Universidade Federal Fluminense – UFF Curso de Graduação em Geografia Disciplina: Região e Regionalizacao Professor: Rogério Haesbaert Alunos: Diogo, Gabriel Luz, Marcus Faria, Yasmim Mello MÉDIO VALE DO PARAÍBA DO SUL - Niterói, 28 de junho de 2007- 1 Sumário: Introdução ................................................................................3 Objetivos...................................................................................3 Região Natural..........................................................................4 Região Lablacheana............................................................... .16 Região Funcional......................................................................22 Região da Divisão Territorial do Trabalho.................................37 Conclusão..................................................................................44 Bibliografia.................................................................................45 Anexos.......................................................................................49 2 Introdução: A Região do Médio Vale Paraíba abrange doze municípios: Barra do Piraí, Barra Mansa, Pinheral, Itatiaia, Piraí, Porto Real, Quatis, Resende, Rio Claro, Rio das Flores, Valença e Volta Redonda. Apresentados na figura que seque abaixo. Objetivo: O objetivo do trabalho consiste em transcorrer através de conhecimentos teóricos sobre os conceitos de Região natural, lablacheana, funcional e divisão territorial do trabalho a fim de conciliar os conteúdos ministrados em aula, seguido de uma critica à regionalização proposta pelo CIDE e IBGE. Após análise das regionalizações, nos propomos a sugerir uma “nova” regionalização de acordo com a orientação que irá direcionar nosso estudo, envolvendo a região do Médio Vale do Paraíba do Sul – RJ. A Região Natural: O conceito de região natural dentro do estudo da Geografia foi de grande relevância durante o período que se estende do final do século XIX e a primeira metade do século XX, quando o determinismo ambiental era uma das principais correntes do pensamento geográfico. A região natural é aqui entendida como uma parte da superfície da Terra, dimensionada segundo escalas territoriais diversificadas e caracterizadas pela uniformidade resultante da combinação ou integração em área dos elementos da 3 natureza: o clima, a vegetação, o relevo, a geologia e outros adicionais que diferenciam ainda mais cada uma destas partes (CORREA, 1986). No entanto, torna-se importante citar três grandes nomes como indicadores no ensino da Geografia (La Blache, Herbertson e Ricchieri) e que tiveram repercussão no estudo da Região Natural a fim de que possamos analisar melhor como este conceito vem sido proposto e trabalhado ao longo dos anos e assim, compreender o contexto em que este foi introduzido no Brasil por Delgado de Carvalho. A partir desta breve apresentação conceitual, será possível, portanto, chegar de forma mais didática ao nosso objeto de estudo, que é a Região Natural do Médio Vale Paraíba, no Estado do Rio de Janeiro. La Blache; França - “As divisões fundamentais do território francês” (1898). Como base para este estudo La Blache utiliza-se do elemento geológico para entender a diferenciação da região natural francesa. Herbertson; Inglaterra – “The Major Natural Regions” (1905). Nesta análise das regiões, o clima é apresentado como fator determinante sobre o Homem e sua ocupação na superfície terrestre, sendo portanto uma justificativa para o colonialismo entre as colônias de exploração e de povoamento. Herbertson faz um estudo do mundo inteiro e propõe os chamados “belts” de temperatura. Ricchieri; Itália – Apud, CARVALHO (1925). Em 1920 propôs em seu estudo sobre noção de região e de limites em geografia sistemática um critério prático e de grande alcance didático, fazendo a distinção, portanto, entre “regiões elementares”, ou simples (àquelas que abrangem um só fenômeno) “regiões geográficas complexas” (àquelas sobre as quais se superpõem várias elementares) e “regiões integrais” (formadas por um conjunto de regiões complexas). Por exemplo: O conjunto de regiões simples sobrepostas como: clima, geomorfologia e vegetação será a região complexa para Ricchieri. 4 Delgado de Carvalho; Brasil – “Geografia do Brasil” (1913). O autor, via influência francesa, introduz no Brasil a região natural, considerando esta uma subdivisão mais ou menos precisa e permanente que a observação e a investigação permitem criar uma área geográfica estudada, no intuito de salientar a importância respectiva de diferentes influências fisiográficas, respeitando o mais possível jogo natural das forças em presença e calcando a síntese assim esboçada sob o ponto de vista especial do fator humano nela representado” (CARVALHO, 1925). Para o desenvolvimento de nosso trabalho, utilizaremos como base àquela defendida por Ricchieri e a partir desta tentaremos mostrar a seguir sua aplicabilidade para tal estudo na definição da Região Geográfica Natural do Médio Vale Paraíba. Escolhemos, assim, três regiões elementares que melhor poderiam nos levar a região natural complexa da área em estudo. São elas: Geomorfologia, Clima e Vegetação. A partir daí, faremos a sobreposição a fim de chegar a Região Natural Complexa. Porém, é importante ressaltar, que a região natural enquanto conceito, muitas vezes possui uma carga determinista, sobrevalorizando a dimensão físico-natural e, mesmo quando o Homem aparece nela, é colocado em segundo plano, em que ele vai se portar de acordo com aquele meio. Portanto, a região natural, que no passado teve grande relevância para a ciência geográfica, perdeu lugar hoje, sobretudo, para a divisão regional baseada em fatores políticos e econômicos, como é o caso das regiões de governo do Estado do Rio de Janeiro, que não seguem esse princípio natural. Domínios Morfoestruturais e Unidades Geomorfológicas do Médio Vale Paraíba A Região do Médio Paraíba possui uma considerável variedade de condições de declividade em seus domínios e com isso uma grande variedade de classes de relevo, decorrente de sua formação geológica antiga, que lhe 5 confere características geográficas distintas em relação a outras regiões do Estado. Na região próxima ao rio Paraíba do Sul, ocorrem um conjunto de fraturas e falhas que exercem o controle estrutural sobre a rede de drenagem da região, ocorrendo nessas regiões a formação de vales estruturais devido a processos erosivos, cristas e escarpas, assim como a formação de colinas tabulares em regiões próximas, formando uma paisagem de “mar de morros”. A região está localizada entre as Serras do Mar e Mantiqueira, que possuem vales profundos e escalonados e desníveis altimétricos superiores a 2.000 metros em suas escarpas. Há ainda a deposição de sedimentos nas margens do rio Paraíba do Sul, com formação de bacias sedimentares. São dois os Domínios Morfoestruturais que abrangem o Estado do Rio de Janeiro: os Depósitos Sedimentares e as Faixas de Dobramentos Remobilizados, mas apenas os domínios das Faixas de Dobramentos Remobilizados estão presentes na Região Centro-Sul Fluminense. Este domínio faz-se presente, de forma preponderante, por todo o interior do território fluminense. As Faixas de Dobramento Remobilizados, que abrangem as Unidades Geomorfológicas: Mantiqueira Meridional, Alinhamento de Cristas do Paraíba do Sul, Depressão do Médio Paraíba do Sul e Escarpas e Reversos da Serra do Mar compreendem tipos de modelados diversos, mas com uma origem comum, que são os terrenos cristalinos que remontam ao Arqueozóico e Proterozóico, período caracterizado por ciclos orogênicos responsáveis por dobramentos e falhamentos de grande amplitude e que, após a ação dos agentes erosivos, atuando ao longo das eras geológicas que se seguiram foram, no Terciário, novamente submetidos a eventos tectônicos, daí resultando extensas linhas de falhas, escarpas de grandes dimensões e relevos alinhados em função dos antigos dobramentos e dos falhamentos mais recentes. Portanto, as Unidades Geomorfológicas que compõe os Domínios Morfoestruturais da Região Centro-Sul Fluminense, com sua diversidade de 6 estruturas decorrentes de uma formação em diferentes períodos geológicos, possuem as seguintes características/classificações: Mantiqueira Meridional - Formação geomorfológica restrita a porção do território correspondente a região de Resende e Itatiaia, ao norte do rio Paraíba do Sul. Apresenta influência marcante do tectonismo, com soerguimento de antigas superfícies e originando um conjunto de falhas e fraturas, determinando a rede de drenagem da região; Alinhamentos de Cristas do Paraíba do Sul - Situam-se ao norte da Serra do Mar, contatando-se, a oeste, com a Depressão do Médio Paraíba do Sul e intercalando-se, a noroeste, com a Depressão Escalonada dos Rios Pomba-Muriaé. Sua morfologia reflete a acentuada influência geológica, resultando num conjunto de fraturas e falhas que exercem um forte controle estrutural sobre a rede de drenagem. Dominam os vales orientados, destacando-se o do rio Preto, na divisa com o Estado de Minas Gerais. Identificam-se colinas convexas, com aprofundamento inferior a 100 metros, cristas e serras isoladas, com desníveis altimétricos entre 100 e 200 metros. Esse domínio é o mais presente na região; Escarpas e Reversos da Serra do Mar - Unidade geomorfológica predominante na região, surge, na direção do interior, logo após a Colinas e Maciços Costeiros, apresentando uma orientação geral SO-NE. Esta região reflete a influência dominante dos agentes internos, causadores dos dobramentos e falhamentos arqueozóicos e proterozóicos, dos sucessivos ciclos erosivos (no Paleozóico e Mesozóico), da reativação de falhas e da remobilização de blocos, ambos do Terciário. Desempenha importante papel na distribuição das precipitações no território fluminense, tornando mais chuvosa as áreas próximas às escarpas, devido às chuvas orográficas que causa. 7 Depressão do Médio Paraíba do Sul - Formação localizada entre a Serra do Mar e os Alinhamentos de Cristas do Paraíba do Sul e estendendo-se também até a Mantiqueira Meridional. Ocorre em uma fossa tectônica, onde as superfícies do antigo planalto foram submetidas a intensa processo de intemperismo físico (erosão fluvial), originando colinas, com altitudes entre 500 e 600 metros que, formam uma paisagem de “mar de morros”. Ocorrem também outros tipos de modelados que podem ser observados, como os vales estruturais, cristas e escarpas. É expressiva a deposição de sedimentos terciários e quaternários (planícies e terraços fluviais) às margens do Paraíba do Sul, em Resende e Volta Redonda, compreendendo bacias sedimentares. 8 Região Elementar I Clima O Estado do Rio de Janeiro possui uma notável variedade climática, principalmente se for levado em conta a exigüidade do seu território. Tal diversidade é ocasionada por vários fatores, dentre eles pode-se mencionar o relevo, a altitude, a latitude e a maritimidade. O relevo proporciona as diferenças nos totais e no regime pluviométrico, enquanto o fator altitude é responsável pela ocorrência de grandes áreas no Estado de climas mesotérmicos, com invernos frescos e verões quentes ou brandos. De modo geral pode-se dizer que o Estado do Rio de Janeiro é atravessado em direção WS-ENE pelo alinhamento montanhoso da Serra do Mar. O Oceano Atlântico é outro fator importante na explicação do clima no Estado, pois funciona como um poderoso regulador térmico, comprimindo as amplitudes térmicas anuais e, ao mesmo tempo, fornecendo ao continente 9 substancial aporte de água para a baixa atmosfera. A elevada umidade de ar e os elevados índices pluviométricos reinantes no Estado exemplificam a influência da maritimidade no clima regional. A Região do Médio Paraíba é cortada por faixas térmicas subquentes (entre 18ºC e 15ºC) e, em sua maior parte, por faixas mesotérmicas brandas (entre 15ºC e 10ºC), contando ainda com pequenas faixas mesotérmicas (abaixo de 10ºC) nas áreas de maior altitude. Quanto à deficiência hídrica, a essa região possui áreas superúmidas (zero mês seco), úmidas (1 a 3 meses secos) e semi-úmidas (4 a 6 meses secos). Portanto, esta região possui, climas de inverno seco e verão chuvoso, com temperatura do mês mais quente superior a 22ºC na maior parte do território. Registra-se também o clima temperado úmido, no qual a temperatura do mês mais quente é inferior a 22ºC. Região Elementar II 10 Vegetação A vegetação dessa região, assim como de todo o Estado, se encontra dentro dos domínios do ecossistema da Mata Atlântica, que abrange desde as restingas, ao nível do mar, até os campos rupestres (chamados campos de altitude), localizados em cotas altimétricas superiores a 1800 metros. As faixas de mata remanescentes da região em estudo estão classificadas nas seguintes formações vegetais: Refúgios Ecológicos - Áreas com agrupamentos florestais encontradas em altitudes superiores a 1.500 metros, inseridos na região fitoecológica da Floresta Ombrófila Densa e são representados por pequenas áreas rupestre situadas no Maciço de Itatiaia, que representam condições ecológicas diferentes das da cobertura vegetal regional. Nessas áreas são encontrados espécimes com endemismos específicos, que indicam um isolamento antigo; Floresta Ombrófila Densa - Originalmente caracterizava-se pela formação contínua e cobria grande parte das áreas mais escarpada e partes das planícies costeiras, estendendo-se desde o nível do mar até as cotas acima de 1500 metros. Floresta Estacional Semidecidual - Também conhecida como Floresta Estacional Pluvial Tropical, caracteriza-se, principalmente, por espécies arbóreas caducifólias, pois nos ambientes onde ocorrem essas formações os períodos secos estão com duração acima de 60 dias. Atualmente existem poucas espécies remanescentes na região, ocorrendo poucas espécies sem importância ecológica, pois não há continuidade ambiental. 11 Savana (Cerrado) - Tal formação ocorria no Vale do Paraíba do Sul, na área da bacia terciária de Resende. Apresentava-se como uma disjunção (separação) de seu ecossistema, que é na região do Planalto Central. O desenvolvimento na área se deu principalmente devido a litologia local, formada por sedimentos argilo-arenosos. Foi completamente destruída para a formação de pastagens. Região Elementar III Hoje, na Região do Médio Paraíba, grande parte do território se encontra sem a sua cobertura vegetal original, decorrente de desmatamentos, monoculturas, pecuária extensiva, etc. Existem ainda fragmentos florestais que servem como testemunho da mata primária da região e como refúgio da fauna remanescente, mas em termos conservacionistas a situação desta região é 12 precária, pois atualmente, é quase que totalmente ocupada por pastagens e áreas degradadas. Região Natural ou Região Complexa Para chegarmos a esta região, utilizamos como base os mapas da Fundação CIDE (aqui já mostrados) e partimos para uma combinação destes elementos a fim de se chegar a Região Complexa, método este baseado no conceito de Ricchieri. Como instrumentos de trabalho e técnicas utilizadas, fizemos a sobreposição dos três mapas com o auxílio do software Adobe Photoshop CS , o que nos permitiu trabalhar de forma a criar transparências ( Anexos 1,2,e 3) e chegar, através destas, ao mapeamento de uma região complexa. Porém, durante a composição deste quarto mapa, quando utilizamos a região simples intitulada de Diversidades Térmicas e Deficiência Hídrica, resolvemos levar em consideração somente a questão térmica, visto que um mapa de deficiência hídrica seria entendido como uma nova região elementar. 13 Observa-se no mapa acima que a combinação entre os elementos geomorfológicos, climáticos e vegetais nos fez chegar a um grande número de possíveis novas regiões, o que tornou difícil uma análise classificatória. Nota-se também, que há um certo predomínio de duas regiões naturais e a estas resolvemos nomeá-las como Região Estacional Semidecidual semiúmida Alinhada em Cristas e Região Estacional Semidecidual semiúmida de Depressão. Verifica-se aqui, portanto, que a Região Natural Complexa como base para analisar o Médio Vale Paraíba não se demonstra eficaz, visto a grande complexidade apresentada a partir dessa interseção dos mapas, o que torna de difícil interpretação a caracterização do Médio Vale como uma única ou duas regiões complexas. O caráter da homogeneidade (uniformidade) deve ser então repensado, pois a partir do mapa gerado é possível verificar que não há uma 14 natureza una. A região então enfrenta um paradoxo, pois se ela é complexa, não pode ser homogênea. Outro dado relevante em nossa análise crítica durante a utilização dos mapas, foi àquele ligado a Cobertura Vegetal Original, nos cabendo a seguinte questão: O que seria a cobertura vegetal original e onde ela estaria? Pergunta esta devido às intensas atividades econômicas desenvolvidas ali ao longo da História, sobretudo a partir da cultura do café, mostrando uma crescente intervenção do Homem naquele ambiente. Essa questão Homem-meio, será mais bem discutida num segundo momento deste trabalho, quando dedicamos um capítulo a Região La Blacheana. A análise da Região Complexa, enfim, nos permite compreender que a regionalização proposta pela Fundação CIDE não leva em consideração os fatores “naturais”, ratificando a idéia de que os fatores utilizados pela regionalização do governo são os políticos e econômicos. Região Lablacheana: A região lablacheana ou geográfica se configura como aquela que (sobre)valoriza as relações Homem-Meio, Sociedade-Natureza, onde o homem representa a ação modeladora; nesta ação encontraríamos o resultado de uma interação/integração entre componentes naturais e humanos. “O homem estabelece a ligação entre elementos díspares, colocando uma organização significativa das forças em lugar dos efeitos incoerentes da circunstância local. 15 Desse modo, a região adquire identidade e se distingue das outras” (Tableau de la Géographie, 1905). De um modo geral, a região lablacheana seria o produto final de certa harmonia e/ou equilíbrio entre os fatores humanos e a natureza – na concepção de Vidal. São partidários deste pensamento, autores importantes como Carl Sauer e Otto Schlüter. A estrutura física e sua organização social são os principais instrumentos de conhecimento da região dos autores dessa corrente geográfica; no bojo das relações mais gerais e amplas que seriam as relações econômicas e sociais, e consideram, dentre outros elementos, os tratos culturais e especificidades produtivas de uma determinada região. A região lablacheana se configura como uma entidade concreta, palpável, com vida e singularidades – geradas pelas diferenças nas relações Homem/Meio – diferenciadas temporal e espacialmente. Tais posturas assumidas por Vidal em sua proposta foram alvo de críticas de grandes autores como Lacoste, que questiona as idéias de “harmonia” e “equilíbrio” quando tratamos de uma sociedade estratificada em classes – considerando inadequada sua consideração; outra crítica vai de encontro com a sua postura empirista, caracterizando a região como algo dado e evidente. No entanto, em um segundo momento, após ler a obra de caráter mais geopolítico de Vidal (France de l´Est1917), Lacoste vem mudar essa postura crítica, o que não cabe aprofundar em nosso trabalho. Nesta relação se estabelece um importante conceito criado por La Blache: a idéia de gênero de vida. Neste combina-se as dimensões do meio geográfico, as normas e técnicas e o convívio numa situação de co-habitação espacial. Neste sentido, diversos seriam os gêneros de vida tendo em vista a(s) singularidade(s) de cada localidade, que determinaria outras relações. Visualizado o contexto analisado na região do Médio Vale, percebemos a economia do café como o fator que vai propiciar/condicionar a configuração de um “espírito” regional, sua individualidade – que será seu “gênero de vida”. Conceito este que denota o grau de instrumentalização do meio pelo homem. 16 A idéia de região lablacheana abarca tanto o conceito de Região como de Paisagem. Etimologicamente, paisagem em francês é paysage, derivada de pays que quer dizer pequena região homogênea; já em inglês paisagem seria landscape que, segundo Sauer, é sinônimo de região. O geógrafo Alberto Lamego em seu trabalho intitulado “O Homem e a Serra” (1963), trabalha com a interação de fatores humanos e naturais; exemplificando com apenas um capítulo do livro, “Resende e o determinismo geológico”, fica evidente a importância desta relação na concepção do autor, quando para este os elementos naturais seriam, inicialmente, determinantes para a ocupação humana. “Foi este o grande motivo do atraso cultural da zona serrana. Um determinismo geográfico e não uma incapacidade racial” (LAMEGO, 1963). Na tentativa de uma interpretação lablacheana das regiões do estado do Rio de Janeiro se faz imprescindível a leitura da obra de Lamego. Nestas obras, o autor parte de uma analise descritiva, fragmentando o espaço geográfico em três partes: a terra,o homem e a cultura. Em “o homem e a serra” encontramos a atual região do Médio Vale do Paraíba, onde Lamego nos chama a atenção para a grande dificuldade encontrada, inicialmente, pelos colonizadores diante da densidade da floresta dificultando a travessia da Serra do Mar. Apenas no inicio do século XVII é que ela foi transposta, dando lugar ao cultivo do café, que será a mola que impulsionará o desenvolvimento desta região ate o século XIX. É a partir deste cenário que irá se desenvolver os primeiros povoados, quase sempre no entorno de capelas. É o caso da cidade de Resende, que nasce em 1747 com a construção de uma paróquia. ”A fisiografia da região era propícia para o gado e por isso torna-se ela a principal abastecedora do Rio de Janeiro em produtos de pecuária. Foram distribuídas sesmarias aos imigrantes, que teriam dupla obrigação: cultivá-las e prestar auxilio à construção da estrada. A Cidade foi o foco originário do café na serra” (PEREIRA, et all). A cidade de Vasouras, que ficou conhecida como “a princesa do café”, foi a única cidade importante da serra criada a partir do interesse dos sesmeeiros 17 da região, crescendo rapidamente, evoluindo para a mais culta ( possuindo teatro, musica e literatura) entre as cidades cafeeiras. Tal como na região como um todo, possuía uma importante e influente aristocracia rural que foi um ponto atrativo para imigração (portuguesa, alemã e francesa). Lamego destoa de Vidal quando não considera a interação de elementos humanos e naturais como harmoniosa. “Embora o essencial elemento responsável pela devastação das florestas na Serra Fluminense fosse o café, que desse modo inaugurou no Brasil um processo econômico de ataque em grande escala contra uma selva imensa” (LAMEGO, 1963). O autor ainda propõe uma regionalização inspirada no modelo Lablacheano. 18 A cafeicultura foi, desde o final do período imperial, a força motriz de apropriação das terras do sul fluminense e incentivo à expansão do contingente populacional para esta área para fins agrícolas. O café no Médio Paraíba teve mão-de-obra predominantemente escrava. Aliado ao mau uso das terras, favorecendo a erosão das vertentes dessas encostas, as relações de produção eram defasadas, típicas da relação escravagista de início do período colonial brasileiro. A decadência do café foi diagnosticada, mas antes de sua ruína, ela apadrinhou a expansão da fronteira agrícola para o oeste de São Paulo, a famosa “Marcha para o Oeste”. Na região da Médio Vale, o declínio do café coincide com a abolição da escravidão, o que vai refletir diretamente nesta economia a condicionar o forte fluxo desta mão-de-obra livre em direção à capital. Recorremos ao exemplo de Valença, que foi uma cidade que sofreu economicamente os impactos negativos causados pela abolição da escravatura e a marginalização do seu espaço agrário, vindo a se reestruturar durante o século XX, substituindo o café pela pecuária e agricultura de subsistência. Hoje, Valença arregimenta o maior rebanho bovino da Região do Médio Paraíba. Via de regra após a crise do café a região sofreu esvaziamento e dedicouse à outras atividade, como a produção pecuária, avícola e de laticínios. Atualmente, quando analisamos o uso do espaço agrícola é possível observar nitidamente a interação homem-meio, admitindo que o que hoje é campo e pastagem no Médio Vale Paraíba deve-se, à ação antrópica no passado pois a maior parte do solo utilizado pelo café foi degradado no decorrer do tempo – tendo em vista a ausência de técnicas adequadas de uso e manejo do solo; o que fez com que, diante da urgência de uma solução rápida e barata para a crise da cafeicultura fluminense, se transformasse essas áreas em locais propícios à pecuária extensiva, que predomina em parcelas elevadas da região. Uma tentativa de formulação de uma região Lablacheana nos dias de hoje parece, no mínimo inadequado visto que ocorreram mudanças abruptas após o declínio do café; atualmente o que encontramos é uma “multiplicidade de 19 gêneros de vida” tendo em vista a diversidade econômica que substituiu a economia cafeeira nos vários municípios que compõem a região. Mapa de uso agrícola do solo (mapa scaneado, com escala alterada) 20 Região Funcional A mesorregião do Médio Vale do Paraíba Fluminense passou por importantes modificações no seu arranjo espacial, fruto das intervenções políticas e econômicas verificadas no Estado do Rio de Janeiro derivado das (re)organizações do território nacional. A involução da metrópole carioca, decorrente do processo de descentralização e relocalização das atividades produtivas, da “fuga” de contingente populacional e do processo concomitante da macrourbanização verificada nos núcleos urbanos intermediários, propiciou um desenvolvimento quantitativo e qualitativo do Médio Vale Paraíba; de “região abandonada pelo café”, passou agora à condição de área de territorialização de diversas indústrias de médio e grande porte, de serviços que seguem os rastros dessas corporações industriais e um espaço atingido pela urbanização crescente. Formando aglomerações urbanas em função destas atividades dando condições para a reprodução da força-de-trabalho e dotando o espaço de suporte técnico e científico para facilitar todas as etapas do processo de criação e acumulação do capital. Abrindo a discussão teórico-metodológica a respeito da região funcional, a análise da funcionalidade e articulação dos espaços, deve levar em consideração não a justaposição de áreas, e sim, os fluxos que emanam nessas redes, sejam essas redes de comunicações, transporte, energia, comércio, serviços, matérias-primas, etc. A região funcional estrutura-se numa nodosidade que é dinamizada pelos fluxos, e estes são controlados via os fixos, onde a gestão desses fluxos, oriundos das atividades geridas pelas empresas é coordenada na área central. Segundo Richardson: Com as regiões nodais ou polarizadas, a ênfase é colocada na interdependência dos diferentes componentes dentro da região e não nas relações inter-regionais entre regiões homogêneas. (...) As regiões nodais se compõem de unidades heterogêneas, mas essas 21 unidades estão intimamente relacionadas umas às outras funcionalmente. Essas conexões funcionais são claramente visíveis nos fenômenos dos fluxos de população, bens e serviços, comunicações e tráfego. (...) A ênfase nos nódulos ou pólos inevitavelmente desvia a atenção da delimitação das fronteiras regionais para o centro da região. Conseqüentemente, os limites de uma região nodal não são facilmente definidos. Richardson (1975, p. 224-225). A hierarquia dos centros vai se estabelecendo na medida em que a distribuição das empresas, serviços, população, instituições públicas e privadas e a densidade dos fluxos vai dando as bases para a taxionomização dos territórios pelos agentes sociais. Os critérios para avaliar a funcionalidade da região variam de acordo com as intenções do pesquisador, tecnoburocrata ou o órgão responsável pelo ordenamento territorial. A geografia dos fluxos está no âmbito dos estudos funcionais das regiões; dependendo da natureza estes fluxos mostram as influências intra-regionais e supra-regionais de cada lugar. A finalidade da análise da articulação funcional dos territórios é “primeiramente, para o nosso melhor conhecimento da região; em segundo lugar, para que nos seja de utilidade na determinação de áreas onde o esforço de desenvolvimento alcance maiores proveitos” (HILBORST, 1975, p. 99). Mais uma vez é ratificado a importância dos lugares como pontos geoestratégicos, que a despeito de hoje termos as diversas redes conectando e articulando lugares distantes, “comprimindo o espaço-tempo”, a localização geográfica torna-se crucial nesse mundo. Portanto: esta definição liga-se a “natureza” das funções regionais, mas é evidente que o seu “conteúdo” varia consideravelmente segundo o estágio atingido pelo desenvolvimento, de sorte que as “dimensões” da região são as mais variáveis, no espaço e no tempo, de acordo 22 com o grau de industrialização e de urbanização, as densidades de população, os anéis de vida, o estado das técnicas de circulação. Juillard (1965, p. 233). Outro geógrafo que teve importância na interpretação da dinâmica espacial foi Walter Christaller (1933). Sua abordagem analisa a ordem estabelecida nos padrões locacionais. A teoria dos lugares centrais classifica os espaços de acordo com as suas funções, identificando a sua rede de influência (hinterlândia) e as relações entre elas. Dado alguns equívocos contidos na formulação inicial, a teoria foi revisitada e aprimorada por autores diversos, entre eles, August Lösch (1954) e Roberto Lobato Corrêa (1994). Hoje, o instrumental Christalleriano é insuficiente, como assinala Corrêa: A teoria dos lugares centrais, que descreve razoavelmente bem a rede urbana brasileira e que serviu de base para os estudos das Regiões Funcionais Urbanas e das Regiões de Influência das Cidades, com base em informações relativas, respectivamente, às décadas de 1960 e 1970, não é mais suficiente. E nem os mecanismos christallerianos de alcance espacial máximo e mínimo. Ao conceito de hierarquia urbana, fundamental na teoria dos lugares centrais, acrescentam-se conceitos e noções como especialização produtiva, complementaridade, interações a longa distância e rede de múltiplos circuitos. Corrêa (2006, IBGE). O Médio Vale do Paraíba é a região mais industrializada do interior fluminense, com intensa mobilidade de trabalhadores para os principais pólos industriais (Resende, Porto Real, Volta Redonda). Os investimentos públicos e privados na infra-estrutura de áreas limítrofes e a reestruturação produtiva das empresas - principalmente na CSN - alavancou o crescimento social e econômico de cidades como Resende, Porto Real, Volta Redonda e Barra 23 Mansa, atraindo mais indústrias, e estas por sua vez, atraíram outros serviços, estabelecimentos comerciais e contingentes demográficos (com ou sem qualificação profissional), aumentando assim as funções centrais desses centros. O surto de crescimento na região deu-se ainda no período Getulista, em 1941, com a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional no distrito de Volta Redonda - antes pertencente à Barra Mansa emancipada em 1954. Depois da inauguração, a capacidade de produção instalada aumentava gradativamente, implicando na formação de um contingente maior de mão-deobra qualificada. O governo federal fomentou essa descentralização industrial na cidade do Rio de Janeiro por entender que a expansão das industrias e conseqüentemente da urbanização traria o desenvolvimento para essas regiões (idéia da economia neoclássica). A CSN beneficiou-se do sítio e da posição em Volta Redonda, por este ser “um entroncamento rodoferroviário, que facilitava o abastecimento de matéria-prima de Minas Gerais e o escoamento da produção para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais além de contar com abastecimento de energia e recursos hídricos”. (PIQUET, apud Limonad, 1996, p. 176). Após a sua privatização em 1993, a CSN, que já tinha passado por processos de reestruturação produtiva, começa a fase de aquisição de diversos setores. O ano 2000 foi o ano de expressão máxima da sua condição de agente hegemônico na produção siderúrgica, onde, entre as suas ações. Atualmente, a CSN tem o controle completo do terminal Sepetiba Tecon e continua a sua política de investimentos a nível nacional e estrangeiro. Recentemente, a empresa adquiriu os 50% restantes da Lusosider, em Portugal, passando a deter a totalidade do capital desta empresa, e também a PRADA, maior fabricante de embalagens de aço para a indústria química e alimentícia do país com 4 unidades de produção: São Paulo, Araçatuba, Gaspar e Uberlândia. A Seguir, o banner de divulgação do terminal de contêineres Sepetiba Tecon. (Anexo 4) 24 A CSN promoveu indiretamente vários investimentos públicos e privados em rodovias, ferrovias e outros sistemas técnicos (hidrelétricas, por exemplo). As rodovias têm papel importante na integração da região do Médio Paraíba com outras regiões e territórios. Como afirma Limonad: Os dois grandes eixos viários na região são a BR-116 (rodovia presidente Dutra), e a BR-393, que liga a BR-116 à BR-040, a Minas Gerais e ao Nordeste, e evita que o tráfego pesado proveniente do Sul com destino ao Nordeste atravesse a região metropolitana do Rio de Janeiro. Pela BR-155, através de Rio Claro chega-se a Angra dos Reis (Baía da Ilha Grande). A região conta, ainda, com transporte ferroviário que facilita o escoamento da produção local, especialmente a industrial. As sedes municipais e vilas distantes desses eixos apresentam estrutura viária deficiente, inclusive quanto às estradas vicinais. Boa parte da atividade comercial e industrial do Médio Paraíba está articulada à dinâmica da CSN. A localização de Volta Redonda, afastada da BR-116, contribuiu para Barra Mansa e Barra do Piraí, às margens desta rodovia, tornarem-se os principais centros de comércio e serviços especializados da região, seguidos de Volta Redonda, Resende e Valença. Limonad (1996, p. 177) Como podemos ver no mapa, em anexo 6, o Médio Paraíba é o terceiro colocado no Estado do Rio de Janeiro como o foco de investimentos industriais e o segundo em quantidade de empreendimentos realizados. Corporações industriais como a Peugeot-Citroën, Volkswagen, Cia fluminense de refrigerantes (Coca-cola), Guardian do Brasil e a Galvasud instalaram-se com muitos incentivos fiscais e trabalhistas. Para que essas modificações incididas no Médio Paraíba se concretizassem, a hidroeletricidade foi o fator estratégico na organização do território e no desenvolvimento das potencialidades locais. A área de atuação da Light compreende o oeste fluminense, a Serra do Mar e o médio vale do rio Paraíba do Sul. Ela se definiu espacialmente pelos 25 sistemas técnicos de represas e usinas que conectam os diversos pontos de receptação da energia, com os sistemas de transmissão partindo da região do Médio Vale. Lopes (2002), ao estudar o papel da Rio-Light na configuração do espaço Sul fluminense, sintetiza que: A apropriação dos recursos naturais do território pela empresa Light transformou os lugares que analisamos, em competentes participantes do projeto geopolítico brasileiro no setor de energia. Foi em função das virtualidades naturais desses lugares que o Rio de Janeiro se remodelou e que as indústrias do Vale do Paraíba se implantaram e desenvolveram. Lopes (2002, p. 151). E mais: Garantida pelo domínio de um complexo sistema de conhecimentos científicos e de equipamentos técnicos, a Light, buscando o crescimento e a valorização do capital investido, assegurou fortemente os seus direitos e fragilmente os seus deveres através dos contratos de concessão. Foram esses contratos de concessão que definiram, em função da incompleta legislação brasileira, o uso do potencial hídrico como recurso para a produção de bens. Lopes (2002, p. 158). A seguir, mostraremos dados da infra-estrutura e o perfil econômico dos municípios da região: 26 Infra- Perfil econômico estrutura/ Populaçã Rede o (total) Hospitalar Bancos Educação Portos Municípios Porto Real Setor primário: cana-de-açúcar Servido pelos (pouco portos do Rio de expressivo). ABN 09 13 Amro, estabelecimento em geral e unidades Bradesc s públicos e 02 contêineres) e material de ambulatori o e Porto particulares de Sepetiba transporte (fábrica ais Real. ensino (minérios, de automóveis fundamental e contêineres e Peugeot-Citroën), médio. granéis), Setor secundário: indústria de 12.095 Janeiro (cargas indústria localizados a metalúrgica (18%) 152 Km e 140 e a indústria de Km de bebidas (6%) distância, Setor terciário: o respectivamente transporte o . comércio atacadista e a prestação de serviços. Resende Setor primário: criação de bovinos, integrado à pecuária leiteira, 58 seguida da estabelecimento Servido pelos avicultura. 03 Banco s públicos e 21 portos do Rio de 27 Setor secundário: 104.549 unidades do Brasil, particulares de Indústria de hospitalare Bradesc Veículos s e 56 o, HSBC, fundamental e contêineres) e Automotores ambulatori Itaú, médio, 3 Sepetiba (Volkswagen do ais Real e escolas (minérios, CEF. profissionalizant contêineres e representa 54% do es (SENAI, granéis), peso da indústria SENAC e localizados a de transformação, SESI), 2 164 Km e 152 seguindo-se a universidades, Km de indústria química sendo uma do distância, (33%). Resende é estado e outra respectivamente o quarto parque particular e 1 . industrial do academia de estado. formação de Setor terciário: o Oficiais do aluguel, a Exército. Brasil), que ensino Janeiro (cargas em geral e prestação de serviços e o transporte. Piraí Setor primário: cana-deaçúcar (representa 81% da produção agrícola do município). 22.118 Sem 4 (sem 28 informaç estabelecimento Sem Na pecuária os informaçõe ão dos destaques são: o s. s de ensino. informações. nomes bovino e os dos galináceos. bancos). 28 Setor terciário: prestação de serviços, o aluguel, a administração pública e o transporte. Volta Redonda Setor primário: 0,02 da produção agrícola estadual. 116 Setor secundário: ABN estabelecimento Servido pelos importante pela Amro, s públicos e 46 portos do Rio de história da Banco particulares de Janeiro (cargas industrialização, da do Brasil, ensino em geral e região, do estado, Bradesc fundamental e contêineres) e e até do país, em 07 o, CEF, médio, escolas Sepetiba função da unidades HSBC, profissionalizant (minérios, hospitalare Itaú, es (SENAI, contêineres Companhia s e 131 Mercantil SENAC e CSN) e granéis), Siderúrgica ambulatori do Brasil, além de localizados a Nacional. A ais Santand centros 134 Km e 127 indústria er, universitários Km de metalúrgica é Sudamer particulares responsável por is 95% da produção Unibanc avançado industrial do o. UFF. presença da 242.063 e um e distância, posto respectivamente da . município e 51% do estado. Setor terciário: prestação de serviços, do aluguel e do 29 transporte. Barra do Piraí Setor primário: cana-de-açúcar, milho, tomate, avicultura (1° Servido pelos criador no estado), portos do Rio de suínos (7º no ABN ranking), bovinos e Amro, 52 03 Banco estabelecimento contêineres) e unidades do Brasil, s públicos e 16 na pecuária leiteira (8º produtor do 119.247 Janeiro (cargas em geral e Sepetiba estado). hospitalare Bradesc particulares de (minério, Setor secundário: s e 35 o, CEF, ensino contêineres e indústria ambulatori HSBC, fundamental e granéis), metalúrgica ais Itaú e médio. localizados a (Thyssen Unibanc 122 Km e 110 Fundições, o. Km de Metalúrgica Barra distância, do Piraí, entre Respectivament outras), indústria e. extrativa mineral (pedras e argila) e a indústria de alimentos. Setor terciário: prestação de serviços, o transporte e o comércio varejista. Barra Mansa Setor primário: criação de bovinos, integrado 30 à pecuária leiteira eo desenvolvimento Servido pelos da avicultura (7º ABN portos do Rio de criador). Amro, 87 Setor secundário: Banco estabelecimento em geral e Siderúrgica Barra do Brasil, s públicos e 16 Janeiro (cargas contêineres) e Mansa, a 01 unidade Itaú- particulares de Sepetiba Metalúrgica Barra hospitalar Banerj, ensino (carvão, e 81 Bradesc fundamental e contêineres e (Du Pont do Brasil ambulatori o, médio, e um granéis), S/A) e a Produção ais CEF, centro localizados a de Alimentos HSBC, universitário 130 Km e 118 (Nestlé Brasil Itaú, particular. Km de Ltda). Porto Setor terciário: Real alimentada pela Unibanc dinâmica industrial o. Mansa, a química 170.753 distância, e respectivamente . do município, e também por sua característica de entroncamento rodoviário. O setor das Comunicações destacou-se devido ao incremento da telefonia fixa. Quatis Setor primário: Servido pelos criação de portos do Rio de 31 bovinos. Janeiro (cargas Setor secundário: 02 14 Indústria de unidades estabelecimento contêineres) e hospitalare HSBC. s públicos e 01 Sepetiba alimentares. s e 15 privado de (minérios, Setor terciário: o unidades ensino contêineres e aluguel, a ambulatori fundamental e granéis), administração ais médio. localizados a produtos 10.730 em geral e pública e a 155 Km e 144 prestação de Km de serviços. distância, respectivamente . Pinheiral Setor primário: cana-de-açúcar (pouco expressivo). Setor secundário: 1 (sem indústria de produtos de minerais não metálicos Sem 19.481 informaç 18 informaçõe ão do estabelecimento Sem s. nome do s de ensino banco). básico. informações. (cerâmica e mármore). Setor terciário: o aluguel, a administração pública e a prestação de serviços. 32 Valença Setor primário: pecuária leiteira com o maior rebanho bovino da região (63 mil 6 (sem cabeças). informaç 78 ão dos estabelecimento Sem Setor secundário: 66.308 Sem indústria têxtil informaçõe nomes (57% da indústria s. de transformação) s de ensino. informações. dos bancos). e a indústria de alimentos (20%). Setor terciário: aluguel, a prestação de serviços e a administração pública. Rio das Flores Setor primário: cana-de-açúcar e pecuária. 1 (sem Setor secundário: indústria de produtos alimentares (97%). Sem 7.625 informaç 15 informaçõe ão do estabelecimento Sem s. nome do s de ensino banco). básico. informações. Setor terciário: prestação de 33 serviços, aluguel e a administração pública. Itatiaia Setor primário: insipiente. Servido pelos Setor secundário: ABN indústrias de Amro, portos do Rio de 16 Janeiro (cargas máquinas e 01 unidade Banco equipamentos hospitalar do Brasil, s públicos e 03 contêineres) e e 17 Bradesc particulares de Sepetiba de pneumático ambulatori o, CEF, ensino (minérios, (Michelin) e a ais HSBC, fundamental e contêineres e farmacêutica Itaú, médio, além de granéis), (Instituto Porto 01 escola localizados a Bioquímico). Real e profissionalizant 176 Km e 164 Setor terciário: o Unibanc e. Km de turismo e as o. (Xerox do Brasil); a 24.739 estabelecimento em geral e distância, atividades a ele respectivamente agregadas: a . prestação de serviços, o transporte, comércio varejista e a locação de imóveis. Rio Claro Setor primário: Avicultura e o 2 (sem cultivo da banana. Setor secundário: ligado à agropecuária. Sem 16.228 informaç 32 informaçõe ão dos estabelecimento Sem s. s de ensino. nomes informações. dos 34 Setor terciário: bancos). aluguel, da administração pública e da prestação de serviços. Fonte: CIDE e CODIN. 35 A Região da Divisão Territorial do Trabalho “O modo de produção da sociedade é o modo de produção do seu espaço” (Milton santos) Tratar da região como o produto indissociável e contraditório da Divisão Territorial do Trabalho (DTT) é complexo e requer uma metodologia rigorosa, fontes documentais confiáveis e dados atualizados. Para tratar do tema nos apoiaremos nas obras de Silva (2006), Corrêa (1994), Limonad (1996, 2003), Ramos (2005), Lopes (2005) e Marafon [et al.] (2005), além de informações obtidas no CIDE e CODIN. 36 Para construir nosso arcabouço teórico, é imprescindível lembrarmos que a corrente marxista contribuiu veementemente para o entendimento das dinâmicas que produzem espaços socialmente desiguais. As ações e dinâmicas sociais condicionadas e caracterizadas pelo modo de produção vigente em um dado período, são desenvolvidas na relação intrínseca entre os diversos espaços e as relações sociais de produção, conduzindo à produção da materialidade “que possuem forma, conteúdo, expressão física de manifestação do poder e características de relativa homogeneidade, que exprimem e reforçam fisicamente as diferenças projetadas pelas relações sociais”. (SILVA, 2006, p. 68). Corrêa (1994) observa que a minimização dos custos e maximização dos lucros é atrelada ao desenvolvimento das técnicas: estas cada vez mais científicas, informacionais e dotadas de uma intencionalidade, apóiam-se na lógica da acumulação ampliada do capital. É na reprodução do espaço com os processos de marginalização/valorização, invasão/sucessão, investimento/reserva de valor, etc, que a cidade e o campo vão sendo valorizados ou deixados de lado. Centros urbanos são criados e/ou remodelados; sendo classificados de acordo com as atividades que exercem nos diversos níveis escalares. “Numa planície fértil e densamente ocupada, com produção agrícola negociada extralocalmente, define-se uma hierarquia de localidades centrais, enquanto às margens de baías de águas profundas desenvolvem-se centros portuários; próximo às jazidas de carvão emergem centros mineiros ou mesmo dotados de indústrias de transformação. A rede urbana reflete assim a divisão territorial do trabalho”. Corrêa (1994, p. 49). E ainda: “A rede urbana é um reflexo, em realidade, dos efeitos acumulados da prática de diferentes agentes sociais, sobretudo as grandes corporações multifuncionais e multilocalizadas que, efetivamente, 37 introduzem – tanto na cidade como no campo – atividades que geram diferenciações entre os centros urbanos”. Corrêa (1994 p. 50). Para analisarmos o Médio Vale do Paraíba Fluminense devemos levar em consideração os diferentes agentes sociais que se territorializaram na região nos séculos XIX e XX, travando conflitos e produzindo os espaços urbanos da região, dinamizando o grau da divisão territorial do trabalho e (re)produzindo inúmeras divisões técnicas e territorialidades. Ao longo do eixo Barra Mansa – Volta Redonda – Porto Real – Resende, deram-se as grandes transformações econômicas e sociais, que em última análise, foram responsáveis pela reorganização do espaço analisado. A estruturação produtiva na região, alicerçada na industria de base passou a lidar com o papel de agente de destaque na organização econômica do país. A implantação da CSN em Volta Redonda foi a força motriz do desenvolvimento econômico da região. Vários motivos justificaram a criação da usina e dos bairros operários em Volta Redonda e, de acordo com Ramos (2005, p. 88) os motivos foram os seguintes: a) Tal localidade constitui um importante eixo de circulação entre as duas maiores metrópoles nacionais: Rio de Janeiro e São Paulo; b) A proximidade dos grandes mercados consumidores de RJ e SP; c) A proximidade ao porto do Rio de Janeiro por onde seria importado o carvão; d) A disponibilidade de energia elétrica e água; e) A existência da ferrovia, articulando a usina aos mercados consumidores, aos portos do RJ e Angra dos Reis e às jazidas de ferro e manganês do Quadrilátero Ferrífero; f) O baixo custo da mão-de-obra, à época da implantação da usina. Observa-se no quarto item como a política de energia foi um fator estratégico e decisivo na formação socioeconômico-espacial do Médio Vale do Paraíba. Lopes (2002) ao analisar as disparidades demográficas entre os municípios industrializados, e os que não tem seu setor industrial desenvolvido, 38 chega a seguinte conclusão: “A nítida disparidade entre o crescimento populacional de Volta Redonda e a estagnação de Rio Claro e Piraí, ou o lento crescimento de Barra do Piraí apontam para o fato desses municípios, apesar de contíguos, terem vocações diferentes no projeto estabelecido para o Vale do Paraíba e conseqüentemente no uso da energia que alimentou esse projeto”. Lopes (2002 p. 151). Recentemente, é no “sub-eixo” Resende – Porto Real que tem se dado a captação de grandes investimentos oriundos das indústrias que ali se fixaram. Em Porto Real temos no setor secundário a fábrica de automóveis PeugeotCitroën, responsável por 56% da produção industrial do município, seguida da indústria de vidros flexíveis Guardian Brasil (20%), da Galvasud Siderurgia associação da CSN e o grupo alemão Thyssen Krupp Stahl - (12%) e da Cia. Fluminense de Refrigerantes (a Coca-cola), com 10% da produção interna industrial. Resende, que foi o município escolhido para as instalações da Wolkswagen Ônibus e Caminhões, assim como Porto Real e os outros municípios que abrigaram indústrias de renome na região, tiveram como fatores atrativos, em alguns momentos, aqueles mesmos do período da instalação da CSN. Além desses, outros fatores são apontados por Ramos (2005, p. 89): a) A existência de um suporte logístico facilitado pela importante rede rodoviária que corta a região (BR-116, BR-393 e outras), pela ferrovia (administrada pela MRS logística), pela proximidade dos maiores portos do país (porto de Santos, porto do Rio de Janeiro, Sepetiba e Angra dos Reis); b) A instalação de uma Estação Aduaneira do interior (EADI) no município de Resende, o que facilita tanto a aquisição de material quanto o escoamento da produção; c) Meios de comunicação já que a área conta com cabos de fibra óptica da Embratel (que também fornece a cobertura de telefonia fixa), além de antenas de telefonia móvel das operadoras Vivo e Claro; d) Abastecimento de energia (a região é cortada por um gasoduto e conta com uma usina termelétrica da CSN e da Siemens em Volta Redonda). 39 Somado a isso, outros fatores que agilizaram o processo foram: - A disponibilidade de amplos terrenos a preços baixos; - Vários incentivos fiscais oferecidos pelos municípios, pelo Estado e pelo Governo Federal; - A existência de trabalhadores qualificados ou semiqualificados na própria região, nos chamados “bolsões de mão-de-obra qualificada”, que estão dispostos à exercer as funções necessárias. De acordo com a Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (CODIN), na década de 90 e início do ano 2000, a região atraiu 49% dos investimentos destinados ao Estado do Rio de Janeiro.( Ver anexo 9 sobre potencialidades econômicas). Olhando atentamente no mapa a faixa de fronteira entre Resende e Porto Real (emancipado de Resende), podemos ver como os jogos de interesses tomam corpo no espaço e, como no caso apresentado, são passiveis de serem cartografados: quando a Wolkswagen instalou-se em Resende (1994), já existia o processo para emancipação político-administrativa do distrito de Porto Real, sendo que a Wolkswagen tinha se instalado justamente no território que competia a Porto Real. Conseqüência: um impasse foi criado e a emancipação foi negada bruscamente pelo município de Resende. A solução encontrada pela liderança para o processo de emancipação - que até então, aspiravam à independência de todo o distrito de Porto Real - foi abrir mão da Wolkswagen em troca da criação do município, fato concretizado em 1996. A área do distrito que a priori, seria totalmente demarcada ao norte pelo rio Paraíba do Sul, foi diminuída com a retirada do território onde se situa a Wolkswagen. [...] o município de Porto Real é quase que totalmente delimitado ao norte da rodovia BR-116 pelo rio Paraíba do Sul, exceto pelo terreno da Wolkswagen, onde a fronteira passa a ser a cerca da própria fábrica. Ramos. (2005, p. 94). 40 Limonad (2003) revela-nos que a reestruturação produtiva no Médio Vale do Paraíba Fluminense não se disseminou da mesma forma como a reestruturação que ocorreu nos países centrais, onde a reestruturação produtiva incidiu na mudança brusca e integral do processo de produção fordista para o processo de produção flexível. “Muitas fábricas ainda se mantêm vinculadas a um processo de produção vertical ou quase vertical; perduram aqui relações de trabalho regulamentadas, apesar da perda de força relativa dos sindicatos da categoria; a segmentação interna do mercado de trabalho já ocorre em algumas fábricas, notadamente nas de última geração que exigem mão-de-obra qualificada; mantêm-se, todavia, uma segmentação espacial do mercado de trabalho (típica do fordismo) em algumas áreas do Médio Vale do Paraíba, notadamente em Volta Redonda, Barra Mansa e Barra do Piraí; a segmentação espacial da produção só ocorre em alguns setores – notadamente no ramo de material de transporte -, e caminha lentamente no ramo da metalurgia; o 41 atendimento a mercados supra-locais regionais também está limitado a alguns setores produtivos – muitas empresas por não atenderem às normas internacionais de controle de qualidade; poucas empresas trabalham com uma produção em pequenos lotes de produtos diversificados, cujo melhor exemplo é o consórcio modular da Wolkswagen que a partir de uma única linha de montagem produz quinze tipos diferentes de caminhões e três de ônibus”. Limonad (2003, p. 132). Então, o que se vê no Médio Vale do Paraíba é a mistura de modos de produção distintos, contraditórios, mas que se toleram, visto que se corroboram na reprodução das relações de produção da região e possuem interesses em comum que no final incentivam a participação “comunitária” desses modelos de produção. Concluindo com o pensamento da autora, ela ratifica o que anteriormente deduzimos: “Uma observação mais atenta deste território mostra uma grande heterogeneidade e complexidade de situações. Se por um lado temos indústrias de tradição fordista que realizam um esforço para se modernizar e adequar às novas condições da competitividade global, por outro temos indústrias de última geração que aí se instalam com base em novos processos produtivos”. Limonad (2003 p. 133). Para os municípios que não sofreram diretamente os impactos das políticas públicas em infra-estrutura e dos investimentos de firmas nacionais e multinacionais, ficaram na condição de serem “espaços-suporte” para reprodução da força de trabalho e prestar variados serviços (em geral, ligados as atividades das indústrias). Saindo do eixo de industrialização e excetuando Itatiaia, Barra do Piraí e Valença, o restante dos municípios ficou de fora da modernização do território, ficando a cargo deles as atividades ligadas à prestação de serviços e a produção agrícola e pecuária. Dada de forma pontual na região, a pecuária tem gerado rendas nos municípios de Quatis e Rio Claro, por exemplo. O desgaste dos solos provocado pela cafeicultura e o pisoteio do gado em função dessa atividade favoreceram a 42 sua continuação. Apesar dos impactos negativos em torno das atividades de cunho rural, devemos destacar a existência de uma bacia leiteira na região, que congrega os municípios de Valença, Barra Mansa, Rio das Flores e Resende. Apesar da baixa produtividade – média de 8 litros por cabeça - a produção é alta, em virtude do grande espaço leiteiro e da quantidade de rebanho destinada à produção. A inexistência de uma reorganização da prática agrícola na região contribuiu para a sua estagnação. Contudo, não podemos esquecer que essas terras não estão ociosas totalmente, cabendo a elas o papel de “reserva de valor” para futuras transações e reorganizações sócio-territoriais que por ventura venham a ocorrer na região. Conclusão: Conclui-se que uma regionalização que englobe todos os aspectos ( naturais, sociais, econômicos, culturais, etc.) seria a melhor forma de se regionalizar determinada área. Todavia, essa regionalização torna-se bastante complicada de ser atingida uma vez que as disparidades entre todos esses aspectos são de difícil conciliação. A região natural por si só não seria adequada, pois não leva em consideração os fatores humanos. A região lablacheana, por sua vez, utiliza-se das intenções entre o homem e a natureza, porem deve se estar atento aos determinismos geográficos. A região funcional, dispensa grande atenção aos aspectos econômicos e, embora defendida como tamanho ótimo, para o planejamento regional desconsidera a existência de uma sociedade de classes. A região como produto da divisão territorial do trabalho está relacionada com a questão de centro e periferia, esbarrando, por isso, na questão da escala. O que é centro em uma escala pode se tornar periferia se esta for ampliada. 43 Assim sendo o que acaba predominando no processo de regionalização são os critérios estabelecidos pelo pesquisador, que levam em conta os seus objetivos e interesses. “Questiona-se a pretensão de, com um único padrão de coesão de elementos, identificar regiões ou tentar “regionalizar” o espaço geográfico como um todo. Diante da diversidade global-fragmentadora do mundo contemporâneo sugere-se que a regionalização deva utilizar diferentes critérios, ou critérios mais flexíveis, “adaptáveis” aos distintos espaços objeto de nosso estudo. Ou, pelo menos, aceitar que, na utilização de um determinado critério de “coesão” (funcional e/ou simbólica), uma mesma regionalização possa ser aplicada através de escalas diferentes – o que não implicaria, obrigatoriamente, o “fechamento”, ou melhor, a contigüidade das regiões numa única escala”. (HAESBAERT). Concordamos com Milton Santos na sua consideração de que a região continua a existir, embora de uma complexidade nunca antes vista; e todo o planeta esta condenado a um projeto concomitante de globalização e fragmentação, ou seja, de individualização e regionalização. 44 Bibliografia: CARVALHO, D. Geografia do Brasil. Tomo I. Geografia Geral. Rio de Janeiro: Emp. Foto – Mecânica do Brasil. 1913. CARVALHO, D. Uma Concepção Fundamental da Geografia Moderna: a “Região Natural”. In: Metodologia do Ensino Geográfico. Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves. 1925 CORRÊA, R. A rede Urbana. São Paulo: Ática, 1994. CORREA, R. et al. Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 1995. CORREA, R. Região e Organização Espacial. São Paulo: Atica. 1986. FREMONT, A. Região: Espaço Vivido. Coimbra: Almedina. 1880. GRAMSCI, A. A Questão Meridional. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1966. GUEDES, E. et al. O Estado do Rio de Janeiro na Obra de Lamego. In: MOREIRA, R. (Org.) . 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