Universidade Federal Fluminense – UFF
Curso de Graduação em Geografia
Disciplina: Região e Regionalizacao
Professor: Rogério Haesbaert
Alunos: Diogo, Gabriel Luz, Marcus Faria, Yasmim Mello
MÉDIO VALE DO PARAÍBA DO SUL
- Niterói, 28 de junho de 2007-
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Sumário:
Introdução ................................................................................3
Objetivos...................................................................................3
Região Natural..........................................................................4
Região Lablacheana............................................................... .16
Região Funcional......................................................................22
Região da Divisão Territorial do Trabalho.................................37
Conclusão..................................................................................44
Bibliografia.................................................................................45
Anexos.......................................................................................49
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Introdução:
A Região do Médio Vale Paraíba abrange doze municípios: Barra do
Piraí, Barra Mansa, Pinheral, Itatiaia, Piraí, Porto Real, Quatis, Resende, Rio
Claro, Rio das Flores, Valença e Volta Redonda. Apresentados na figura que
seque abaixo.
Objetivo:
O objetivo do trabalho consiste em transcorrer através de conhecimentos
teóricos sobre os conceitos de Região natural, lablacheana, funcional e divisão
territorial do trabalho a fim de conciliar os conteúdos ministrados em aula,
seguido de uma critica à regionalização proposta pelo CIDE e IBGE.
Após análise das regionalizações, nos propomos a sugerir uma “nova”
regionalização de acordo com a orientação que irá direcionar nosso estudo,
envolvendo a região do Médio Vale do Paraíba do Sul – RJ.
A Região Natural:
O conceito de região natural dentro do estudo da Geografia foi de grande
relevância durante o período que se estende do final do século XIX e a primeira
metade do século XX, quando o determinismo ambiental era uma das principais
correntes do pensamento geográfico.
A região natural é aqui entendida como uma parte da superfície da Terra,
dimensionada segundo escalas territoriais diversificadas e caracterizadas pela
uniformidade resultante da combinação ou integração em área dos elementos da
3
natureza: o clima, a vegetação, o relevo, a geologia e outros adicionais que
diferenciam ainda mais cada uma destas partes (CORREA, 1986).
No entanto, torna-se importante citar três grandes nomes como
indicadores no ensino da Geografia (La Blache, Herbertson e Ricchieri) e que
tiveram repercussão no estudo da Região Natural a fim de que possamos
analisar melhor como este conceito vem sido proposto e trabalhado ao longo
dos anos e assim, compreender o contexto em que este foi introduzido no Brasil
por Delgado de Carvalho. A partir desta breve apresentação conceitual, será
possível, portanto, chegar de forma mais didática ao nosso objeto de estudo,
que é a Região Natural do Médio Vale Paraíba, no Estado do Rio de Janeiro.

La Blache; França - “As divisões fundamentais do território francês”
(1898). Como base para este estudo La Blache utiliza-se do
elemento geológico para entender a diferenciação da região
natural francesa.

Herbertson; Inglaterra – “The Major Natural Regions” (1905). Nesta
análise
das
regiões,
o
clima
é
apresentado
como
fator
determinante sobre o Homem e sua ocupação na superfície
terrestre, sendo portanto uma justificativa para o colonialismo entre
as colônias de exploração e de povoamento. Herbertson faz um
estudo do mundo inteiro e propõe os chamados “belts” de
temperatura.

Ricchieri; Itália – Apud, CARVALHO (1925). Em 1920 propôs em
seu estudo sobre noção de região e de limites em geografia
sistemática um critério prático e de grande alcance didático,
fazendo a distinção, portanto, entre “regiões elementares”, ou
simples (àquelas que abrangem um só fenômeno) “regiões
geográficas complexas” (àquelas sobre as quais se superpõem
várias elementares) e “regiões integrais” (formadas por um
conjunto de regiões complexas). Por exemplo: O conjunto de
regiões simples sobrepostas como: clima, geomorfologia e
vegetação será a região complexa para Ricchieri.
4

Delgado de Carvalho; Brasil – “Geografia do Brasil” (1913). O
autor, via influência francesa, introduz no Brasil a região natural,
considerando esta uma subdivisão mais ou menos precisa e
permanente que a observação e a investigação permitem criar uma
área geográfica estudada, no intuito de salientar a importância
respectiva de diferentes influências fisiográficas, respeitando o
mais possível jogo natural das forças em presença e calcando a
síntese assim esboçada sob o ponto de vista especial do fator
humano nela representado” (CARVALHO, 1925).
Para o desenvolvimento de nosso trabalho, utilizaremos como base
àquela defendida por Ricchieri e a partir desta tentaremos mostrar a seguir sua
aplicabilidade para tal estudo na definição da Região Geográfica Natural do
Médio Vale Paraíba. Escolhemos, assim, três regiões elementares que melhor
poderiam nos levar a região natural complexa da área em estudo. São elas:
Geomorfologia, Clima e Vegetação. A partir daí, faremos a sobreposição a fim
de chegar a Região Natural Complexa.
Porém, é importante ressaltar, que a região natural enquanto conceito,
muitas vezes possui uma carga determinista, sobrevalorizando a dimensão
físico-natural e, mesmo quando o Homem aparece nela, é colocado em segundo
plano, em que ele vai se portar de acordo com aquele meio. Portanto, a região
natural, que no passado teve grande relevância para a ciência geográfica,
perdeu lugar hoje, sobretudo, para a divisão regional baseada em fatores
políticos e econômicos, como é o caso das regiões de governo do Estado do Rio
de Janeiro, que não seguem esse princípio natural.
Domínios Morfoestruturais e Unidades Geomorfológicas do
Médio Vale Paraíba
A Região do Médio Paraíba possui uma considerável variedade de
condições de declividade em seus domínios e com isso uma grande variedade
de classes de relevo, decorrente de sua formação geológica antiga, que lhe
5
confere características geográficas distintas em relação a outras regiões do
Estado.
Na região próxima ao rio Paraíba do Sul, ocorrem um conjunto de fraturas
e falhas que exercem o controle estrutural sobre a rede de drenagem da região,
ocorrendo nessas regiões a formação de vales estruturais devido a processos
erosivos, cristas e escarpas, assim como a formação de colinas tabulares em
regiões próximas, formando uma paisagem de “mar de morros”.
A região está localizada entre as Serras do Mar e Mantiqueira, que
possuem vales profundos e escalonados e desníveis altimétricos superiores a
2.000 metros em suas escarpas.
Há ainda a deposição de sedimentos nas margens do rio Paraíba do Sul,
com formação de bacias sedimentares.
São dois os Domínios Morfoestruturais que abrangem o Estado do Rio de
Janeiro:
os
Depósitos
Sedimentares
e
as
Faixas
de
Dobramentos
Remobilizados, mas apenas os domínios das Faixas de Dobramentos
Remobilizados estão presentes na Região Centro-Sul Fluminense. Este domínio
faz-se presente, de forma preponderante, por todo o interior do território
fluminense.
As Faixas de Dobramento Remobilizados, que abrangem as Unidades
Geomorfológicas: Mantiqueira Meridional, Alinhamento de Cristas do Paraíba do
Sul, Depressão do Médio Paraíba do Sul e Escarpas e Reversos da Serra do
Mar compreendem tipos de modelados diversos, mas com uma origem comum,
que são os terrenos cristalinos que remontam ao Arqueozóico e Proterozóico,
período caracterizado por ciclos orogênicos responsáveis por dobramentos e
falhamentos de grande amplitude e que, após a ação dos agentes erosivos,
atuando ao longo das eras geológicas que se seguiram foram, no Terciário,
novamente submetidos a eventos tectônicos, daí resultando extensas linhas de
falhas, escarpas de grandes dimensões e relevos alinhados em função dos
antigos dobramentos e dos falhamentos mais recentes.
Portanto,
as
Unidades
Geomorfológicas
que
compõe
os Domínios
Morfoestruturais da Região Centro-Sul Fluminense, com sua diversidade de
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estruturas decorrentes de uma formação em diferentes períodos geológicos,
possuem as seguintes características/classificações:

Mantiqueira Meridional - Formação geomorfológica restrita a porção do
território correspondente a região de Resende e Itatiaia, ao norte do rio
Paraíba do Sul. Apresenta influência marcante do tectonismo, com
soerguimento de antigas superfícies e originando um conjunto de falhas e
fraturas, determinando a rede de drenagem da região;

Alinhamentos de Cristas do Paraíba do Sul - Situam-se ao norte da
Serra do Mar, contatando-se, a oeste, com a Depressão do Médio
Paraíba do Sul e intercalando-se, a noroeste, com a Depressão
Escalonada dos Rios Pomba-Muriaé. Sua morfologia reflete a acentuada
influência geológica, resultando num conjunto de fraturas e falhas que
exercem um forte controle estrutural sobre a rede de drenagem. Dominam
os vales orientados, destacando-se o do rio Preto, na divisa com o Estado
de Minas Gerais. Identificam-se colinas convexas, com aprofundamento
inferior a 100 metros, cristas e serras isoladas, com desníveis altimétricos
entre 100 e 200 metros. Esse domínio é o mais presente na região;

Escarpas e Reversos da Serra do Mar - Unidade geomorfológica
predominante na região, surge, na direção do interior, logo após a Colinas
e Maciços Costeiros, apresentando uma orientação geral SO-NE. Esta
região reflete a influência dominante dos agentes internos, causadores
dos dobramentos e falhamentos arqueozóicos e proterozóicos, dos
sucessivos ciclos erosivos (no Paleozóico e Mesozóico), da reativação de
falhas e da remobilização de blocos, ambos do Terciário. Desempenha
importante papel na distribuição das precipitações no território fluminense,
tornando mais chuvosa as áreas próximas às escarpas, devido às chuvas
orográficas que causa.
7

Depressão do Médio Paraíba do Sul - Formação localizada entre a
Serra do Mar e os Alinhamentos de Cristas do Paraíba do Sul e
estendendo-se também até a Mantiqueira Meridional. Ocorre em uma
fossa tectônica, onde as superfícies do antigo planalto foram submetidas
a intensa processo de intemperismo físico (erosão fluvial), originando
colinas, com altitudes entre 500 e 600 metros que, formam uma paisagem
de “mar de morros”. Ocorrem também outros tipos de modelados que
podem ser observados, como os vales estruturais, cristas e escarpas. É
expressiva a deposição de sedimentos terciários e quaternários (planícies
e terraços fluviais) às margens do Paraíba do Sul, em Resende e Volta
Redonda, compreendendo bacias sedimentares.
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Região Elementar I
Clima
O Estado do Rio de Janeiro possui uma notável variedade climática,
principalmente se for levado em conta a exigüidade do seu território. Tal
diversidade é ocasionada por vários fatores, dentre eles pode-se mencionar o
relevo, a altitude, a latitude e a maritimidade.
O relevo proporciona as diferenças nos totais e no regime pluviométrico,
enquanto o fator altitude é responsável pela ocorrência de grandes áreas no
Estado de climas mesotérmicos, com invernos frescos e verões quentes ou
brandos.
De modo geral pode-se dizer que o Estado do Rio de Janeiro é
atravessado em direção WS-ENE pelo alinhamento montanhoso da Serra do
Mar.
O Oceano Atlântico é outro fator importante na explicação do clima no
Estado, pois funciona como um poderoso regulador térmico, comprimindo as
amplitudes térmicas anuais e, ao mesmo tempo, fornecendo ao continente
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substancial aporte de água para a baixa atmosfera. A elevada umidade de ar e
os elevados índices pluviométricos reinantes no Estado exemplificam a
influência da maritimidade no clima regional.
A Região do Médio Paraíba é cortada por faixas térmicas subquentes
(entre 18ºC e 15ºC) e, em sua maior parte, por faixas mesotérmicas brandas
(entre 15ºC e 10ºC), contando ainda com pequenas faixas mesotérmicas (abaixo
de 10ºC) nas áreas de maior altitude.
Quanto à deficiência hídrica, a essa região possui áreas superúmidas
(zero mês seco), úmidas (1 a 3 meses secos) e semi-úmidas (4 a 6 meses
secos).
Portanto, esta região possui, climas de inverno seco e verão chuvoso,
com temperatura do mês mais quente superior a 22ºC na maior parte do
território. Registra-se também o clima temperado úmido, no qual a temperatura
do mês mais quente é inferior a 22ºC.
Região Elementar II
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Vegetação
A vegetação dessa região, assim como de todo o Estado, se encontra
dentro dos domínios do ecossistema da Mata Atlântica, que abrange desde as
restingas, ao nível do mar, até os campos rupestres (chamados campos de
altitude), localizados em cotas altimétricas superiores a 1800 metros.
As faixas de mata remanescentes da região em estudo estão
classificadas nas seguintes formações vegetais:

Refúgios
Ecológicos
-
Áreas
com
agrupamentos
florestais
encontradas em altitudes superiores a 1.500 metros, inseridos na
região fitoecológica da Floresta Ombrófila Densa e são representados
por pequenas áreas rupestre situadas no Maciço de Itatiaia, que
representam condições ecológicas diferentes das da cobertura vegetal
regional. Nessas áreas são encontrados espécimes com endemismos
específicos, que indicam um isolamento antigo;

Floresta Ombrófila Densa - Originalmente caracterizava-se pela
formação contínua e cobria grande parte das áreas mais escarpada e
partes das planícies costeiras, estendendo-se desde o nível do mar
até as cotas acima de 1500 metros.

Floresta Estacional Semidecidual - Também conhecida como
Floresta Estacional Pluvial Tropical, caracteriza-se, principalmente, por
espécies arbóreas caducifólias, pois nos ambientes onde ocorrem
essas formações os períodos secos estão com duração acima de 60
dias. Atualmente existem poucas espécies remanescentes na região,
ocorrendo poucas espécies sem importância ecológica, pois não há
continuidade ambiental.
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
Savana (Cerrado) - Tal formação ocorria no Vale do Paraíba do Sul, na
área da bacia terciária de Resende. Apresentava-se como uma
disjunção (separação) de seu ecossistema, que é na região do Planalto
Central. O desenvolvimento na área se deu principalmente devido a
litologia
local,
formada
por
sedimentos
argilo-arenosos.
Foi
completamente destruída para a formação de pastagens.
Região Elementar III
Hoje, na Região do Médio Paraíba, grande parte do território se encontra
sem a sua cobertura vegetal original, decorrente de desmatamentos,
monoculturas, pecuária extensiva, etc. Existem ainda fragmentos florestais que
servem como testemunho da mata primária da região e como refúgio da fauna
remanescente, mas em termos conservacionistas a situação desta região é
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precária, pois atualmente, é quase que totalmente ocupada por pastagens e
áreas degradadas.
Região Natural ou Região Complexa
Para chegarmos a esta região, utilizamos como base os mapas da
Fundação CIDE (aqui já mostrados) e partimos para uma combinação destes
elementos a fim de se chegar a Região Complexa, método este baseado no
conceito de Ricchieri.
Como instrumentos de trabalho e técnicas utilizadas, fizemos a
sobreposição dos três mapas com o auxílio do software Adobe Photoshop CS , o
que nos permitiu trabalhar de forma a criar transparências ( Anexos 1,2,e 3) e
chegar, através destas, ao mapeamento de uma região complexa. Porém,
durante a composição deste quarto mapa, quando utilizamos a região simples
intitulada de Diversidades Térmicas e Deficiência Hídrica, resolvemos levar em
consideração somente a questão térmica, visto que um mapa de deficiência
hídrica seria entendido como uma nova região elementar.
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Observa-se no mapa acima que a combinação entre os elementos
geomorfológicos, climáticos e vegetais nos fez chegar a um grande número de
possíveis novas regiões, o que tornou difícil uma análise classificatória. Nota-se
também, que há um certo predomínio de duas regiões naturais e a estas
resolvemos nomeá-las como Região Estacional Semidecidual semiúmida
Alinhada em Cristas e Região Estacional Semidecidual semiúmida de
Depressão.
Verifica-se aqui, portanto, que a Região Natural Complexa como base
para analisar o Médio Vale Paraíba não se demonstra eficaz, visto a grande
complexidade apresentada a partir dessa interseção dos mapas, o que torna de
difícil interpretação a caracterização do Médio Vale como uma única ou duas
regiões complexas. O caráter da homogeneidade (uniformidade) deve ser então
repensado, pois a partir do mapa gerado é possível verificar que não há uma
14
natureza una. A região então enfrenta um paradoxo, pois se ela é complexa, não
pode ser homogênea.
Outro dado relevante em nossa análise crítica durante a utilização dos
mapas, foi àquele ligado a Cobertura Vegetal Original, nos cabendo a seguinte
questão: O que seria a cobertura vegetal original e onde ela estaria? Pergunta
esta devido às intensas atividades econômicas desenvolvidas ali ao longo da
História, sobretudo a partir da cultura do café, mostrando uma crescente
intervenção do Homem naquele ambiente. Essa questão Homem-meio, será
mais bem discutida num segundo momento deste trabalho, quando dedicamos
um capítulo a Região La Blacheana.
A análise da Região Complexa, enfim, nos permite compreender que a
regionalização proposta pela Fundação CIDE não leva em consideração os
fatores “naturais”, ratificando a idéia de que os fatores utilizados pela
regionalização do governo são os políticos e econômicos.
Região Lablacheana:
A região lablacheana ou geográfica se configura como aquela que
(sobre)valoriza as relações Homem-Meio, Sociedade-Natureza, onde o homem
representa a ação modeladora; nesta ação encontraríamos o resultado de uma
interação/integração entre componentes naturais e humanos. “O homem
estabelece a ligação entre elementos díspares, colocando uma organização
significativa das forças em lugar dos efeitos incoerentes da circunstância local.
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Desse modo, a região adquire identidade e se distingue das outras” (Tableau de
la Géographie, 1905). De um modo geral, a região lablacheana seria o produto
final de certa harmonia e/ou equilíbrio entre os fatores humanos e a natureza –
na concepção de Vidal.
São partidários deste pensamento, autores importantes como Carl Sauer e
Otto Schlüter. A estrutura física e sua organização social são os principais
instrumentos de conhecimento da região dos autores dessa corrente geográfica;
no bojo das relações mais gerais e amplas que seriam as relações econômicas
e sociais, e consideram, dentre outros elementos, os tratos culturais e
especificidades produtivas de uma determinada região.
A região lablacheana se configura como uma entidade concreta, palpável,
com vida e singularidades – geradas pelas diferenças nas relações
Homem/Meio – diferenciadas temporal e espacialmente. Tais posturas
assumidas por Vidal em sua proposta foram alvo de críticas de grandes autores
como Lacoste, que questiona as idéias de “harmonia” e “equilíbrio” quando
tratamos de uma sociedade estratificada em classes – considerando inadequada
sua consideração; outra crítica vai de encontro com a sua postura empirista,
caracterizando a região como algo dado e evidente. No entanto, em um segundo
momento, após ler a obra de caráter mais geopolítico de Vidal (France de l´Est1917), Lacoste vem mudar essa postura crítica, o que não cabe aprofundar em
nosso trabalho.
Nesta relação se estabelece um importante conceito criado por La Blache:
a idéia de gênero de vida. Neste combina-se as dimensões do meio geográfico,
as normas e técnicas e o convívio numa situação de co-habitação espacial.
Neste sentido, diversos seriam os gêneros de vida tendo em vista a(s)
singularidade(s) de cada localidade, que determinaria outras relações.
Visualizado o contexto analisado na região do Médio Vale, percebemos a
economia do café como o fator que vai propiciar/condicionar a configuração de
um “espírito” regional, sua individualidade – que será seu “gênero de vida”.
Conceito este que denota o grau de instrumentalização do meio pelo homem.
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A idéia de região lablacheana abarca tanto o conceito de Região como de
Paisagem. Etimologicamente, paisagem em francês é paysage, derivada de
pays que quer dizer pequena região homogênea; já em inglês paisagem seria
landscape que, segundo Sauer, é sinônimo de região.
O geógrafo Alberto Lamego em seu trabalho intitulado “O Homem e a
Serra” (1963), trabalha com a interação de fatores humanos e naturais;
exemplificando com apenas um capítulo do livro, “Resende e o determinismo
geológico”, fica evidente a importância desta relação na concepção do autor,
quando para este os elementos naturais seriam, inicialmente, determinantes
para a ocupação humana. “Foi este o grande motivo do atraso cultural da zona
serrana. Um determinismo geográfico e não uma incapacidade racial”
(LAMEGO, 1963).
Na tentativa de uma interpretação lablacheana das regiões do
estado do Rio de Janeiro se faz imprescindível a leitura da obra de Lamego.
Nestas obras, o autor parte de uma analise descritiva, fragmentando o espaço
geográfico em três partes: a terra,o homem e a cultura. Em “o homem e a serra”
encontramos a atual região do Médio Vale do Paraíba, onde Lamego nos chama
a atenção para a grande dificuldade encontrada, inicialmente, pelos
colonizadores diante da densidade da floresta dificultando a travessia da Serra
do Mar. Apenas no inicio do século XVII é que ela foi transposta, dando lugar ao
cultivo do café, que será a mola que impulsionará o desenvolvimento desta
região ate o século XIX.
É a partir deste cenário que irá se desenvolver os primeiros povoados,
quase sempre no entorno de capelas. É o caso da cidade de Resende, que
nasce em 1747 com a construção de uma paróquia. ”A fisiografia da região era
propícia para o gado e por isso torna-se ela a principal abastecedora do Rio de
Janeiro em produtos de pecuária. Foram distribuídas sesmarias aos imigrantes,
que teriam dupla obrigação: cultivá-las e prestar auxilio à construção da estrada.
A Cidade foi o foco originário do café na serra” (PEREIRA, et all).
A cidade de Vasouras, que ficou conhecida como “a princesa do café”, foi
a única cidade importante da serra criada a partir do interesse dos sesmeeiros
17
da região, crescendo rapidamente, evoluindo para a mais culta ( possuindo
teatro, musica e literatura) entre as cidades cafeeiras. Tal como na região como
um todo, possuía uma importante e influente aristocracia rural que foi um ponto
atrativo para imigração (portuguesa, alemã e francesa).
Lamego destoa de Vidal quando não considera a interação de elementos
humanos e naturais como harmoniosa. “Embora o essencial elemento
responsável pela devastação das florestas na Serra Fluminense fosse o café,
que desse modo inaugurou no Brasil um processo econômico de ataque em
grande escala contra uma selva imensa” (LAMEGO, 1963). O autor ainda
propõe uma regionalização inspirada no modelo Lablacheano.
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A cafeicultura foi, desde o final do período imperial, a força motriz de
apropriação das terras do sul fluminense e incentivo à expansão do contingente
populacional para esta área para fins agrícolas. O café no Médio Paraíba teve
mão-de-obra predominantemente escrava. Aliado ao mau uso das terras,
favorecendo a erosão das vertentes dessas encostas, as relações de produção
eram defasadas, típicas da relação escravagista de início do período colonial
brasileiro. A decadência do café foi diagnosticada, mas antes de sua ruína, ela
apadrinhou a expansão da fronteira agrícola para o oeste de São Paulo, a
famosa “Marcha para o Oeste”. Na região da Médio Vale, o declínio do café
coincide com a abolição da escravidão, o que vai refletir diretamente nesta
economia a condicionar o forte fluxo desta mão-de-obra livre em direção à
capital.
Recorremos ao exemplo de Valença, que foi uma cidade que sofreu
economicamente os impactos negativos causados pela abolição da escravatura
e a marginalização do seu espaço agrário, vindo a se reestruturar durante o
século XX, substituindo o café pela pecuária e agricultura de subsistência. Hoje,
Valença arregimenta o maior rebanho bovino da Região do Médio Paraíba.
Via de regra após a crise do café a região sofreu esvaziamento e dedicouse à outras atividade, como a produção pecuária, avícola e de laticínios.
Atualmente, quando analisamos o uso do espaço agrícola é possível
observar nitidamente a interação homem-meio, admitindo que o que hoje é
campo e pastagem no Médio Vale Paraíba deve-se, à ação antrópica no
passado pois a maior parte do solo utilizado pelo café foi degradado no decorrer
do tempo – tendo em vista a ausência de técnicas adequadas de uso e manejo
do solo; o que fez com que, diante da urgência de uma solução rápida e barata
para a crise da cafeicultura fluminense, se transformasse essas áreas em locais
propícios à pecuária extensiva, que predomina em parcelas elevadas da região.
Uma tentativa de formulação de uma região Lablacheana nos dias de hoje
parece, no mínimo inadequado visto que ocorreram mudanças abruptas após o
declínio do café; atualmente o que encontramos é uma “multiplicidade de
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gêneros de vida” tendo em vista a diversidade econômica que substituiu a
economia cafeeira nos vários municípios que compõem a região.
Mapa de uso agrícola do solo (mapa scaneado, com escala alterada)
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Região Funcional
A mesorregião do Médio Vale do Paraíba Fluminense passou por
importantes modificações no seu arranjo espacial, fruto das intervenções
políticas e econômicas verificadas no Estado do Rio de Janeiro derivado das
(re)organizações do território nacional.
A
involução
da
metrópole
carioca,
decorrente
do
processo
de
descentralização e relocalização das atividades produtivas, da “fuga” de
contingente populacional e do processo concomitante da macrourbanização
verificada nos núcleos urbanos intermediários, propiciou um desenvolvimento
quantitativo e qualitativo do Médio Vale Paraíba; de “região abandonada pelo
café”, passou agora à condição de área de territorialização de diversas
indústrias de médio e grande porte, de serviços que seguem os rastros dessas
corporações industriais e um espaço atingido pela urbanização crescente.
Formando aglomerações urbanas em função destas atividades dando condições
para a reprodução da força-de-trabalho e dotando o espaço de suporte técnico e
científico para facilitar todas as etapas do processo de criação e acumulação do
capital.
Abrindo a discussão teórico-metodológica a respeito da região funcional,
a análise da funcionalidade e articulação dos espaços, deve levar em
consideração não a justaposição de áreas, e sim, os fluxos que emanam nessas
redes, sejam essas redes de comunicações, transporte, energia, comércio,
serviços, matérias-primas, etc.
A região funcional estrutura-se numa nodosidade que é dinamizada pelos
fluxos, e estes são controlados via os fixos, onde a gestão desses fluxos,
oriundos das atividades geridas pelas empresas é coordenada na área central.
Segundo Richardson:
Com as regiões nodais ou polarizadas, a ênfase é colocada na
interdependência dos diferentes componentes dentro da região e não
nas relações inter-regionais entre regiões homogêneas. (...) As
regiões nodais se compõem de unidades heterogêneas, mas essas
21
unidades
estão
intimamente
relacionadas
umas
às
outras
funcionalmente. Essas conexões funcionais são claramente visíveis
nos fenômenos dos fluxos de população, bens e serviços,
comunicações e tráfego. (...) A ênfase nos nódulos ou pólos
inevitavelmente desvia a atenção da delimitação das fronteiras
regionais para o centro da região. Conseqüentemente, os limites de
uma região nodal não são facilmente definidos. Richardson (1975, p.
224-225).
A hierarquia dos centros vai se estabelecendo na medida em que a
distribuição das empresas, serviços, população, instituições públicas e privadas
e a densidade dos fluxos vai dando as bases para a taxionomização dos
territórios pelos agentes sociais.
Os critérios para avaliar a funcionalidade da região variam de acordo com
as intenções do pesquisador, tecnoburocrata ou o órgão responsável pelo
ordenamento territorial.
A geografia dos fluxos está no âmbito dos estudos funcionais das regiões;
dependendo da natureza estes fluxos mostram as influências intra-regionais e
supra-regionais de cada lugar.
A finalidade da análise da articulação funcional dos territórios é
“primeiramente, para o nosso melhor conhecimento da região; em segundo
lugar, para que nos seja de utilidade na determinação de áreas onde o esforço
de desenvolvimento alcance maiores proveitos” (HILBORST, 1975, p. 99). Mais
uma vez é ratificado a importância dos lugares como pontos geoestratégicos,
que a despeito de hoje termos as diversas redes conectando e articulando
lugares distantes, “comprimindo o espaço-tempo”, a localização geográfica
torna-se crucial nesse mundo.
Portanto:
esta definição liga-se a “natureza” das funções regionais, mas é
evidente que o seu “conteúdo” varia consideravelmente segundo o
estágio atingido pelo desenvolvimento, de sorte que as “dimensões”
da região são as mais variáveis, no espaço e no tempo, de acordo
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com o grau de industrialização e de urbanização, as densidades de
população, os anéis de vida, o estado das técnicas de circulação.
Juillard (1965, p. 233).
Outro geógrafo que teve importância na interpretação da dinâmica
espacial foi Walter Christaller (1933). Sua abordagem analisa a ordem
estabelecida nos padrões locacionais. A teoria dos lugares centrais classifica os
espaços de acordo com as suas funções, identificando a sua rede de influência
(hinterlândia) e as relações entre elas.
Dado alguns equívocos contidos na formulação inicial, a teoria foi
revisitada e aprimorada por autores diversos, entre eles, August Lösch (1954) e
Roberto Lobato Corrêa (1994).
Hoje, o instrumental Christalleriano é insuficiente, como assinala Corrêa:
A teoria dos lugares centrais, que descreve razoavelmente bem a
rede urbana brasileira e que serviu de base para os estudos das
Regiões Funcionais Urbanas e das Regiões de Influência das
Cidades, com base em informações relativas, respectivamente, às
décadas de 1960 e 1970, não é mais suficiente. E nem os
mecanismos christallerianos de alcance espacial máximo e mínimo.
Ao conceito de hierarquia urbana, fundamental na teoria dos lugares
centrais, acrescentam-se conceitos e noções como especialização
produtiva, complementaridade, interações a longa distância e rede de
múltiplos circuitos. Corrêa (2006, IBGE).
O Médio Vale do Paraíba é a região mais industrializada do interior
fluminense, com intensa mobilidade de trabalhadores para os principais pólos
industriais (Resende, Porto Real, Volta Redonda). Os investimentos públicos e
privados na infra-estrutura de áreas limítrofes e a reestruturação produtiva das
empresas - principalmente na CSN - alavancou o crescimento social e
econômico de cidades como Resende, Porto Real, Volta Redonda e Barra
23
Mansa, atraindo mais indústrias, e estas por sua vez, atraíram outros serviços,
estabelecimentos comerciais e contingentes demográficos (com ou sem
qualificação profissional), aumentando assim as funções centrais desses
centros.
O surto de crescimento na região deu-se ainda no período Getulista, em
1941, com a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional no distrito de
Volta Redonda - antes pertencente à Barra Mansa emancipada em 1954.
Depois da inauguração, a capacidade de produção instalada aumentava
gradativamente, implicando na formação de um contingente maior de mão-deobra qualificada. O governo federal fomentou essa descentralização industrial na
cidade do Rio de Janeiro por entender que a expansão das industrias e
conseqüentemente da urbanização traria o desenvolvimento para essas regiões
(idéia da economia neoclássica). A CSN beneficiou-se do sítio e da posição em
Volta Redonda, por este ser “um entroncamento rodoferroviário, que facilitava o
abastecimento de matéria-prima de Minas Gerais e o escoamento da produção
para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais além de contar com
abastecimento de energia e recursos hídricos”. (PIQUET, apud Limonad, 1996,
p. 176).
Após a sua privatização em 1993, a CSN, que já tinha passado por
processos de reestruturação produtiva, começa a fase de aquisição de diversos
setores. O ano 2000 foi o ano de expressão máxima da sua condição de agente
hegemônico na produção siderúrgica, onde, entre as suas ações.
Atualmente, a CSN tem o controle completo do terminal Sepetiba Tecon e
continua a sua política de investimentos a nível nacional e estrangeiro.
Recentemente, a empresa adquiriu os 50% restantes da Lusosider, em Portugal,
passando a deter a totalidade do capital desta empresa, e também a PRADA,
maior fabricante de embalagens de aço para a indústria química e alimentícia do
país com 4 unidades de produção: São Paulo, Araçatuba, Gaspar e Uberlândia.
A Seguir, o banner de divulgação do terminal de contêineres Sepetiba
Tecon. (Anexo 4)
24
A CSN promoveu indiretamente vários investimentos públicos e privados
em rodovias, ferrovias e outros sistemas técnicos (hidrelétricas, por exemplo).
As rodovias têm papel importante na integração da região do Médio Paraíba
com outras regiões e territórios. Como afirma Limonad:
Os dois grandes eixos viários na região são a BR-116 (rodovia
presidente Dutra), e a BR-393, que liga a BR-116 à BR-040, a Minas
Gerais e ao Nordeste, e evita que o tráfego pesado proveniente do
Sul com destino ao Nordeste atravesse a região metropolitana do Rio
de Janeiro. Pela BR-155, através de Rio Claro chega-se a Angra dos
Reis (Baía da Ilha Grande). A região conta, ainda, com transporte
ferroviário que facilita o escoamento da produção local, especialmente
a industrial. As sedes municipais e vilas distantes desses eixos
apresentam estrutura viária deficiente, inclusive quanto às estradas
vicinais. Boa parte da atividade comercial e industrial do Médio
Paraíba está articulada à dinâmica da CSN. A localização de Volta
Redonda, afastada da BR-116, contribuiu para Barra Mansa e Barra
do Piraí, às margens desta rodovia, tornarem-se os principais centros
de comércio e serviços especializados da região, seguidos de Volta
Redonda, Resende e Valença. Limonad (1996, p. 177)
Como podemos ver no mapa, em anexo 6, o Médio Paraíba é o terceiro
colocado no Estado do Rio de Janeiro como o foco de investimentos industriais
e o segundo em quantidade de empreendimentos realizados. Corporações
industriais
como
a
Peugeot-Citroën,
Volkswagen,
Cia
fluminense
de
refrigerantes (Coca-cola), Guardian do Brasil e a Galvasud instalaram-se com
muitos incentivos fiscais e trabalhistas.
Para
que
essas
modificações
incididas
no
Médio
Paraíba
se
concretizassem, a hidroeletricidade foi o fator estratégico na organização do
território e no desenvolvimento das potencialidades locais.
A área de atuação da Light compreende o oeste fluminense, a Serra do
Mar e o médio vale do rio Paraíba do Sul. Ela se definiu espacialmente pelos
25
sistemas técnicos de represas e usinas que conectam os diversos pontos de
receptação da energia, com os sistemas de transmissão partindo da região do
Médio Vale.
Lopes (2002), ao estudar o papel da Rio-Light na configuração do espaço
Sul fluminense, sintetiza que:
A apropriação dos recursos naturais do território pela empresa Light
transformou
os
lugares
que
analisamos,
em
competentes
participantes do projeto geopolítico brasileiro no setor de energia. Foi
em função das virtualidades naturais desses lugares que o Rio de
Janeiro se remodelou e que as indústrias do Vale do Paraíba se
implantaram e desenvolveram. Lopes (2002, p. 151).
E mais:
Garantida pelo domínio de um complexo sistema de conhecimentos
científicos e de equipamentos técnicos, a Light, buscando o
crescimento e a valorização do capital investido, assegurou
fortemente os seus direitos e fragilmente os seus deveres através dos
contratos de concessão. Foram esses contratos de concessão que
definiram, em função da incompleta legislação brasileira, o uso do
potencial hídrico como recurso para a produção de bens. Lopes
(2002, p. 158).
A seguir, mostraremos dados da infra-estrutura e o perfil econômico dos
municípios da região:
26
Infra-
Perfil econômico
estrutura/
Populaçã
Rede
o (total)
Hospitalar
Bancos
Educação
Portos
Municípios
Porto Real
Setor primário:
cana-de-açúcar
Servido pelos
(pouco
portos do Rio de
expressivo).
ABN
09
13
Amro,
estabelecimento em geral e
unidades
Bradesc
s públicos e 02
contêineres) e
material de
ambulatori
o e Porto
particulares de
Sepetiba
transporte (fábrica
ais
Real.
ensino
(minérios,
de automóveis
fundamental e
contêineres e
Peugeot-Citroën),
médio.
granéis),
Setor secundário:
indústria de
12.095
Janeiro (cargas
indústria
localizados a
metalúrgica (18%)
152 Km e 140
e a indústria de
Km de
bebidas (6%)
distância,
Setor terciário: o
respectivamente
transporte o
.
comércio
atacadista e a
prestação de
serviços.
Resende
Setor primário:
criação de
bovinos, integrado
à pecuária leiteira,
58
seguida da
estabelecimento Servido pelos
avicultura.
03
Banco
s públicos e 21
portos do Rio de
27
Setor secundário:
104.549
unidades
do Brasil, particulares de
Indústria de
hospitalare Bradesc
Veículos
s e 56
o, HSBC, fundamental e
contêineres) e
Automotores
ambulatori
Itaú,
médio, 3
Sepetiba
(Volkswagen do
ais
Real e
escolas
(minérios,
CEF.
profissionalizant
contêineres e
representa 54% do
es (SENAI,
granéis),
peso da indústria
SENAC e
localizados a
de transformação,
SESI), 2
164 Km e 152
seguindo-se a
universidades,
Km de
indústria química
sendo uma do
distância,
(33%). Resende é
estado e outra
respectivamente
o quarto parque
particular e 1
.
industrial do
academia de
estado.
formação de
Setor terciário: o
Oficiais do
aluguel, a
Exército.
Brasil), que
ensino
Janeiro (cargas
em geral e
prestação de
serviços e o
transporte.
Piraí
Setor primário:
cana-deaçúcar (representa
81% da produção
agrícola
do
município).
22.118
Sem
4 (sem
28
informaç
estabelecimento Sem
Na pecuária os
informaçõe ão dos
destaques são: o
s.
s de ensino.
informações.
nomes
bovino e os
dos
galináceos.
bancos).
28
Setor terciário:
prestação de
serviços, o aluguel,
a administração
pública e o
transporte.
Volta
Redonda
Setor primário:
0,02 da produção
agrícola estadual.
116
Setor secundário:
ABN
estabelecimento Servido pelos
importante pela
Amro,
s públicos e 46
portos do Rio de
história da
Banco
particulares de
Janeiro (cargas
industrialização, da
do Brasil, ensino
em geral e
região, do estado,
Bradesc
fundamental e
contêineres) e
e até do país, em
07
o, CEF,
médio, escolas
Sepetiba
função da
unidades
HSBC,
profissionalizant
(minérios,
hospitalare Itaú,
es (SENAI,
contêineres
Companhia
s e 131
Mercantil
SENAC e CSN)
e granéis),
Siderúrgica
ambulatori
do Brasil, além de
localizados a
Nacional. A
ais
Santand
centros
134 Km e 127
indústria
er,
universitários
Km de
metalúrgica é
Sudamer
particulares
responsável por
is
95% da produção
Unibanc
avançado
industrial do
o.
UFF.
presença da
242.063
e um
e distância,
posto respectivamente
da .
município e 51%
do estado.
Setor terciário:
prestação de
serviços, do
aluguel e do
29
transporte.
Barra do Piraí
Setor primário:
cana-de-açúcar,
milho, tomate,
avicultura (1°
Servido pelos
criador no estado),
portos do Rio de
suínos (7º no
ABN
ranking), bovinos e
Amro,
52
03
Banco
estabelecimento contêineres) e
unidades
do Brasil, s públicos e 16
na pecuária leiteira
(8º produtor do
119.247
Janeiro (cargas
em geral e
Sepetiba
estado).
hospitalare Bradesc
particulares de
(minério,
Setor secundário:
s e 35
o, CEF,
ensino
contêineres e
indústria
ambulatori
HSBC,
fundamental e
granéis),
metalúrgica
ais
Itaú e
médio.
localizados a
(Thyssen
Unibanc
122 Km e 110
Fundições,
o.
Km de
Metalúrgica Barra
distância,
do Piraí, entre
Respectivament
outras), indústria
e.
extrativa mineral
(pedras e argila) e
a indústria de
alimentos.
Setor terciário:
prestação de
serviços, o
transporte e o
comércio varejista.
Barra Mansa
Setor primário:
criação de
bovinos, integrado
30
à pecuária leiteira
eo
desenvolvimento
Servido pelos
da avicultura (7º
ABN
portos do Rio de
criador).
Amro,
87
Setor secundário:
Banco
estabelecimento em geral e
Siderúrgica Barra
do Brasil, s públicos e 16
Janeiro (cargas
contêineres) e
Mansa, a
01 unidade Itaú-
particulares de
Sepetiba
Metalúrgica Barra
hospitalar
Banerj,
ensino
(carvão,
e 81
Bradesc
fundamental e
contêineres e
(Du Pont do Brasil
ambulatori
o,
médio, e um
granéis),
S/A) e a Produção
ais
CEF,
centro
localizados a
de Alimentos
HSBC,
universitário
130 Km e 118
(Nestlé Brasil
Itaú,
particular.
Km de
Ltda).
Porto
Setor terciário:
Real
alimentada pela
Unibanc
dinâmica industrial
o.
Mansa, a química
170.753
distância,
e
respectivamente
.
do município, e
também por sua
característica de
entroncamento
rodoviário. O setor
das Comunicações
destacou-se
devido ao
incremento da
telefonia fixa.
Quatis
Setor primário:
Servido pelos
criação de
portos do Rio de
31
bovinos.
Janeiro (cargas
Setor secundário:
02
14
Indústria de
unidades
estabelecimento contêineres) e
hospitalare HSBC.
s públicos e 01
Sepetiba
alimentares.
s e 15
privado de
(minérios,
Setor terciário: o
unidades
ensino
contêineres e
aluguel, a
ambulatori
fundamental e
granéis),
administração
ais
médio.
localizados a
produtos
10.730
em geral e
pública e a
155 Km e 144
prestação de
Km de
serviços.
distância,
respectivamente
.
Pinheiral
Setor primário:
cana-de-açúcar
(pouco
expressivo).
Setor secundário:
1 (sem
indústria de
produtos de
minerais não
metálicos
Sem
19.481
informaç
18
informaçõe ão do
estabelecimento Sem
s.
nome do
s de ensino
banco).
básico.
informações.
(cerâmica e
mármore).
Setor terciário: o
aluguel, a
administração
pública e a
prestação de
serviços.
32
Valença
Setor primário:
pecuária leiteira
com o maior
rebanho bovino da
região (63 mil
6 (sem
cabeças).
informaç
78
ão dos
estabelecimento Sem
Setor secundário:
66.308
Sem
indústria têxtil
informaçõe nomes
(57% da indústria
s.
de transformação)
s de ensino.
informações.
dos
bancos).
e a indústria de
alimentos (20%).
Setor terciário:
aluguel, a
prestação de
serviços e a
administração
pública.
Rio das
Flores
Setor primário:
cana-de-açúcar e
pecuária.
1 (sem
Setor secundário:
indústria de
produtos
alimentares (97%).
Sem
7.625
informaç
15
informaçõe ão do
estabelecimento Sem
s.
nome do
s de ensino
banco).
básico.
informações.
Setor terciário:
prestação de
33
serviços, aluguel e
a administração
pública.
Itatiaia
Setor primário:
insipiente.
Servido pelos
Setor secundário:
ABN
indústrias de
Amro,
portos do Rio de
16
Janeiro (cargas
máquinas e
01 unidade Banco
equipamentos
hospitalar
do Brasil, s públicos e 03
contêineres) e
e 17
Bradesc
particulares de
Sepetiba
de pneumático
ambulatori
o, CEF,
ensino
(minérios,
(Michelin) e a
ais
HSBC,
fundamental e
contêineres e
farmacêutica
Itaú,
médio, além de
granéis),
(Instituto
Porto
01 escola
localizados a
Bioquímico).
Real e
profissionalizant
176 Km e 164
Setor terciário: o
Unibanc
e.
Km de
turismo e as
o.
(Xerox do Brasil); a
24.739
estabelecimento em geral e
distância,
atividades a ele
respectivamente
agregadas: a
.
prestação de
serviços, o
transporte,
comércio varejista
e a locação de
imóveis.
Rio Claro
Setor primário:
Avicultura e o
2 (sem
cultivo da banana.
Setor secundário:
ligado à
agropecuária.
Sem
16.228
informaç
32
informaçõe ão dos
estabelecimento Sem
s.
s de ensino.
nomes
informações.
dos
34
Setor terciário:
bancos).
aluguel, da
administração
pública e da
prestação de
serviços.
Fonte: CIDE e CODIN.
35
A Região da Divisão Territorial do Trabalho
“O modo de produção da sociedade é
o modo de produção do seu espaço”
(Milton santos)
Tratar da região como o produto indissociável e contraditório da Divisão
Territorial do Trabalho (DTT) é complexo e requer uma metodologia rigorosa,
fontes documentais confiáveis e dados atualizados.
Para tratar do tema nos apoiaremos nas obras de Silva (2006), Corrêa
(1994), Limonad (1996, 2003), Ramos (2005), Lopes (2005) e Marafon [et al.]
(2005), além de informações obtidas no CIDE e CODIN.
36
Para construir nosso arcabouço teórico, é imprescindível lembrarmos que
a corrente marxista contribuiu veementemente para o entendimento das
dinâmicas que produzem espaços socialmente desiguais.
As ações e dinâmicas sociais condicionadas e caracterizadas pelo modo
de produção vigente em um dado período, são desenvolvidas na relação
intrínseca entre os diversos espaços e as relações sociais de produção,
conduzindo à produção da materialidade “que possuem forma, conteúdo,
expressão física de manifestação do poder e características de relativa
homogeneidade, que exprimem e reforçam fisicamente as diferenças projetadas
pelas relações sociais”. (SILVA, 2006, p. 68).
Corrêa (1994) observa que a minimização dos custos e maximização dos
lucros é atrelada ao desenvolvimento das técnicas: estas cada vez mais
científicas, informacionais e dotadas de uma intencionalidade, apóiam-se na
lógica da acumulação ampliada do capital.
É
na
reprodução
do
espaço
com
os
processos
de
marginalização/valorização, invasão/sucessão, investimento/reserva de valor,
etc, que a cidade e o campo vão sendo valorizados ou deixados de lado.
Centros urbanos são criados e/ou remodelados; sendo classificados de acordo
com as atividades que exercem nos diversos níveis escalares.
“Numa planície fértil e densamente ocupada, com produção agrícola
negociada extralocalmente, define-se uma hierarquia de localidades
centrais, enquanto às margens de baías de águas profundas
desenvolvem-se centros portuários; próximo às jazidas de carvão
emergem centros mineiros ou mesmo dotados de indústrias de
transformação. A rede urbana reflete assim a divisão territorial do
trabalho”. Corrêa (1994, p. 49).
E ainda:
“A rede urbana é um reflexo, em realidade, dos efeitos acumulados da
prática de diferentes agentes sociais, sobretudo as grandes
corporações multifuncionais e multilocalizadas que, efetivamente,
37
introduzem – tanto na cidade como no campo – atividades que geram
diferenciações entre os centros urbanos”. Corrêa (1994 p. 50).
Para analisarmos o Médio Vale do Paraíba Fluminense devemos levar em
consideração os diferentes agentes sociais que se territorializaram na região nos
séculos XIX e XX, travando conflitos e produzindo os espaços urbanos da
região, dinamizando o grau da divisão territorial do trabalho e (re)produzindo
inúmeras divisões técnicas e territorialidades.
Ao longo do eixo Barra Mansa – Volta Redonda – Porto Real – Resende,
deram-se as grandes transformações econômicas e sociais, que em última
análise, foram responsáveis pela reorganização do espaço analisado. A
estruturação produtiva na região, alicerçada na industria de base passou a lidar
com o papel de agente de destaque na organização econômica do país.
A implantação da CSN em Volta Redonda foi a força motriz do
desenvolvimento econômico da região. Vários motivos justificaram a criação da
usina e dos bairros operários em Volta Redonda e, de acordo com Ramos
(2005, p. 88) os motivos foram os seguintes:
a) Tal localidade constitui um importante eixo de circulação entre as duas
maiores metrópoles nacionais: Rio de Janeiro e São Paulo;
b) A proximidade dos grandes mercados consumidores de RJ e SP;
c) A proximidade ao porto do Rio de Janeiro por onde seria importado o carvão;
d) A disponibilidade de energia elétrica e água;
e) A existência da ferrovia, articulando a usina aos mercados consumidores, aos
portos do RJ e Angra dos Reis e às jazidas de ferro e manganês do Quadrilátero
Ferrífero;
f) O baixo custo da mão-de-obra, à época da implantação da usina.
Observa-se no quarto item como a política de energia foi um fator
estratégico e decisivo na formação socioeconômico-espacial do Médio Vale do
Paraíba.
Lopes (2002) ao analisar as disparidades demográficas entre os
municípios industrializados, e os que não tem seu setor industrial desenvolvido,
38
chega a seguinte conclusão: “A nítida disparidade entre o crescimento
populacional de Volta Redonda e a estagnação de Rio Claro e Piraí, ou o lento
crescimento de Barra do Piraí apontam para o fato desses municípios, apesar de
contíguos, terem vocações diferentes no projeto estabelecido para o Vale do
Paraíba e conseqüentemente no uso da energia que alimentou esse projeto”.
Lopes (2002 p. 151).
Recentemente, é no “sub-eixo” Resende – Porto Real que tem se dado a
captação de grandes investimentos oriundos das indústrias que ali se fixaram.
Em Porto Real temos no setor secundário a fábrica de automóveis PeugeotCitroën, responsável por 56% da produção industrial do município, seguida da
indústria de vidros flexíveis Guardian Brasil (20%), da Galvasud Siderurgia associação da CSN e o grupo alemão Thyssen Krupp Stahl - (12%) e da Cia.
Fluminense de Refrigerantes (a Coca-cola), com 10% da produção interna
industrial.
Resende, que foi o município escolhido para as instalações da
Wolkswagen Ônibus e Caminhões, assim como Porto Real e os outros
municípios que abrigaram indústrias de renome na região, tiveram como fatores
atrativos, em alguns momentos, aqueles mesmos do período da instalação da
CSN. Além desses, outros fatores são apontados por Ramos (2005, p. 89):
a) A existência de um suporte logístico facilitado pela importante rede rodoviária
que corta a região (BR-116, BR-393 e outras), pela ferrovia (administrada pela
MRS logística), pela proximidade dos maiores portos do país (porto de Santos,
porto do Rio de Janeiro, Sepetiba e Angra dos Reis);
b) A instalação de uma Estação Aduaneira do interior (EADI) no município de
Resende, o que facilita tanto a aquisição de material quanto o escoamento da
produção;
c) Meios de comunicação já que a área conta com cabos de fibra óptica da
Embratel (que também fornece a cobertura de telefonia fixa), além de antenas
de telefonia móvel das operadoras Vivo e Claro;
d) Abastecimento de energia (a região é cortada por um gasoduto e conta com
uma usina termelétrica da CSN e da Siemens em Volta Redonda).
39
Somado a isso, outros fatores que agilizaram o processo foram:
- A disponibilidade de amplos terrenos a preços baixos;
- Vários incentivos fiscais oferecidos pelos municípios, pelo Estado e pelo
Governo Federal;
- A existência de trabalhadores qualificados ou semiqualificados na própria
região, nos chamados “bolsões de mão-de-obra qualificada”, que estão
dispostos à exercer as funções necessárias.
De acordo com a Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do
Rio de Janeiro (CODIN), na década de 90 e início do ano 2000, a região atraiu
49% dos investimentos destinados ao Estado do Rio de Janeiro.( Ver anexo 9
sobre potencialidades econômicas).
Olhando atentamente no mapa a faixa de fronteira entre Resende e Porto
Real (emancipado de Resende), podemos ver como os jogos de interesses
tomam corpo no espaço e, como no caso apresentado, são passiveis de serem
cartografados: quando a Wolkswagen instalou-se em Resende (1994), já existia
o processo para emancipação político-administrativa do distrito de Porto Real,
sendo que a Wolkswagen tinha se instalado justamente no território que
competia a Porto Real. Conseqüência: um impasse foi criado e a emancipação
foi negada bruscamente pelo município de Resende. A solução encontrada pela
liderança para o processo de emancipação - que até então, aspiravam à
independência de todo o distrito de Porto Real - foi abrir mão da Wolkswagen
em troca da criação do município, fato concretizado em 1996.
A área do distrito que a priori, seria totalmente demarcada ao norte pelo
rio Paraíba do Sul, foi diminuída com a retirada do território onde se situa a
Wolkswagen.
[...] o município de Porto Real é quase que totalmente delimitado ao
norte da rodovia BR-116 pelo rio Paraíba do Sul, exceto pelo terreno
da Wolkswagen, onde a fronteira passa a ser a cerca da própria
fábrica. Ramos. (2005, p. 94).
40
Limonad (2003) revela-nos que a reestruturação produtiva no Médio Vale
do Paraíba Fluminense não se disseminou da mesma forma como a
reestruturação que ocorreu nos países centrais, onde a reestruturação produtiva
incidiu na mudança brusca e integral do processo de produção fordista para o
processo de produção flexível. “Muitas fábricas ainda se mantêm vinculadas a
um processo de produção vertical ou quase vertical; perduram aqui relações de
trabalho regulamentadas, apesar da perda de força relativa dos sindicatos da
categoria; a segmentação interna do mercado de trabalho já ocorre em algumas
fábricas, notadamente nas de última geração que exigem mão-de-obra
qualificada; mantêm-se, todavia, uma segmentação espacial do mercado de
trabalho (típica do fordismo) em algumas áreas do Médio Vale do Paraíba,
notadamente em Volta Redonda, Barra Mansa e Barra do Piraí; a segmentação
espacial da produção só ocorre em alguns setores – notadamente no ramo de
material de transporte -, e caminha lentamente no ramo da metalurgia; o
41
atendimento a mercados supra-locais regionais também está limitado a alguns
setores produtivos – muitas empresas por não atenderem às normas
internacionais de controle de qualidade; poucas empresas trabalham com uma
produção em pequenos lotes de produtos diversificados, cujo melhor exemplo é
o consórcio modular da Wolkswagen que a partir de uma única linha de
montagem produz quinze tipos diferentes de caminhões e três de ônibus”.
Limonad (2003, p. 132).
Então, o que se vê no Médio Vale do Paraíba é a mistura de modos de
produção distintos, contraditórios, mas que se toleram, visto que se corroboram
na reprodução das relações de produção da região e possuem interesses em
comum que no final incentivam a participação “comunitária” desses modelos de
produção.
Concluindo com o pensamento da autora, ela ratifica o que anteriormente
deduzimos: “Uma observação mais atenta deste território mostra uma grande
heterogeneidade e complexidade de situações. Se por um lado temos indústrias
de tradição fordista que realizam um esforço para se modernizar e adequar às
novas condições da competitividade global, por outro temos indústrias de última
geração que aí se instalam com base em novos processos produtivos”. Limonad
(2003 p. 133).
Para os municípios que não sofreram diretamente os impactos das
políticas públicas em infra-estrutura e dos investimentos de firmas nacionais e
multinacionais, ficaram
na
condição
de
serem
“espaços-suporte” para
reprodução da força de trabalho e prestar variados serviços (em geral, ligados
as atividades das indústrias).
Saindo do eixo de industrialização e excetuando Itatiaia, Barra do Piraí e
Valença, o restante dos municípios ficou de fora da modernização do território,
ficando a cargo deles as atividades ligadas à prestação de serviços e a
produção agrícola e pecuária.
Dada de forma pontual na região, a pecuária tem gerado rendas nos
municípios de Quatis e Rio Claro, por exemplo. O desgaste dos solos provocado
pela cafeicultura e o pisoteio do gado em função dessa atividade favoreceram a
42
sua continuação. Apesar dos impactos negativos em torno das atividades de
cunho rural, devemos destacar a existência de uma bacia leiteira na região, que
congrega os municípios de Valença, Barra Mansa, Rio das Flores e Resende.
Apesar da baixa produtividade – média de 8 litros por cabeça - a produção é
alta, em virtude do grande espaço leiteiro e da quantidade de rebanho destinada
à produção. A inexistência de uma reorganização da prática agrícola na região
contribuiu para a sua estagnação.
Contudo, não podemos esquecer que essas terras não estão ociosas
totalmente, cabendo a elas o papel de “reserva de valor” para futuras transações
e reorganizações sócio-territoriais que por ventura venham a ocorrer na região.
Conclusão:
Conclui-se que uma regionalização que englobe todos os aspectos (
naturais, sociais, econômicos, culturais, etc.) seria a melhor forma de se
regionalizar determinada área. Todavia, essa regionalização torna-se bastante
complicada de ser atingida uma vez que as disparidades entre todos esses
aspectos são de difícil conciliação.
A região natural por si só não seria adequada, pois não leva em
consideração os fatores humanos. A região lablacheana, por sua vez, utiliza-se
das intenções entre o homem e a natureza, porem deve se estar atento aos
determinismos geográficos.
A região funcional, dispensa grande atenção aos aspectos econômicos e,
embora defendida como tamanho ótimo, para o planejamento regional
desconsidera a existência de uma sociedade de classes.
A região como produto da divisão territorial do trabalho está relacionada
com a questão de centro e periferia, esbarrando, por isso, na questão da escala.
O que é centro em uma escala pode se tornar periferia se esta for ampliada.
43
Assim sendo o que acaba predominando no processo de regionalização
são os critérios estabelecidos pelo pesquisador, que levam em conta os seus
objetivos e interesses.
“Questiona-se a pretensão de, com um único padrão de coesão de
elementos, identificar regiões ou tentar “regionalizar” o espaço geográfico como
um todo. Diante da diversidade global-fragmentadora do mundo contemporâneo
sugere-se que a regionalização deva utilizar diferentes critérios, ou critérios mais
flexíveis, “adaptáveis” aos distintos espaços objeto de nosso estudo. Ou, pelo
menos, aceitar que, na utilização de um determinado critério de “coesão”
(funcional e/ou simbólica), uma mesma regionalização possa ser aplicada
através de escalas diferentes – o que não implicaria, obrigatoriamente, o
“fechamento”, ou melhor, a contigüidade das regiões numa única escala”.
(HAESBAERT).
Concordamos com Milton Santos na sua consideração de que a região
continua a existir, embora de uma complexidade nunca antes vista; e todo o
planeta esta condenado a um projeto concomitante de globalização e
fragmentação, ou seja, de individualização e regionalização.
44
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Anexo I
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Anexo II
49
Anexo III
50
Anexo IV
51
Anexo V
52
Anexo VI
53
Anexo VII
54
Anexo VIII
55
Anexo IX
56
Anexo X
57