belsimonato.wordpress.com HISTÓRIA 1 Profª Isabel Cristina Simonato BLOCOS ECONÔMICOS Outro movimento importante da economia global que se intensificou nas últimas décadas foi a formação de blocos econômicos, como a União Europeia, o NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) e o Mercosul. Os primeiros agrupamentos de nações surgiram com o objetivo de facilitar e baratear a circulação de mercadorias entre seus membros, ao mesmo tempo que conseguiriam dificultar a concorrência de produtos de países de fora do bloco. Sob a economia globalizada, os blocos econômicos ajudam a abrir as fronteiras de cada nação ao livre fluxo de capitais, ao reduzir as barreiras alfandegárias, práticas protecionistas e regulamentações nacionais. Existem quadro modelos básicos de bloco econômico: zona de livre-comércio, em que há redução ou eliminação de tarifas alfandegárias; união aduaneira, que, além de abrir o mercado interno, define regras para o comércio com nações de fora do bloco, ou seja, todos cobram os mesmos impostos, taxas e tarifas de importação de terceiros; mercado comum, no qual, além de serviços e mercadorias, capital e trabalhadores também podem circular livremente; união econômica e monetária, em que os países de um mercado comum adotam a mesma política de desenvolvimento e uma moeda única. A formação de blocos econômicos acelerou o comércio mundial. Antes, qualquer produto importado chegava ao consumidor com um valor mais elevado, em razão dos impostos cobrados por cada país para proteger as suas empresas. Os acordos entre os países reduziram essas barreiras comerciais – em alguns casos, acabaram com elas –, processo conhecido como liberalização econômica. O bloco econômico mais importante do mundo é a União Europeia (UE), tanto pela força de algumas de suas economias – como as da França, Alemanha e Reino Unido –, quanto pela profundidade das relações entre seus membros. Os norte-americanos impulsionaram o Nafta, tornando México e Canadá economias diretamente vinculadas a sua. Os Estados Unidos também fazem parte da Apec (Área de LivreComércio da Ásia e do Pacífico), integrada por Japão, China, Austrália e Chile, entre outras nações. Na América do Sul, o grande bloco é o Mercosul, criado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, que desde o nascimento teve os Estados Unidos como parceiro principal – pelo Acordo 4+1. Atualmente, a Venezuela está em processo de integração ao Mercosul. - DESIGUALDADES Atualmente, os grandes investidores internacionais podem, com o simples acesso ao computador, retirar milhões de dólares de nações nas quais vislumbram problemas econômicos, políticos ou sociais. Quando os países se tornam excessivamente vulneráveis a esses movimentos bruscos de capitais – com retirada maciça de investimentos estrangeiros –, organismos internacionais como o FMI liberam empréstimos para que eles possam enfrentar a sangria de dólares. Em contrapartida, os governos beneficiados ficam obrigados a obedecer ao receituário ditado pelo organismo, basicamente o estabelecido pelo Consenso de Washington. Uma das consequências disso é que, além de muitas vezes penalizar a população carente, por causa da desativação ou desaceleração dos investimentos sociais, essas políticas tendem a frear o crescimento econômico, por força da maior carga tributária, do congelamento de investimentos públicos e da elevação belsimonato.wordpress.com HISTÓRIA 2 Profª Isabel Cristina Simonato dos juros. Assim, a globalização acenou com perspectivas que não se concretizaram. Imaginou-se um mundo plenamente integrado e sem fronteiras. Pelas previsões de seus defensores, novas tecnologias e métodos gerenciais promoveriam o aumento geral da produtividade, o bem-estar dos indivíduos e a redução das desigualdades entre as nações. Não é isso, porém, o que se vê no mundo, pois os últimos anos registram um aumento das desigualdades no cenário mundial. O comércio internacional nunca foi tão intenso, mas as exportações dos países ricos cresceram muito mais do que a dos países pobres nas últimas décadas e, atualmente, apenas dez países (dos quase 200 existentes no mundo) monopolizam mais da metade de todo o comércio internacional (Dados de 2008. Fontes: OMC e Le Monde Diplomatique.) Um dos instrumentos desse crescimento foi a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1995, com o objetivo de abrir as economias nacionais, eliminar o protecionismo (quando um país impõe taxas pesadas para restringir a importação de produtos e proteger sua própria produção interna) e facilitar o livre trânsito de mercadorias pelo mundo. A OMC funciona com rodadas de discussão sobre temas, que chegam ao fim quando se fecham os acordos. Ocorre que a Rodada de Doha, aberta em 2001 (com prazo previsto até 2006), entrou num impasse não resolvido até hoje. Os países ricos querem maior acesso de seus produtos industrializados aos países em desenvolvimento, por meio da redução de tarifas de importação. Já os países em desenvolvimento buscam restringir as vantagens econômicas (subsídios) que os governos dos países ricos dão a seus produtores agrícolas. A medida beneficiaria o seu comércio externo, uma vez que as nações emergentes são grandes exportadoras de matérias primas (commodities). O prolongado impasse mostra a dificuldade da globalização em beneficiar o conjunto dos países e das populações. O fato é que, com frequência, as reformas neoliberais não trouxeram progresso, e em muitas regiões ocorreu o inverso. Segundo o próprio FMI, os anos 1990 foram “decepcionantes” para a economia da América Latina. De acordo com um relatório de 2005 do órgão, reformas estruturais realizadas estimularam o crescimento econômico, mas não resolveram problemas antigos: o número de pobres aumentou de 14 milhões na década e o Produto Interno Bruto (PIB) per capita caiu mais de 1% em média, entre 1997 e 2002. Cabe lembrar que as políticas aplicadas nos países latino-americanos naquele período foram largamente orientadas pelo próprio FMI.