MARISÉRGIO PIMENTA PROJETO DE INTERVENÇÃO PARA FACILITAR A ADESÃO AO EXAME COLPOCITOLÓGICO E AUTOEXAME DAS MAMAS NAS MULHERES EM IDADE FÉRTIL - ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE DOIS IRMÃOS DO BURITI/ MS. DOIS IRMÃOS DO BURITI 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL- UNA-SUS/SES/SESAU FIOCRUZ-UNIDADE CERRADO PANTANAL PROJETO DE INTERVENÇÃO PARA FACILITAR A ADESÃO AO EXAME COLPOCITOLÓGICO E AUTOEXAME DAS MAMAS NAS MULHERES EM IDADE FÉRTIL - ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE DOIS IRMÃOS DO BURITI/ MS. TCC apresentado a UFMS/FIOCRUS como requisito para conclusão do curso de pós-graduação em nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. Orientadora: Barbosa. DOIS IRMÃOS DO BURITI 2011 Prof.ª Ms Carmen F. Dedico aos meus pais, por me darem amor e carinho e por sempre me incentivar a estudar para alcançar meus objetivos. A minha família, que mesmo nas horas mais tristes, estiveram sempre ao meu lado dando apoio e aquela força. A vocês, o meu carinho e gratidão! AGRADECIMENTOS À Deus, criador do Universo, que sempre me deu vida e saúde, renovando a cada dia minhas forças, para que eu pudesse concluir mais esse pedaço de minha historia. À minha Prof.ª Ms Carmen Barbosa pela paciência, dedicação e compreensão e que mais que uma mestra, foi uma amiga e com sua larga experiência ajudou-me e muito na conclusão deste trabalho. À minha família pela paciência, dedicação e incentivo a mais essa etapa profissional. Aos meus colegas de turma, que através dos chats, fóruns e discussões, também cooperaram de forma espetacular para que eu chegasse até o final desta pós. Ao Colegiado e todos que direta ou indiretamente, ajudaram para que mais essa etapa de minha vida pudesse ser conquistada. Muito obrigado a todos pela força e prestigio ao meu trabalho!! RESUMO O trabalho foi desenvolvido na zona rural pertencente ao PSF Rural do Município de Dois Irmãos do Buriti MS. Foi abordado o tema, câncer do colo uterino, de como aumentar a adesão a este exame, bem como para incentivar o autoexame das mamas. O presente projeto possibilitará que nós, a equipe, acompanhemos melhor a cobertura do Papanicolau na população feminina da faixa etária produtiva, ou seja, dos 12 aos 49 anos. Bem como incentivará essa faixa etária, a se prevenir do câncer do colo uterino. Ao final do trabalho, terei a estatística, a incidência de câncer nessa população, bem como saberei como estava a cobertura antes e se após este trabalho, aumentou a cobertura do exame preventivo do câncer de colo uterino da população feminina, em idade produtiva, da zona rural do município de Dois Irmãos do Buriti MS. Trata-se uma pesquisa que visa facilitar a adesão e melhorar a cobertura do exame preventivo do colo uterino e mamas na população e faixa etária acima citada. Essas ações foram realizadas através do deslocamento de um veículo oficial, onde estive visitando a população envolvida informando sobre a importância e os benefícios da realização da colpocitologia e autoexame das mamas, através de palestras coletivas e orientações individuais à população do grupo em foco. Antes da elaboração de projeto, a média de exames mensal da zona rural era de trinta (30). Após a realização deste, o numero médio de exames preventivo subiu para cinquenta (50). PALAVRAS CHAVES: ESF, Colo Uterino, Autoexame de mamas LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS PSF Programa Saúde da Família CCU Câncer de Colo Uterino DIB Dois Irmãos do Buriti MS Mato Grosso do Sul INCA Instituto Nacional Câncer ESFR Equipe Saúde da Família Rural PNCCU Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................08 2REVISÃO DE LITERATURA............................................................................................10 3 OBJETIVO...........................................................................................................................22 4METODOLOGIA.................................................................................................................22 4.1 HITÓRICO SITUACIONAL DAS MULHERES DA ZONA RURAL ......................22 4.2 PROJETOEINTERVENÇÃO....................................................................................... 24 5 APRESENTAÇÃO RESULTADOS..............................................................................25 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................27 REFERÊNCIAS IBLIOGRÁFICAS...................................................................................29 ANEXOS.................................................................................................................................31 1 INTRODUÇÃO Esse trabalho trata-se de um Projeto de Intervenção que tem como finalidade facilitar às mulheres em idade fértil da zona rural de DIB o acesso ao exame colpocitológico e autoexame das mamas. Os objetivos específicos são: descrever a situação da população feminina em idade fértil da zona rural de DIB frente à adesão ao exame colpocitológico e autoexame de mamas antes e após este trabalho; rastrear através desse exame mulheres que poderão desenvolver o CA de colo uterino ou das mamas. O município de Dois Irmãos do Buriti é integrante do estado de Mato Grosso do Sul e localiza-se na microrregião de Aquidauana, na região sudoeste do Estado. O município dista a 120 quilômetros da capital. Seu solo se constitui na maioria de terra roxa, onde se produz café, laranja, tomate, cana, também se destaca na criação de aves e bovinos, por possuir varias fazendas, que constitui a zona rural do Município. Na zona urbana, o setor predominante é o comércio, possui além deste setor poucas oportunidades de trabalho, já que exceto os empregos públicos, não há emprego para todos, que são obrigados a trabalhar nas fazendas, ao redor do município. O clima predominante no município é o tropical, cujas caraterísticas são parecidas com o da capital. A sua vegetação tem influência do cerrado, com predomínio de pastagem árida, ocorrendo em proporção expressiva a savana, nas fisionomias Arbórea Aberta (campo cerrado), além das lavouras existe ainda parte da serra de Maracaju. Além de seis aldeias que compõem o município, faz parte deste, um distrito chamado Palmeiras, conhecido de muitos sul mato-grossenses e turistas do país, por ser rota do Pantanal Sul Mato - Grossense como requisito para conclusão do curso de pós graduação em nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. Dois Irmãos do Buriti tem como limites os municípios de Sidrolândia e Terenos, ao leste, Aquidauana ao norte, Anastácio ao oeste e uma pequena divisa com o município de Maracaju, ao sul. O município surgiu em 1987 e em 13 de novembro de 1988, pela Lei N.º 775, foi criado o município de Dois Irmãos do Buriti, pelo então governador Marcelo Miranda Soares, ficando o mesmo pertencendo à comarca de Anastácio, que a partir de 2002 passou a município independente. De acordo com o censo do IBGE/2010 o município possui uma população de 10.362 habitantes, dois quais 55% moram na zona rural. Por enquanto o município possui somente uma ESF, da qual está vinculada a equipe ESF rural, da qual faço parte. Este trabalho se constitui em um projeto de intervenção, o qual demos inicio em junho de 2011 e visa aumentar o numero de mulheres, em idade fértil, cobertas pelo exame preventivo de colo uterino e auto exame das mamas. Através deste projeto de intervenção, cuja finalidade é facilitar a adesão ao exame colpocitológico de colo uterino e o autoexame das mamas, por parte das mulheres da zona rural de Dois Irmãos do Buriti – DIB, que estejam em idade fértil. A USF de Dois Irmãos do Buriti está localizada no centro da cidade. Atende tanto pacientes da zona urbana quanto dá suporte aos pacientes da zona rural, onde em cada assentamento e em Palmeiras, o médico atende aos pacientes, com agendamento prévio. Em relação ao atendimento de enfermagem, o enfermeiro se dirige a esses postos que ficam nesses assentamentos e presta atendimento em nível de enfermagem, levando todos os serviços, como preventivo, HIPERDIA, puericultura, pré-natal, palestras educativas em saúde, entre outros serviços. O Município presta todos os serviços que são realizados pela atenção básica. Porem ainda há muito que trilhar e caminhar, no sentido de oferecer serviços, cada vez melhores para a população buritiense. Para a realização do exame preventivo, as mulheres precisam se deslocar a uma longa distancia até o posto de saúde mais próximo nos assentamentos. Muita delas não tem condições financeiras e nem tem um esclarecimento suficiente para entender a importância da realização desse exame tão importante, para rastrear e prevenir o câncer de colo do útero e mamas. Neste sentido, justifica-se o presente projeto e resolvi empenhar-me porque após a minha chegada e inicio de trabalho na zona rural, percebi que o numero de exames preventivos feitos por essas mulheres, da zona rural eram muito poucos quando comparado com a população feminina urbana. Fato esse que motivou –me a colocar em pratica esse projeto de intervenção. 2 REVISÃO DA LITERATURA O câncer do colo do útero é uma forma grave de morbidade, que atinge a população feminina, em idade fértil (INCA, 2003). De acordo com dados absolutos sobre a incidência e mortalidade por câncer do Instituto Nacional de Câncer – INCA , o câncer de colo uterino foi responsável pela morte de 3.953 mulheres no Brasil em 2000. Esse tipo de câncer representa 10% de todos os tumores malignos em mulheres. É uma doença que pode ser prevenida, estando diretamente vinculada ao grau de subdesenvolvimento do país. É o segundo mais comum entre as mulheres no mundo (cerca de 471 mil casos novos). Quase 80% dos casos novos ocorrem em países em desenvolvimento (INCA, 2004). A saúde da mulher, ao longo da história brasileira, vem sendo alvo das políticas de saúde e de ações nos serviços de saúde, devido à importância social desse grupo populacional. Evidencia-se isto com a concepção de vários programas voltados para a saúde da mulher, dentre eles, cabe ressaltar o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher – PAISM - instituído, em 1983, o Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero – PNCCU - e o Programa Viva Mulher criados em 1997, organizado no intuito de reverter os índices de morbimortalidade relacionados com o câncer cérvico-uterino e as repercussões físicas, psíquicas e sociais nas mulheres (ROSENSTEIN JUNIOR, 2003). O câncer do colo do útero (CCU) ocupa o 2º lugar na incidência mundial de neoplasias, estando atrás, apenas do câncer de mama. Por ano, no mundo, ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU, sendo 218 mil em países considerados pobres ou emergentes, onde ocorre quase 60% dos casos novos de câncer, ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a população feminina. Ressalta-se que na América Latina se encontram as mais altas taxas de incidência desta doença, representando uma das causas de óbito mais frequente entre as mulheres. Vários são os fatores de risco identificados para o câncer do colo do útero. Estão relacionados ao estilo de vida, fator cultural ou ambiental, sendo que alguns dos principais estão associados às baixas condições socioeconômicas, ao início precoce da atividade sexual, à multiplicidade de parceiros sexuais, ao tabagismo (diretamente relacionado à quantidade de cigarros fumados), à higiene íntima inadequada e ao uso prolongado de contraceptivos orais. Estudos recentes mostram ainda que o vírus do papiloma humano (HPV) tem papel importante no desenvolvimento da neoplasia das células cervicais e na sua transformação em células cancerosas. Merighi, Hoga e Praça (1997) salientam os fatores de vínculo, empatia e envolvimento como elementos essenciais para a captação da clientela. Acreditamos que, aliado ao benefício da aderência à periodicidade do exame, esse tipo de interação consciente em questões da sexualidade e do autoconhecimento ajuda na melhoria da vida reprodutiva futura da mulher. Por outro lado, a consulta de enfermagem, quando realizada como parte das ações do Planejamento Familiar do PAISM e, especificamente na prevenção do câncer do colo uterino, representa o espaço dedicado à mulher para discutir suas necessidades. É o momento oportuno para uma intervenção de enfermagem que contribui para a conscientização das ações preventivas e a aderência a essas ações, bem como para uma discussão franca e sensível sobre o seu bem estar sexual. Na medida em que a mulher adere ao programa de exames preventivos e melhora seu autoconhecimento como mulher, essas ações poderão contribuir para a participação mais consciente na prevenção do câncer de colo uterino. O câncer de colo de útero são alterações celulares onde há uma disseminação das células anormais de forma progressiva e gradativa. É uma doença crônico-degenerativa mais temida, em virtude do seu alto grau de letalidade e morbidade, apresentando possibilidade de cura se for diagnosticada precocemente (ROMAN; PANIS, 2010). As taxas de incidência de câncer de colo uterino são geralmente altas em países onde a renda familiar apresenta-se insuficiente para suprir as necessidades básicas da maioria da população (BRASIL, 2006). No Brasil, existe programa de política publica que assegura a saúde da mulher principalmente contra o câncer de colo de útero assim como ações de controle dos programas de atenção integral a saúde da mulher (PAISAM) e o sistema de informação do câncer de colo de útero (FIOCRUZ, 2006). De acordo com a Soares, et al. (2008), estudos epidemiológicos tem relacionado o desenvolvimento do câncer cérvico uterino ao comportamento sexual das mulheres e a transmissão de agentes infecciosos como papiloma vírus humano (HPV). Este vírus está presente em mais de 90% dos casos de câncer do colo do útero (FIOCRUZ, 2006). Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, o principal fator de risco para a doença é a infecção pelo Papiloma Vírus Humano – HPV que, no desenvolvimento da neoplasia intra-epitelial ou carcinoma invasor, se encontra em 90% a 95% dos carcinomas de células escamosas do colo uterino. (ANDREOLI; CECIL, 1994). Na zona rural de DIB, ainda a muito que fazer no sentido melhorar a cobertura do exame Papanicolau, porém com certeza até o fina deste trabalho, com certeza algo a mais farei para melhorar esta estatística que ora é apresentada a quem interessar. 2.1 CÂNCER DO COLO DO UTERO No Brasil, são esperados 18.680 casos novos deste câncer para o ano de 2008, constituindo um risco estimado de 19 casos a cada 100.000 mulheres, sendo que destes, 4.720 ocorrerão em mulheres da região Nordeste. (INCA, 2007). O câncer do colo uterino é um evidente problema de saúde pública. Tem elevada incidência no Brasil e uma alta taxa de mortalidade. É um tipo de câncer prevenível através de tecnologia de baixo custo como o exame de Papanicolau, que detecta suas lesões precursoras. Com esse exame, é possível realizar diagnóstico precoce das lesões que precedem o câncer invasivo e permite que essas lesões possam ser tratadas e curadas em 100% dos casos (INCA, 2007). O câncer de colo uterino é uma das causas mais freqüentes de morte na população feminina na América Latina e Caribe. Sua incidência se encontra entre as mais altas do mundo, principalmente em países em desenvolvimento (OPAS, 1985). O Ministério da Saúde, por meio do Instituto Nacional do Câncer (INCA), definiu que, no Brasil, o exame colpocitológico deve ser realizado em mulheres de 25 a 60 anos de idade ou em mulheres com idade inferior a 25 anos, que iniciaram a atividade sexual antes desta faixa de etária. Entretanto, apesar dos exames colpocitológicos estarem disponíveis na rede de saúde pública do Brasil, a mortalidade por esta doença não registrou queda significativa e os altos índices de prevalência contrastam com os baixos índices de cobertura de exames preventivos estimados em 8%, ao passo que a OMS estabelece 85% para a cobertura mínima de impacto epidemiológico. O Ministério da Saúde, por intermédio do Instituto Nacional de Câncer, vem buscando parcerias para desenvolver ações a fim de mudar esse quadro. Faz parte dessa procura a implementação de estratégias importantes, tais como a padronização de procedimentos e de condutas que garantam a qualidade dos processos técnicos e operacionais para o controle do câncer. A estruturação do Viva Mulher – Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama – prevê a formação de uma grande rede nacional na qual o profissional de saúde esteja capacitado para estimular a prevenção, realizar a detecção precoce de lesões precursoras da doença e promover o tratamento. A OMS, reconhecendo desde 1992 o HPV como o principal responsável pelo câncer do colo do útero, aprofundou esse conceito em 1996, em parceria com a International Agency for Research on Cancer – IARC. Assim, foram identificados os tipos 16 e 18 como os principais agentes etiológicos desse tipo de câncer, firmando-se cientificamente, pela primeira vez, a indução de um tumor sólido por um vírus. O controle do câncer do colo do útero no Brasil representa, atualmente, um dos grandes desafios para a saúde pública. A falta de uma política nacional que permitisse a articulação da diferentes etapas de um programa (recrutamento/busca ativa das mulheres-alvo, coleta, citopatologia, controle de qualidade e tratamento dos casos positivos) de forma eqüitativa em todo o território nacional, assim como uma avaliação adequada dos resultados obtidos, são considerados dois dos principais motivos pelos quais as ações de prevenção do câncer do colo do útero no Brasil, com algumas exceções regionais, não conseguiram trazer impacto sobre a incidência e mortalidade da doença no País como um todo. Assim, a partir da Conferência Mundial Sobre a Mulher, ocorrida na China, em 1995, o Governo Brasileiro passou a investir esforços na organização de uma rede nacional de detecção precoce do câncer do colo do útero. Estudos que utilizam métodos de hibridização têm demonstrado que mais de 99% dos casos podem ser atribuídos a alguns tipos de HPV, sendo o HPV 16 o responsável pela maior proporção de casos (50%), seguido do HPV 18 (12%), HPV 45 (8%) e o HPV 31(5%). A relação entre HPV e o câncer do colo do útero é cerca de 10 a 20 vezes maior do que o tabagismo e o câncer de pulmão. Como síntese das discussões sobre política de saúde e direito à saúde, o SUS procura unificar todas as instituições e serviços de saúde em um único sistema e um comando único no governo federal (Ministério da Saúde), em comando único nos estados (Secretarias Estaduais de Saúde) e um comando único nos municípios (Secretarias municipais de saúde). O Ministério da Saúde (MS) lançou em 1994, o Programa Saúde da Família (PSF) como uma estratégia que "prioriza as ações de promoção e proteção e recuperação" da família e do individuo, tanto adultos como as crianças, sadios e doentes, de forma integral e continua. (PEREIRA et al, 2005, p.299). O câncer vem sendo considerado um importante problema de saúde pública, em razão de seus elevados índices, representando no Brasil, “a segunda causa de morte por doença, precedida apenas pelos agravos cardiovasculares (Ministério da Saúde 2007)”. A taxa de sobrevida após o diagnóstico de doença recorrente é de cerca de 15% em 1 ano e menor do que 5% em 5 anos. Nos casos de recorrência, não existe tratamento padrão, seja cirúrgico, radio ou quimioterápico. As opções dependem do local de recorrência, das condições clínicas da paciente e do tratamento prévio realizado. A recorrência na pelve frequentemente está associada a metástases a distância, (INCA 2009). Para pacientes em condições clínicas precárias, a abordagem estritamente paliativa é indicada. Se a recidiva foi detectada precocemente, tem localização central e há condições cirúrgicas adequadas, as pacientes poderão ser submetidas a exenteração pélvica que pode levar a uma taxa de sobrevida geral em 5 anos de 32% a 62%. A mortalidade cirúrgica varia de 4% a 25%. Em pacientes submetidas previamente à radioterapia e/ou cirurgia, há dificuldade em se avaliar o envolvimento dos tecidos vizinhos, e uma exploração cirúrgica pode ser necessária para uma avaliação mais precisa da extensão da lesão. Pacientes tratadas previamente sem cirurgia podem ser submetidas à histerectomia radical, embora a morbidade associada a esta conduta seja alta. As taxas de sucesso são mais altas nos casos de recorrências de pequeno diâmetro. Para pacientes tratadas apenas com cirurgia previamente, a radioterapia é uma opção terapêutica. A associação de radio e quimioterapia ou quimioterapia isolada também podem ser empregadas com finalidade paliativa, (INCA 2009). De acordo com Nicolau (2005), não se pode esquecer de que a realização do exame Papanicolau afeta diretamente a cultura de determinadas famílias, dificultando ainda mais o acesso de mulheres ao exame. A abordagem cultural deste exame está relacionada ao medo, desconhecimento do órgão sexual feminino, passividade das mulheres frente aos homens e à correlação do exame ao ato sexual. Instituto Nacional de Câncer - INCA (2006), diz que o câncer do colo do útero é um tumor que apresenta um desenvolvimento lento e progressivo ao longo de muitos anos, e somente apresenta sintomas característicos quando a doença já se encontra em forma avançada. Nesta fase, uma em cada três mulheres morre da doença. O câncer uterino é uma neoplasia maligna, localizada no epitélio da cérvice uterina, oriunda de alterações celulares que vão evoluindo de forma imperceptível, terminando no carcinoma cervical invasor. Isso pode ocorrer em um período que varia de 10 a 20 anos (BARROS; MARIN; ADRÃO, 2002). Segundo o Instituto Nacional de Câncer( INCA) (2005), se as células pré-cancerosas se transformam em células verdadeiramente tumorais e se espalham mais profundamente no colo uterino ou outros órgãos e tecidos a doença é chamada de câncer de colo uterino ou cervical (vindo da palavra cérvix, outro sinônimo para colo de útero). Segundo BARBEIRO et al. (2009), o câncer uterino é de fácil detecção e pode ser evitado através do exame extremamente importante para que também haja a detecção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) ou qualquer outro distúrbio ginecológico. O êxito do rastreamento do câncer cérvico-uterino depende, acima de tudo, da reorganização da assistência à saúde das mulheres nos serviços de saúde, da capacitação dos profissionais da área, da qualidade e continuidade das ações de prevenção e controle das doenças, do estabelecimento de ações humanizadas e equitativas, do respeito às diferenças culturais, da eliminação das barreiras e das iniquidades no acesso e utilização dos serviços preventivos (Pinho et al., 2003). Em alguns países em desenvolvimento, é o tipo mais comum de câncer feminino, enquanto que em países desenvolvidos chega a ocupar a sexta posição. Na América Latina e no Sudeste Asiático, as taxas de incidência são geralmente altas, enquanto na América do Norte, Austrália, Norte e Oeste Europeu, são consideradas baixas (INCA, 2010). O seu pico de incidência do câncer de colo uterino esta na faixa etária entre 40 e 60 anos de idade, informação esta que colabora na determinação da população de risco de uma determinada comunidade, possibilitando a disseminação de informações às mulheres sobre o que fazer para evitar a instalação e o desenvolvimento da doença (BRASIL, 2006). A atenção primária é aquela que determina todo o funcionamento em saúde, pois é a partir dela que as ações de cura e reabilitação vão ocorrer seja isso na atenção secundária, terciária ou na própria atenção primária, a qual é representada na saúde pública pela estratégia de saúde da família e isso não é diferente no controle do câncer do colo do útero (KAWAMOTO, 1995). De acordo com o Ministério da Saúde, ao ser associado com a disponibilidade adequada de informações sobre o assunto, captação precoce das mulheres, preparo técnico e cientifico adequado por parte do profissional de saúde é o suficiente para modificar a realidade vivenciada atualmente, pois este câncer cresce de forma lenta e silenciosa, o que possibilita uma identificação precoce em estágios pré-clínicos, onde não é possível verificar sintomas, mas são presenciado as transformações intra-epiteliais progressivas, que podem ter as lesões epiteliais precursoras identificadas com a realização do preventivo e assim, ser tratado em tempo hábil (BRASIL, 2006). O estágio invasor da doença é definido como Neoplasia Intra- epitelial Cervical que pode ser de Grau I - NIC I, alteração associada às camadas mais basais do epitélio estratificado, Grau II - NIC II, a desordem avança 2/3 proximais da membrana e Grau III NIC III, o desarranjo é observado em todas as camadas, sem romper a membrana basal, isso mostra que quanto maior o grau do diagnóstico do câncer mais difícil será o combate (BRASIL, 2001). Segundo SILVA (2002), é necessário que as mulheres sejam orientadas como o exame é feito, e sua importância para a saúde feminina, com uma linguagem uniforme e que elas sejam partícipes nesse contexto, porque é a partir do seu cotidiano verbalizado que podemos dirigir ações voltadas para prevenção, colaborando efetivamente nesse processo. O câncer de colo uterino não costuma causar sintomas durante sua fase inicial. Quando há sintomas, a doença costuma já estar em fases mais avançadas. O sintoma mais comum é o sangramento vaginal, geralmente pós-coito. Dor pélvica durante o sexo também pode ocorrer e sangramentos vaginais que aparecerem fora dos períodos menstruais também são sintomas possíveis(BRASIL 2008). Como não há sintomas precoces da doença, o exame de rastreio visando a prevenção é fator mais importante na luta contra o câncer de colo uterino(INCA, 2007). O exame preventivo, chamado de exame de Papanicolaou é muito importante e deve ser feito regularmente, (BRASIL 2008). Em fase precoce, o câncer do colo do útero habitualmente não apresenta sintomas. Por isso, é tão importante que a mulher faça seu exame periodicamente e não espere que apareçam sintomas. Desta forma, a chance de detectar lesões ainda totalmente curáveis é bem maior. Um dos nossos maiores desafios no controle do câncer do colo do útero é integrar as diversas ações nos três níveis de gestão do SUS. Com isso, poderíamos estabelecer fluxos de referência e contra-referência, no âmbito do SUS, garantindo acesso a consultas, exames para o diagnóstico e acesso ao tratamento do câncer, Lucilia acrescenta ainda que outro importante desafio é a realização de estudos que avaliem a qualidade e o custo-efetividade da atenção em câncer, (INCA 2007). A principal estratégia utilizada para prevenção do câncer do colo do útero é a detecção precoce da lesão precursora do câncer, feita através do exame de Papanicolaou, que faz parte dos exames ginecológicos preventivos de rotina. O Papanicolau detecta, em 80% dos casos, alterações celulares que podem se transformar em câncer. Se houver lesões em estágios iniciais, o que acontece na maioria dos casos de mulheres que realizam exames periodicamente, a cura é de 100%. O câncer do colo do útero é mais prevalente entre mulheres com iniciação sexual precoce e com múltiplos parceiros, também estando associado a fatores como tabagismo e o uso de anticoncepcionais orais, (BRASIL 2007). O Pacto pela Vida é o compromisso entre os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentam impacto sobre a situação de saúde da população brasileira. A definição de prioridades deve ser estabelecida através de metas nacionais, estaduais, regionais ou municipais. Prioridades estaduais ou regionais podem ser agregadas às prioridades nacionais, conforme pactuação local, (PORTARIA GM/MS 399). Os estados/região/município devem pactuar as ações necessárias para o alcance das metas e dos objetivos propostos. O Pacto pela Vida está constituído por um conjunto de compromissos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados e derivados da análise da situação de saúde do País e das prioridades definidas pelos governos federal, estaduais e municipais. Significa uma ação prioritária no campo da saúde que deverá ser executada com foco em resultados e com a explicitação inequívoca dos compromissos orçamentários e financeiros para o alcance desses resultados, (PACTO PELA SAÚDE 2006). Ampliar a oferta do exame preventivo do câncer do colo do útero visando alcançar uma cobertura de 80% da população alvo, (SISPACTO 2009). Aumentar o Número de exames citopatológicos do colo do útero, em mulheres na faixa etária de 25 a 59 anos, em determinado local e ano / População feminina, na faixa etária de 25 a 59 anos, em determinado local e ano, (PACTO PELA SAÚDE Biênio 2010 2011). 2.2 PROGRAMA DE CONTROLE DO CÂNCE DO COLO DO ÚTERO As estratégias de prevenção e controle do câncer do colo do útero e da mama têm como objetivos reduzir a ocorrência (incidência e a mortalidade) do câncer do colo do útero, a mortalidade por câncer de mama e as repercussões físicas, psíquicas e sociais causadas por esses tipos de câncer, por meio de ações de prevenção, oferta de serviços para detecção em estágios iniciais da doença e para o tratamento e reabilitação das mulheres. Para alcançar esses objetivos, no Brasil, ao longo dos anos, foram elaboradas e implantadas diversas ações, dentre elas o Programa Viva Mulher - Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e Mama. Em 2004, um processo de avaliação identificou a necessidade de revisão da estrutura e das estratégias do Programa Viva Mulher, de forma a se construir novos meios que permitissem alcançar os objetivos preconizados descritos anteriormente. Tais constatações motivaram a construção de um Plano de Ação para o Controle do Câncer de Mama e do Colo do Útero no Brasil 2005 – 2007. O Plano de Ação apresenta seis Diretrizes Estratégicas: Aumento da Cobertura da População-Alvo; Garantia da Qualidade; Fortalecimento do Sistema de Informação; Desenvolvimento de Capacitações; Desenvolvimento de Pesquisas; Mobilização Social, compostas por ações a serem desenvolvidas, a partir do ano de 2005, nos distintos níveis de atenção à saúde. Esse Plano de Ação é um dos componentes fundamentais da Política Nacional de Atenção Oncológica (PT n° 2439/ GM de 08 de dezembro de 2005), que institui ações de Promoção, Prevenção, Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e Cuidados Paliativos, que está sendo implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão, devendo ser organizada de forma articulada com o Ministério da Saúde e com as Secretarias de Saúde dos estados e municípios. O Programa Nacional de Combate ao Câncer de Colo Uterino constitui-se numa das vertentes de atuação do Ministério da Saúde na área de atenção à saúde da mulher. Entretanto, o reconhecimento de que, nas últimas décadas, não se observou nenhuma redução do seu índice de mortalidade, alertou para a necessidade de uma estratégia de aplicação imediata que tivesse como impacto uma redução significativa no índice de mortalidade. Tratando-se de uma patologia de alta incidência, com método de identificação simples, inócuo, de baixo custo e sendo tributário de um tratamento resolutivo quando instituído em tempo hábil, caracterizava-se a indicação para um processo de rastreamento. Assim, projetou-se, dentro do Programa, uma campanha de intensificação atuando em curto prazo, sobre um universo amplo, constituído por mulheres da faixa etária que apresenta maior índice de risco e maior retomo de investimento no tratamento das lesões pré-invasoras e invasoras em fase inicial. 2.3 AÇÕES DE CONTROLE DOS CÂNCERES DO COLO DO ÚTERO E DA MAMA: Histórico As ações de controle dos cânceres do colo do útero e da mama no Brasil vêm se caracterizando por um processo evolutivo e cíclico. A reflexão historiográfica desse processo mostra que a evolução não foi mecânica, sendo variável no tempo e no espaço, dependente de vários fatores: avanço do conhecimento; avanço da organização institucional; condições sociais, políticas, econômicas e culturais que condicionaram o desenvolvimento científico e tecnológico e seu contexto no sistema de saúde brasileiro. A descoberta do rádio e, conseqüentemente, o desenvolvimento da radioterapia, pelo casal Pierre e Marie Curie, em 1898, trouxe avanços no tratamento de câncer. As últimas décadas do século XIX foram marcadas por grandes transformações na Medicina brasileira, num contexto de crise sanitária e da modernização que ocorreu nas principais capitais do país (TEIXEIRA, 2007). Ocorreu um progressivo aumento do número de comunicações e artigos sobre o câncer na Academia Nacional de Medicina. Os últimos anos da década de 1910 foram marcados por uma mudança na saúde pública brasileira, deixando de ser prioritariamente de ações voltadas para grandes endemias. A transformação do câncer em objeto da saúde pública foi decorrente da reforma sanitária de 1919, assim como o processo que vinha se desenrolando em diversos países, no qual o câncer, cada vez mais, se tornava um grande flagelo. A luta contra o câncer passava a ter como base o diagnóstico precoce e o tratamento. Em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP), que tinha diretrizes centralizadoras e capacidade para coordenar as ações nas administrações locais. Em 1935, no Rio de Janeiro, é realizado o I Congresso Brasileiro de Câncer; nesse congresso, o sanitarista João Barros Barreto apresentou uma conferência, “Projeto de Luta Anticancerosa no Brasil”, na qual foram expostas as diretrizes nacionais em relação ao câncer, tais como: ter como base a prevenção; a importância do diagnóstico precoce; ter centros de cancerologia para tratamento dos pacientes; ser o centro de saúde o pilar da saúde pública e o responsável por ações educativas com a população, fazer o diagnóstico dos casos suspeitos e, após confirmados, serem encaminhados aos centros de cancerologia, e pelos cuidados dos pacientes através das enfermeiras visitadoras. Em 1937, houve a reformulação do MESP e a criação do Centro de Cancerologia do Distrito Federal, o qual futuramente viria a se transformar no Instituto Nacional de Câncer (INCA) (TEIXEIRA, 2007). A década de 1950 é considerada uma época de transição entre o período de guerras da primeira metade do século XX e o período das revoluções comportamentais e tecnológicas da segunda metade. Nesta época, têm início as primeiras transmissões de televisão no Brasil. Foi um período também considerado de importantes descobertas científicas, como o ADN ou DNA (ácido desoxirribonucléico). O governo deu enfoque à modernização dos cuidados médico-sanitários e ao uso de medicamentos e equipamentos hospitalares em toda área de saúde. Como conseqüência, houve o crescimento da indústria químico-farmacêutica e modificações de grande relevância na política de saúde, em especial a do câncer, em conseqüência da complexidade do seu diagnóstico e tratamento (BARRETO, 2005). A década de 1960 foi marcada por duas fases. A primeira, de 1960 a 1965, marcada por um sabor de inocência e de lirismo nas manifestações socioculturais e, no âmbito da política, é evidente o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do povo. A segunda, de 1966 a 1968, se assemelha aos anos 1970, em um tom mais ácido, revelando as experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos. Em 1967, a Campanha Nacional de Combate ao Câncer (CNCC), com os seguintes objetivos: intensificar e coordenar em todo o território nacional as atividades desenvolvidas pelas instituições públicas e privadas de assistência oncológica. Ensinando assim como atuar na prevenção, no diagnóstico, na assistência médica, na formação de técnicos especializados, na ação social, na reabilitação e em pesquisas relacionadas à neoplasia (TEIXEIRA, 2007). Nos anos 1970, o mundo passa por uma crise no modelo de financiamento médico, devido à inflação médica gerada pelos próprios profissionais da área. A assistência médica curativa no Brasil foi caracterizada, em maior ou menor grau, por uma compra de serviços privados. Isto ocorreu ora pelo pagamento direto do usuário ao médico, ora pelo pagamento indireto (pelas empresas) através de serviços próprios, conveniados ou comprados no mercado. Esta característica, junto ao avanço tecnológico crescente da área da saúde e aos interesses privados com fortes lobbies, foi responsável por um crescimento desordenado dos gastos do setor saúde, sem que isso refletisse em melhor assistência ou em melhores condições de saúde para a população assistida. No Brasil, a formulação e a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) são resultantes do movimento de reforma sanitária, inserido no movimento mais amplo de redemocratização do país e que teve na VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) um de seus locus privilegiados para o estabelecimento das grandes diretrizes para a reorganização do sistema de saúde no Brasil. No ano de 1981, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) elaborou o “Plano de ação de saúde para todos no ano 2000” e tinha como uma das estratégias a criação de manuais e normas que ofereciam informações e recomendações para profissionais de saúde, visando à organização de programas adequados ao controle do câncer do colo do útero nas populações da América Latina e do Caribe. Os objetivos principais eram: atualizar o manual de normas e procedimentos para o controle do câncer do colo do útero, elaborado em 1972; facilitar as atividades de controle do câncer do colo do útero, a fim de proporcionar uma boa cobertura do programa, sem diminuir a qualidade da atenção dispensada; e difundir as técnicas de diagnóstico, classificação e tratamento do câncer do colo do útero, a fim de alcançar a unificação dos critérios. Em 1983, surgiu o Programa de Atenção Integral à Saúde das Mulheres (PAISM), sendo anunciado como uma nova e diferenciada abordagem da saúde da mulher, baseado no conceito de “atenção integral à saúde das mulheres”. Esse conceito implicou no rompimento com a visão tradicional acerca desse tema, sobretudo no âmbito da Medicina, que centralizava o atendimento às mulheres nas questões relativas à reprodução. Na década de 1990, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) consolida a liderança no controle do câncer no Brasil, em todas as suas vertentes. Uma época marcada pela normatização das ações de prevenção e controle. Nesse contexto, o Ministério da Saúde trabalhou na elaboração e divulgação de manuais que procuraram, de modo simples e direto, estabelecer normas e regras para o conjunto de ações, procedimentos e condutas a serem adotadas no controle do câncer do colo do útero e da mama. O INCA divulgou oficialmente as Normas e Manuais Técnicos para o Controle do Câncer Cérvico-Uterino e de Mama, e as campanhas educativas visando aos cânceres do colo do útero e de mama, sendo um dos exemplos a atriz Cássia Kiss à frente da campanha “Um Toque pela Vida”. Foi uma fase em que se buscou estabelecer um conjunto de elementos essenciais que fosse a base de um programa de rastreamento. Para que um programa de rastreamento fosse efetivo, era necessário que fosse organizado, politicamente articulado e compartilhado, em nível nacional. A partir de abril de 1999, foi iniciada no INCA a Fase de Consolidação das ações de controle do câncer do colo do útero de alcance nacional, sendo previstas novas estratégias, construídas a partir da análise das fases anteriores. Período caracterizado pela expansão do Programa Viva Mulher – Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero, um programa de rastreamento do câncer do colo do útero (com ênfase na detecção precoce) em âmbito nacional. Com ampliação das ações de comunicação social; a garantia do financiamento dos procedimentos ambulatoriais; a criação do aplicativo de informática SISCOLO para o melhor gerenciamento do programa; incorporação de ações de monitoramento externo da qualidade do exame citopatológico. O fortalecimento da base geopolítica com ênfase na sensibilização de gestores, implantação de pólos ambulatoriais para CAF e realizações de supervisões técnicas (INCA, 2002). Com o objetivo de ampliar a cobertura das ações de rastreamento do câncer do colo do útero em todo o país e captar mulheres da faixa etária de maior risco, o Ministério da Saúde realizou, no período de 18 de março a 30 de abril de 2002, uma segunda intensificação das ações de controle do câncer do colo do útero em todo o país (segunda campanha nacional), sendo examinadas 3.856.650 mulheres em todo o Brasil. O título dessa campanha foi “Rosas”, que visava a despertar o entimento de amor próprio nas mulheres para a questão do câncer do colo do útero (INCA, 2002). No ano de 2005 é publicada a Portaria GM/MS nº 2.439, de 8 de dezembro de 2005, que institui a Política Nacional de Atenção Oncológica (Promoção, Prevenção, Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e Cuidados Paliativos), a ser implantada em todas as Unidades Federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão do SUS. Os objetivos gerais são: a redução da incidência, a redução da mortalidade e o aumento da qualidade de vida. O Pacto pela Vida, que é o que define as políticas prioritárias com o objetivo de reverter alguns indicadores relevantes da assistência e incentivar a promoção da saúde, e dentre as metas prioritárias estão os cânceres do colo do útero e da mama; e o Pacto em Defesa do SUS, que indica as diretrizes de repolitização da reforma sanitária (BRASIL, 2006). O Programa Mais Saúde: Direito de Todos – 2008-2011 define as seguintes estratégias que norteiam os Eixos de Intervenção, a saber: consolidação de um sistema de saúde universal, equânime e integral; promoção da saúde e intersetorialidade. Priorização dos objetivos e das metas do Pacto pela Saúde, na dimensão do Pacto pela Vida; aprofundamento da estratégia de regionalização, de participação social e de relação federativa. Fortalecimento do complexo produtivo e de inovação em saúde; salto de qualidade e na eficiência das unidades produtoras de bens e serviços e de gestão em saúde. Ainda vale ressaltar o equacionamento da situação de subfinanciamento do SUS (BRASIL, 2008). A atual da política de saúde no país, os avanços do conhecimento, os avanços tecnológicos, a globalização e a era da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), as ações de controle dos cânceres do colo do útero e da mama, em um processo evolutivo, caminham para a migração do Programa Viva Mulher (ênfase na detecção precoce) para uma linha de cuidado que perpasse todos os níveis de atenção e de atendimento. 3 OBJETIVO GERAL Facilitar a adesão ao exame colpocitológico e auto exame das mamas das mulheres em idade fértil que residem na zona rural de Dois Irmãos do Buriti M.S (DIB). 4.METODOLOGIA 4.1 HITÓRICO SITUACIONAL DAS MULHERES DA ZONA RURAL Futuramente este projeto será discutido com os gestores do município, e poderá ser colocado em prática, já que o único objetivo deste trabalho é melhorar as estatísticas e o número de mulheres da zona rural cobertas pelo exame preventivo, tanto do colo uterino quanto ao autoexame das mamas. Para se alcançar o objetivo do trabalho, foram realizadas ações educativas e de orientação em relação a importância de se fazer o exame preventivo, tanto do colo uterino quanto das mamas. Essas ações foram realizadas através do deslocamento de um veículo oficial, onde visitei a população envolvida informando sobre a importância e os benefícios da realização da colposcopia e autoexame das mamas, através de palestras coletivas e orientações individuais à população grupo em foco. As ações foram desenvolvidas entre os meses de junho e agosto de 2011 e o local enfatizado para o alcance da meta foi exclusivamente a área rural pertencente ao PSF do município de Dois Irmãos do Buriti MS. A população escolhida foi a feminina em idade fértil desde o inicio da puberdade até por volta dos 60 anos. Foi excluída da pesquisa a população feminina urbana, a população masculina em geral e mulheres que não estavam na faixa etária dos 12 aos 60 anos. No ano de 2008 foram realizados um total de 420 exames colpocitológico, sendo que desses em média 90% dessas mulheres fizeram também o autoexame das mamas. Já no ano de 2009 o número de exames preventivo de colo uterino subiu para um total de 430 exames, com o aumento também do autoexame das mamas. A situação atual das mulheres em idade fértil e em idade produtiva que residem na zona rural de DIB mudou um pouco. De 03 de janeiro até 12 de setembro, o número de exames preventivos de colo uterino já superou a marca dos 500, sendo que ainda restam cerca de três meses para o encerramento do ano. Essa superação se deveu ao empenho motivado por este projeto de intervenção. Trabalhei duro e arduamente durante o tempo para empenho neste trabalho que foi do dia primeiro de junho a 31 de agosto de 2011, computados os exames realizados até 12/09/2011. Durante esse período visitei todas as mulheres possíveis que se enquadravam nos requisitos exigidos para esse estudo. Sempre levando orientação, informação e enfocando a importância do exame colpocitológico para a prevenção do câncer do colo uterino. Falei insistentemente da importância do autoexame das mamas, mesmo que ele não serve na atualidade como diagnóstico, mas é importante, pois se ele for feito a partir de uma semana após a menstruação pode detectar alguma alteração naas mamas, isso pode facilitar e motivar o encaminhamento desta paciente a um mastologista ou especialista em mamas. Quando cheguei aqui no município e comecei meus trabalhos na zona rural, percebi a dificuldade de acesso a essas mulheres e detectei também que muitas delas não tinham condições financeiras e orientações sobre a importância da realização deste exame que pode com certeza prevenir e diagnosticar precocemente o cancer do colo de útero, facilitando o tratamento e com isso se alcança um índice de cura em torno de 90% das mulheres afetadas por essa patologia. Antes deste estudo a média de exames preventivo na zona rural de DIB era de cerca de 30 exames mensais. Percebemos que com esse projeto de intervenção o número desses exames saltou para 50 em média, o que demonstra que esse projeto de intervenção surtiu e cumpriu seu objetivo que era aumentar o número de exame preventivo do colo de útero, através da facilitação à adesão ao mesmo. Temos de continuar investindo e empenhando junto aos gestores do município para que esse número de exames preventivo de colo uterino possa continuar aumentando e esse projeto de intervenção possa de fato ser implementado na zona rural do município de Dois Irmãos do Buriti. 4.2 –PROJETO DE INTERVENÇÃO 4.2.1Tipo de Pesquisa Trata-se uma pesquisa que visa facilitar a adesão e melhorar a cobertura do exame preventivo do colo uterino e mamas. Essas ações foram realizadas através do deslocamento de um veículo oficial, onde estive visitando a população envolvida informando sobre a importância e os benefícios da realização da colpocitologia e autoexame das mamas, através de palestras coletivas e orientações individuais à população grupo em foco. Como o resultado do projeto deu certo, futuramente estarei conversando com os gestores locais para que esse projeto contiue. 4.2.2 local e período O local enfatizado para o alcance da meta foi exclusivamente a área rural pertencente ao PSF do município de Dois Irmãos do Buriti MS. O período para a realização das ações compreendeu os meses de junho a agosto de 2011. Pela analise dos resultados, a metodologia deu certo, portanto continuaremos investindo neste método, para melhorar ainda mais a qualidade de vida das mulheres em idade fértil da zona rural de DIB 4.2.3 Critérios para Inclusão A população alvo desse projeto será a feminina em idade reprodutiva da zona rural de DIB. Como o objetivo dessa pesquisa é prevenir não somente a câncer de colo uterino mas também o das mamas, as ações serão direcionadas para mulheres desde o início da puberdade até por volta dos 60 anos de idade, envolvendo o maior número possível de mulheres da faixa etária e condição especifica que se enquadravam no perfil da pesquisa. 4.2.4 Critérios para Exclusão Foram excluídos da pesquisa: • a população urbana em geral; • a população rural masculina; • crianças do sexo feminino menores de 11 anos ou que ainda não atingiram a puberdade; • População feminina acima dos 60 anos a critério. 5. RESULTADO E DISCUSSÃO DOS DADOS Fonte- dados retirados do relatório anual da secretaria municipal de saúde de DIB De acordo com os dados apresentados pelo gráfico podemos perceber como era a situação do número de preventivos realizados durante os anos de 2005 a 2009. O total de exames realizados no ano de 2005 foi de 360 exames, sendo que os profissionais apenas superaram a meta para aquele ano que era de 350 exames. De modo que no ano de dois mil e seis, esse número saltou para 380, o que melhorou um pouco mais a cobertura do exame. Em 2007 houve um aumento nesse número, chegando a um total de 400 exames, superando o número do ano anterior. No ano de 2008 houve várias campanhas enfocando a prevenção do câncer do colo uterino, o município conseguiu atingir a marca dos 420 exames. Dando prosseguimento e enfoque na campanha, em dois mil e nove o total de exames chegou a marca dos 430. Fonte- dados do relatório anual e mensal da secretaria municipal de saúde de DIB. Pelo que se observa no gráfico, no ano de dois mil em dez houve um aumento expressivo de coleta de exames preventivos de câncer do colo uterino. Isso se deu ao grande empenho da equipe da ESF, sobre tudo por parte dos enfermeiros. Ao analisar o resultado obtido em 2011 até o dia 12 de setembro, ficou ainda mais evidenciado o empenho dessa equipe, já que até essa data o município de DIB chegou a marca dos 500 preventivos. Logo vale ressaltar que isso só foi possível graças ao empenho empreendido pela equipe de saúde rural, da qual faço parte. Como o objetivo desse trabalho foi facilitar a facilitar o acesso para aumentar a adesão ao exame preventivo do colo de útero e mamas, acredito que o objetivo foi atingido, já que elevou e muito o total de exames realizados em relação aos anos anteriores. A data final que foi usada como estatística para a confecção deste trabalho foi o dia 12 de setembro, portanto até o final do ano sem sombra de dúvida o município conseguirá atingir uma marca até o momento impensável e inimaginável. 6. Considerações finais Fonte: Relatório anual da secretaria municipal de saúde de Dois I. do Buriti, MS. Conforme o gráfico em análise pode-se perceber que no ano de 2005 o percentual de exames preventivos realizado pela ESFR foi de 34,72. O que para aquele ano estava de acordo com as estatísticas, já que naquela ocasião a equipe tinha que deslocar-se com veículo próprio para o atendimento nos postos rurais. A partir da metade do ano de 2006, a equipe foi contemplada com um veiculo o que melhorou a condição de trabalho e o percentual de preventivo realizado pela equipe. Chegando ao patamar de 36,84, índice também quase alcançado no ano de 2007. No ano de 2008, esse índice se manteve em torno dos 36 por cento, o que demonstra o empenho da equipe na cooperação e na busca do rastreamento do câncer de colo do útero, através o exame preventivo Papanicolau. Este empenho foi ainda maior no ano de 2009, onde a equipe conseguiu atingir a marca dos 37,67. Sem sombra de dúvida, esse empenho só trouxe vantagens para as mulheres em idade fértil da zona rural de DIB. Como a equipe estava motivada com o feito, no ano seguinte conseguiu superar aquela estatística, conseguindo atingir o percentual de 37,77. Só de superar a marca do ano anterior, a equipe já tinha muito que comemorar, considerando todas as dificuldades enfrentadas pela equipe de saúde rural. Cheguei ao município de Dois Irmãos do Buriti no dia 22 de março, já com o proposito de realizar um empenho para melhorar a cobertura dos exames preventivos do colo uterino e autoexame das mamas. Sabia das dificuldades que era atuar n a zona rural, pois as vezes as mulheres tem preconceito em fazer exame preventivo tanto com medico quanto com enfermeiro do sexo masculino. Mesmo assim empenhei-me bastante juntamente com os integrantes da equipe, que são: a técnica em enfermagem e o motorista, que foram muito guerreiros e tiveram uma grande parceria para a conquista da meta, que com certeza não foi uma tarefa fácil. Antes da realização deste trabalho, a média mensal da ESFR era de 30 exames. Após a realização desse trabalho, a média subiu para 50 exames mensais. Com a minha motivação, as enfermeiras da equipe de saúde urbana também se engajaram em uma campanha na tentativa de também aumentar o numero de exames preventivos. Com a junção das forças, em 12 de setembro o município já havia atingido a marca de 500 exames. Desse total o percentual da ESFR foi de 46 por cento, uma marca sem duvida insuperável até o momento pelas equipes ESFR que até então tinha trabalhado naquele município. Sem duvida o objetivo deste trabalho foi atingido, já que o mesmo era facilitar a adesão ao exame preventivo do colo uterino e incentivar o autoexame das mamas. Pelos dados da secretaria municipal de saúde de DIB, a cobertura da população feminina da zona rural em relação ao exame preventivo do colo uterino era de em média 50 por cento. Após este trabalho conseguimos atingir uma cobertura de 75 por cento dessa população em idade fértil. Com certeza a estatística melhorou, porém ainda a muito que fazer para que a cobertura do exame preventivo do colo do útero possa chegar a cem por cento e só assim deixará essa população protegida e aquelas que vierem a adquirir o câncer de útero, possam com certeza terem uma melhor qualidade de vida e possam ser curadas, pois com a descoberta precoce, o tratamento é instituído imediatamente e a cura será nesses casos quase que cem por cento dos casos. 7. REFERENCIAS BIBLIGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenadoria de Programas de Controle do Câncer. Rio de Janeiro: Pro Onco, 1995. ____Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Coordenadoria de Programas de Controle de Câncer (Pró-Onco) . Estimativa da incidência e mortalidade por câncer cérvicouterino no Brasil. Rio de Janeiro: 2002. Disponível em: http://www.inca.org.br. ____ Ministério da Saúde. 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