O censo no Brasil

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BRYM, Robert J. e Outros. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo:
Thomson Learning. Cap. 1 p. 57.
2.1: Política Social: O que você Acha? O Censo no Brasil
A contagem da população brasileira e de suas
características não é uma tarefa simples nem
barata; pois envolve milhões de indivíduos que
se encontram em situações distintas e em constante
movimento. Por exemplo, muitas pessoas podem
residir em locais ermos, de difícil acesso, ou estar
viajando no momento da contagem. Além disso,
existe o problema do treinamento dos
recenseadores para o preenchimento correto dos
questionários, da disponibilidade dos entrevistados
em responder as questões etc.
Pode-se perguntar o porquê do envolvimento de tantos recursos materiais e humanos nessa
contagem. Por que necessitamos saber quantos
brasileiros existem? O Censo é importante porque muitas decisões relevantes são tomadas baseadas em dados populacionais. Pense, por exemplo,
no cálculo do número de deputados nas Câmaras
de Deputados Federal e Estadual e o de vereadores
nas Câmaras Municipais. Ou, ainda, a repartição
dos recursos financeiros que cada estado e município recebe do governo federal. Os diferentes níveis
da administração pública necessitam das informações do Censo. Dessa forma, se não se conta os
números da população real de uma determinada
área, isso pode se constituir em sério prejuízo na
distribuição de recursos para as pessoas que vivem
no local. O tamanho da população é crucial para a
tomada de uma série de decisões relativas às políticas econômicas, administrativas e sociais.
Os Censos também são de enorme importância por fornecerem elementos para o enfrentamento de um sem-número de problemas sociais
como, por exemplo, a questão da educação. Por
não se tratar apenas da contagem das pessoas,
mas, também, de suas características — sexo, idade, posição na família, educação, cor, situação
ocupacional, entre outras —, o conhecimento e a
análise dessas características e da relação entre elas
orientam as decisões a serem tomadas. Podemos
pensar, como exemplos, problemas de discriminação e de exclusão social, como é o caso dos ligados à população negra e às mulheres. Em ambas
as situações, é fácil comprovar as desigualdades de
renda e de acesso a melhores posições no mercado
de trabalho por meio dos dados do Censo. O tamanho das populações-alvo de diversos programas
sociais — tais como saúde educação e assistência
social — pode ser estabelecido com mais segurança por meio dos dados censitários.
Desde 1960, o Censo brasileiro vem utilizando a amostragem probabilística. Isso permite a ampliação e o aprofundamento das informações a serem
coletadas. Dois modelos de instrumentos de coleta
são aplicados: um questionário básico, simplificado, e
um questionário da amostra, mais extenso e complexo, sobre as condições de vida local, aplicado a amostras de 20% e 10% dos domicílios, dependendo do
tamanho da população municipal estimada, abaixo ou acima de 15 mil habitantes, respectivamente.
No Censo de 2000, foram recenseados cerca de 42
milhões de domicílios, localizados em 5.507 municípios. Os dados censitários, hoje, têm validade não
apenas para a totalidade da população do país, mas
podem ser desagregados até o nível de bairros.
Trata-se, como se vê, de uma operação complexa e de larga escala, envolvendo problemas de planejamento e execução. Nos últimos anos, o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) tem
estimulado a participação da sociedade nas discussões, inclusive na reformulação do questionário.
Também tem feito esforços no sentido de aumentar as possibilidades de comparação internacional
dos dados. Os sociólogos têm muito a dizer sobre
o assunto, que interessa à comunidade acadêmica e
técnico-científica em seus projetos de estudo e ação
prática. Organizações sociais e científicas têm participado das discussões, seja a respeito de questões
técnicas, como a elaboração dos questionários, seja
a respeito de questões de política social, como é o
caso da inclusão da deficiência física na enumeração censitária.
Em sua opinião, que grupos de pessoas são mais
suscetíveis a não serem atingidos pela contagem do
Censo? Se você fosse o presidente do IBGE, que passos daria para garantir uma contagem mais exata da
população? Você acha que as características dos
recenseadores no campo, tais como classe social, raça
e etnicidade, afetam a contagem do Censo? Se for o
caso, como? O que você acha do uso dos dois
tipos de questionários no Censo, combinando a
contagem completa para certos dados básicos e a
amostragem para o aprofundamento e a ampliação
das informações coletadas? A amostragem introduz
mais risco de manipulação política do que a
contagem completa? Que outras questões você
levantaria?
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