassados, às gerações
passadas.
“Pergunta às gerações passadas, e medita a experiência dos antepassados.
Porque somos de ontem, e nada sabemos.” (Jó 8:8-9)
Na interpretação da passagem acima, já citada na página 55, o autor
está sugerindo que sondemos o passado de nossos avós, bisavós, etc., pois
o nosso espírito, o eu imortal, pode muito bem ter encarnado
anteriormente, como um destes nossos antepassados, e hoje estamos
quitando algum débito (carma) daquela encarnação, ou de outra anterior. A
frase seguinte confirma: Porque somos de ontem e nada sabemos, ou não
lembramos.
Retornando à pergunta dos discípulos ao Mestre, esta se relacionava
com alguma espécie de erro cometido no passado e que, nesta oportunidade,
ele estaria pagando. Eles estavam se referindo a uma geração passada,
porque o filho não paga pelo erro do pai, conforme a citação a seguir.
“Sim, a pessoa que peca é a que morre! O filho não sofre o castigo da
iniqüidade do pai, como o pai não sofre o castigo da iniqüidade do filho:
a justiça do justo será imputada a ele, exatamente como a impiedade do
ímpio será imputada a ele.” (Ezequiel 18:20)
Observe-se também a naturalidade com que a pergunta foi feita, como
se a doutrina da reencarnação fosse algo comum entre eles e fizesse parte
da cultura da época. Mas, supondo que a reencarnação não exista e que os
discípulos estivessem errados, perguntamos: não seria esta uma ótima
oportunidade para o Mestre chamar a atenção deles, corrigindo-os e
mostrando um outro ensinamento, como sempre fazia? Porém, o Mestre não
nega a reencarnação em parte alguma.
“Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se
manifestem as obras de Deus.” (João 9:3)
Aquele era um caso especial - um ser de grande evolução espiritual,
pois não pecara em outra vida, segundo o próprio Jesus, muito menos seus
pais, mas prontificara-se a vir naquela encarnação com um defeito físico,
para que, ao encontrar Jesus, este fizesse um dos principais milagres,
que todos testemunhassem e acreditassem. E manifestou-se naquele homem
uma verdadeira obra de Deus.
“Importa que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem
à noite, quando ninguém pode trabalhar.” (João 9:4)
“Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como
mil anos, e mil anos como um dia.” (II Pedro 3:8)
Não acreditamos que ele estivesse falando de um dia de 24 horas,
pois para ele um dia era como mil anos. Simbolicamente, um dia
representava aquela vida, até sua morte na cruz, quando então viria a
noite, quando ninguém pode trabalhar.
Ele sabia que seu tempo entre nós era curto e por isso precisava
ensinar e ajudar o quanto pudesse, inclusive fazendo milagres.
“Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Dito isto, cuspiu no chão e
com a saliva fez lodo, e untou com lodo os olhos do cego, e disse-lhe:
Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa Enviado). E ele foi,
lavou-se, e voltou vendo. Então os vizinhos e aqueles que antes o tinham
visto, quando mendigo, perguntavam: Não é este o mesmo que se sentava a
mendigar? Uns diziam: É ele. E outros: Não é, mas se parece com ele. Ele
dizia: Sou eu. Perguntaram-lhe, pois: Como se te abriram os olhos?
Respondeu ele: O homem que se chama Jesus fez lodo, untou-me os olhos, e
disse-me: Vai a Siloé e lava-te. Fui, pois, lavei-me, e fiquei vendo. E
perguntaram-lhe: Onde está ele? Respondeu: Não sei. Levaram aos fariseus
o que fora cego. Ora, era sábado o dia em que Jesus fez o lodo e lhe
abriu os olhos.” (João 9:5-14)
“Tornaram, pois, a perguntar ao cego: Que dizes tu a respeito dele,
visto que te abriu os olhos? E ele respondeu: É profeta. Os judeus,
porém, não acreditaram que ele tivesse sido cego e recebido a vista,
enquanto não chamaram os pais do que fora curado.” (João 9:17-18).
E seus pais confirmaram sua cegueira de nascença. Ele, o ex-cego,
afirmou que Jesus era Profeta, passou a crer em suas palavras e adorá-lo,
e muitos creram também, pois o cego servira de exemplo vivo a todos e sua
missão havia sido concretizada.
Não peques mais
“Depois disso havia uma festa dos judeus; e Jesus subiu a Jerusalém. Ora,
em Jerusalém, próximo à porta das ovelhas, há um tanque, chamado em
hebraico Betesda, o qual tem cinco alpendres. Nestes jazia grande
multidão de enfermos, cegos, mancos e ressecados esperando o movimento da
água. Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a
água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água,
sarava de qualquer enfermidade que tivesse. Achava-se ali um homem que,
havia trinta e oito anos, estava enfermo. Jesus, vendo-o deitado e
sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ficar
são? Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que, ao ser
agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou, desce outro
antes de mim. Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda.
Imediatamente o homem ficou são; e, tomando o seu leito, começou a andar.
Ora, aquele dia era sábado. Pelo que disseram os judeus ao que fora
curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito. Ele, porém,
lhes respondeu: Aquele que me curou, esse mesmo me disse: Toma o teu
leito e anda. Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o
teu leito e anda?Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus
se retirara, por haver muita gente naquele lugar. Depois Jesus o
encontrou no templo, e disse-lhe: Olha, já estás curado; não peques mais,
para que não te suceda coisa pior. Retirou-se, então, o homem, e contou
aos judeus que era Jesus quem o curara.” (João 5:1-15)
Vamos analisar atentamente o versículo 14: “não peques mais, para
que não te suceda coisa pior”. O homem estava a 38 anos naquela situação,
não há a informação sobre com quantos anos tornou-se paralítico, mas,
sabendo-se que a média de vida era baixa naquela época, ou nascera
paralítico ou ficara assim com pouca idade. Jesus chega a ser ameaçador:
“para que não te suceda coisa pior”. Esta recomendação denota que o
Mestre está se referindo a algum tipo de transgressão da lei de Deus,
alguma falta cometida anteriormente por aquele homem.
Não podemos interpretar de outra maneira, pois está claro que a lei
da causa e efeito está sendo cumprida aqui: não faça ao próximo o que
você não quer para si próprio. Concluindo, temos de pagar até o último
centavo, nesta vida ou na próxima, mas que vamos pagar, com certeza
iremos.
É necessário compensarmos nossos pecados, nossas faltas, como
veremos no milagre com outro paralítico, em Cafarnaum, conforme narrado
em Mateus.
“E entrando Jesus num barco, passou para o outro lado, e chegou à sua
própria cidade. E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito.
Jesus, pois, vendo-lhe a fé, disse ao paralítico: Tem ânimo, filho;
perdoados são os teus pecados. E alguns dos escribas disseram consigo:
Este homem blasfema. Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse:
Por que pensais o mal em vossos corações? Pois qual é mais fácil? Dizer:
Perdoados são os teus pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?”
(Mateus 9:1-5)
Jesus perdoa os seus pecados e ordena que ele ande. Existe aqui uma
condição: a fé. Primeiro ele perdoa seus pecados, mediante sua fé, e
depois o milagre é realizado.
Há ainda o caso da mulher adúltera, a quem Jesus faz a mesma
recomendação, como veremos nas passagens de João, no
capítulo 8:
“Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse-lhes: Aquele
dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra, e
tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto foram
saindo um a um, a começar pelos mais velhos, até os últimos; ficou só
Jesus, e a mulher ali em pé. Então, erguendo-se Jesus e não vendo a
ninguém senão a mulher, perguntou-lhe:“-Mulher, onde estão aqueles teus
acusadores? Ninguém te condenou?”Respondeu ela:“-Ninguém, Senhor.” E
disse-lhe Jesus: “Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais.” (João
8:7-11)
A Reencarnação é a oportunidade que Deus nos dá pra reparar nossos
carmas, e a partir do momento em que você passa a agir e viver pecando
menos, amando mais ao próximo, você esta crescendo na senda espiritual.
“Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê em mim fará as obras que faço
e fará até maiores do que elas, porque vou para o Pai.” (João 14:12)
Jesus nos diz que faremos obras até maiores do que as que suas, e
falava de milagres. Mas para isso, precisamos crer que ele é o exemplo. E
que já estava pronto para partir, sua caminhada pela terra chegara ao
final. Afirma isto quando diz: “porque vou para o Pai”, já sabendo que
logo partiria para a Cruz.
“Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”
(João 3:3)
Jesus não só emitiu esta declaração, como a ratificou em outras
passagens, sendo necessária muita habilidade para negar que a
reencarnação está confirmada no versículo acima. Na apresentação deste
capítulo empregamos o estudo de onze trechos bíblicos, que reiteram a
necessidade de vários nascimentos no processo evolutivo.
Nicodemos
Convidamos os leitores a acompanhar conosco o encontro de Nicodemos
com o Mestre Jesus, que, segundo nosso entendimento, nos traz uma
certeza: a reencarnação é uma realidade e faz parte da natureza humana.
Ele demonstrou, de modo explícito, os meios pelos quais se desenvolve o
retorno a este plano, através de água e de Espírito. Encontraremos nos
primeiros dez versículos do Evangelho de João:
“Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos
principais dos judeus.” (João 3-1)
Nicodemos era fariseu; qual era a crença dos fariseus naquela época?
Busquemos a resposta em Atos dos Apóstolos:
“Sabendo Paulo que uma parte era de saduceus e outra de fariseus, clamou
no sinédrio:” Varões irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus; é por
causa da esperança da ressurreição dos mortos que estou sendo julgado.
Ora, dizendo ele isto, surgiu dissensão entre os fariseus e saduceus; e a
multidão se dividiu. Porque os saduceus dizem que não há ressurreição,
nem anjo, nem espírito; mas os fariseus reconhecem uma e outra coisa. Daí
procedeu grande clamor; e levantando-se alguns da parte dos fariseus,
altercavam, dizendo: Não achamos nenhum mal neste homem; e, quem sabe se
lhe falou algum espírito ou anjo?” (Atos 23:6-9)
Sendo Nicodemos fariseu, acreditava em anjos e espíritos e na
ressurreição dos mortos. Portanto, aceitava a imortalidade. Mas tinha
dúvidas e precisava de respostas, como nós.
“Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és
Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes,
se Deus não estiver com ele.” (João 3:2)
Sendo um dos principais entre os judeus, Nicodemos foi procurar
Jesus à noite, secretamente, e pela pergunta que fez: - Sabemos que és
Mestre – havia outros interessados nos sinais que Jesus fazia, e que este
poder vinha do mesmo Deus em que acreditavam. Caso contrário, não teriam
corrido o risco de ser vistos por seus adversários.
“Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” (João 3:3)
A resposta foi clara, direta e objetiva. Racionalmente, fica
difícil não acreditar numa vida futura, e dizemos mais: é preciso fazer
força para que uma outra interpretação seja aceita. Lembremos que a
palavra reencarnação não existia naquele tempo, pois ela surgiu na França
pela primeira vez, somente em meados do séc.XIX. Podemos interpretar que
numa só vida não alcançaremos o reino de Deus. Nem mesmo Nicodemos, que
era um Mestre em Israel.
“Existe um malabarismo por parte dos que querem obscurecer o verdadeiro e
claro sentido desta passagem. Vejamos o termo vocábulo “anóten” que em
grego tanto pode significar “de novo” como “do alto”. Nesta passagem,
esse vocábulo significa realmente “de novo”, porém a maioria dos exegetas
emprega o termo “do alto” para justificar a sua descrença na
Reencarnação.([...])observe, no entanto, que a pergunta feito por
Nicodemos, em seguida, denota que ele entendeu que Jesus falava realmente
em nascer “de novo” e não “do Alto”: - Como pode “o homem, depois de
velho, entrar pela segunda vez (deuteron) no ventre materno?” (SILVA
Severino Celestino, 2000 2ª edição pág.224 e 225)
“Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho?
Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?” (João
3:4)
Percebemos que Nicodemos entendeu perfeitamente a resposta do
Mestre: que era preciso voltar novamente, ou seja, nascer de novo, tanto
é que ele fica em dúvida quanto à maneira - de que forma, como? Já sendo
ele velho, como voltaria ao ventre de sua mãe? E Jesus, não retirando o
que havia dito, nem o repreendendo, falou com humildade e de maneira que
ele entendesse:
“Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer
da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” (João 3:5)
Os que são contra a reencarnação se apegam na interpretação do
termo “nascer da água”, como sendo a água do batismo. Convenhamos que, se
assim fosse, Jesus teria uma ótima oportunidade para ensinar sobre o
batismo e ainda convidaria Nicodemos para ser batizado, uma vez que, não
havendo reencarnação, seu atual corpo físico seria o único veículo do
espírito imortal.
Outra importante observação a fazer é sobre o texto original em
Grego:
“Pastorino elucida que em Grego não há artigo diante das palavras “Água”
e “Espírito”. E afirma: “não é, portanto, nascer da água do batismo, nem
do espírito, mas de água e de espírito.” Então, Jesus disse que é
necessário renascer tanto “de água” (o processo, em si, da reencarnação)
quanto “de espírito” (a finalidade da palingenesia: progresso
espiritual).” (ALEIXO Sérgio Fernandes, 2003 paginas 50 e 51)
Enquanto aguardamos o nosso nascimento, no ventre de nossa mãe,
durante nove meses em que dura a gestação, vivemos numa bolsa D’ÁGUA, o
liquido amniótico, então fica claro que nascemos pela água. Sabemos
também que uma grande parte do nosso corpo é composta de água.
Quanto ao “espírito”, ele depende destes renascimentos para
progredir e desenvolver sua evolução, seu crescimento espiritual,
reparando erros, quitando carmas de existências anteriores e já plantando
o que vai colher em sua próxima encarnação.
“O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é
espírito.” (João 3:6)
Jesus está confirmando aqui a distinção entre os dois corpos, um de
carne, aquele que vai virar pó e que não poderá herdar o reino de Deus, e
o outro, o espiritual, aquele que é eterno e é a essência divina de Deus.
Conforme nos diz (João 6:63): “O espírito é o que vivifica, a carne para
nada aproveita.”
“Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.”
(João 3:7)
Jesus repete que é preciso nascer de novo, e ainda pede a
Nicodemos que não fique surpreso com esta verdade. Note que o tratamento
esta no singular: “Não TE admires de eu te haver dito”, e quando faz a
recomendação é no plural “necessário VOS é nascer de novo.” Significa que
o renascimento é para todos nós, não somente para Nicodemos.
“O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem
para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” (João 3:8)
O Mestre Jesus sente que é preciso ir mais fundo na explicação, e
faz uma comparação simplesmente maravilhosa. O Espírito foi aqui
comparado com o vento que sopra onde quer e você não sabe de onde está
soprando e nem para onde vai. Quando nascemos é igual, não nos lembramos
das vidas anteriores e nem mesmo sabemos onde iremos reencarnar na
próxima oportunidade. Mas chegará o dia em que nosso espírito, a nossa
centelha divina, saberá aonde ir.
“Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode ser isto?” (João 3:9)
Ressaltemos que este foi um diálogo ocorrido há 2000 anos atrás, e
que estamos nos aprimorando espiritualmente, a cada encarnação. Jesus
disse a eles nessa oportunidade (João 16:12): “Ainda tenho muito que vos
dizer; mas vós não o podeis suportar agora”. Mas acreditamos que hoje já
podemos suportar, sim.
“Respondeu-lhe Jesus: Tu és mestre em Israel, e não entendes estas
coisas?” (João 3:10)
Jesus chama a atenção de Nicodemos, pois este, como Mestre de
Israel, deveria conhecer a doutrina do renascimento e da imortalidade.
E assim, o Mestre Jesus nos ensinou que teremos uma série de
reencarnações, pois é preciso nascer de novo e nascer de novo... até que
sejamos vencedores, como está escrito no livro de Apocalipse 3:12 “A quem
vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, donde jamais sairá”.
Quem tiver olhos de ver que veja.
“Fui mineral, morri e me tornei planta, como planta morri e depois fui
animal, como animal morri e depois fui homem, porque teria eu medo?
Acaso fui rebaixado pela morte? Vi dois mil homens que eu fui; mas nenhum
era tão bom quanto sou hoje. Morrerei ainda como homem, para elevar-me e
estar entre os bem-aventurados anjos.
Entretanto, mesmo esse estado de anjo terei de deixar.”
(Al Rumi, Poeta Islâmico, 1207 – 1273)
“Outro forte indício de que os homens sabem a maioria das coisas antes do
nascimento é que, quando crianças aprendem fatos com enorme rapidez, o
que demonstra que não os estão aprendendo
pela primeira vez, e sim os relembrando.”
(Cícero, 106 – 43 a.C.)
“Estou convencido que vivemos novamente e que os vivos emergem dos que
morreram e que as almas dos que morreram estão vivas.”
(Sócrates, filósofo grego, 469 – 399 a.C.)
"Amigos são todas as almas que conhecemos em vidas passadas.
Somos atraídos uns para os outros. Mesmo que os tenhamos
conhecido apenas por um dia, isso não importa, pois é possível
que antes nos tenhamos encontrado nalgum lado.”
(George Harrison, “The Beatles”, 1.943 – 2.001)
"Não por obras da justiça que tivéssemos feito, mas segundo sua
misericórdia nos salvou pelo lavatório da reencarnação, e pelo
renascimento de um espírito santo." (Versão correta) (Tito 3:5)
Com o auxílio de apenas um versículo, estudando o texto da Bíblia
em grego antigo, explicamos como os caracteres em negrito ?????????????,
transpostos para o português, originaram a palavra Palingenesia, que, no
Dicionário Aurélio, significa: eterno retorno, ou seja, voltar muitas
vezes à vida.
No capítulo anterior, vimos que Jesus ensinou a Nicodemos que
devemos nascer novamente pela água e pelo espírito. Vamos verificar o que
Paulo nos ensina, em sua epístola a Tito.
Versão em Grego da época
“??? ?? ????? ??? ?? ?????????? ?? ?????????? ????? ???? ???? ??? ?????
????? ?????? ???? ??? ??????? ????????????? ??? ???????????? ?????????
?????” (Tito 3:5) Disponível no site
<http://agsimoes.myvnc.com/index.asp?opcao=teologia> Acesso em 23 de abr.
2006
Versão em Grego Transliterado
“ouk ex ergwn twn en dikaiosunh wn epoihsamen hmeiv alla kata ton autou
eleon eswsen hmav dia loutrou paliggenesiav kai anakainwsewv pneumatov
agiou.” (Tito 3:5.) Disponível no site: <http://agsimoes.myvnc.com
/index.asp?opcao=biblia> Acesso em 12 jun. 2005
A palavra que Paulo usou naqueles dias foi: ????????????? que,
traduzido para o grego transliterado, é: ????paliggenesiav. Em português,
Palingenesia.
Ora, para não haver dúvidas, consultemos o conceituado Dicionário
Novo Aurélio - Dicionário da Língua Portuguesa, Século XXI, Editora Nova
Fronteira, Rio de Janeiro, 1999, pág. 1478, quanto ao significado da
palavra paligenesia:
1. V. eterno retorno
2. Segundo Schopenhauer, renascimento sucessivo dos mesmos indivíduos.
O dicionário Aurélio confirma que a palavra Palingenesia, quer dizer
eterno retorno, renascimentos sucessivos ou simplesmente, reencarnação,
mas os tradutores acharam outras palavras, que desvirtuaram completamente
o verdadeiro significado, conforme veremos ainda neste capítulo.
“Além disso, no texto grego, está escrito: “loutrou paliggenesias”. Ora,
“loutrou” não significa "lavar", mas significa o "local onde se lava,
limpa ou purifica". ([...]) “E para complementar, disse Jesus aos
discípulos: "..asseguro-vos que, no mundo que há de vir... ou "...em
verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração..."
(Mt 19, 28). Mas, no texto grego escreve-se : "en té palingenesia". A
palavra palingenesia, composta pelo prefixo "pálin" (de novo), e
"génesis" (origem, nascimento), significa, como já vimos, "Renascimento",
"Novo Nascimento" ou simplesmente "Reencarnação". E, como o artigo grego
"té", precede a palavra "palingenesia", torna-se claro que o autor se
refere a um retorno específico do espírito e não a qualquer outro retorno
dos muitos que são possíveis.” (JEFFERSON. “A reencarnação no novo
testamento.”) Disponível no Site
<http://geocities.yahoo.com.br/fabiohpbr2001/nsrb.html> Acesso em 20
jun. 2004
Assim as traduções que chegaram até nossas mãos foram distorcidas,
apresentando a interpretação particular dos tradutores. Vamos mostrar que
a mesma passagem “Tito 3:5”, em diferentes Bíblias, muda de um livro para
outro, sem nos esquecer da recomendação de Jesus em (João 5: 39):
“Examinai as Escrituras.”
“Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua
misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do
Espírito Santo.” (Bíblia Sagrada, baseado na tradução de Pe. Antonio
Pereira de Figueiredo, Editora EP Maltese, São Paulo, Pág. 1130)
“Não por causa dos atos justos que houvéssemos praticado, mas porque,
por sua misericórdia, fomos lavados pelo poder regenerador e renovador do
Espírito Santo.” (Bíblia de Jerusalém, Edições Paulinas, São Paulo 1989
pág.2239)
“Não por obras de justiça que tivéssemos feito nós outros, mas segundo a
sua misericórdia, nos salvou pelo batismo de regeneração do Espírito
Santo.” (Bíblia Edição Ecumênica, tradução do Padre Antônio Pereira de
Figueiredo, 1987 pág. i97)
“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua
misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do
Espírito Santo.” (Bíblia de Estudo Pentecostal, Almeida Revista e
Corrigida, Florida EUA, 1995, pág. 1890)
“Não por obras de justiça, que tivéssemos feito nós outros, mas segundo a
sua misericórdia, nos salvou pelo batismo de regeneração e renovação do
Espírito Santo.” (Bíblia Sagrada, Pe. Antônio Pereira de figueiredo, Novo
Brasil Editora Ltda, São Paulo, Pág. 826)
“Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua
misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do
Espírito Santo.” (Bíblia Sagrada Tradução Pe. Antônio Pereira de
Figueiredo, Difusão Cultural do Livro Ltda, São Paulo, Pág. 1138)
“Não por causa dos atos justos que tivéssemos praticado, mas porque fomos
lavados por sua misericórdia através do poder regenerador e renovador do
Espírito Santo.” Disponível no site
<http://www.paulus.com.br/BP/_P11A.HTM> Bíblia Sagrada, Edição Pastoral,
São Paulo, 1990. Acesso em 23 de abr. 2006
“Ele nos salvou pela lavagem purificadora do Espírito Santo, da qual
emergimos como novamente nascidos, não por causa de actos justos que
tivéssemos praticado, mas por causa da sua misericórdia” Disponível no
Site:
<http://www.biblegateway.com/versions/index.php?action=getVersionInfo&vid
=37#booklist> Acesso em 23 de abr. 2006
“Não devido a obras de justiça que tivéssemos realizado, mas segundo a
sua misericórdia, ele nos salvou por intermédio do banho que nos trouxe à
vida, e por nos fazer novos por espírito santo” Disponivel no site
<http://watchtower
.org/languages/portuguese/biblia/> Acesso em 23 de abr. 2006
“Ele nos salvou porque teve compaixão de nós, e não porque nós tivéssemos
feito alguma coisa boa. Ele nos salvou por meio do Espírito Santo, que
nos lavou, fazendo com que nascêssemos de novo e dando-nos uma nova
vida.” (Nova Tradução na Linguagem de Hoje Copyright © Sociedade Bíblica
do Brasil, 2000 Disponível no site
<http://www.sbb.org.br/bibliaonline/biblia_completa.asp> Acesso em 23 de
abr. 2006
Notemos que algumas interpretações distanciam-se da realidade que é
a reencarnação. Mas algumas edições bíblicas trazem o conceito da
reencarnação de forma transparente, como se pode notar nas duas últimas
acima relacionadas, principalmente na última, versão da Sociedade Bíblica
do Brasil, versão 2.000, NTLH.
E como seria a tradução correta hoje, direto do grego para o
português?
"Não por obras da justiça que tivéssemos feito, mas segundo sua
misericórdia nos salvou pelo lavatório da reencarnação, e pelo
renascimento de um espírito santo" (Versão correta)
Passemos agora à análise de outra passagem, Levítico 19:31,
constatando como os tradutores elaboram diferentes interpretações do
significado da mesma palavra ou expressão.
“Não vos voltareis para os necromantes nem consultareis os adivinhos,
pois eles vos contaminariam. Eu sou Iahweh vosso Deus.” (Bíblia de
Jerusalém, Edições Paulinas, São Paulo, Edições Paulinas 1989. pag.197)
“Não vos dirijais aos mágicos, nem consulteis os adivinhos, para que não
suceda que este comércio vos corrompa. Eu sou o Senhor, vosso Deus.”
(Bíblia Sagrada Edição Ecumênica, Tradução do Padre Antônio Pereira de
Figueiredo, 1987, pág. 91)
“Não vos encaminheis aos mágicos, nem procureis saber cousa alguma dos
adivinhos, de maneira que vos contamineis por meio deles. Eu sou o Senhor
vosso Deus.” (Bíblia Sagrada, Padre Antônio Pereira de Figueiredo, Novo
Brasil Editora Ltda, São Paulo, pág.84)
“Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis,
contaminando-vos com eles. Eu sou o Senhor, vosso Deus”. (Bíblia de
Estudo Pentecostal, Florida EUA, Almeida Revista e Corrigida, 1995, pág.
214 e 215)
“Não vos dirijais aos espíritas nem adivinhos: não os consulteis, para
que não sejais contaminados por eles. Eu sou o Senhor, vosso Deus.”
Disponível no Site
<http://www.catolicanet.com.br/interatividade/biblia/livro.asp?sigla=LV>
Editora Ave-Maria, Acesso em 23 de abr. 2006
“Não vos vireis para médiuns espíritas e não consulteis prognosticadores
profissionais de eventos, de modo a vos tornardes impuros por eles. Eu
sou Jeová, vosso Deus.” Disponível no Site
<http://watchtower.org/languages/portu
guese/biblia/> Acesso em 23 de abr. 2006
“Não se dirijam aos necromantes, nem consultem adivinhos, porque eles
tornariam vocês impuros. Eu sou Javé, o Deus de vocês.” Disponível no
Site <http://www.paulus.com.br/BP/_INDEX.HTM> Bíblia Sagrada, Edição
Pastoral, São Paulo, 1990. Acesso em 23 de abr. 2006
“Não recorrais aos médiuns, nem consulteis os espíritos para não vos
tornardes impuros. Eu sou o Senhor vosso Deus.” Disponível em Site
<http://biblia.universocatolico.com.br/> Acesso em 23 de abr. 2006
“Não vos voltareis para os que consultam os mortos nem para os
feiticeiros; não os busqueis para não ficardes contaminados por eles. Eu
sou o Senhor vosso Deus.” Disponível no site
<http://www.jesusvoltara.com.br/> Bíblia JV, versão 1.0. Acesso em 23
abr. 2006
“Não procurem á ajuda dos que invocam os espíritos dos mortos e dos que
adivinham o futuro. Isso é pecado e fará com que vocês fiquem impuros. Eu
sou o SENHOR, o Deus de vocês.” Disponível no Site
<http://bibliaonline.net/> Nova Tradução na Linguagem de Hoje, Sociedade
Bíblica do Brasil, 2000, Acesso em 23 de abr. 2006
“Não se sujem, voltando-se para os bruxos e consultando os espíritos.”
Disponível no site
<http://www.biblegateway.com/passage/?book_id=3&chapter=19&version=37>
Acesso em 23 de abr. 2006
Ressaltemos que as palavras médium e espírita não poderiam existir
em nenhuma Bíblia, pois são neologismos criados por Kardec, em 18 de
abril de 1857. Eis como seria a tradução do referido texto, diretamente
do hebraico:
“Não ireis aos necromantes e nem aos adivinhos. Não procurareis vos
contaminar por eles. Eu sou Yahvéh vosso Deus.” (SILVA, Severino
Celestino, Analisando as Traduções Bíblicas, 2ª Edição, João Pessoa,
2000, p. 70).
“Acredito que quando uma pessoa morre, sua alma regressa de novo
à Terra Envolta nalgum disfarce de carne, uma outra mãe o dá à
luz com membros mais fortes e cérebro mais brilhante.
A velha alma prossegue a sua jornada.”
(John Masefield, poeta britânico, 1.878 – 1.967)
“Ele viu todas aquelas formas e faces em mil relacionamentos um com o
outro... Nenhum deles morreu, eles apenas se transformaram, continuamente
renasceram e obtiveram novas faces...”
(Herman Hesse, novelista e poeta alemão, 1.877 – 1.962)
“Vamos enfrentar os fatos: no fundo, ninguém no seu estado normal,
consegue visualizar a sua própria existência sem assumir que sempre viveu
e que continuará a viver depois da morte.”
(Erik Erikson, 1.902 – 1.994)
“Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai.”
(João 16:28)
“A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, donde jamais
sairá.” (Apocalipse 3:12)
Neste capítulo, mediante o estudo de vinte e uma passagens
Bíblicas, enfatizamos o fato de que precisamos crescer espiritualmente, e
isto somente se torna possível através de muitas vindas a este plano,
para que enfim sejamos vencedores.
“De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze
gerações; e desde Davi até a deportação para Babilônia, catorze gerações;
e desde a deportação para Babilônia até o Cristo, catorze gerações.”
(Mateus 1:17)
“Que ele antes havia prometido pelos seus profetas nas santas
Escrituras”, “Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi
segundo a carne.” (Romanos 1:2-3)
“Ao que perguntaram todos: Logo, tu és o Filho de Deus?” Respondeu-lhes:“Vós dizeis que eu sou.” (Lucas 22:70)
Estas passagens confirmam que Jesus é o nosso irmão mais velho, que
nos precedeu na jornada evolutiva rumo à perfeição. É o Mestre que
conhece todas as etapas do caminho, pois já vivenciou pessoalmente todas
as dificuldades da existência terrena que estamos enfrentando. E, de
encarnação em encarnação, despertou as faculdades interiores necessárias
à superação de todos os obstáculos em direção à meta que todos nós,
consciente ou inconscientemente, perseguimos.
Ele é a grande alma que compreende profundamente a natureza humana.
E, solidário à nossa condição atual, amorosamente, deixa sua luz brilhar
para guiar a todos nós. Conhecendo a dificuldade de assimilação dos seus
ensinamentos por parte dos que o seguiam, falou, há dois mil anos atrás:
“Ainda tenho muito que vos dizer; mas vós não o podeis suportar agora.”
(João 16:12)
Ele possuía muitos outros conhecimentos para nos passar, mas
naquela época, nosso grau de evolução espiritual como humanidade era
muito baixo, de um modo geral. Ao nos deixar esta mensagem, sabia que
chegaria o dia ou a época em que nossa evolução já suportaria seus
ensinamentos, embora seja preciso reconhecer que nem todos ainda hajam
alcançado o mesmo nível evolutivo.
“João deu testemunho dele, e clamou, dizendo: “-Este é aquele de quem eu
disse: O que vem depois de mim, passou adiante de mim; porque antes de
mim ele já existia.” (João 1:15)
As afirmações de seu primo João Batista, de que Jesus lhe viria
após, já tendo passado à sua frente, significam que Jesus já existia
antes, possuindo um Eu Imortal conhecido de João e mais evoluído
espiritualmente.
“Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, tornou-se alma
vivente; o último Adão, espírito vivificante.” (I Corintios 15-45)
Nesta passagem, interpretamos que o homem Adão é o corpo físico que
abriga o “eu” eterno. A “alma vivente” imortal, ao vir pela primeira vez,
ocupará um corpo físico, que será seu primeiro Adão. E quando este já não
estiver mais em condições de uso, o abandonará, para voltar em um novo
corpo, através da reencarnação.
Assim, iremos nos graduando na escola da vida: ocupando a cada vez
um novo Adão, ou um novo corpo, cuja função é servir de veículo para o
eterno, o eu imortal, buscando sempre a evolução espiritual, que é
latente em nosso ser. E, após muitos retornos a este mundo, alcançaremos
a condição que Cristo alcançou, e poderemos então deixar para trás nosso
ultimo corpo carnal, o último Adão.
“E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como
evangelistas, e outros como pastores e mestres, tendo em vista o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do
corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da
estatura da plenitude de Cristo; Para que não mais sejamos meninos,
inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, pela
fraudulência dos homens, pela astúcia tendente à maquinação do erro.”
(Efésios 4:10-14)
O Apóstolo Paulo, em seus ensinamentos aos Efésios, esclarece que
Jesus se referia aos diferentes níveis evolutivos, quando afirma que uns
podem ser apóstolos e outros pastores, etc. E que também os SANTOS
deveriam continuar se aperfeiçoando para alcançar a estatura e a
plenitude de Cristo. O texto diz que TODOS chegarão à união com Deus. Não
importa o tempo necessário, mas que chegaremos todos, certamente
chegaremos, condição esta para não mais voltar a ser meninos (para tanto,
teríamos de nascer de novo), e não mais sujeitos à reencarnação.
“Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, chegando-se ao
primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na vinha. Ele respondeu: Sim,
senhor; mas não foi. Chegando-se, então, ao segundo, falou-lhe de igual
modo; respondeu-lhe este: Não quero; mas depois, arrependendo-se, foi.
Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram eles: O segundo. Disse-lhes
Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram
adiante de vós no reino de Deus.” (Mateus 21:28-31)
Nesta passagem de Mateus, Jesus diz aos príncipes dos sacerdotes,
aos escribas e aos anciães que eles seriam precedidos no reino dos céus
por publicanos e meretrizes. Esta é mais uma confirmação de que todos nós
entraremos no reino de Deus. Vimos no capitulo sobre o carma que teremos
que pagar até o último centavo de nossos débitos. Neste caso, Jesus está
afirmando aos representantes da lei que eles ficaram para trás, e que
voltarão para completar sua evolução espiritual, para atingir o estado
Crístico alcançado por Jesus.
“Naquela hora chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram: Quem é o
maior no reino dos céus? Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio
deles, e disse: “-Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não
vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.”
(Mateus 18:1-3)
Este é mais um exemplo em que Jesus se vale da imagem de crianças,
para repassar a pureza de seus ensinamentos. Quando os discípulos
perguntam sobre quem é o maior no reino dos céus, Jesus responde que se
não vos converterdes, não vos fizerdes como crianças, ou seja, se não
seguirmos o caminho da retidão, praticando os princípios que o Mestre
ensinou, teremos que continuar voltando.
“Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai.”
(João 16:28)
Analisemos esta passagem. Se Jesus dissesse: deixo o mundo e vou
para o pai, seria uma vez, a primeira vez. Mas falou: outra vez deixo o
mundo e vou para o pai, e podemos então concluir que já havia ido outras
vezes. Na oração que o Mestre nos ensinou - “Pai nosso que estais no
céu”, não diz Pai meu, porém Pai nosso, mostrando-nos que é como nós, é
nosso irmão.
“Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo
tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”
(João 16:33)
Sabendo que sua hora estava chegando, ainda assim teve a calma
suficiente para fortalecer seus discípulos. Primeiro, alertando-os que
teriam muitas tribulações à frente, mas que fossem fortes e vencessem as
dificuldades com ânimo e muita coragem. Ensinou-nos que ele é o caminho,
o exemplo vivo a ser seguido, deixando-nos paz e conforto para vencer o
mundo, assim como ele venceu.
“Simão Pedro lhe diz: “Senhor, para onde vais”? Respondeu-lhe Jesus: “Não
podes seguir-me agora aonde vou, mas me seguirás mais tarde.” (João
13:36)
“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria
dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei
outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver
estejais vós também.” (João 14:2-3)
O Mestre estava se despedindo de seus discípulos, mas estes ainda
não conseguiam compreender tal fato. Dizia: “- Por pouco tempo ainda
estou convosco, mas terei de ir, em definitivo, para a casa de meu Pai.”
Pedro interrogou: “Para onde vais?” E Jesus lhe respondeu que, naquele
momento, ele não poderia ir junto, porém que mais tarde o seguiria para o
reino dos Céus - como todos nós faremos um dia. Depois afirmou que “na
casa de meu Pai há muitas moradas, vou preparando um lugar, e virei
novamente e vos levarei comigo”. Como o Mestre disse a Pedro que ele o
seguiria, e que viria buscar os outros, mas não falou nada de João, Pedro
o questionou sobre isso, mais tarde.
“Ora, vendo Pedro a este, perguntou a Jesus: Senhor, e deste que será?
Respondeu-lhe Jesus: Se eu quiser que ele fique até que eu venha, que
tens tu com isso? Segue-me tu.”
(João 21:21-22)
Nessa oportunidade, Jesus já havia sido crucificado, e aparecera
para seus discípulos na praia, com seu corpo glorificado. Conversando com
Pedro, este quis saber o que seria de João, o apóstolo amado do Mestre.
Recebeu uma resposta direta: “se ele ficar até que eu volte, vem tu
comigo.”
João morreu em idade avançada com 96 anos, mas Jesus ainda não
voltou, pelo que se pode deduzir que, para a palavra de Jesus ser
cumprida, João deverá estar encarnado quando da sua volta, obviamente não
com aquele corpo de dois mil anos atrás, mas recebendo um novo corpo e
sendo criança outra vez.
“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo
seja formado em vós.” (Gálatas 4:19)
“Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse mesmo Jesus, a
quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.”
(Atos 2:36)
Paulo, em sua carta aos Gálatas, confirma o que mencionamos
anteriormente: Cristo é o estado que Jesus alcançou através da sua
evolução, e teremos que continuar voltando, sentindo as dores do parto,
até que o Cristo seja formado em nós.
Não é só a mãe que sente as dores do parto, a criança também. Cabe
esclarecer que a nossa personalidade alma não tem sexo. Podemos nesta
vida ser homem, e mulher na próxima, ou o contrário.
A interpretação em Atos é mais esclarecedora ainda. Saibam todos
com certeza, diz o texto, que este mesmo Jesus (Homem), e, para não
deixar dúvida, ressalta o que vós crucificastes, Deus o fez Cristo
(espírito reintegrado através da evolução).
“Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? E com que qualidade de
corpo vêm? Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não
morrer.“ (I Coríntios 15: 35-36)
O Apóstolo Paulo ainda nos chama de insensatos, por não percebermos
que tudo faz parte da natureza, tudo é regido por uma lei divina, nós, os
animais, as plantas. Plante um grão de arroz, e veja que obviamente
nascerá um pé de arroz. Mas primeiro o grão precisa morrer e depois,
milagrosamente, renascer, não como simples grão, mas numa linda planta
que crescerá vigorosa, florescerá e se transformará em alimento. E quando
chegar novamente a hora do plantio, o processo será reiniciado. “Quem
tiver olhos de ver, que veja”.
Como a borboleta que, antes de atingir a liberdade para voar pelo
céu, é uma simples lagarta rastejando sem qualquer perspectiva além de
alguns metros, arrastando-se para buscar alimento. Num passe de mágica,
ocorre a transformação, o milagre. Será que a humilde lagarta tinha
consciência do mundo que haveria de vir?
Mas alguém perguntará: como reencarnam os mortos? Ganhando um novo
corpo, e a mãe natureza fará o resto - o milagre da vida.
“E tendo por justo, enquanto ainda estou neste tabernáculo, despertar-vos
com admoestações, sabendo que brevemente hei de deixar este meu
tabernáculo, assim como nosso Senhor Jesus Cristo já mo revelou.” (II
Pedro 1:13-14)
Então chegará o dia em que deixaremos este tabernáculo, e não mais
teremos que voltar. Como Jesus, iremos para outro plano, e de lá não mais
sairemos.
“Porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos
de Deus, sendo filhos da ressurreição.” (Lucas 20:36)
Então, já não poderemos mais morrer, seremos como os anjos, e como
filhos da ressurreição, nossa meta está atingida. Cabe lembrar novamente
que a palavra ressurreição, em grego, é “palingenesia” sendo a tradução
“palin” (de novo) e “gênesis” (nascimento), em outras palavras:
renascimento, novo nascimento ou, simplesmente, reencarnação.
“A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, donde jamais
sairá.”
(Apocalipse 3:12)
Há a promessa do Apóstolo João no Apocalipse “a quem vencer”:
conforme formos vencendo, ficaremos junto de Deus e receberemos os louros
da vitória, isto é, a companhia do Criador, e já não precisaremos mais
voltar. Quando o versículo acima complementa: “donde jamais sairá”,
comprova que saímos de Deus, como uma centelha divina, e nos
distanciamos. Mas, através de muitas vindas a este mundo, venceremos a
este e voltaremos definitivamente à nossa origem, a Luz Maior, em que
faremos parte da coluna do templo de Deus.
“Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim,
ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais
morrerá. Crês isto?” (João 11:25-26)
Jesus é o exemplo a ser seguido. Acreditemos, como ele, na vida
eterna, e que, mediante muitas vindas a este plano, venceremos nossos
vícios e paixões terrenas, eliminaremos o nosso inimigo interno, o ego, e
deixaremos que aflorem o amor ao próximo e o desapego pelas coisas
materiais. Como diz o texto acima, “mesmo que morra, viverá”. Jamais
morreremos, porque somos eternos.
“Tanto quanto me lembro, nunca deixei de me referir inconscientemente a
experiências de um estado prévio de existência.”
(Henry Thoreau, escritor americano, 1.817 – 1.862)
“Lê-me, leitor, se encontras prazer em ler-me, porque
muito raramente eu voltarei a este mundo.”
(Leonardo da Vinci, 1.452 – 1.519)
“Estou certo de que estive aqui, como estou agora, mil vezes
antes e espero retornar mil vezes ...
A alma do homem é como a água; Vem do Céu e sobe para Céu, para depois
voltar a Terra, em um eterno ir e vir.”
(Goethe, dramaturgo e cientista Alemão, 1749 – 1832)
“A duração de uma vida é apenas um momento na evolução eterna.”
(Gabriel Delanne, cientista francês, 1.857 – 1.926)
“Se um asiático me perguntar por uma definição da Europa, serei forçado a
responder-lhe do seguinte modo: É aquela parte do mundo perseguida pela
incrível ilusão de que o homem foi criado do nada, e que a sua existência
atual é a sua primeira entrada na vida.”
(Arthur Schopenhauer, filósofo alemão, 1.788 – 1.860)
“Partiram, pois, os onze discípulos para a Galiléia, para o monte onde
Jesus lhes designara. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.”
(Mateus 28:16-17)
Ao analisar profundamente vinte e um trechos Bíblicos,
compreendemos que o corpo físico não pode herdar o reino de Deus. Quando
Jesus ressuscitou dos mortos, em um primeiro momento, ninguém o
reconheceu, pois seu corpo era glorificado, um corpo espiritual.
Muitos interpretam a ressurreição de Jesus como sendo no mesmo
corpo que padeceu na cruz. Esta idéia tem sido totalmente descartada
pelas leis da física, da biologia e da física quântica. A ciência em
geral prova ser impossível a reutilização de um mesmo corpo, uma vez que
“nada morre, nada desaparece, tudo se transforma.” Os componentes do
organismo humano são decompostos e reaproveitados pela natureza, há
corpos que são consumidos por outros animais, há o transplante de órgãos,
etc.
Jesus ressuscitou em um corpo glorificado, diferentemente de Lázaro,
que voltou ao mesmo corpo. Ocorreu, neste caso, um retorno da alma ao
corpo, que parecia estar morto, pois todos o reconheceram. Ele continuou
vivendo entre os seus parentes e amigos, até o dia de sua morte física.
Observemos duas situações diferentes no caso de Lázaro.
“E, tendo assim falado, acrescentou: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas
vou despertá-lo do sono.” Disseram-lhe, pois, os discípulos: “Senhor, se
dorme, ficará bom.” Mas Jesus falara da sua morte; eles, porém,
entenderam que falava do repouso do sono. Então Jesus lhes disse
claramente: -Lázaro morreu;”
(João 11:11-14)
“O caso da ressurreição de Lázaro é semelhante a outros descritos nos
Evangelho. “Trata-se de fenômeno de morte aparente de que são passíveis
certas pessoas sujeitas as crises de catalepsia patológica.” Sobrevindo o
ataque cataléptico, o paciente se reveste de todas as características de
morte real, posto que o espírito, embora afastado provisoriamente do
corpo, se conserve ligado a ele por meio do filamento ou laço
fluídico.”[...]Essa contradição, entretanto, é aparente porque a resposta
incisiva de Cristo: “-Lázaro está morto”, provêm da incompreensão dos
seus discípulos quando o Mestre, presciente do estado do irmão de Maria,
afirmou: “-Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo...”
(FINOTTI, 1972, p.46 e 47)
“Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos seus condiscípulos: - Vamos nós
também, para morrermos com ele.” (João 11:16)
“A explicação poderia residir, como sugere o professor Morton Smith, em
uma iniciação mais ou menos padrão de uma “escola de mistério”. Como
demonstra o professor Smith, tais iniciações e seus rituais eram comuns
na Palestina da época de Jesus. Eles envolviam frequentemente uma morte e
um renascimento simbólico, que eram chamados assim, com estes nomes. O
seqüestro em uma tumba, que se tornava o útero para o renascimento do
aspirante. [...]Durante a estada de Jesus no Jordão, Lázaro teria
começado um ritual típico de iniciação, que levaria, como tais rituais
normalmente fazem, a uma ressurreição e um nascimento simbólico. Nesta
linha, o desejo dos discípulos de “Morrer com ele” se torna perfeitamente
compreensível, e o mesmo se dá com a complacência de Jesus em relação ao
assunto, de outro modo inexplicável,[...]Este incidente reflete um ritual
de iniciação, e Lázaro está recebendo um tratamento especial. Entre outra
coisas, está aparentemente sendo iniciado antes de qualquer dos
discípulos, que parecem invejosos de seu privilégio.[...]Quem é este
“Discípulo amado”, em cujo testemunho o quarto Evangelho se baseia? Todas
as evidências sugerem que ele é de fato Lázaro, “ao qual amava Jesus”.
Parece então que Lázaro e o “discípulo amado” são a mesma pessoa, e que
Lázaro é a verdadeira identidade de João.” (BAIGENT; LEICH; LINCOLN,
1993, p.281-283)
“Disse; Retirai-vos; porque a menina não está morta, mas dorme.” “E riamse dele. Tendo-se feito sair o povo, entrou Jesus, tomou a menina pela
mão, e ela se levantou.” (Mateus 9:24-25)
No caso da filha de Jairo em Mateus, a seguir, Jesus mesmo falou:
“-Retirai-vos, porque a menina não está morta, mas dorme.”
“Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: “Não chores.” Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os
que o levavam, disse: “-Moço, a ti te digo: Levanta-te.” O que estivera
morto sentou-se e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe.”
(Lucas 7:13-15)
Ainda há o caso do filho da viúva de Naim, no evangelho de Lucas.
Feito o milagre, Jesus entregou o filho à sua mãe, sendo que este falava
normalmente.
“E certo jovem, por nome Êutico, que estava sentado na janela, tomado de
um sono profundo enquanto Paulo prolongava ainda mais o seu sermão,
vencido pelo sono, caiu do terceiro andar abaixo, e foi levantado morto.
Tendo Paulo descido, debruçou-se sobre ele e, abraçando-o, disse: Não vos
perturbeis, pois a sua alma está nele.” (Atos 20:9-10)
Aqui, o milagre foi feito pelo Apóstolo Paulo, ao perceber que algo
ocorrera com o jovem, que parecia morto, mas logo voltou a respirar
normalmente.
“Em seguida subiu na cama e deitou-se sobre o menino, pondo a boca sobre
a boca do menino, os olhos sobre os seus olhos, e as mãos sobre as suas
mãos, e ficou encurvado sobre ele até que a carne do menino aqueceu.
Depois desceu, andou pela casa duma parte para outra, tornou a subir, e
se encurvou sobre ele; então o menino espirrou sete vezes, e abriu os
olhos.”
(II Reis 4:34-35)
Neste caso, narrado no Antigo Testamento, Eliseu fez o milagre em
um menino, ocorrendo o retorno do espírito ao corpo. Lendo atentamente,
tem-se a impressão de uma respiração boca a boca.
Ainda encontramos na Bíblia os casos do filho da viúva, por Elias (I
Reis 17:21-22), do homem cujo cadáver tocou nos ossos de Eliseu (II Reis
13:29-21), e por último o caso de Tabita, por Pedro, em (Atos 9:36-42),
perfazendo um total de 8 ocorrências de ressurreição, 3 no Antigo
Testamento e 5 no Novo Testamento.
“Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se
desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna,
nos céus. Pois neste tabernáculo nós gememos, desejando muito ser
revestidos da nossa habitação que é do céu.” (II Coríntios: 5:1-2)
Nesta carta aos Coríntios, o Apóstolo Paulo nos traz um ótimo
exemplo quanto aos diferentes corpos em que o espírito habita. Enquanto
vivos neste plano, o corpo físico, nossa casa, nosso tabernáculo, será
nossa habitação. Precisamos dele para nos manifestar, mas depois de morto
para nada mais prestará, pois não poderá herdar o reino dos Céus.
“Mas digo isto, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de
Deus; nem a corrupção herda a incorrupção.”
(I Coríntios: 15-50)
Despidos do corpo, da matéria, iremos para outro plano e precisaremos
nos revestir de um corpo glorificado, que já não será uma simples casa,
mas um edifício, e não feito por mãos, mas por Deus, como nos diz Paulo.
“Pois na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento; mas serão
como os anjos no céu.” (Mateus 22:30)
Porque não se casam nem se dão em casamento? Porque os anjos são
seres espirituais, não possuem corpo físico, e seres espirituais usam
corpos glorificados.
“Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última
trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados
incorruptíveis, e nós seremos transformados.” (I Corintíos 15:51-52)
Podemos entender nesta passagem que, se não estivermos encarnados
na terra, estaremos dormindo - este foi o temo que Apóstolo encontrou, na
ocasião, para representar nosso estado de repouso entre uma vida e outra:
estaremos transformados, com outro tipo de corpo.
O soar das trombetas anuncia a situação dos diferentes corpos.
Primeiro, os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, o que significa
em um corpo glorificado e não um corpo carnal, e os que estarão vivos,
usando o corpo corruptível, “aquele que não pode herdar o reino”, serão
transformados e passarão a possuir um corpo glorificado também.
Mostraremos a seguir que esse corpo será semelhante àquele em que
Jesus estava revestido quando ressuscitou, um corpo diferente, uma vez
que, num primeiro instante, todos que o viram ressuscitado, tiveram
dificuldades para reconhecê-lo.
“Jesus, clamando com grande voz, disse: - Pai, nas tuas mãos entrego o
meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.” (Lucas 23:46)
Em seus momentos finais na terra, Jesus chamou pelo Pai, e em suas
mãos entregou o ESPÍRITO, aquela parte imortal, que vimos em Gênesis 2:7:
“insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser
vivente.”
“Ao dizer isso, voltou-se para trás, e viu a Jesus ali em pé, mas não
sabia que era Jesus. Perguntou-lhe Jesus:“-Mulher, por que choras? A quem
procuras?” Ela, julgando que fosse o jardineiro, respondeu-lhe: “Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.” (João
20:14-15)
Maria Madalena foi até o local do sepulcro, verificou que o corpo do
Mestre não estava ali. Sentindo a presença de alguém, virou-se, e viu
Jesus em pé, que fez perguntas a ela: “-Por que choras? A quem procuras?”
Ela não o reconheceu e nem sua voz, mesmo estando ele em sua frente e
falando com ela.
E, julgando ser o jardineiro, questionou-o sobre o corpo, julgando,
em um primeiro momento que este sabia onde estava. E diz-lhe Jesus
“Maria!” Somente neste momento ela o reconheceu e ele lhe recomendou para
não tocá-lo. Seria este o corpo já glorificado, que Maria Madalena não
reconheceu e que o Mestre recomendou que não tocasse? Devia ser o corpo
espiritual, já livre da matéria, da carne.
“Mas Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e, abaixando-se, viu
somente os panos de linho; e retirou-se, admirando consigo o que havia
acontecido. Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada
Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios; e iam comentando entre
si tudo aquilo que havia sucedido. Enquanto assim comentavam e discutiam,
o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles; mas os olhos deles estavam
como que fechados, de sorte que não o reconheceram. Então ele lhes
perguntou: “- Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós?”
Eles então pararam tristes e um deles, chamado Cleopas, respondeu-lhe: “És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela
têm sucedido nestes dias?” (Lucas 24:12-18)
Logo após Madalena contar aos discípulos o ocorrido, Pedro correu
ao local para conferir, e encontrou somente os panos de linho e o túmulo
vazio, saindo admirado.
Mas, no mesmo dia, ocorreu um fato que nos chama a atenção, conforme
Lucas narrou. “Dois deles”, seguidores de Jesus, que deveriam, portanto,
conhecê-lo muito bem, iam caminhando e comentando sobre o ocorrido. O
Mestre se aproximou deles, sem que o identificassem, fez-lhes perguntas
sobre o que falavam, e ainda assim eles não o reconheceram, chegando a
chamá-lo de peregrino, como se fosse um viajante totalmente estranho.
“Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para
mais longe. Eles, porém, o constrangeram, dizendo: “-Fica conosco; porque
é tarde, e já declinou o dia”. E entrou para ficar com eles. Estando com
eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava. Abriramse-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante
deles.” (Lucas 24:28-31)
É bem provável que tenham caminhado juntos por um longo trajeto e
por algum tempo, talvez horas, pois o convidaram a pernoitar. A atitude
do convite nos leva a crer que teria passado tempo suficiente para criar
certa amizade e confiança entre eles.
Somente após ele partir o pão e abençoá-lo como de costume, é que o
reconheceram. Entendemos claramente que o reconhecimento foi da atitude e
não da aparência física, e ele desapareceu diante deles. Não foi embora,
mas se desintegrou seriam as palavras certas - um corpo totalmente
diferente daquele a que estavam acostumados.
“Chegada, pois, a tarde, naquele dia, o primeiro da semana, e estando os
discípulos reunidos com as portas cerradas por medo dos judeus, chegou
Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: “-Paz seja convosco.” (João 20:19)
“E estando ainda falando nisto, apresentou-se Jesus no meio deles, e
disse-lhes: “-Paz seja convosco: sou eu, não temais”. Mas eles achando-se
perturbados, e espantados, cuidavam que viam algum espírito.”
(Lucas 24:36-37)
Observemos que ele se colocou no meio deles, embora estivessem de
portas cerradas. Desta maneira, é descartada a possibilidade de ser um
corpo carnal, que não passa entre paredes ou portas, mas seria um corpo
especial, devido à sua plena evolução. Por que os discípulos ficaram
perturbados e espantados, se já haviam recebido a notícia de que ele
ressuscitara, e tinham a sua promessa de que voltaria? Por que o espanto,
então? Provavelmente, porque o corpo não era o mesmo ao qual estavam
acostumados.
“Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez dentro, e Tomé
com eles. Veio Jesus às portas fechadas, e pôs-se em pé no meio, e disse:
“-Paz seja convosco”. Logo disse a Tomé: “-Mete aqui o teu dedo, e vê as
minhas mãos, chega também a tua mão, e mete-a no meu lado: e não sejas
incrédulo, mas fiel.”
(João 20:26-27)
Passaram-se oito dias, e novamente estando as portas fechadas, ele
surgiu no meio deles. Podemos interpretar que ele não veio andando, mas
materializou-se entre eles, coisa que não se pode fazer com um corpo
físico.
Quanto a Tomé, precisou colocar o dedo em suas chagas ou marcas, e
teve sua atenção chamada pelo Mestre para crer que era ele ali presente:
“-Não sejas incrédulo, mas fiel”, significando que Tomé, ainda que
estando diante dele, não o reconhecia.
“Mas ao romper da manhã, Jesus se apresentou na praia; todavia os
discípulos não sabiam que era ele.” (João 21:4)
“E os outros discípulos vieram na barca: (porque não estavam distantes da
terra, senão só obra de duzentos côvados) trazendo a rede cheia de
peixes.” (João 21:8)
“Disse-lhes Jesus: “- Vinde comer!”Nenhum dos discípulos ousava
perguntar-lhe: “-Quem és tu”. Porque sabiam que era o Senhor.”
(João 21:12)
Jesus apresentou-se novamente aos discípulos na praia, e mais uma
vez estes não o reconheceram. Sabendo que nada haviam pescado a noite
toda, orientou-os da margem para que lançassem a rede no lado direito da
embarcação, e eles, com muito esforço, recolheram 153 grandes peixes.
Foi neste momento que um dos discípulos o identificou e avisou a
Pedro, que imediatamente pulou na água e foi ao seu encontro. Eles haviam
entendido os sinais e orientações para que jogassem a rede no lado
direito, pois estavam a apenas 200 côvados da terra - mais ou menos 100
metros. Poderiam não o ter reconhecido porque estava amanhecendo, mas sua
voz seria inconfundível, acostumados que eram a seus discursos e
ensinamentos.
Muito interessante é o fato de que só souberam que era o Senhor
pelas atitudes, mas estavam em dúvida por este não apresentar a mesma
aparência física, aquela anterior à crucificação, e não tinham coragem de
perguntar-lhe “Quem és tu?”, como o texto nos mostra na passagem de João.
“Partiram, pois, os onze discípulos para a Galiléia, para o monte onde
Jesus lhes designara. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.”
(Mateus 28:16-17)
Jesus já havia aparecido várias vezes e acreditamos que já
estivessem acostumados com sua nova aparência. Ele determinou que fossem
para Galiléia, pois lá receberiam suas últimas orientações para levar a
sua mensagem, a sua palavra por toda a terra. “Quando o viram, o
adoraram; mas alguns duvidaram” que era ele, mesmo estando próximo e o
ouvindo.
Visando melhor explicar aos leitores a diferença entre os corpos,
fizemos questão de apresentar os casos de ressurreição, bem como as
passagens em que Jesus apareceu após sua morte física. Os relatos
demonstram que ele não retornou no mesmo corpo físico que padecera na
cruz; se assim fosse, é óbvio que, de imediato, todos o reconheceriam.
“A alma entra num domicilio temporário e sai dele renovado...
passa para outras habitações porque a alma é imortal.
Já não é segredo para o mundo que todas as coisas sobrevivem e
não morrem, apenas se retiram temporariamente da vista para depois uma
vez mais regressarem. Nada morre; os homens fingem que morrem e agüentam
funerais ridículos e obituários tristes, quando
na verdade eles ali estão olhando através da janela, com excelente
aparência revestida apenas de um estranho disfarce.”
(Ralph Waldo Emerson, poeta, 1.803 – 1.882)
“O que fazes é sair do teu corpo quando morres... todos fizemos
isso milhares de vezes. Só porque não nos lembramos isso
não significa que o não tenhamos feito.”
(J. D. Salinger, escritor, 1.919 - )
“Eu disse: Vós sois deuses, e filhos do Altíssimo, todos vós.”
(Salmos 82:6)
“Nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! pois o reino de Deus está dentro
de vós.” (Lucas 17:21)
Em cinco passagens Bíblicas, sendo duas do Evangelho apócrifo de
Tomé, Jesus afirma que Deus está dentro de nós, portanto temos uma
centelha divina. Ele também nos disse: Vocês farão o que faço e até mais.
Disso resulta a pergunta: quando?
“Eu disse: Vós sois deuses, e filhos do Altíssimo, todos vós.” (Salmos
82:6)
A declaração neste Salmo nos ensina a grande verdade da qual ainda
não tomamos consciência: somos deuses, todos nós, porque somos filhos
dele. Os ensinamentos mostram que vamos atingir o estado Crístico que
Jesus atingiu, através das muitas vindas ao plano físico.
“Eu e o Pai somos um”. Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o
apedrejar. Disse-lhes Jesus: “-Muitas obras boas da parte de meu Pai vos
tenho mostrado; por qual destas obras ides apedrejar-me?” Responderam-lhe
os judeus: “-Não é por nenhuma obra boa que vamos apedrejar-te, mas por
blasfêmia; e porque, sendo tu homem, te fazes Deus.” Tornou-lhes Jesus:
“- Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Vós sois deuses? Se a lei
chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a
Escritura não pode ser anulada).”
(João 10:30-35)
Os judeus não entendiam quando Jesus dizia ter vindo de Deus e se
apresentava como filho de Deus, principalmente quando declarava que eu e
o pai somos um. Jesus ensinou o que estava escrito na Lei: “todos vós
sois deuses”, pois todo aquele a quem for dirigida a palavra divina e
passe a cumpri-la, irá deixando Deus entrar em seu coração, até que ele e
o Criador sejam um só. Precisamos compreender que isso não é possível
numa única existência, pois se trata de um processo demorado, com muitas
provações. Conforme já vimos em muitas passagens bíblicas, uns mais cedo
e outros mais devagar, porém todos atingiremos esse avançado nível de
evolução.
“Nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! pois o reino de Deus está dentro
de vós.” (Lucas 17:21)
Aqui também notamos que Jesus, ao responder aos Fariseus sobre onde
ficava o reino de Deus, foi bastante explícito: nem aqui, nem ali, mas
sim, dentro de vós. Algumas Bíblias apresentam a expressão no meio de
vós. Descarta-se deste modo um plano físico para o paraíso. Se o reino de
Deus está dentro de nós, somos deuses, ou temos uma centelha divina em
nós que vai brilhar quando estiver pronta.
“Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que
habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós
mesmos?” (I Coríntios 6:19)
O corpo físico, que voltará ao pó, nunca deixará de ter sua
importância; aqui é exaltado como santuário que recebe o Espírito Santo,
ou seja, o nosso Eu Imortal que é parte de Deus. No entanto, durante a
existência terrena, muitas vezes nosso ego classifica o corpo físico como
mais importante que o corpo divino e imortal.
“Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus
habita em Vós?”
(I Coríntios 3:16)
Paulo ensina, mais uma vez, que nosso corpo físico serve como
santuário para a habitação de Deus. Segundo Orígenes, a natureza humana,
ao comungar com a natureza divina, também se torna divina. A
transformação da humanidade em divindade é possível não apenas para
Jesus, mas para todos os que seguirem a vida que nos ensinou a trilhar.
"Se aqueles que vos guiam disserem, ‘Olhem, o reino está no céu, então,
os pássaros do céu vos precederão, se vos disserem que está no mar,
então, os peixes vos precederão. Pois bem, o reino está dentro de vós, e
também está em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos,
então, sereis conhecidos e compreendereis que sois filhos do Pai vivo.
Mas, se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis essa
pobreza."(Tomé 3)
Simão Pedro disse-lhes: "Que Maria saia de nosso meio, pois as mulheres
não são dignas da vida”. Jesus disse: ”-Eu mesmo vou guiá-la para tornála macho, para que ela também possa tornar-se um espírito vivo semelhante
a vós machos. Porque toda mulher que se tornar macho entrará no Reino do
Céu.” (Tomé 114)
Esses textos não se encontram em parte alguma da Bíblia, porém no
Evangelho Segundo Tomé, que faz parte de uma verdadeira biblioteca,
encontrada em Nag Hammadi, em 1945. São obras escritas em copta, uma
forma de escrita egípcia que utiliza o alfabeto grego. O evangelho de
Tomé tem 114 frases atribuídas a Jesus, ensinando que a centelha divina
está em cada um de nós, e que a salvação depende de autoconhecimento e
sabedoria. Esses ensinamentos também estão nos Evangelhos Gnósticos. Cada
indivíduo deve descobrir o reino de Deus por si próprio, de acordo com a
máxima: Homem, conhece-te a ti mesmo.
Se optarmos pela busca interior, conforme Jesus nos ensinou, não
dependeremos de terceiros para a salvação, nem precisaremos de outros
para interceder por nós perante Deus. Pois ele já está dentro de nós,
somos parte do Criador, basta seguirmos a conduta daquele que disse: “Eu
sou o caminho a verdade e a vida”. Ele é o exemplo a ser seguido. Ário
estava certo: Jesus era um homem, um ser humano, com o diferencial que
possuía a evolução suficiente para alcançar o estado Crístico.
“Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja
que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade.” (I Timóteo, 2:3-4)
Neste capítulo apontamos diversos erros de interpretações e o
verdadeiro significado das palavras: Hades, Sheol, Geena e também das
colocações: “De eternidade em eternidade” ou “Para sempre”. Com o auxílio
de vinte e cinco passagens bíblicas, concluímos que o inferno e o diabo
foram criados para vender o perdão.
O significado da palavra inferno, tal como o conhecemos hoje,
altera-se inteiramente, perdendo seu sentido de suplício ou tormento
eterno, quando pesquisamos as suas origens, nos textos originais da
Bíblia em hebraico e em grego. Neles, encontraremos as palavras: sheol,
hades, geena. Verifiquemos agora os significados originais destas
palavras.
A palavra sheol, em hebraico, possui vários significados, entre
eles: sepultura, fossa, túmulo, subterrâneo, lugar inferior, abaixo da
terra, etc. Sheol aparece 62 vezes no Velho Testamento, sempre com a
definição de sepultura, um lugar para onde iam os mortos, nunca se
referindo à uma idéia de tormento ou de condenação eterna. De acordo com
a Bíblia, todos os que morrem, quer sejam bons ou maus, descem ao sheol,
à sepultura, que lembra a morte ou um lugar de esquecimento e não de
tormentos eternos.
As palavras sheol, em hebraico, e Hades, em grego, eram utilizadas
com o mesmo sentido da palavra sepultura em português, não implicando em
qualquer significado de sofrimento ou castigo eterno, mas foram
indevidamente traduzidas como inferno. Muitas das traduções modernas da
Bíblia, mais fiéis aos originais hebraicos e gregos, preferem manter
estas palavras transliteradas, por expressarem melhor o que o que elas
realmente significam.
Quanto à palavra geena, em grego, significa fogo, nome também
aplicado ao vale de Enom - um enorme buraco existente ao sul de
Jerusalém, espécie de lixão na época, local que as autoridades
transformaram em depósito de cadáveres humanos, de animais e de todo tipo
de lixo da cidade. Para evitar surtos de sérias epidemias que dali
pudessem advir, resolveu-se atear fogo àqueles montes de lixo e de
podridão, mantendo-se, para tanto, um fogo ardendo constantemente, como
que eterno.
A partir daí, houve um erro de interpretação dos tradutores, uma
generalização equivocada de uma realidade local: um grande buraco na
terra, que lembra sepultura (sheol), um fogo sempre aceso (geena),
cadáveres de indigentes e de animais que deveriam ir para sepulturas, mas
que eram queimados neste buraco, juntamente com o lixo da cidade. É
provável que tenha se tornado comum pessoas amedrontarem outras com a
ameaça:
“-Olha, se você não se comportar, será atirado na geena do hades!”
Dizendo isto, estavam se referindo ao buraco com fogo no vale de
Enom, depósito de lixo próximo a Jerusalém, porém, com o tempo, o
equívoco acabou por prevalecer.
Nas traduções iniciais da Bíblia do hebraico (scheol), e do grego
(hades), para o latim (inferno), não havia o significado de lugar de
tormento eterno, como se conhece nos dias de hoje. Este significado, nem
sempre consenso entre os cristãos, foi criado posteriormente pelos
tradutores dos textos sagrados, para intimidar os pagãos a aceitar suas
doutrinas. Nos primeiros séculos do cristianismo, houve quem defendesse
que a permanência da alma no inferno era temporária.
É importante também fazer uma observação sobre a palavra tártaro, o
lugar mais profundo do inferno, que também tem conotação de sujeira, e é
sinônimo de inferno ou sepultura. Esse termo é usado em referência às
crostas que se formam nas paredes internas das pipas de vinho e à
sujeira que se cristaliza em torno dos dentes.
Durante o século XIII, por não se acreditar na reencarnação, que
justificaria a situação da morte de crianças inocentes, foi criado o
limbo. Segundo o Dicionário Aurélio, no limbo se encontrariam as almas
das crianças muito novas, que, embora sem qualquer culpa pessoal, haviam
morrido antes de serem batizadas, o que as livraria do pecado original.
Limbo também pode ser interpretado como lugar onde se colocam coisas
inúteis.
“Eu os remirei do poder do sheol, e os resgatarei da morte. Onde estão, ó
morte, as tuas pragas? Onde está, ó sheol, a tua destruição? A compaixão
está escondida de meus olhos.” (Oséias 13:14)
“Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”
(I Coríntios 15:55)
Nas melhores traduções da Bíblia, inclusive na versão de ALMEIDA
(2000), revista e atualizada, o termo inferno já foi substituído por
morte. Como notamos nas passagens acima, Paulo, em sua primeira carta aos
Coríntios, está claramente se referindo à passagem de Oséias.
“Pois não deixarás a minha alma no sheol, nem permitirás que o teu Santo
veja corrupção.” (Salmo 16:10)
“Pois não deixarás a minha alma no hades, nem permitirás que o teu Santo
veja a corrupção.” (Atos 2:27)
“Pedro, ao mencionar uma passagem profética do Antigo Testamento, recorre
ás palavras do rei Davi no Salmo 16, porém a tradução neste caso em Atos
dos Apóstolos 2:27 ficou assim de sheol para hades. Outra prova da sua
exata correspondência se encontra na tradução da Septuaginta, pois das 62
vezes que sheol é usada no Velho Testamento, 61 vezes foi traduzida por
hades”. Disponível no site:
<http://www.advir.com.br/sermoes/sermao_C_vp_inferno.htm>, acesso em 09
de out. 2005
“Assim como Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas, que, havendo se
prostituído, como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas
como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.” (Judas 1:7)
“Se, reduzindo a cinza as cidades de Sodoma e Gomorra, condenou-as à
destruição, havendo-as posto para exemplo aos que vivessem impiamente.”
(II Pedro 2:6)
Judas afirma que Sodoma e Gomorra e outras cidades próximas, para
servir de exemplo, sofreriam a pena do fogo eterno, mas todos sabem que
estas cidades arderam em chamas até que tudo virasse cinza. Além disso,
tais cidades hoje estão embaixo do Mar Morto. E Pedro reitera que foram
reduzidas a cinzas e condenadas à destruição, servindo como exemplo aos
ímpios.
“Todavia o Senhor Deus de Israel escolheu-me de toda a casa de meu pai,
para ser rei sobre Israel para sempre; porque a Judá escolheu por
príncipe, e na casa de Judá a casa de meu pai, e entre os filhos de meu
pai se agradou de mim para me fazer rei sobre todo o Israel.”
(I Crônicas 28:4)
O Rei Davi, nesta passagem, teria sido escolhido para ser rei sobre
Israel para sempre, porém se sabe que ele reinou por 40 anos, até sua
morte. Neste caso, o para sempre durou 40 anos. entr 40 anos, vindo a
morrer, i escolhido para ser rei sobre Israel para sempre, mas sabemos
que ele reinou por 40 anos, vindo
“Então seu senhor o levará perante os juizes, e o fará chegar à porta, ou
ao umbral da porta, e o seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e
ele o servirá para sempre.” (Êxodo 21:6)
O significado dessa expressão pode ser compreendido através de uma
analogia com a lei que, segundo os ensinamentos de Moisés, regulava a
condição de um servo perante o seu senhor: o escravo teria suas orelhas
furadas como marca, e o serviria para sempre, referindo-se ao tempo em
que o primeiro estivesse vivo.
“Ana, porém, não subiu, pois disse a seu marido: Quando o menino for
desmamado, então o levarei, para que apareça perante o Senhor, e lá fique
para sempre.” (I Samuel 1:22)
“Eu desci até os fundamentos dos montes; a terra encerrou-me para sempre
com os seus ferrolhos; mas tu, Senhor meu Deus, fizeste subir da cova a
minha vida.” (Jonas 2:6)
Em mais estes dois casos, concluímos que o significado de para
sempre não se refere a um tempo sem fim. Ana disse a seu marido que o
menino seria levado perante o Senhor e lá ficaria para sempre; Jonas,
relatando o que lhe ocorreu quando foi engolido pela baleia, também
mencionou o termo para sempre, porém com outro sentido.
“Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, de eternidade em eternidade! suas
orações os perdoou. E diga todo o povo: Amém. Louvai ao Senhor.” (Salmos
106:48)
“Bendito seja o Senhor Deus de Israel, de eternidade a eternidade. Então
todo o povo disse: Amém! e louvou ao Senhor.”
(I Crônicas 16:36)
“Levantai-vos, bendizei ao Senhor vosso Deus de eternidade em eternidade.
Bendito seja o teu glorioso nome, que está exaltado sobre toda bênção e
louvor.” (Neemias 9:5)
“Pelo que Davi bendisse ao Senhor na presença de toda a congregação,
dizendo: Bendito és tu, ó Senhor, Deus de nosso pai Israel, de eternidade
em eternidade.” (I Crônicas 29:10)
Em todas estas passagens, encontramos a curiosa expressão “de
eternidade em eternidade”. Para passar para a segunda eternidade,
necessário se torna terminar a primeira eternidade, de onde deduzimos que
quando a Bíblia se referia a um longo período, usava a terminologia
eternidade, ou, conforme vimos anteriormente, para sempre.
“Haverá choro e ranger de dentes.”
(Mateus 24:51)
Quando Jesus aplicou este ensinamento, dizendo que haveria choro e
ranger de dentes entre os ímpios, não disse que seria para sempre, nem
previu por um tempo determinado, tampouco pela eternidade.
“Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja
que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade.” (I Timóteo, 2:3-4)
Se existe um desejo de Deus que todos os homens sejam salvos, e
alcancem a evolução espiritual ou estado Crístico, que significa, como
diz o texto, o pleno conhecimento da verdade, como poderíamos crer que
este mesmo Deus nos condenaria ao fogo eterno de um suposto inferno?
É possível admitirmos que a criação de um paraíso e de um inferno
foi necessária numa época de ignorância e de barbárie, a maneira
encontrada para cultivar o temor no povo, e também o respeito, a ordem e
o cumprimento da Lei ensinada na doutrina dos patriarcas. Consideramos
que houve um exagero por parte dos lideres religiosos, para que os fiéis
lotassem as igrejas, com o apoio da autoridades temporais. Estas usaram a
igreja para manipular as pessoas. Porém, nos dias de hoje, na era da
Informação, época de progesso científico, tecnológico, moral e social,
não há mais condições para manter essa situação.
“O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer ao Sheol e faz subir
dali.” (I Samuel 2:6)
Esta declaração inviabiliza a crença em uma descida para sempre ao
Sheol (sepultura, inferno), eternamente, pois a passagem diz: “e faz
subir dali” quantas vezes forem necessárias.
“Todos os limites da terra se lembrarão e se converterão ao Senhor, e
diante dele adorarão todas as famílias das nações.” (Salmo 22:27)
“Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até
o maior, diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não me
lembrarei mais dos seus pecados.” (Jeremias 31:34)
“Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do
ímpio, mas sim em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva.”
(Ezequiel 33:11)
“Digo-vos que assim haverá maior alegria no céu por um pecador que se
arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de
arrependimento.” (Lucas 15:7)
“Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os
homens.”
(Tito 2:11)
“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia;
porém é longânime para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão
que todos venham a arrepender-se.” (II Pedro 3:9)
Apresentamos estas passagens para mostrar que Deus, em sua infinita
bondade, infinita justiça, infinito em todas as suas perfeições, tendo
infinito amor a todos e sendo onipotente, onipresente e onisciente, já
sabe de antemão o destino dos seres por ele criado. Novamente nos
perguntamos se ele permitiria uma condenação eterna no fogo do inferno?
Como ficaria sua infinita misericórdia? A resposta está na reencarnação.
Sua promessa será cumprida, ainda que para alguns pareça tardia e ninguém
se perderá; haverá salvação para todos os homens, esta é a palavra do
Senhor.
"Além disso, a palavra Satan, em grego significa adversário. Diábolos, em
latim, quer dizer opositor. A palavra demônio ( daimon ), na sua
etimologia grega significa espíritos humanos ou almas, passando a ser,
posteriormente, entendida como espíritos maus. Tanto que alguns autores
do alvorecer do Cristianismo usavam a expressão “maus demônios”, e um
deles foi São Justino, martirizado em 165 D.C, e que escreveu a Obra
"Apologia da Religião Cristã”. Ora, como podem existir "maus demônios”?
Isso significaria, por acaso, que também poderiam existir "bons
demônios”? Daí se depreende que, na origem, a palavra demônio (daimon, em
grego) tinha o significado claro de que era tão somente espíritos humanos
e que posteriormente, com o passar dos séculos, os teólogos a
transformaram exclusivamente em espíritos maus, perversos, de natureza
diferente da humana.” Disponível no Site:
< http://www.geocities.com/jeffersonhpbr/Resp2-Religioso.html> Acesso em
08 de mai. 2005
CÉU E INFERNO ÍNTIMOS
“Conta-se que um dia um samurai, grande e forte, conhecido pela sua
índole violenta, foi procurar um sábio monge em busca de respostas para
suas dúvidas. – Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender,
ensina-me sobre o céu e o inferno. O monge, de pequena estatura e muito
franzino, olhou para o bravo guerreiro e, simulando desprezo, lhe disse:
- Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma, você está imundo. Seu mau
cheiro é insuportável. - Ademais, a lâmina da sua espada está
enferrujada. Você é uma vergonha para a sua classe. O samurai ficou
enfurecido. O sangue lhe subiu ao rosto e ele não conseguiu dizer nenhuma
palavra, tamanha era sua raiva. Empunhou a espada, ergueu-a sobre a
cabeça e se preparou para decapitar o monge. - "Aí começa o inferno",
disse-lhe o sábio mansamente. O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele
pequeno homem o impressionara. Afinal, arriscou a própria vida para lhe
ensinar sobre o inferno. O bravo guerreiro abaixou lentamente a espada e
agradeceu ao monge pelo valioso ensinamento. O velho sábio continuou em
silêncio. Passado algum tempo o samurai, já com a intimidade pacificada,
pediu humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz. Percebendo
que seu pedido era sincero, o monge lhe falou: - "Aí começa o céu". Para
nós, resta a importante lição sobre o céu e o inferno que podemos
construir na própria intimidade. Tanto o céu quanto o inferno, são
estados de alma que nós próprios elegemos no nosso dia-a-dia. A cada
instante somos convidados a tomar decisões que definirão o início do céu
ou o começo do inferno”. Disponível no Site:
<http://www.dolucro.com.br/voos/voo202.htm> Acesso em 04 set. 2005
Muitas palavras dos primeiros cristãos eram usadas em forma de
códigos, para que os romanos e lideranças judaicas não as conseguissem
decifrar. Depois da descoberta dos manuscritos do Mar Morto, muitos
pesquisadores chegaram à compreensão de certos significados. Por exemplo,
vícios e atitudes negativas eram chamados de demônios. Um sujeito que
roubasse, bebesse, dissesse palavrão, matasse, batesse na mulher e nos
filhos, teria cinco demônios, isto é, a cada comportamento destrutivo
correspondia um demônio.
Se esta pessoa era orientada e esclarecida que
estava agindo contra as leis de Deus, aceitava a orientação e passava a
agir corretamente, eliminando seus erros, entendia-se que os demônios
haviam sido “tirados” do seu corpo.
Também era uma crença comum naqueles tempos que quando uma pessoa
era acometida de uma doença física ou mental, principalmente as que
sofriam de epilepsia, surtos psiquiátricos ou de ataques com estranhos
devaneios e rodopios, considerava-se que estava possuída de um espírito
maléfico ou demônio. Por muitos séculos, aqueles que apresentavam
qualquer tipo de deficiência, eram tidos como endemoniados. Acreditava-se
até que ao se aproximar de uma pessoa nestas circunstâncias, poderia o
demônio passar para a outra pessoa. Em casos mais graves estes pobres
infelizes eram enterrados vivos, queimados em fogueiras ou torturados até
a morte.
“Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que
me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de
Deus, mas sim nas que são dos homens.” (Mateus 16:23)
(Respondeu-lhes Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? Contudo um de vós é
o diabo.”
(João 6:70)
Lembremo-nos que satan e diabo queriam dizer opositor e adversário,
em grego e latim, respectivamente. Como acreditar que exista um satanás,
ou um diabo, nas formas que nos foram ensinadas, se o próprio Mestre
chamou Pedro de satanás, e em seguida lhe disse que ele seria a pedra
sobre a qual edificaria sua Igreja? E quanto ao Apóstolo Judas, que
durante muito tempo o seguiu e serviu, que foi chamado de diabo?
Foram inventados o Inferno e o Diabo para se poder vender o
perdão...
“Nascer duas vezes não é mais surpreendente que
nascer uma vez: tudo na natureza é ressurreição.”
(Voltaire, 1.694 – 1.778)
“Aqui jaz o corpo de Benjamin Franklin, Impressor, Semelhante à
capa de um velho livro de páginas arrancadas, abandonadas ao léu, com seu
título e seus dourados apagados. A obra não se perderá,
pois como ele acreditava, ela aparecerá uma vez mais em nova
edição mais elegante, revisada e corrigida pelo autor.”
(Benjamin Franklin, 1.706 – 1.790)
“Jesus respondeu: Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.”
(Marcos 12:29)
“Subo para meu Pai e nosso Pai, para meu Deus e o vosso Deus.” (João
20:17)
Fazendo uso de dez passagens Bíblicas, trazemos à discussão as
seguintes questões: Como teve início o Cristianismo? Por que um modesto
padre, de nome Ario, criou uma controvérsia que perdurou quase 70 anos,
fazendo o Império Romano dividir-se entre o Oriente e o Ocidente? O que
pensavam os primeiros Patriarcas da Igreja?
Sabemos que Jesus recomendou a seus Discípulos que levassem a boa
nova a todos os cantos do mundo. Cartas e Epístolas eram o meio de
comunicação entre os Apóstolos e os lideres das comunidades religiosas
locais. O deslocamento, muitas vezes feito a pé, era difícil naquela
época, devido às grandes distâncias, além dos riscos que as viagens
ofereciam. E não podemos nos esquecer que todas essas populações já
cultivavam suas próprias religiões e crenças locais. Além disso, havia o
problema de comunicação, pois em cada localidade, o idioma era diferente
e pouquíssimas pessoas eram alfabetizadas. Conforme explicou o
pesquisador Paulo Nogueira, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Religião da Universidade Metodista, em São Bernardo, os ensinamentos da
nova doutrina receberam diferentes interpretações em cada região,
sofrendo influências de costumes locais.
“Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos
que entre nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que desde o
princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também a
mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo,
pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em
ordem. Para que conheças plenamente a verdade das coisas em que foste
instruído.” (Lucas 1:1 a 4 )
O próprio Lucas, no início do seu Evangelho, comenta que existiam
muitas narrações confiáveis, incluindo as de pessoas que foram
testemunhas oculares e de ministros da palavra. Lucas, que também é autor
dos Atos dos Apóstolos, foi discípulo de Paulo e o acompanhou em suas
viagens e pregações. Foi a partir de Paulo que uma nova religião teve
início.
“A nova religião era basicamente orientada para uma audiência romana.
Assim, o papel de Roma na morte de Jesus foi, por necessidade suprimida,
e a culpa transferida para os judeus. Mas esta não foi a única liberdade
tomada em relação aos fatos, para torná-los mais assimiláveis no mundo
romano. Pois o mundo romano estava acostumado a endeusar seus
governantes, e César já havia sido oficialmente estabelecido como um
deus. Para competir, Jesus, a quem ninguém antes havia considerado
divino, tinha que ser endeusado também. Ele o foi pelas mãos de Paulo.”
(BAIGENT Michael, LEIGH Richard e LINCOLN Henry, O Santo Graal e a
Linhagem Sagrada, 1993, pág.303)
A conversão de Paulo mudou para sempre os rumos da religião cristã.
Ele foi responsável, em grande parte, pela sua divulgação e pela
evangelização, levando sua mensagem para várias comunidades distantes,
desde a Palestina até a Grécia, Síria, Fenícia, Ásia Menor, Egito, e
principalmente Roma e Europa Ocidental. Fazemos aqui uma pequena
observação: nem Paulo, nem Lucas, conheceram Jesus pessoalmente.
“Nesse caso, por que suas relações com o próprio irmão de Jesus foram tão
embaraçosamente tensas”? “Por que teria havido esses atritos com os
nazarenos de Jerusalém, alguns dos quais tinham conhecido Jesus
pessoalmente e estavam certamente mais próximos dele do que Paulo jamais
estivera? Por que a pregação de Paulo irritou a hierarquia nazarena a
ponto de levá-la a enviar seus próprios emissários no seu rasto, para
desacreditá-lo? Parece claro que Paulo estava fazendo alguma coisa que o
próprio Jesus teria reprovado”. (BAIGENT Michael, LEIGH Richard e LINCOLN
Henry, A Herança Messiânica, 1986, pág.75)
“Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas
cumprir.” (Mateus 5:17)
Como vemos na passagem de Mateus, Jesus não tinha nenhuma intenção
de criar uma nova religião, mas de fazer cumprir a lei judaica. Muitos
Apóstolos ficaram na região da Palestina. Tiago, irmão do Mestre,
permaneceu em Jerusalém. Com a revolta dos judeus e as conseqüências da
vitória arrasadora dos romanos sobre estes, a destruição do Templo de
Jerusalém e o extermínio de grande parte da população, os ensinamentos
originais de Jesus ficaram comprometidos.
“Porque, se alguém vem e vos prega outro Jesus que nós não temos pregado,
ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que
não abraçastes, de boa mente o suportais!”
(II Coríntios
11: 4)
Nesta passagem, Paulo declara que outros apóstolos, inclusive
Tiago, estão ensinando de maneira diferente, ao falarem de um outro
Jesus, que pregava a obediência a Deus como determinava a lei Judaica,
ensinava o Amor e busca interior. Paulo mudou estas interpretações e
colocou Jesus em nível de Deus. Podemos compreender essa atitude, pois
ele foi pregar em regiões que já possuíam suas próprias religiões, seus
cultos e, consequentemente, seus deuses, como Tamuz, Osíris, Átis,
Adônis, Dionísio e Zoroastro.
“Ora, se prega que Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, como dizem
alguns entre vós que não há ressurreição de mortos? Mas se não há
ressurreição de mortos, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo
não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa
fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus que
ele ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na
verdade, os mortos não são ressuscitados. Porque, se os mortos não são
ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado.” (I Coríntios 15: 12
a 16)
Foi Paulo quem estabeleceu a doutrina da ressurreição de sangue e
ossos, de cadáveres voltando à vida. Observamos que, em sua primeira
carta aos Coríntios, precisou dar explicações veementes para justificar
algo que só ele estava ensinando.
“Um dos principais problemas associados à aceitação da ressurreição
carnal de Jesus é que essa premissa é muito pouco defendida nos
Evangelhos. Vimos que os versículos 9 a 20 de Marcos 16 foram
estrategicamente acrescentados muito tempo depois que o Evangelho estava
completo e publicado. E se o Evangelho de Marcos foi o primeiro dos
Evangelhos Sinópticos, formando a base para os outros, então uma dúvida
legítima pode pairar sobre a autenticidade dos versículos finais de
Mateus e Lucas.” (GARDNER Laurence, A Linhagem do Santo Graal, 2004, pág.
99)
“Jesus de Nazaré deve ser cuidadosamente diferenciado do Jesus de Paulo.
Gerações e séculos passaram até que a corrente paulina com seu forte
apelo em favor do Império Romano ganhassem ascendência sobre a corrente
apostólica”, diz o teólogo. O fato é que, até o século 4, o cristianismo
dividia-se em duas corrente distintas, uma liderada pelo discípulos de
Paulo e outra pelos seguidores dos apóstolos de Cristo. Quando o
cristianismo tornou-se a religião oficial do império romano, a corrente
Paulina saiu-se vitoriosa. “As idéias de Paulo, afáveis aos dominadores,
foram definitivamente incorporadas à doutrina cristã, diz Fernando.”
(Revista Super Interessante, edição 195, dez. 2003, Editora Abril, pág.
62)
Além de Paulo, muitos seguidores da doutrina escreveram suas
memórias sobre a vida e os ensinamentos de Jesus, a partir da segunda
metade do primeiro século, e continuaram surgindo novos escritos por um
longo tempo ainda. Foi assim que surgiu a base para o Novo Testamento,
sendo que somente os evangelhos atribuídos a Marcos, Mateus, Lucas e João
foram considerados divinamente inspirados, e assim incorporados à Bíblia.
Não foram oficializados os evangelhos: de Tomé, Felipe, Madalena, Pedro,
Bartolomeu, André, Tiago e do próprio Judas, Gnósticos, Segundo os
Hebreus, Segundo os Egípcios e muitos outros. Alguns estudiosos afirmam
que seriam dezenas. Segundo Pablo Nogueira (2002), foram considerados
apócrifos, (ocultos, em grego), ou seja, não inspirados por Deus e
simplesmente deixados fora dos textos considerados sagrados.
Em 144, Marcião propõe um cânone com apenas o Evangelho de Lucas e
dez cartas de Paulo, e entre 170 e 180, Taciano apresenta uma versão
condensada dos Evangelhos tradicionais, de sua autoria, mas a Igreja
recusa. Foi no Concílio de Nicéia, em 325, que houve uma primeira
separação dos evangelhos considerados canônicos. O Bispo Atanásio, em
367, fez e oficializou a primeira lista dos textos que compõem o Novo
Testamento, com exceção do livro do Apocalipse. Foi em 397, no Concílio
de Cartago, que o Novo Testamento foi definido conforme está até hoje,
com 27 Livros, com a inclusão do Apocalipse. É interessante ressaltar,
porém, que somente no Concílio de Trento, em 1.546, houve a oficialização
do cânone, aprovando o Novo Testamento.
Mas foram os ensinamentos de Ário (256 - 336) que causaram a maior
polêmica de todos os tempos sobre os textos bíblicos. Por volta de 312,
em Alexandria, o teólogo Ário começou a difundir a teoria segundo a qual,
ao Filho de Deus, criado pelo Pai, não poderia ser atribuída a mesma
substância que o Pai. Sendo não consubstancial com Deus, Cristo perde a
possibilidade de ser portador da revelação e da redenção dos homens. Ário
afirmava que Jesus não era igual a Deus, porém criado por ele e a ele
subordinado. Em outros termos, ele negava a divindade de Jesus, sem
jamais tirar os seus méritos nem o estado divino que ele alcançou pelo
seu processo evolutivo, fatos estes que só podem ser explicados através
da reencarnação.
Diocleciano, imperador romano que iniciou uma terrível perseguição
aos cristãos, foi morto em 305. Constantino, em 306, assumiu como Augusto
do Ocidente e em 312 avançou com suas tropas sobre Roma, para enfrentar
Maxêncio, seu adversário ao poder no Império Romano do Ocidente. Em um
sonho, teve uma visão de que se adotasse o símbolo cristão, seria o
vencedor. Impressionado, determinou que seus soldados a colocassem em
seus escudos e derrotou Maxêncio. Assim, Constantino se tornou o regente
do império ocidental, enquanto que o do oriente era governado por
Licínio, um perseguidor dos cristãos.
Licínio casou-se com a irmã de Constantino, e como cunhados, ambos
se uniram e por isso cessaram as perseguições. As igrejas, bem como os
bens confiscados, são devolvidas para o cristianismo e os cofres públicos
lhe são abertos. Porém, em 316, os dois governantes se tornaram novamente
inimigos e começou uma nova guerra pelo controle e unificação do império.
Licínio voltou a ser um perseguidor intermitente dos cristãos. Em 324,
Constantino finalmente derrotou as forças de Licínio, pondo um ponto
final na guerra e nas perseguições. O Império Romano estava unido sob a
liderança de um único homem, e este regente era um cristão. (RUBENSTEIN,
Richard E. 2001, pág. 69 e 70).
Em 318, os ensinamentos de Ário haviam se transformado em uma
grande controvérsia. Ele fundamentou seus ensinamentos em Antiorquia,
onde estudou teologia por vários anos. Para grande parte dos primeiros
cristãos, Jesus era subordinado ao Pai.O bispo Alexandre de Alexandria
convocou um concílio de bispos regionais para julgar os ensinamentos de
Ário, que foram considerados heréticos. Ário foi excomungado e expulso da
cidade. Foi buscar apoio em Antioquia. Eusébio, o bispo local, era seu
amigo e muito influente na região oriental do império romano, e não só
lhe prestou apoio, como convocou uma reunião de bispos, ou seja, um
concílio, para debater os ensinamentos de Ário, que nessa oportunidade
deixaram de ser considerados heréticos.
A divergência sobre a divindade de Jesus foi aumentando. Por um
lado, Eusébio, que era influente no Oriente, contava com o apoio de
muitos bispos daquela região, onde predominava uma espécie de continuação
do judaísmo e da cultura grega. Esses religiosos apoiavam as idéias de
Ário, pois identificavam uma natureza humana em Jesus, viam-no como uma
espécie de irmão mais velho, que mostrara o caminho a ser seguido.
Reconheciam-no como um exemplo moral que ressaltava seus aspectos de
Filho, não como Pai.
Enquanto isso, o bispo de Alexandria, com grande influencia no
Ocidente e seus seguidores, dentre eles seu pupilo e sucessor, Atanásio,
eram contrários às idéias de Ário e contavam com o apoio dos bispos de
fala latina do império. Eles acreditavam que somente um Jesus que
estivesse no mesmo nível de Deus poderia vencer o pecado e a morte.
Também entendiam a igreja como o elemento mais importante de salvação.
(REVISTA GALILEU, N 173, dezembro 2005 pág. 35)
O imperador Constantino, que já havia declarado o Cristianismo como
religião oficial do império romano, preocupado com a controvérsia criada
pela cisma ariana, com as muitas divergências de culto e de
interpretações dos ensinamentos de Jesus, principalmente entre o Oriente
(Grego) e o Ocidente (Latim), convocou o primeiro Concílio de Nicéia em
325. Participaram desse evento o bispo Eusébio, representando os arianos,
e o bispo Alexandre, juntamente com Atanásio, representando os contrários
às idéias de Ário.
“Pouco mais de 300 bispos compareceram, a grande maioria era do domínio
de Constantino, tornando a votação, no mínimo, tendenciosa. Assim
Constantino aprovaria com facilidade tudo aquilo que fosse do seu
interesse, e os bispos que discordaram, foram simplesmente perseguidos e
exilados. Portanto, as orientações de Constantino nessa etapa foram
decisivas para que o Concílio condenasse as idéias de Ario, e promulgasse
o credo de Nicéia, onde afirma a Divindade de Cristo, com a seguinte
expressão sobre Jesus: “Gerado, não criado” em 19 de Junho de 325 d.C.
Mas, se foi gerado, Cristo não existia antes de ser gerado pelo Pai.
Logo, Ele não é Deus, pois Deus é eterno. E com isso, veio a conseqüente
instituição da Santíssima Trindade, que oferecia grande vantagem às
pretensões da Igreja. Permitia-lhe fazer de Jesus Cristo um Deus.
Conferia a Jesus um prestígio, uma autoridade, cujo esplendor recaía
sobre a própria Igreja católica e assegurava o seu poder, exatamente como
foi planejado por Constantino. E a mais discutida, ainda, a instituição
do Espírito Santo, o que redundou em interpolações e cortes de textos
sagrados, para se adaptar a Bíblia às decisões do conturbado Concílio e
outros, como o de Constantinopla, em 38l, cujo objetivo foi confirmar as
decisões daquele.” (P.C.Jr. ROBERTO, O Concílio de Nicéia, 1997,
disponível em: <http://geocities.yahoo.com.br/luizahpbr/FrasesNticker/nic.html>, acessado em 12 de fev. 2006
É importante destacar que as primeiras resoluções tomadas neste
concílio, além da condenação ariana, foi a alteração da data comemorativa
da Páscoa. Nos primeiros três séculos, o cristianismo era considerado uma
ramificação do judaísmo, portanto a comemoração da Páscoa era no mesmo
dia, embora houvesse significados diferentes entre a comemoração judaica
e cristã. Constantino, pressionado pelos cristãos que não possuíam origem
judaica, os chamados gentios, tratou de diferenciar estas datas. Outra
alteração importante nesta ocasião foi o dia de descanso semanal, ficando
definido o domingo para os cristãos como descanso semanal, enquanto que
os judeus guardam o dia do sábado até hoje. Nesse caso, o interesse foi
do próprio Constantino, que, em seus tempos de pagão, cultuara o deus Sol
Invictus, a quem era dedicado o domingo, “o venerável dia do Sol".
Em vista disso, Ário não aceitou o novo credo e foi expulso da
igreja. Quanto ao bispo Eusébio, seu defensor, foi exilado, como
represália. Posteriormente, o mesmo imperador Constantino promoveu uma
grande reviravolta, retirando Eusébio do exílio, transformando-o em seu
conselheiro particular e se aproximando de Ário, que teve autorização
para retornar. Mas o bispo Alexandre de Alexandria não permitiu sua
entrada nas igrejas. Eusébio promoveu um novo concílio, que acabou
aceitando as idéias arianas e, portanto, nestas alturas, Jesus deixou de
ser considerado Deus.
Com a morte do bispo Alexandre, foi nomeado seu sucessor Atanásio,
inimigo ferrenho das idéias de Ário. Começou uma perseguição e foi usada
a força contra os seguidores do Arianismo. O imperador Constantino
oscilava entre um lado e outro, e os arianos, em um novo concílio na
cidade de Tiro, condenaram Atanásio, que, excomungado, fugiu para o
Egito.
Ocorreu mais um concílio, desta vez em Constantinopla, e novamente
os ensinamentos de Ário foram aceitos; foi concedido a este o direito de
receber a comunhão, mas faleceu pouco antes de entrar na igreja. Pouco
tempo depois, Constantino também morreu, sendo o império divido entre
seus dois filhos. Um deles, Constâncio, ficou com a parte oriental do
império, protegendo os arianos, enquanto Constante, favorável aos
antiarianos, herdou a Itália.
Terríveis lutas foram desencadeadas entre os grupos divergentes,
por todo o Mediterrâneo oriental. Atanásio (inimigo de Ário), fugindo das
tropas militares, seguiu para Roma. Eusébio (defensor do Arianismo)
tornou-se bispo de Constantinopla, cidade estratégica para o poder
naquela época, mas veio a falecer em seguida. Os seguidores de Atanásio
tentaram colocar Paulo como novo bispo. Isto gerou uma onda de conflitos
e muitas mortes, a ponto de Constante ameaçar com o uso das forças
militares para defender Atanásio, contra seu próprio irmão Constâncio.
Novamente, o Império Romano foi unificado, ficando a cargo de
Constâncio. Este, percebendo que Atanásio se tornara uma ameaça para a
estabilidade do reino, convocou um novo concílio, tentando substituir o
credo de Nicéia, mas logo veio a falecer. Muitos ocuparam o trono romano
nos próximos anos. Atanásio, que durante aproximadamente 40 anos fora
contrário às idéias de Ário, morreu em 373, pouco antes de as legiões
romanas, sob o comando do imperador ariano Valente, serem dizimadas
pelos godos em Adrianópolis.
A proteção aos arianos, por parte de imperadores e das legiões
romanas, estava chegando ao fim. Teodósio I, novo imperador, presenciando
o poderio romano chegar ao final, ao visitar a Itália, aproximou-se dos
bispos da igreja de Roma. Em fevereiro de 380, assinou um decreto,
promulgando a ortodoxia nicena como lei. Proibiu que os arianos
celebrassem cultos em qualquer igreja e removeu-os dos bispados mais
importantes. No concílio de Constantinopla, em 381, reafirmou o credo
niceno, determinado a queima dos documentos arianos, cuja posse
representaria condenação à morte. O cristianismo foi reafirmado como
religião oficial do império, em uma vitória dos ortodoxos de Roma, ou
seja, da igreja latina. Então, para a igreja católica e todo cristianismo
da época, Jesus se tornou Deus definitivamente.
Decorreram quase 70 anos de guerras e perseguições intermináveis,
para decidir sobre a divindade de Jesus. Como dissemos no início deste
capítulo, cada localidade tinha um líder e um credo influenciado pelos
costumes regionais. Em Roma não foi diferente: prevaleceram as idéias e
ensinamentos de apóstolo Paulo de Tarso. Mas, no século V, os debates
sobre a divindade de Jesus voltaram à tona. As igrejas da Síria
Ocidental, Armênia, Egito e Etiópia, privilegiavam sua origem divina,
enquanto que no Ocidente subsistiu o princípio da plena humanidade de
Jesus. (REVISTA GALILEU, nº 173, dezembro 2005, pág. 28-37)
Vamos apresentar algumas passagens do Novo Testamento, que apóiam o
pensamento de Ário.
“Jesus respondeu: Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único
Senhor.” (Marcos 12:29)
“Subo para meu Pai e nosso Pai, para meu Deus e o vosso Deus.”
(João 20:17)
“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria
dito; vou preparar-vos lugar.” (João 14:2)
“Homens de Israel, ouvi estas palavras”! “Jesus, o Nazareno, foi por Deus
aprovado diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, que Deus operou
por meio dele entre vós, como bem o sabeis”. ”Este homem, entregue
segundo o desígnio determinado e a presciência de Deus.” (Atos 2: 22-23).
“Ouvistes que eu vos disse: Vou, e voltarei a vós. Se me amásseis,
alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai; porque o Pai é maior do que
eu.” (João 14:28)
“E a Jacó nasceu José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado o
Cristo. De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são
catorze gerações; e desde Davi até a deportação para Babilônia, catorze
gerações; e desde a deportação para Babilônia até o Cristo, catorze
gerações.” (Mateus 1:16-17)
Teríamos muitas outras passagens que ressaltam o aspecto humano de
Jesus. Em Atos dos Apóstolos 2: 30, lemos que “Jesus teria que sair dos
lombos de Davi”, e o próprio Paulo, o fundador do cristianismo no
Ocidente, frisa, a respeito de Deus, isto é, do Pai, que o Senhor (Jesus)
“era o filho da semente de Davi, segundo a carne e que foi demonstrado
Filho de Deus, pela potência do espírito da Santidade que o ressuscitou
dentre os mortos” (LETERRE, 2004, Pág. 98).
Podemos verificar a genealogia de Jesus, desde Abraão até Jesus com
muita clareza, na abertura do evangelho de Mateus. Em nossa opinião, foi
feito um grande malabarismo para colocar Jesus na mesma categoria de
Deus. Os interesses políticos, a dominação das massas e o poder temporal
falaram mais alto.
Os primeiros padres da Igreja Cristã pregavam e acreditavam na
reencarnação, ou na pré-existência da alma, como veremos a seguir. Eles
foram a base da igreja, acatados como os primeiros santos do
cristianismo. Séculos depois, em novos concílios, muitos deles seriam
excomungados e suas idéias e ensinamentos, considerados heréticos.
Filon - contemporâneo de Jesus, mentor dos patriarcas da Igreja e místico
judeu extraordinário, era muito respeitado na comunidade judaica. Teria
se convertido ao cristianismo mais tarde. São Jerônimo relatou que se
encontrara com o apóstolo Pedro, em uma visita a Roma. Filon era um
místico que acreditava na comunhão direta com Deus, seguida da união
divina, como meta da vida. A reencarnação fazia parte da sua visão do
mundo e ele a discutiu detalhadamente. Escreveu: “As almas que se deixam
influenciar pelo desejo de uma vida mortal... retornam a ela.” (PROPHET,
1999 Pag. 84 e 85).
Orígenes (182 – 251) - nasceu em Alexandria. Cristão egípcio, escreveu
centenas de obras, sendo considerado um dos pais da igreja primitiva.
Orígenes defendia a tese da pré-existência da alma. Propunha a
interpretação alegórica dos textos sagrados, afirmando que estes traziam,
nas entrelinhas de uma clareza aparente, um sentido mais profundo,
esotérico. Teve como mestre Clemente de Alexandria. Foi, sem dúvida, um
dos maiores sábios do cristianismo de todos os tempos, responsável pela
criação da teologia cristã. Com 17 anos, tornou-se reitor da
Universidade de Alexandria, o mais importante centro intelectual do mundo
no século III. Seus ensinamentos, como a pré-existência da alma, ou seja
a reencarnação, compreeendida como justiça divina, faziam mais sentido
para a compreensão do povo. E por isso passou a ser aceito por muitos,
causando ciúmes em Demétrio, bispo de Alexandria, que negou-lhe a
ordenação. Em contrapartida, Orígenes teve outras duas ofertas para ser
ordenado, uma por parte de Alexandre, bispo de Jerusalém e outra pelo
bispo de Cesaréia, Teoctisto. Apesar disso, perseguido e condenado, teve
seus textos destruídos, e o restante profundamente alterado. Considerado
herege, no V Concílio Ecumênico de Constantinopla II, em 553, foi
condenado por haver ensinado e pregado sobre a preexistência do Espírito
e a Apocatástase (restauração de todas as coisas). ( REIS CHAVES, 1998,
p. 162 e 163).
São Clemente de Alexandria (150 – 229) - ligado à corrente gnóstica
cristã, sendo os gnósticos reencarnacionistas. Seu método era “começar
com Platão para chegar a Cristo”, uma vez que Platão ensinou a
reencarnação. Um dos primeiros santos da igreja, teve seu título de Santo
cassado 16 séculos depois, pelo Papa Benedito XIV, em meados do seculo
XIX. Seu pecado teria sido a crença na reencarnação?
Santo Agostinho (354 – 430) - deixou-nos um total de 232 livros sobre
teológia, filosofia, cultura e literatura, escritos durante a sua vida de
76 anos. Em Confissões, encontramos um pedido seu: “Dize-me, Senhor, eu
Te suplico, Tu tens compaixão de minha miséria, dize-me se a minha
infância sucedeu a outra vida já morta. Pois alguma coisa me revelaram
dessa vida e eu mesmo vi mulheres grávidas. Mas, antes disso, o que era
eu, meu Deus, ó minha doçura? Existi, porventura em qualquer parte, fui
alguém?” Em Contra acadêmicos, Santo Agostinho fala sobre a reencarnação
de Platão em Plotino: “A Mensagem de Platão, a mais pura e luminosa de
toda a Filosofia, pelo menos tornou difusa a escuridão do erro, e agora
brilha em Plotino, discípulo de Platão, tão semelhante ao seu mestre, que
se pensaria que viveram juntos, ou melhor, uma vez que separados por tão
longo período de tempo, que Platão nasceu de novo em Plotino” ( REIS
CHAVES, 1998, p. 166 e 167).
Muitos dos escritos de Santo Agostinho datam de antes da sua
conversão ao cristianismo, quando estudou o Maniqueísmo, religião
reencarnacionista, em que defendia as idéias de Platão e Plotino, que
também aceitavam a reencarnação. Entre essas obras, citamos algumas:
Sobre a imortalidade da alma, Da vida beata, Os solilóquios, Contra os
acadêmicos, Sobre a quantidade da alma, Sobre o mestre, Sobre a música. E
mais tarde, como cristão: Sobre os costumes, Do livre arbítrio, Sobre as
duas almas, Da natureza do bem, e mais ainda, obras que interessam à
filosofia e à teologia religiosa, especialmente: Da Verdadeira Religião,
As Confissões, A Cidade de Deus, Da Trindade, Da Mentira. disponível em
<http://www.mundodosfilosofos.com.br
/agostinho.htm#A> acesso em 26 de mar. 2006
São Jerônimo (340 – 420) - Autor da Vulgata, afirmou que a transmigração
das almas era ensinada durante um longo tempo na Igreja. Em suas cartas a
Avitus, imperador romano, discorre sobre a reencarnação, afirmando que
esta era um princípio antigo, ensinado secretamente a poucos, como uma
verdade não divulgável.
São Gregório Nazianzeno (257 - 332) - foi grande amigo de Juliano
Apóstata, um grande reencarnacionista da época. Gregorio defendia a
reencarnação, alegando que este era o maior argumento para a justiça de
Deus.
São Gregório de Nissa (aprox. 330 – 395) - Era reencarnacionista, e fazia
parte dos teólogos e cabalistas que declaravam a justiça de Deus como
maior argumento a favor da reencarnação. Um texto dele: “Há necessidade
de natureza para a alma imortal ser curada e purificada, e se ela não o
for na sua vida terretre, a cura se operará através de vidas futuras e
subseqüentes.” ( REIS CHAVES, 1998, p. 169).
Plotino (205 – 270) - Suas últimas palavras ao médico Eustóquio foram:
"Procurai sempre conjugar o divino que há em vós com o divino que há no
universo".
São Justino (165) - segundo ele, “a alma habita corpos sucessivos,
perdendo a memória das vidas passadas” (ATKINSON, São Paulo, 1995, pag.
46).
São Círilo - Mais um renomado patriarca de Alexandria, adepto da
reencarnação, um dos mais destacados expoentes da filosofia e da teologia
do cristianismo primitivo. Combateu o pensamento de Nestório, patriarca
de Constantinopla, que acabou sendo deposto pelo Concílio de Éfeso, em
431. (REIS CHAVES, 1998, p. 170).
A igreja teve varios concílios, mas o mais tumultuado e o mais
confuso, inclusive com desrespeito aos bispos e ao próprio Papa Virgílio,
foi de Constantinopla II, no ano de 553. O Imperador Justiniano organizou
este concílio, atendendo solicitação de sua mulher, a Imperatriz Teodora.
“Contam muitos autores que, por ter sido uma prostituta, isso era motivo
de muito orgulho por parte das suas ex-colegas. Ela sentia, por sua vez,
uma grande revolta contra o fato de suas ex-colegas ficarem decantando
tal honra, que, para Teodora, se constituia em desonra. Para acabar com
esta história, mandou eliminar todas as prostitutas da região de
Constantinopla, cerca de quinhentas. Como o povo naquela época era
reencarnacionista, apesar de ser em sua maioria cristão, passou a chamála de assassina, e a dizer que deveria ser assassinada, em vidas futuras,
quinhentas vezes; que era seu carma por ter mandado assassinar as suas
ex-colegas.” (CHAVES, José Reis, 1998, pag.185 e 186).
Teodora, que conhecia os ensinamentos da pré-existência da alma,
ensinada por Orígenes, e as doutrinas dos Gnósticos, acreditou que seu
marido, o Imperador Justiniano, teria força para abolir estes
ensinamentos por decreto, ficando ela totalmente isenta de reencarnar
tantas vezes, como o povo falava. Justiniano começou uma perseguição
implacável contra os seguidores das idéias de Orígenes. Em 543, este
recebeu dez condenações, publicadas em um édito e em seguida aprovadas em
um sínodo, pelos bispos locais, a pedido do Imperador e do Patriaca de
Constantinopla. Uma das condenações atribuídas a Orígenes foi: “Quem
sustentar a mítica crença na preexistência da alma e a opinião,
conseqûentemente estranha, de sua volta, seja Anátema”. (ATKINSON,
Willian Walker, 1995 pag. 47).
O Papa Vigílio que, por essa época, se encontrava em Constantinopla,
recusou-se a assistir ao concílio, porque não conseguia obter do
imperador uma representação dos bispos do Ocidente equivalente à dos
bispos do Oriente. (PRIEUR Jean, 1994, pag. 127).
O Imperador Justiniano em, 553, durante o concílio, teve que fazer
uma enorme manobra nos bastidores do seu império e dentro da igreja,
obrigando os bispos a votarem sobre pressão e ameaças, para prevalecer
sua vontade e principalmente de sua mulher Teodora, inclusive afastando o
proprio Papa das decisões. A própria criação destas leis, condenando esta
crença é a maior comprovação de que a reencaranação era largamente
aceita, ensinada e conhecida de todos.
“Aquele que retorna para a terra e faz o bem, segundo o seu conhecimento,
suas palavras, ações e intenções, recebe um dia uma elevada função ou uma
felicidade qualquer que corresponde a uma recompensa, que convenha aos
seus méritos... Aqueles que durante o período de vida na terra, vivem na
dor e no desgosto, sofrem com isso por causa de suas palavras mesquinhas
ou suas más ações num corpo anterior, pelo que o Muijusto os pune no
presente.”
(Zoroastro, 1000 anos a.C.)
“Morrer é mudar de corpo como os atores mudam de roupa.”
(Plotino, 205 - 270)
“Eu posso muito bem imaginar que posso ter vivido em séculos
passados e Lá ter encontrado perguntas que ainda não
fui capaz de responder. Assim, tenho de nascer novamente
porque não cumpri a missão que me foi confiada.”
(Carl G. Jung, 1.875 – 1.961)
“É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só
mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar; não
dado ao vinho, não espancador, mas moderado, inimigo de contendas, não
ganancioso; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em
sujeição, com todo o respeito pois, se alguém não sabe governar a sua
própria casa, como cuidará da igreja de Deus?.” (I Timóteo 3:1 a 5)
No capítulo final, uma retrospectiva nos permite observar que as
mudanças sucessivas impostas nas doutrinas cristãs foram sendo criadas
sem sustentação na Bíblia. Avaliaremos também como muitos trechos
bíblicos contestam os dogmas celibato sacerdotal, pecado original,
confissão auricular, entre outros.
O Mestre Jesus nunca negou a existência da reencarnação, pelo
contrário, ensinou-a de uma forma velada às multidões e explícita aos
mais próximos conforme já apresentamos nos capítulos anteriores. Naqueles
tempos, a crença na imortalidade da Alma era comum entre várias correntes
do judaísmo. A imposição de dogmas é que lança obscuridade sobre os
problemas da vida, revolta a razão e afasta o homem lúcido de Deus.
No início, as reuniões para ensinar a boa nova ocorriam em grutas,
catacumbas, locais isolados e sempre às escondidas. Quando Constantino
adotou o cristianismo como religião oficial do estado, começou-se a
construir igrejas, e mais tarde catedrais suntuosas. É uma realidade o
poderio atingido pelas religiões que se derivaram com o passar do tempo.
Constatamos isto nos pontos mais centrais de nossas cidades,
principalmente no Vaticano.
Em nome de Deus, matou-se, flagelou-se, organizaram-se todos os
tipos de perseguição aos que se opunham aos dogmas religiosos, fizeram-se
guerras, as cruzadas, a santa inquisição, artimanhas nos bastidores de
castelos para substituir reis, abusos sexuais e muitas outras atrocidades
que é impossível relatar neste pequeno trabalho, pois seriam necessários
vários volumes.
Claro que não podemos generalizar, uma vez que a igreja, ao longo
dos séculos, abrigou muitos homens considerados Santos. No entanto, a
maioria destes bons representantes da igreja viveu longe da influência do
Vaticano. As ovelhas negras eram em numero até pequeno, mas o seu estrago
foi grande, por que estavam justamente nos altos escalões da igreja.
É certo que precisamos fazer justiça à organização da igreja,
reconhecendo que muitos dos seus pregadores, principalmente os primeiros
mártires, foram homens de alta evolução espiritual. Muitos Padres, Bispos
e até mesmo Papas, foram honrados e difundiram a caridade e o amor ao
próximo, como verdadeiros portadores da paz. Aproximando-se muito dos
ensinamentos e da conduta de Jesus. Um exemplo recente foi o Papa polonês
João Paulo II, Karol Wojtyla.
Também sabemos que a igreja foi muito importante na dimensão social
e cultural, colocando um freio nos povos rudes e de pouca instrução
daquela época. Muitos, com medo de pecar, deixaram de roubar, matar,
cometer abusos sexuais e outros crimes, procurando se manter na retidão
que a igreja exigia. Foi um mal necessário para trazer os fieis para
dentro da igreja, evitando que o caos se instalasse e se perpetuasse na
sociedade.
No entanto, a luz trazida pelo Mestre Jesus foi aos poucos sendo
apagada, com a criação e imposição de dogmas. Imperadores e reis,
interessados na parceria com a igreja, fortaleceram o clero de tal
maneira que, sob o comando deste, organizaram-se gigantescas cruzadas
para a retomada de Jerusalém, com a absurda promessa de pagamento aos que
lutassem a seu lado contra os muçulmanos, com o produto dos saques aos
que iam sendo exterminados pelo caminho, ao longo das viagens e após as
vitórias, além da promessa de um lugar certo no céu. Tudo em nome de
Deus.
Os dogmas eram impostos à força, sendo feitas verdadeiras lavagens
cerebrais, por força do fanatismo de algumas mentes pouco evoluídas. Os
lugares humildes, como as montanhas, margens de fontes e rios, ou ainda
casas simples, que Jesus usava para pregar seus ensinamentos, foram
substituídos por suntuosidades, ouro, prata, mármore, utensílios com
pedras preciosas, lustres de cristais, móveis em madeira de lei.
Sem falar no comércio de lugares no céu, na venda de indulgências, e
deste modo a igreja passou a se considerar a única dotada de poderes para
representar Deus na terra, decidindo quem deveria ser salvo ou condenado.
Dentre estes, eram agraciados principalmente os mais ricos, que doavam
verdadeiras fortunas para se livrar do inferno eterno e do purgatório.
Quanto aos pobres, que não tinham condições de pagar pelo perdão por seus
pecados, lutavam ao lado dos papas, defendendo os interesses destes.
Nos primeiros 400 anos do cristianismo, os principais líderes
cristãos lutaram contra as decisões dos concílios e dos papas, pois não
queriam alterações ou modificações nos ensinamentos originais de Jesus e
seus Discípulos. Posicionamentos adotados pelo catolicismo, desde sua
criação e ao longo dos tempos, alteraram os ensinamentos de Jesus,
resultando em distanciamento e rejeição da doutrina da reencarnação.
Veremos a seguir alguns, dogmas e as principais alterações, feitas pelo
catolicismo, sempre sob influência de outras religiões, provenientes do
paganismo, até então a religião oficial do Império Romano.
São Cipriano, bispo de Cartago, São Jerônimo e outros, declararam
que não aceitariam nada que não estivesse de acordo com os ensinamentos
de Jesus.
“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto,
o qual é Jesus Cristo.” (I Cor. 3: 11)
Ano 70 - O Patriarca de Jerusalém centralizava a liderança do
cristianismo, que passou posteriormente para Roma. Este Patriarcado era
divido com mais quatro cidades importantes da época, como já vimos em
capítulo anterior.
304 - Os bispos começaram a ser chamados de Papa. A palavra “Papa”
significa pai. Lembremos o que a Bíblia nos diz:
“E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai,
aquele que está nos céus.” (Mateus 23: 9)
A igreja dá outro significado à palavra Papa: é Sumo Pontífice, ou
seja, uma espécie de ponte entre os homens e Deus.
“Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo
Jesus, homem.”
(I Tim. 2: 5)
“E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome
há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.” (Atos 4:12)
310 - Iniciam-se as rezas pelos mortos.
313 - O Imperador Constantino assinou o Edito de Milão, concedendo
liberdade religiosa aos cristãos.
318 - Foram substituídos os sacrifícios de animais em louvor a Deus,
passando a ser representados pelo pão e vinho, como símbolos do corpo e
do sangue de Jesus.
320 - Foi introduzido o uso de velas, um hábito pagão.
325 - No Concílio de Nicéa, conforme já vimos, foi alterada a data
da Páscoa cristã, passando a ser comemorada sempre no primeiro domingo
após a primeira lua cheia, em seguida ao equinócio vernal, podendo cair
entre 22 de Março e 25 de Abril. Na mesma ocasião, foi instituído o
domingo como dia de descanso no cristianismo, criado o credo nicéno e
aprovado o dogma da Santíssima Trindade, além da condenação aos
ensinamentos de Ário.
“Negada a preexistência da alma, afirmando ser criada no momento da
concepção, juntamente com o corpo (A negação da preexistência da alma
abriria caminho para, mais tarde, como efetivamente ocorreu, eliminar a
teoria da reencarnação)” Disponível em <
http://www.panoramaespirita.com.br/artigos/artigos_04/deformacoes_cristia
nismo_atraves_seculos.html> Acesso em 01 de abr. 2006
Entre 270 e 370 - Foram criados os altares nas igrejas, que antes
não existiam, tornando-se cada vez mais suntuosos, com recursos
“extraídos” dos fiéis.
“Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não sucederá sem que venha
primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da
perdição. Aquele que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus
ou é objeto de adoração, de sorte que se assenta no santuário de Deus,
apresentando-se como Deus.” (II Tessalonicenses 2:3-4)
364 - No Concílio de Laodicéia, começa a separação dos evangelhos
conhecidos na época. Somente 4 foram selecionados, dentre os 72
apresentados, e os demais, considerados apócrifos.
370 - O Papa Ambrosio começou a propagar o culto às relíquias dos
santos e mártires.
375 - Foi instituído o culto aos santos e anjos.
381 - No Concílio de Constantinopla, a Igreja Cristã recebe o nome
de “Católica”. O Imperador Teodósio decreta o Cristianismo como religião
oficial do Império. E, através de outro decreto, intitula o bispo de Roma
como sendo o Papa da igreja e sucessor do apóstolo Pedro. Decidiu-se
sobre a divindade do Espírito Santo e foi declarada nova condenação aos
defensores do Arianismo.
394 - O Culto Cristão deixou de existir e foi instituída a missa.
400 - Instituiu-se o sinal da cruz no lugar do peixe, alternando
este símbolo dos primeiros cristãos por outro, que expressava mais a
morte física e o sofrimento material do que a essência espiritual dos
ensinamentos. Também no ano 400 foi criado o dogma do pecado original.
“No princípio do século V, o debate sobre o sofrimento humano centrou-se
nos bebês recém-nascidos, que obviamente não haviam cometido ainda
qualquer pecado. Se não haviam pecado, por que alguns nasciam com
deficiências, ou pouco inteligentes, enquanto outros eram normais? A
Igreja rejeitava a idéia de Orígenes a esta pergunta: os seus destinos
eram resultado direto de suas ações passadas.”
“Mas foi Santo Agostinho (354 – 430) que apanhou do chão esta maçã
empoeirada, limpou-a em seu manto de bispo e transformou-a naquilo que
ainda hoje é um fundamento da teologia cristã – o pecado original.”
(PROPHET, Elizabeth Clare, 1999, pág. 216 e 217)
O pecado original é a negação total, feita pela igreja, do direito
que os cristãos possuem de contatar o Deus interior. Para tanto,
Agostinho usou a seguinte passagem bíblica:
“Eis porque, como por meio de um só homem o pecado entrou no mundo e,
pelo pecado, a morte, e assim a morte passou a todos os homens, porque
todos pecaram.”
(Romanos 5: 12)
Para Agostinho, toda a raça humana estava condenada pelo pecado de
Adão, que, como o pecado original, seria transmitido para todos os seus
descendentes através do sêmen, e a única forma de nos salvamos do fogo
eterno - daquele suposto inferno, já comentado anteriormente, e que
também é uma criação do homem - seria o batismo. Uma perguntinha: se
Santo Agostinho inventou o pecado original no início do século V, todos
os que viveram e morreram antes desta data estariam queimando no fogo do
inferno, pois não tendo a sorte de ser batizados, não alcançaram a graça
divina oferecida pela igreja?
416 – Começa-se a batizar crianças recém-nascidas.
431 – No Concílio de Éfeso, sendo Papa Celestino I, foi definido o
dogma da maternidade de Maria, mãe de Deus. Foi condenado Pelágio, que
negava os efeitos do pecado original.
500 - Sacerdotes começam a vestir-se de forma distinta dos leigos.
525 - Decidiu-se que
nascimento de Jesus. Essa
originária da Pérsia, que
solstício de inverno.
526 - É instituída a
529 - São encerradas
dia 25 de dezembro seria a comemoração do
data foi extraída do Mitraísmo, religião pagã
comemorava o dia do deus Sol nesta data, o
Extrema-Unção.
as escolas gregas e censuradas suas filosofias.
553 - No II Concílio de Constantinopla, foram condenadas as idéias
de Orígenes sobre a pré-existência da alma, bem como os ensinamentos dos
Gnósticos sobre a reencarnação. O Cardeal Nicolau de Cusa, em um período
muito posterior, reagiu a estas decisões, defendendo a reencarnação em
pleno Vaticano, com a concordância do Papa Eugênio IV (1431 – 1447).
Assim, a doutrina das vidas sucessivas e da pré-existência da alma
foi considerada herética, por motivos políticos e pessoais. É lamentável
que tenham sido colocadas como que uma venda e uma mordaça nos homens e
mulheres daquela época em diante, negando-lhes, por muitos séculos, a
compreensão de uma importante lei divina.
591 - O Papa Gregório I (Gregório Magno – ano 590-604), fez um
sermão de Páscoa declarando que Maria Madalena era prostituta.
“Segundo o Teólogo Jeffrey Bingham – Dallas Theological Seminary, antes
do século VI não foi encontrada nenhuma ligação clara entre Maria
Madalena e uma prostituta ou entre Maria Madalena e uma pecadora; essa
demarcação acontece com Gregório. E foi, lamentavelmente, uma
circunstância infeliz.”
“O Padre Richard Mcbrian, da Notre Dame University, diz que essa crença é
falsa e que não há fatos que provem essa antiga tradição de que Madalena
era uma prostituta. O fato de ter demônios não quer dizer que Maria
Madalena fosse promíscua; ele diz também que demônios não eram monstros
de ficção científica.”
“Eram basicamente doenças e que na época não havia tecnologia e
sofisticação na Medicina, por isso, atribuíam-se as doenças aos demônios.
Então, expulsar os demônios dela significava curá-la. O Padre Richard diz
ainda que Madalena é uma das grandes santas da história da Igreja e que
entre os discípulos de Jesus, Maria Madalena era a mais próxima.”
Disponível em: <http://www.misteriosantigos.
com/jesus_mmada_davinci.htm> Acesso em 29 de jun. de 2006
“Mas, ao ver isso, o fariseu que o convidara falava consigo, dizendo: Se
este homem fosse profeta, saberia quem e de que qualidade é essa mulher
que o toca, pois é uma pecadora.” (Lucas 7: 39)
É muito provável que o Papa Gregório I haja confundido a mulher
pecadora do capitulo 7 com Maria Madalena, mencionada no início do
capítulo 8, uma vez que, se atribuía à mulher sem nome, citada em Lucas
7, algum tipo de pecado sexual.
“Logo depois disso, andava Jesus de cidade em cidade, e de aldeia em
aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e iam com ele
os doze, bem como algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos
malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído
sete demônios.”
(Lucas 8: 1 e 2)
593 - O dogma do purgatório começa a ser ensinado por determinação
do Papa Gregório I, com base no livro de II Macabeus 12.42-46 (que na
reforma protestante foi considerado apócrifo).
“Puseram-se em oração para pedir que o pecado cometido fosse
completamente cancelado. E o nobre Judas exortou a multidão a se
conservar isenta de pecado, tendo com os próprios olhos visto o que
acontecera por causa do pecado dos que haviam tombado. Depois, tendo
organizado uma coleta individual, enviou a Jerusalém cerca de duas mil
dracmas de prata, a fim de que se oferecesse um sacrífico pelo pecado:
agiu assim absolutamente bem e nobremente, com o pensamento na
ressuição.” (II Macabeus 12:42 e 43)
Gregório I, baseando-se na passagem acima, criou o purgatório, face
às dificuldades de justificar a pena do “Fogo eterno” para os pecados de
menor importância. Foi aprovada a existência do Purgatório, como local de
expiação temporária. Aqueles que houvessem cometido falhas menos graves
permaneceriam ali por um tempo, preparando-se, passando por uma espécie
de purificação, para prosseguir seu caminho. A igreja, e somente ela,
tinha o poder de retirar os fieis deste local, encaminhando-as ao
paraíso, mediante um pagamento...
Vamos ver o que diz a passagem do Apostolo João, no livro do
Apocalipse, com relação aos que fazem comércio da alma dos homens.
“E sobre ela choram e lamentam os mercadores da terra; porque ninguém
compra mais as suas mercadorias. Mercadorias de ouro, de prata, de
pedras preciosas, de pérolas, de linho fino, de púrpura, de seda e de
escarlata; e toda espécie de madeira odorífera, e todo objeto de marfim,
de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore. E canela,
especiarias, perfume, mirra e incenso; e vinho, azeite, flor de farinha e
trigo; e gado, ovelhas, cavalos e carros; e escravos, e até almas de
homens. Também os frutos que a tua alma cobiçava foram-se de ti; e todas
as coisas delicadas e suntuosas se foram de ti, e nunca mais se acharão.
Os mercadores destas coisas, que por ela se enriqueceram, ficarão de
longe por medo do tormento dela, chorando e lamentando.” (Apocalipse
18:11-15)
“É, pois, nas sucessivas encarnações que a alma se despoja das suas
imperfeições, que se purga, em uma palavra, até que esteja bastante pura
para deixar os mundos de expiação como a Terra, onde os homens expiam o
passado e o presente, em proveito do futuro. Contrariamente, porém, à
idéia que deles se faz, depende de cada um prolongar ou abreviar a sua
permanência, segundo o grau de adiantamento e pureza atingido pelo
próprio esforço sobre si mesmo. O livramento se dá, não por conclusão de
tempo nem por alheios méritos, mas pelo próprio mérito de cada um,
consoante estas palavras do Cristo: - A cada um, segundo as suas obras,
palavras que resumem integralmente a justiça de Deus.” Disponível em
<http://www.espirito.org.br/
portal/codificacao/ci/ci-1-05.html> Acesso em 26 de mar. 2006
Já o limbo, como já mencionamos, é o local para onde vão as almas
das crianças mortas sem batismo, por não terem a chance de uma visão
salvadora através da igreja, sendo assim não sofreriam penas doloridas e
longas. Também estariam ali aqueles que morreram antes de Jesus.
600 - O Latim é usado nas orações e cultos, imposto por Gregório I.
609 - Bonifácio IV oficializou culto à Virgem Maria e a invocação
aos santos e aos anjos.
610 - O papado foi oficialmente estabelecido pelo imperador Focas,
que outorgou ao papa Bonifácio IV o título de Bispo Universal.
706 - Surge a obrigatoriedade de se beijar os pés do Bispo
Universal.
756 - Pepino, o Breve, tendo derrotado os bárbaros lombardos do
norte da Itália, que ameaçavam a cidade de Roma, doou à Igreja parte do
território tomado dos vencidos e o Ducado de Roma, formando o que se
denominou o Patrimônio de São Pedro. (hoje, o Estado do Vaticano). Tal
doação foi feita atendendo ao pedido do Papa, que apresentou o Edito de
Constantino, de 30 de março de 315, e em retribuição a favores recebidos
da Igreja.
“Um dos melhores exemplos é o documento "Edito de Constantino", de 30 de
março de 315 d.C. que a Igreja Católica Romana falsificou para expandir
seu poder e autoridade. Com esse documento falso, no século VIII o papa
Estêvão III convenceu Pepino, rei dos francos, de que os territórios dos
lombardos foram doados por Constantino à Igreja Católica Romana. Isso
levou Pepino a lutar contra os lombardos e a usurpar as cidades para o
papa. Em 1440, um assistente do papa, chamado Lorenzo Valla, provou que o
documento foi forjado; apesar disso, nenhum papa depois disto admitiu nem
confessou a falsificação. Até hoje, existe uma inscrição no batistério de
São João Latrão, em Roma, perpetuando o falso documento”. Disponível em:
<http://www.worldslastchance.com/bp/nine_key_marks.html> Acesso em 08 de
abr. 2006
774 - Carlos Magno, pai de Pepino, confirmou a doação de territórios
da Itália à igreja católica, elevando-a à posição de poder mundial.
Surgiu assim o Santo Império Romano, sob a autoridade do Papa Rei,
império que durou 1.100 anos.
“Carlos Magno já velho, arrependeu-se por doar territórios aos papas;
agonizando, sofria horríveis pesadelos e lastimava-se assim: Como me
justificar diante de Deus pelas guerras que irão devastar Itália, pois os
papas são ambiciosos, eis porque se me apresentam imagens horríveis e
monstruosas, que me apavoram, devo merecer de Deus um severo castigo”.
Disponível em <http://arquivos10.
tripod.com/id20.html> Acesso em 1 de abr. 2006
787 - estabeleceu-se o culto ou devoção às imagens, à cruz e as
relíquias. A Bíblia é contra, conforme vemos nas passagens abaixo:
“Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima
no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.” (Êxodo
20:4)
“Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não a
darei, nem o meu louvor às imagens esculpidas.” (Isaias 42:8)
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.”
(I João 5: 21)
“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o
Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o
adorem.” (João 4: 23)
“Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os que escapastes das nações;
nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura,
feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” (Isaías 45:
20)
803
festa da
830
993
998
festa de
- No Concílio de Maguncia, sob o papa Leão III, foi instituída a
Assunção da Virgem Maria.
- Começa-se a usar ramos bentos e água benta.
- Instituída a canonização dos “santos”.
- Instituído o jejum as sextas feiras e, na quaresma, cria-se a
"Todos os Santos" de "Finados".
1003 - Foi instituído o dia dos mortos.
1054 - O Império do Oriente, denominado Bizantino, contrariando a
posição do Papa Leão III, determinou a destruição de todas as imagens ou
ícones e que o povo cultuasse somente a Deus. O Patriarca de
Constantinopla não mais seguiu as orientações do bispo de Roma, passando
a se considerar o chefe da Igreja do Império Bizantino. Esse movimento
ficou conhecido como o Cisma do Oriente, dando origem à Igreja Ortodoxa
Grega (Hoje, Igreja Ortodoxa). Como vimos no capitulo anterior, esta
cisma já havia começado com a controvérsia de Ário.
1059 - O Papa Nicolau II cria o Colégio de Cardeais para realizar a
eleição dos Papas. Até então o Imperador conduzia a escolha.
1074 - Estabelece-se o celibato clerical, ou seja, a proibição do
casamento dos sacerdotes católicos. Consideramos que tal proibição agride
a natureza humana e gera inúmeros sacrifícios, sofrimentos e desvios de
religiosos sinceros. O principal objetivo da medida visa impedir que os
herdeiros dos sacerdotes recebam bens materiais e possessões da igreja.
“Fiel é esta palavra: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra
deseja. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de
uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para
ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, mas moderado, inimigo de
contendas, não ganancioso; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus
filhos em sujeição, com todo o respeito. Pois, se alguém não sabe
governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?” (I Timóteo
3:1-5)
Constatamos que Paulo, quando escreve a Timóteo, não proíbe o
casamento, mas faz recomendações aos futuros bispos, para serem exemplos
de conduta moral. Sabemos que alguns Apóstolos eram casados.
1076 - Foi criado o dogma da infabilidade da igreja.
1079 - O papa Gregório VI proibiu o uso de Bíblias vernáculas
(locais), determinando que todas deveriam ser em latim.
1090 - Foi inventado o rosário, oração mecânica em contas. A Igreja
teria recebido o rosário de uma forma milagrosa: a Virgem apareceu para
Santo Domingo, entregando-o como uma arma poderosa para a conversão dos
hereges e pecadores daquele tempo. Desde então, sua devoção se propagou
rapidamente em todo o mundo.
“E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam
que pelo seu muito falar serão ouvidos.” (Mateus 6:7)
1095 - Teve início a Primeira Cruzada.
“No Concílio de Clermont, Urbano II convocou os cristãos para o que seria
a Primeira Cruzada. Pedro, o Ermitão, foi encarregado de pregar a
realização das Cruzadas, que contou com a participação de exércitos da
Alemanha, França, Inglaterra e Itália. Em 1096, partiram em direção à
Constantinopla, avançando até a conquista de Jerusalém, em 1099. Foram
muito violentos com os sarracenos-muçulmanos, inclusive judeus, matando
adultos, crianças, violentando mulheres, etc. Foi estabelecido o Reino de
Jerusalém, tendo à frente o francês Godofredo de Bulhões. Ele não quis
ser chamado rei, pois o único rei de Jerusalém foi Jesus Cristo. Foi,
então, chamado de protetor do Santo Sepulcro.” Disponível em: <
http://www.panoramaespirita.com.br/artigos/artigos_04/deformacoes_cristia
nismo_atraves_seculos.html> Acesso em 01 de abr. 2006
As cruzadas, a Santa Inquisição e tantas outras perseguições feitas
pela igreja, ao longo dos séculos, não encontram amparo algum na Bíblia.
Pelo contrário, campanhas de perseguição estão completamente contra os
ensinamentos do Mestre, que de modo explícito, ensinou a perdoar tantas
vezes quantas fossem necessárias, e até oferecer a outra face.
“Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas
vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até
sete?Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes
sete.”
(Mateus 18:21-22)
“Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que
te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quiser
pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se
qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil. Dá a
quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes.
Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo.
Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos
perseguem.” (Mateus 5: 39-44)
1123 - Os Concílios Ecumênicos passaram a ser convocados pelos
papas, em que o Papa elaborava pessoalmente as leis e as promulgava.
Também foi assegurada à igreja a plena liberdade de escolha de seus
bispos, até então influenciada pelos reis. Foi confirmado o celibato
sacerdotal.
1184 - Pelo Concílio de Verona, os bispos foram nomeados
“Inquisidores Ordinários”, devendo atuar nos locais onde fosse constatado
qualquer desrespeito às diretivas da Igreja. Teve início a Santa
Inquisição, efetivada anos depois. O terror foi instalado e igreja fez
milhares de vitimas.
1190 - Instituída a venda de indulgências, atividade considerada por
muitos como a galinha dos ovos de ouro da igreja.
“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai, senão por mim.” (João 14: 6)
“Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo
Jesus, homem.”
(I Timoteo 2:5)
“E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome
há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.” (Atos 4:12)
“O Dominicano João Tétzel tornou-se famoso vendendo documentos de
indulgências da “Igreja”. Negociava uma que "dava o direito antecipado de
pecar!”. Esse Dominicano vendia uma outra por alto preço que garantia:
"AINDA QUE TENHAS VIOLADO MARIA, Mãe DE DEUS, DESCERAS PARA CASA PERDOADO
E CERTO DO PARAISO!”. Os papas assinavam esses documentos valorizandoos... O PAPA Leão X, ano 1518 continuou com o blefe; Necessitando
restaurar a Igreja de S.Pedro que rachava usou cofres com dizeres
absurdos tais como: "AO SOM DE CADA MOEDA QUE CAI NESTE COFRE UMA ALMA
DESPREGA DO PURGATÓRIO E VOA PARA O PARAISO” Disponível no Site:
<http://arquivos10.tripod.
com/id21.html> Acesso em 01 de abr. 2006
1200 - O pão da comunhão foi substituído pela hóstia. Até esta data,
o padre rezava a missa de costas voltadas para o público. Mas, para
evitar comentários e a curiosidade sobre possíveis atos sobrenaturais, a
Igreja adotou o costume de elevar a hóstia, para que os fiéis pudessem
olhá-la. Este gesto foi testemunhado, pela primeira vez, em Paris.
1204 - Foi oficializada a Santa Inquisição, autorizada pela bula
papal “Ad-Extirpanda”. Quatro anos depois, foi definido seu principal
objetivo: punir todos os que fossem considerados inimigos da Igreja.
1209 - A Igreja Católica iniciou uma cruzada contra o Cátaros em
Languedoc, sul da França, porque eles rejeitavam os sacramentos
católicos, e defendiam a purificação a ser obtida por sucessivas
encarnações.
“Se olharmos mais atentamente as crenças dos Cátaros, veremos outros
paralelos com o Gnosticismo, Origenismo e Arianismo. Os Cátaros, como os
Gnósticos, não adoravam a cruz, e foram acusados de adotar as idéias
heréticas de Orígenes, inclusive a crença de que a ressurreição não era a
da carne. Os Cátaros não aceitavam o Antigo Testamento nem o Credo de
Nicéia. Haviam preservado uma senda cristã anterior ao Credo de Nicéia.
Como os arianos, diziam que partilhamos da natureza de Jesus e que
estamos destinados a tornarmo-nos como ele.” (PROPHET, Elizabeth Clare,
Rio de Janeiro, 1999, pág. 238)
1215 - Foi criado o dogma da transubstanciação, que significa a
transformação da hóstia no corpo e no sangue de Jesus, por decreto de
Inocêncio III.
1215 - O Concílio de Latrão IV proclama que o diabo e outros
demônios foram criados por Deus, bons em sua natureza, e se tornaram
maus.
1216 - Estabelece-se a confissão auricular de pecados ao sacerdote,
em vez de ser feita diretamente a Deus, e ao contrário dos tempos
apostólicos, em que era pública. Na Bíblia, temos muitos exemplos para
remissão dos pecados, através da fé em Cristo, jamais por meio de um
padre ou homem qualquer. Esta determinação foi baseada numa interpretação
completamente errônea da Bíblia:
“Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra
será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos
céus.” (Mateus 16:19)
Nesta passagem, Jesus não delegou poderes para nenhuma igreja,
tampouco para representantes de igrejas, para tirar ou perdoar pecados em
nome de Deus. As chaves do reino dos céus, a que se refere neste
versículo, são as que libertam todos os que nele crêem e a condenação
daqueles que o rejeitam. O texto nada menciona acerca de se fazer ou
ouvir confissões, muito menos de se conceder absolvições em nome de Deus.
Nada confirma que a confissão auricular tenha base bíblica; o que houve
foi uma distorção intencional.
Oito séculos antes, o próprio Santo Agostinho, em sua obra
Confissões, no décimo livro, cap. 3, protestou contra a idéia que alguém
pudesse perdoar os pecados de seus irmãos. Os jovens e as mulheres foram
os que mais sofreram com esta absurda invenção. Isso porque os sacerdotes
muitas vezes anulavam os pensamentos e sentimentos das mulheres e a
formação dos jovens, para tirar proveito do seu medo, invadindo sua
privacidade. Uma vez que tudo era relatado de modo secreto e
confidencial, o confessor ficava sabendo dos segredos das famílias e até
dos governos e seus administradores.
“Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te
ouvir, terás ganho teu irmão; Mas se não te ouvir, leva ainda contigo um
ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja
confirmada. Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar
ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo:
Tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu; e tudo quanto
desligardes na terra será desligado no céu.” (Mateus 18:15-18)
"Agora, pois, fazei confissão ao SENHOR Deus de vossos pais..." (Esdras
10:11)
“Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados
senão um só, que é Deus?” (Marcos 2:7)
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se
alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.”
(I João 2:1)
“Confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não encobri. Disse eu:
Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do
meu pecado.”
(Salmos 32:5)
Temos de pedir perdão pelos nossos erros diretamente ao Senhor,
conscientes de que ele está dentro de nós, pois somos parte do Criador.
Não dependemos de terceiros para interceder por nós. Ao ler atentamente
as passagens acima, vemos que a confissão auricular não possui o menor
respaldo bíblico para a absolvição de pecados pela Igreja Católica, muito
menos por seus representantes. O uso desta prática visava finalidades
não religiosas, mas de investigação velada sobre o que pensavam e como
agiam os fiéis.
1220 - a adoração da hóstia é decretada pelo Papa Honório III.
1229 – determinada a proibição da leitura da Bíblia pelos leigos.
Essa época é chamada na história de “idade das trevas”.
Proibindo a leitura da Bíblia aos leigos (os que não pertenciam ao
clero), a igreja demonstrava não desejar que as pessoas tivessem acesso
direto às informações, o que poderia levá-las a pensarem por si mesmas.
Teriam que seguir cegamente tudo que lhes fosse repassado pelos
sacerdotes, praticando ensinamentos e dogmas que, como estamos
observando, não possuem amparo na palavra de Deus. Além da proibição do
uso particular da Bíblia, esta só poderia ser utilizada na igreja, e em
latim. Assim, em países onde se falavam outros idiomas, ela era mantida
apenas como decoração, pois muitos padres eram analfabetos em sua própria
língua e também desconheciam o latim. Por estes motivos, a proibição
durou séculos.
1245 - implantado o uso de sinos e campainha na missa.
1251 - O escapulário é inventado por um monge inglês chamado Simão
Stock.
1252 - Foi autorizada pelo Papa Inocêncio IV e confirmada depois
pelo Papa Urbano IV, a prática da queima de hereges na fogueira, em
cerimônias denominadas “Autos de Fé”.
“Era obrigação dos filhos denunciarem os pais e os entregar à tortura, ao
cárcere e às chamas da fogueira. Não era dado ao acusado o direito de
apelação. Extorquiam a família com o confisco dos bens, metade para os
inquisidores e metade para o Papa. Afirmava Inocêncio III que: “aos
filhos dos hereges só deve ser deixada a vida, e assim mesmo, por
misericórdia” Disponível em
<http://www.panoramaespirita.com.br/artigos/artigos_04/deformacoes_cristi
anismo_atraves_seculos.html> Acesso em 01 de abr. 2006
1264 - Oficializada a festa de Corpus Christi, que teve início em
1209, na diocese de Liége, Bélgica, pela freira agostiniana, chamada
Juliana. Suas idéias chegaram ao bispo local em 1246, tendo este primeiro
colocado em prática em toda sua diocese. Mais tarde, este bispo tornou-se
o Papa Urbano IV, que estendeu a festa para toda a igreja. A festa de
Corpus Christi é uma celebração solene de comemoração à instituição do
Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
1303 - A Igreja Católica se proclama a si mesma como único meio de
salvação.
1311 - O Concílio de Viena suprimiu a Ordem dos Templários. Condenou
os franciscanos que adotavam idéias consideradas heréticas sobre a
pobreza. Também proibiu qualquer tipo de transação entre cristãos e
judeus.
1313 - O Concílio de Zamora estabeleceu a proibição aos cristãos de
se associarem aos judeus. Determinou que as autoridades seculares
confinassem estes em quarteirões separados (guetos), obrigando-os a usar
um distintivo (antes havia sido um chapéu amarelo) e assegurar sua
freqüência aos sermões para que se convertessem.
1316 - Foi instituída a reza Ave Maria (Santa Maria, mãe de Deus).
1414 - Inicia-se a institucionalização da Hóstia, ou Eucaristia. Sob
as aparências de pão e vinho há o "milagre" de estes ingredientes
conterem o corpo, o sangue, a alma e a divindade de Jesus Cristo,
fenômeno que se renova em todas as missas. Passa a ser proibido o uso de
vinho na comunhão.
1439 - Durante o Concílio de Florença, o Purgatório é proclamado
como um dogma e é confirmada a doutrina dos Sete Sacramentos.
1508 - A oração Ave Maria foi oficialmente aprovada, sem a última
metade que conhecemos, a qual foi acrescentada 50 anos depois, no final
do século XVI.
1517 - Martinho Lutero reage contra os desvios quanto ao
Cristianismo original, perpetrados pela Igreja Católica e cria o cisma
protestante. Tem inicio a Reforma.
Entre 1529 e 1739 organizaram-se as seguintes igrejas: a Igreja
Luterana, Anglicana Episcopal, Presbiteriana da França, Presbiteriana
escocesa, Igreja Batista, na Holanda, Metodista na Inglaterra, entre
outras.
1536 - No dia 6 de outubro, a igreja determinou que o inglês Tyndale
fosse queimado vivo, por traduzir e vender Bíblias.
1540 - O Papa Paulo III reorganiza a Companhia de Jesus. Esta
exaltava como benéficas as penalidades aos hereges. Teve inicio uma
terrível perseguição aos protestantes na França, que culminou com o
massacre dos Huguenotes, em Paris, na famosa noite de São Bartolomeu, em
24 de agosto de 1572.
1545 - No Concílio de Trento, as principais decisões foram contra a
Reforma de Lutero, a afirmação da doutrina do pecado original, a
justificação à Eucaristia, ao purgatório e às indulgências. Decretou-se
que, na Eucaristia, estão contidos, real e substancialmente, o corpo e o
sangue, a alma e a divindade de Jesus Cristo, isto é, o Cristo todo.
1546 - Foram oficialmente acrescentados livros apócrifos nas
Sagradas Escrituras.
Como os apócrifos foram aprovados:
“A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 8 de Abril de 1546 como meio de
combater a Reforma protestante. Nessa época os protestantes combatiam
violentamente as doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos,
salvação pelas obras, etc. Os romanistas viram nos apócrifos, bases para
tais doutrinas, e apelaram para eles, aprovando-os como canônicos. Houve
prós e contras dentro dessa própria igreja, como também depois. Nesse
tempo, os jesuítas exerciam muita influência no clero. Os debates sobre
os apócrifos motivaram ataques dos dominicanos contra os franciscanos. O
biblista católico John L. Mackenzie em seu "Dicionário Bíblico" sob o
verbete, Cânone, comenta que no Concílio de Trento houve várias
"controvérsias notadamente candentes" sobre a aprovação dos apócrifos.
Mas o cardeal Pallavacini, em sua "História Eclesiástica" declara mais
nitidamente que em pleno Concílio, 40 bispos dos 49 presentes travaram
luta corporal, agarrado às barbas e batinas uns dos outros... Foi nesse
ambiente "ESPIRITUAL", que os apócrifos foram aprovados. A primeira
edição da Bíblia católico-romana com os apócrifos deu-se em 1592, com
autorização do papa Clemente VIII.” Disponível em <
http://www.israel3.com/
ftopicp-6372.html> Acesso em 09 de abr. 2006
1551 - Foi determinado que a presença Cristo se tornava real na
hóstia através da transubstanciação, isto é, pão e vinho se converteriam
no corpo e no sangue de Jesus. Foram censurados todos os livros
contrários ensinamentos do catolicismo. Foi mantida a supremacia do Papa.
Com o avanço do Protestantismo em Portugal e na Espanha, a Inquisição
voltou a ser utilizada. Mas nesta oportunidade, houve uma grande
conquista: foram suprimidas a venda e a concessão de indulgências, que
estavam em vigor desde 1.190, depois de 360 anos de terror. Até hoje a
igreja evita falar no assunto.
1854 - O dogma da Imaculada Conceição foi proclamado pelo papa Pio
IX, sem consulta a nenhum concílio.
1864 - Condenação da separação da igreja do estado, incluindo a
condenação à liberdade de culto, de consciência, de pregação, de
imprensa. Descobrimentos científicos foram desaprovados pela Igreja
Romana, sendo reafirmada a autoridade temporal do papa sobre todos os
governantes civis.
1870 - O papa Pio IX promulgou o decreto da infalibilidade Papal (o
papa não erra nunca). Nestas alturas, a igreja já estava em processo de
declínio, tendo sofrido diversas divisões. Enfraquecida, em um ato de
desespero, decreta que o Papa é infalível. A evolução da ciência se
acelera e a humanidade passa a ter um novo conceito religioso, de um modo
geral. As monarquias e os regimes absolutistas perdem terreno para a
república e o direito à liberdade de pensamento torna-se uma realidade.
1950 - O papa Pio XII decretou que houve a ascensão corporal ao céu
da Virgem Maria, pouco depois de sua morte.
1965 - Maria é proclamada a Mãe da Igreja.
Foi uma página que virou na historia do tempo, marcada por
incalculáveis crimes cometidos em nome de Deus. A igreja, com o poder que
adquiriu, durante séculos de terror, matou os pais impiedosamente na
frente dos filhos, às vezes em fogueiras, ou através de torturas e outros
meios, os mais horríveis que um ser humano possa imaginar.
Você jamais poderia ter pensamentos próprios, inventar algo, ou
fazer certas declarações, pois as perseguições seriam inevitáveis. Dentre
os que mais sofriam, eram perseguidos e tinham seus bens confiscados
estavam os judeus e aqueles que tinham posses, que eram confiscadas pela
igreja.
“Foi-lhe concedido também dar fôlego à imagem da besta, para que a imagem
da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem
a imagem da besta.”
(Apoc. 13: 15)
“E luz de candeia não mais brilhará em ti, e voz de noivo e de noiva não
mais em ti se ouvirá; porque os teus mercadores eram os grandes da terra;
porque todas as nações foram enganadas pelas tuas feitiçarias. E nela se
achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos
na terra.” (Apoc. 18: 23-24)
As crianças que presenciavam a morte de seus pais e parentes, muitas
vezes pelo simples fato de não pactuar com o sistema autoritário da
igreja, passavam a respeitá-la, não como seguidores da doutrina, nem como
devotos fiéis, mas sim pelo medo, pelo pavor das lembranças da morte de
seus parentes assassinados impiedosamente. Acatavam aqueles dogmas para
não ter o mesmo destino dos que os contestavam.
Tais dogmas foram criados e impostos goela abaixo do povo, que não
tinha nem o direito de mastigá-los para engolir. Em outras palavras,
muitas vezes não se sabia, nem mesmo o padre, o porquê de certos dogmas
sem base alguma nas Sagradas Escrituras. Então a resposta da igreja era
simples: é o mistério da fé.
A explicação central para o desmoronamento da igreja, do seu fim
iminente, é simples de explicar: ela sempre teve o poder a seu lado,
primeiro do império romano, que converteu povos inteiros ao cristianismo
através da força, levando suas doutrinas até onde alcançou seu domínio. A
seguir, vieram os reis e seus interesses em subjugar as massas, cedendo
seus exércitos para fazer prevalecer os interesses da igreja. Assim, ela
se tornou poderosa, tinha a força a seu lado e sabia tirar proveito da
ignorância do povo, impondo terror a nações inteiras. Quando a situação
parecia fugir de controle, criavam-se novos dogmas, mediante bulas e
encíclicas. Até que começaram as cismas, vindo os rachas, primeiro a
igreja Ortodoxa, depois os Protestantes.
Ao longo do nosso trabalho, demonstramos a constante evolução
espiritual da humanidade. Tal crescimento permite uma visão mais ampla do
mundo em que vivemos. As almas mais evoluídas começaram a perceber que
não fazia sentido a igreja católica se auto-proclamar a única portadora
da chave do céu, e que somente através dela seríamos salvos, todas as
outras tradições religiosas não prestando para nada, sendo condenados os
que as praticavam.
“A igreja percebe que a crença no sobrenatural, nas superstições, nos
direitos divinos dos reis, e na propria religião com seus dogmas, estava
aos poucos sendo substituida pela crença nos direitos humanos, onde cada
um pensaria por si mesmo, e não mais se deixaria levar por outras
ideologias, que apesar de não concordarem eram obrigados a seguir.
Segumdo os iluministas, cada um deveria procurar maneiras de ter lucro
proprio, e praticar a liberdade de expressão, e de pensamento, sem o
controle e interferência da igreja católica. Esta mudança começou nos
paises onde a igeja já não tinha mais tanto poder, como na Alemanha,
Inglaterra e na França, veio a Revolução Francesa, e a Independência dos
Estados Unidos, começando a ser praticada uma sociedade mais livre, com
transições de classes e maior oportunidade para todos.” Disponivel em: <
http://pt.wikipedia.org
/wiki/Iluminismo> Acesso em 02 de abr. 2006
Até hoje a igreja não pode, nem quer ouvir falar, em Maçonaria,
Ordem Rosa-Cruz, Martinismo, e muitas outras doutrinas secretas,
encontrando forte resistência dentro destas organizações, que há séculos
possuem e perpetuam ensinamentos secretos sobre a evolução espiritual e a
imortalidade da alma. Mas o pior estaria por vir: foi quando os
evangelhos “heréticos” começaram a ser revelados ao público. Em 1945, com
as descobertas dos Manuscritos de Nag Hammadi, nas proximidades de Luxor,
no Egito, encontrados por camponeses em ânforas do século IV. Nelas
estavam guardados 52 textos diferentes, entre eles o famoso Evangelho de
Tomé, que teria sido escrito entre 50 e 70 d.C.(REVISTA GALILEU, dez.
2002 n 137, pág.18).
Os textos de origem Essênia, descobertos em 1.947, teriam sido
enterrados em 68 d.C. em cavernas nas proximidades do Mar Morto, quando
ouve a destruição do monastério de Qumran, por tropas romanas. Até 1956,
haviam sido descobertos em outras dez cavernas de Qumran mais rolos de
pergaminho e papiro, envoltos em tecidos de linho e selados com betume
(REVISTA GALILEU Edição Especial Religiões nº 2, julho 2003, pág.63).
Um desses textos, o Evangelho de Maria Madalena, ensina a buscar
a harmonia interior consigo mesmo, com o outro e com Deus, que esta
dentro de cada um de nós. O estudioso da Bíblia, Jacir de Freitas Faria,
frade franciscano com mestrado no Pontifício Instituto Bíblico de Roma,
em entrevista à revista Galileu, em dez. 2002, explica que Maria Madalena
não era prostituta, mas apóstola e mulher amada por Jesus, exercendo
forte liderança no início do cristianismo.
No evangelho de Felipe, é relatado que Jesus beijava Madalena na
boca com freqüência, e alguns discípulos tinham ciúmes desse amor. Frei
Jacir explica que o beijo na boca, no sentido semita, pode ter conotação
de comunicar o espírito, o saber. Naquela época, a mulher era colocada,
de maneira geral, em segundo plano. Muitos dos seguidores do Mestre eram
homens rudes e não aceitavam o fato de Madalena assimilar com mais
facilidade os ensinamentos de Jesus.
No Pistis Sofhia, considerada a Bíblia dos Gnósticos, Pedro chegou a
pedir que ela fosse expulsa do grupo. No evangelho de Tomé, Pedro afirma
que detesta o gênero feminino, e Jesus ironiza dizendo a transformaria em
homem, conforme vimos em outro capítulo. Tomé também descreve um Jesus
Místico e esotérico, cujo principal ensinamento era que devemos dar
ênfase não na fé, mas na descoberta de nós mesmos, pois o reino de Deus
não está aqui nem acolá, mas dentro de nós.
“Paulo não compreendia o uso da “ressurreição em vida” utilizada pela
Igreja de Jerusalém e, deste modo, ele e seus seguidores paulinos
erroneamente acreditavam que Jesus fazia com que os mortos retornassem à
vida.” (KNIGHT Cristopher, e LOMAS Robert, São Paulo SP, 2002, pág. 36 e
37)
Tiago, irmão de Jesus, liderou a igreja de Jerusalém, ensinando que
a ressurreição acontecia em vida, uma espécie de iniciação, onde
ocorreria uma morte simbólica e um renascimento para uma nova visão, um
novo conceito, inspirados na doutrina de Jesus. Infelizmente, a Igreja de
Tiago teve vida curta. Na revolta dos judeus, os romanos destruíram o
templo de Jerusalém, massacraram a população e os seguidores de Tiago
foram exterminados. Seu evangelho foi abandonado, sendo adotado o de
Paulo, mais oportuno aos Papas Romanos.
Como fica a negação da igreja para o movimento da terra, defendido
por Galileu Galilei que, em 1611, precisou ir a Roma defender-se da
acusação de herege? Galileu morreu em 1642, exilado pela igreja através
das suas lideranças de então. Mas, em 1983, ou seja, 341 anos após a sua
morte, a mesma igreja, revendo o processo, decidiu pela sua absolvição.
Giordano Bruno, um gênio de sua época, prenunciou o avanço da
ciência, com as teorias do universo infinito e da multiplicidade dos
mundos. Rejeitou a astronomia geocêntrica tradicional e foi além da
teoria heliocêntrica de Copérnico. Condenado pela Inquisição, recusou-se
a negar suas afirmações e foi queimado vivo em 1600.
Conta-se que, um dia, Cristóvão Colombo foi interrogado por um
eclesiástico para que indicasse a passagem bíblica onde se afirmasse que
a Terra era redonda. O grande navegador teria respondido aproximadamente
o seguinte: "Não o posso fazer porque a Bíblia não o diz. Mas também não
afirma o contrário em parte alguma."
Narramos aqui apenas alguns erros dentre os que a igreja acabou
tendo que reconhecer, entre muitos. Estamos certos de que é uma questão
de tempo ela admitir a reencarnação, como uma lei divina e natural.
Existem muitas correntes filosóficas, religiosas e científicas provando a
reencarnação, a favor da imortalidade da alma. Eis algumas: a própria
Bíblia, a física quântica, a projeção ou viagem astral, a regressão a
vidas passadas, as lembranças de vidas passadas (crianças até sete anos),
crianças prodígios, a natureza, arqueologia, os livros apócrifos, a lei
do Karma, filosofias e antigas religiões, transcomunicação instrumental,
experiências quase morte, conscienciologia, etc.
“A Alma nunca morre, mas recomeça uma nova vida, ela nada
mais faz que mudar de domicílio, tomando uma outra forma.
Quanto a mim, que vos revelo estas misteriosas verdades, já fui Euforbes
numa outra vida, no tempo da guerra de Tróia, lembro-me perfeitamente bem
de meu nome e de meus pais, assim como
do modo como fui morto em combate com o rei de Esparta.
Em Micenas, no templo de Juno, vi suspenso na parede o meu próprio escudo
de um outro tempo. Mas, embora vivendo em vários corpos,
a Alma é sempre a mesma, pois só a forma muda.”
(Pitágoras, 570 – 497 a.C.)
Muitos se dizem preocupados com o mundo que iremos deixar para
nossos filhos e netos, devemos nos preocupar sim, e principalmente com o
mundo que fatalmente iremos encontrar em nossa próxima encarnação.
O corpo físico é o veículo de algo dentro dele, e este algo é o Eu
imortal, nossa alma, que quase não pode se manifestar, devido a um
bloqueio criado pelo nosso egoísmo.
Não podemos confundir a essência divina, ou Eu imortal, com o ego,
pois este é um falso eu. Quando nascemos, somos puros, e, à medida que
crescemos, vamos criando um ego, alimentando-o através de tudo aquilo que
nos causa sofrimento, como o medo, a perda, a dor, o ódio, o orgulho, as
mágoas etc., inclusive pela influência e opiniões dos outros, daqueles
que nos rodeiam.
Nosso Eu imortal precisa do corpo físico para manifestar o amor
divino, o auxílio ao próximo, o favorecimento à humanidade como um todo,
e, principalmente a evolução espiritual, tanto individual como coletiva.
Porém, somos bloqueados pelo ego, que é criação de nossa mente, fruto do
acumulo de experiências negativas, que não pertence nem ao físico e nem
ao Eu imortal.
À medida que formos eliminando o ego, vamos diminuindo o nosso
sofrimento, porque nossa essência divina, nosso Eu imortal, vai se
libertando desta verdadeira prisão, podendo assim manifestar seu amor
infinito. Este é um dos nossos objetivos: superar nossas fraquezas,
fazendo com que prevaleça o bem sobre o mal, o amor sobre o ódio, a
virtude sobre o vício. E é também o verdadeiro significado da vitória do
pequeno Davi sobre o gigante Golias, de São Jorge vencendo o dragão, de
Hércules destruindo seus monstros.
Após a morte, o ego deixa de existir, pois ele não pode sobreviver
à nossa morte física, já que foi algo criado por nós mesmos. O que
sobrevive é o nosso Eu imortal, algo que é indestrutível, livre do ego e
completamente puro novamente, carregando, impregnadas em sua essência, as
experiências acumuladas nesta última existência. O Eu Imortal é
exatamente a parte que reencarna.
Precisamos ter em mente que, na presente vida terrena, estamos
colhendo o que plantamos na encarnação anterior, assim como plantamos na
atual o que iremos colher na próxima. Você pode, através desta plantação,
transformar sua próxima vinda em um paraíso ou em um inferno. Todos sabem
o que é certo ou errado, basta usar o livre arbítrio. Para que o espírito
prevaleça sobre a matéria, precisamos eliminar nossos egos.
“E como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o
juízo.”
(Hebreus 9:27)
Quando Paulo nos ensina que o homem deve morrer uma só vez, ele
está certo, o físico é que morre, juntamente com o ego que criou na
presente encarnação.
“O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.”
(I Coríntios 15: 47)
Verificamos que a Igreja sempre soube disso, pela afirmação na
oração do Credo: “Creio na remissão dos pecados, na ressurreição da carne
e na vida eterna”. Admite-se aqui a necessidade de compensar, de redimirse dos pecados cometidos, e caso morrermos antes de quitá-los,
precisaremos de uma nova oportunidade para tanto - e a teremos, tantas
quantas forem necessárias. A igreja ainda confirma que isso se dará
através da ressurreição da carne. A oração ficaria mais clara se
afirmasse ressurreição na carne. A ciência descobriu que a matéria não
morre nem desaparece, se transforma, passando a fazer parte de outro
corpo, em um ciclo natural, através dos minerais, vegetais, animais. Na
verdade, o corpo físico ressurge, passando por uma transformação. Seus
elementos voltam a fazer parte de um novo corpo físico, apto a receber o
espírito imortal, que, nesta oração, está representado pela vida eterna.
Muitas vezes o Mestre Jesus falou de amor ao próximo, insistindo
para amarmos até aos nossos inimigos, destacando que o perdão e a
humildade de perdoar são as chaves para abrirmos as portas do reino de
Deus. Lembrou-nos sempre que é dentro de cada um de nós que encontraremos
a receita deste amor verdadeiro. A meditação e o silêncio nos levarão a
ver e sentir a centelha divina que reside em nosso ser. Precisamos ter
Jesus como exemplo - ele morreu amando e perdoando seus agressores, e
tanto sacrifício não pode ter sido em vão, pois “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida”.
Em conclusão, deixamos uma mensagem para todos os nossos leitores,
irmãos e irmãs de processo evolutivo neste plano: Não tenhamos medo da
morte, nem pensemos nela como um fim. Vivamos cada dia como se fosse o
último. Não nos apeguemos aos bens materiais, a paixões e vícios, pois,
com certeza, estas bagagens vão atrasar nossa evolução espiritual.
Encontremos mais tempo, nesta curta viagem, para nos dedicar à plena
manifestação do Eu Imortal.
Muitos se dizem preocupados com o mundo que iremos deixar para
nossos filhos e netos, devemos nos preocupar sim, e principalmente com o
mundo que fatalmente iremos encontrar em nossa próxima encarnação.
“Aquele que se esforça seriamente por melhorar assegura
para si a felicidade, já nesta vida.”
(Allan Kardec, 1.804 – 1.869)
“Da mesma forma que nos desfazemos de uma roupa usada para
pegar uma nova, assim a alma se descarta de um corpo usado
para se revestir de novos corpos."
(O Bhaghavad Gita, 3.000 a.C.)
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Foto da capa
Linha Flor da Serra, Realeza – Pr, por Luiz Antonio Rucinski (Árvore
Angico)
FIM
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