CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR 2015 UM EXPRESSIVO INÍCIO Altar inteiramente desnudado, sem cruz, nem candelabros, sem toalhas. Paramentos vermelhos. Cruz coberta com um pano vermelho ao fundo da Igreja, juntamente com dois círios. Quando celebrante e ministros estiverem prontos para a entrada em silêncio, o Monitor diz: “Profundo silêncio, para anunciar, invocar, adorar e comungar a Paixão e Morte do Senhor. A celebração da Paixão tem hoje um expressivo início, com uma procissão em silêncio e um gesto de prostração!” Procissão de entrada: Os ministros entram em silêncio. Prostração: Ao chegar junto do altar o presidente prostra-se ou ajoelha-se. E todos oram em silêncio. Oração Coleta (sem dizer “Oremos”) LITURGIA DA PALAVRA: A PAIXÃO E MORTE NA CRUZ ANUNCIADA 1ª leitura: Is.52,13-53,12 Salmo: Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito… 2ª leitura: Hb.4,15-16;5,7-9 Monição antes da aclamação ao Evangelho: “Depois de termos escutado a Palavra de Deus que nos descrevia a figura do Servo de Deus, que se realiza plenamente em Jesus, escutemos agora a leitura da Paixão, segundo S. João. Anunciamos a morte do Senhor! Este é um dos momentos altos da nossa Celebração. Permaneçamos de pé, tanto quanto a saúdo no-lo permitir”. Aclamação ao Evangelho: Glória a Vós, Cristo, Palavra de Deus. Cristo obedeceu… Proclamação do Evangelho da Paixão, segundo São João, sem velas, nem incenso, nem saudação nem signação do evangeliário. HOMILIA NA 6ª FEIRA SANTA 2015 Abre a tua porta à alegria do evangelho! E não será forçar demasiado, querer abrir a porta à alegria do evangelho, diante de um Jesus Crucificado, ferido de morte, diante do Servo de Deus, o Homem do coração trespassado? Que porta se poderá abrir, diante de Deus que Se entrega, se oculta e morre na Cruz? Por que fresta se poderá espreitar, para vislumbrar esta alegria do evangelho, para ter a certeza íntima de ser amado, apesar do meu pecado? És desafiado, no final do relato da Paixão, a olhares para “Aquele que trespassaram” (Jo.19,37)! Pois, como profetizou Isaías, a respeito do Servo de Deus, “pelas suas chagas foste curado” (cf. Is.53,5). 1. Entremos então, nesta tarde, pela porta das suas chagas! Não há outra porta, para chegar à alegria do evangelho, senão aquela que é aberta, por uma mão chagada e um coração trespassado! Digo-vos com plena convicção: O meu coração e a minha fé pertencem apenas a este Deus Crucificado, que pode mostrar as suas chagas. Só por elas, como por uma espécie de fresta, me é dado entrever o íntimo do coração de Deus! Não acredito em deuses baratos, que se passeiam neste mundo, sem serem afetados pelas nossas feridas, deuses sem arranhaduras, sem cicatrizes, sem queimaduras. Qualquer deus que me dessem assim, intacto e de mão beijada, que não tivesse estas chagas, seria estranho à minha dor, seria um deus sem amor. Qualquer Cristo, que me aparecesse, por aí, sem as chagas da crucifixão, seria apenas uma ilusão, uma mentira, uma projeção dos meus desejos. Porque – em verdade te digo – o meu Deus é um Deus ferido! Conta-se de São Martinho que, um dia, Satanás lhe apareceu sob a figura de Cristo. Mas o santo não caiu na cilada e perguntou-lhe: «Onde estão as tuas chagas»? 2. Por isso, acredita: a tua fé, só pode experimentar a alegria do evangelho, quando se orientar para Deus, através da estreita porta das chagas de Cristo! Mas como abrir então esta porta – perguntarás? Deixo-te apenas três chaves: 2.1. Em primeiro lugar, aceita que também a tua fé seja uma fé ferida, crucificada e trespassada, pela experiência da dúvida e da crise, atingida pela lonjura infinita de Deus, que te escapa tantas vezes, como a terra que te falta debaixo dos pés! Se, no abismo da dor, falares contra Deus, é ainda com Deus que estarás a falar. Se, no teu grito de dor, mostrares a Deus a tua raiva, não estarás a negá-lo, mas a reconhecê-l’O como tua única fonte de salvação. Só uma fé ferida te pode curar! 2.2. Em segundo lugar, aceita entrares pela porta de uma Igreja que fere e é ferida, com os seus escândalos e pecados. Digo-te, nesta tarde: se eu viesse a encontrar, aqui e agora, uma Igreja, sem sombra de pecado, sem arranhões e cicatrizes dolorosas, uma Igreja “sem mancha nem ruga” (Ef.5,27), eu afastar-me-ia, certo de que se tratava de uma maquilhagem diabólica! Perguntaria então eu, como São Martinho: «Igreja, Corpo de Cristo, onde estão as tuas feridas?» Haverá sempre, aqui e agora, a Igreja humana, demasiado humana e, por vezes, desumana. Deves lutar, a começar por ti, por uma Igreja santa, mas não isenta do pecado. Afasta de ti a heresia de um idealismo moral, de uma Igreja de puros, sem lugar para pecadores, como tu e eu! 2.3. Em terceiro lugar, aceita atravessar o limiar da porta de todos os feridos, para entrares neste mundo, como numa espécie de hospital de campanha, e tocares as chagas de Jesus, nos famintos, nos pobres, nos doentes, nos presos, com os quais Jesus Se identificou. Só onde estão estas chagas, se pode tocar verdadeiramente no Deus vivo. Beijar hoje a cruz de Jesus significa e implica não desviar o rosto perante os desfigurados deste mundo, mas tocar com ternura a miséria humana, a carne sofredora de Cristo nos feridos (cf. EG 24; 270). Abre a tua porta à alegria do evangelho! E entra pela porta estreita das chagas do Senhor. Quando O beijares, pede-lhe que transforme em pérolas as tuas feridas! (pode concluir-se a homilia com esta oração ou simplesmente fazer desta oração a homilia ) Senhor, Deus ferido, por amor, dá-me a coragem da verdade, para conhecer e assumir todas as minhas feridas, pois o que não é assumido, jamais poderá ser redimido! Senhor, Deus ferido, por amor, trata as feridas com que feri os outros, e que não tenho modo de curar! Solta-as da prisão do meu passado, e lança-as no abismo da tua misericórdia, onde a graça é sempre maior que o pecado. Senhor, Deus ferido, por amor, cura as minhas feridas mal cicatrizadas, que sangram a cada passo. Sara-as com o teu abraço. Cura-as com o teu perdão, que nunca volta atrás. Senhor, Deus ferido, por amor, transforma em pérolas as minhas feridas: onde estou mais ferido, elas me tornem mais sensível, onde sinto o coração magoado, aceite ser curado, confesse com humildade a minha culpa e seja perdoado do meu pecado. Senhor, Deus ferido, por amor, que as feridas da minha fragilidade me ajudem a compreender a fraqueza, dos pecadores, na tua Igreja santa, e me tornem mais humano, compassivo e misericordioso. Senhor, Deus ferido, por amor, que, no lugar da minha ferida, se abra uma porta para Ti! E nestas feridas transformadas, encontre o tesouro escondido da alegria do evangelho. Padre Amaro Gonçalo Texto da homilia e oração inspirado na leitura de “TOMÁS HALIK, O meu Deus é um Deus ferido, Ed. Paulinas, Prior Velho, 2015 PAIXÃO E MORTE NA CRUZ INVOCADA: ORAÇÃO UNIVERSAL Monição à Oração Universal (depois da homilia): Monitor diz: “Da Paixão e Morte na Cruz anunciada, passamos agora à Paixão e Morte na Cruz Invocada e rezada. Hoje a nossa Oração Universal é mais universal do que nunca. Recolhida da mais antiga tradição da Igreja, faz eco das mais diversas necessidades. Nesta oração, os cristãos, exercendo a sua missão sacerdotal, intercedem por todos os homens, confiados nos méritos da Cruz de Cristo. Depois do convite feito à Oração (pelo Diácono), ajoelhamo-nos em silêncio ou reclinamo-nos profundamente, se o espaço ou a saúde não nos permitirem o gesto mais exigente. Concluído o momento de silêncio, acompanhamos, na posição de pé, a Oração conclusiva do Presidente”. Preces: seguir Missal Romano, mas alterar texto da oração VI (por indicação de Bento XVI) e da Oração X, e acrescentar Oração XI. Diácono no ambão e Presidente na sede. Prover genuflexório junto do altar. Alterar Oração VI. Pelos judeus Leitor: Oremos pelos judeus, para que Deus, Nosso Senhor, ilumine os seus corações, a fim de que reconheçam Jesus Cristo, Salvador de todos os homens! Oração em silêncio. Depois o sacerdote, diz: P- Deus eterno e omnipotente: Vós que quereis que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade, concedei propício que, entrando a plenitude dos povos na vossa Igreja, todo o Israel seja salvo. Por Cristo, Nosso Senhor! Ámen. Alterar «Oração X» Diácono: Oremos irmãos a Deus Pai, todo-poderoso, para que liberte o mundo de toda a falsidade, da fome e da miséria. Oremos por todos os que sofrem os horrores da guerra, da crueldade, das ditaduras, de toda a violência. Oremos também pelos perseguidos e encarcerados e pelos que são tratados injustamente pelos Homens. Oremos por todas as famílias, que se encontram em situações difíceis, de separação, de doença, de luto, de desemprego, de pobreza súbita e envergonhada. Oremos ainda pelos emigrantes, exilados, pelos sós, doentes, toxicodependentes, pelos moribundos e pelos que sofrem. Oremos por todas as crianças do mundo, pelas crianças sem infância e sem sorriso, às quais nunca se cumpre nenhum desejo. Oremos também pelos jovens: pelos que pedem nas esquinas e nos passeios; pelos que percorrem a sua via-sacra pelo caminho do desespero à procura de emprego. Oremos também pelos adultos: pelos que passam anos e anos sem emprego ou são prematuramente reformados; pelas vítimas do trabalho violento ou do desemprego. Oremos pelos que perderam a esperança e se entregaram ao álcool; pelos que escondem a cabeça para pedir. Oremos também pelos idosos e por todos os descartáveis da nossa sociedade: pelos que recolhem as sobras nos contentores e mercados; pelos que não têm com que pagar a água e a luz; pelos que terminam os seus dias sozinhos, sem a atenção de ninguém. (Silêncio) Presidente: Deus todo-poderoso e eterno, consolo dos aflitos, força e esperança para todos. Escutai a nossa Oração pelos que sofrem e concedei-lhes a graça da vossa misericórdia. PNSJ Acrescentar «Oração XI»: Diácono: Oremos finalmente por todos nós. Para que a celebração da Páscoa do Senhor, da sua passagem da morte para a Vida, signifique para todos um crescimento na nossa vida cristã. (silêncio) Presidente: Deus todo-poderoso e eterno, fazei que nos abramos ao vosso amor. Fazei que vivamos cada vez mais como irmãos uns dos outros, como vosso Filho nos ensinou, a fim de que continue o seu caminho em nosso mundo. Por NSJC. PAIXÃO E MORTE NA CRUZ ADORADA: ADORAÇÃO DA CRUZ Adoração da Cruz. Opta-se pela segunda fórmula (adaptada): Antes da entrada da Cruz, o Monitor diz: “Do anúncio e da invocação, passamos agora à paixão e morte na cruz adorada. A cruz é hoje o centro da nossa celebração. Elevamos a Cruz vitoriosa do Senhor, para a adorar. Do alto da Cruz brota uma fonte inesgotável de Vida, o remédio que cura as nossas feridas”. Diácono vai ao fundo da Igreja, acompanhado de três acólitos (dois para os círios e um com microfone) e aí receber a Cruz descoberta. Os acólitos tomam velas acesas. Encaminha-se a procissão e o convite é feito à porta, ao centro e junto do altar no presbitério da Igreja, com as palavras «Eis o madeiro da Cruz, na qual esteve suspensa a salvação do mundo». R: Vinde, adoremos. Vinde, adoremos. Depois de a Cruz chegar ao presbitério e enquanto o Presidente a beija, o Monitor diz: “Agora aproximamo-nos da Cruz. O rito da adoração da Cruz é oriundo de Jerusalém, onde já existia no século IV. Acompanharemos este gesto com cânticos, que remontam aos séculos IX e X. Organizamos a procissão como para a comunhão. Na bandeja podemos deixar uma oferta para a conservação dos lugares santos de Jerusalém. Dêmos uma ajuda para a Igreja que sofre, correndo o risco de ver desaparecer os cristãos do médio oriente. Façamo-lo de joelhos, se pudermos; mas sempre de maneira reverente e em espírito de adoração. Que no beijo dado ao Senhor, Deus ferido por amor, encontremos a força para tocar a carne sofredora de Cristo, sobretudo nos que hoje são perseguidos e levados à morte, por causa da sua fé. Enquanto dura a Adoração, cantam-se cânticos de adoração à Cruz e os Impropérios... Cânticos durante a adoração da Cruz: 1. Ó Cruz, te adoramos, ó Cruz te bendizemos… 2. Meu Povo, que te fiz eu? Em que te contristei… 3. Outros… PAIXÃO E MORTE NA CRUZ COMUNGADA: SAGRADA COMUNHÃO No fim da adoração da Cruz, prepara-se o altar, estendendo a toalha, o corporal e o missal aberto na parte de Sexta-Feira Santa, «Comunhão» (Missal, pág.278 ss) O Diácono vai buscar o Santíssimo do lugar da Reposição para o Altar, juntamente com alguns MEC’s. Todos estão de pé e em silêncio. Dois acólitos de velas acesas, acompanham a procissão de ida e regresso do Santíssimo. Colocam depois as velas junto do altar. Monitor diz: “Neste dia, a Igreja não celebra a Eucaristia. Mas reserva a comunhão, recordando as palavras do Apóstolo: «sempre que comerdes deste pão e beberdes deste vinho anunciareis a morte do Senhor, até que Ele Venha». A Paixão e morte na Cruz, anunciada, invocada e venerada é agora paixão comungada e partilhada”! Pai-Nosso Embolismo Convite para a comunhão: Felizes os convidados… Comunhão Diácono e Ministros Extraordinários da Comunhão terão de levar a reserva eucarística, para o lugar da reposição. Oração depois da comunhão Oração sobre o Povo (mãos estendidas sobre o Povo) UMA CELEBRAÇÃO SEM TERMO Enquanto o sacerdote se retira em silêncio, com os ministros, o Monitor diz: “Como comunidade de crentes, vivemos hoje a entrega total de Cristo por nós, até à morte e morte de Cruz. Continuemos hoje e amanhã em espírito de oração e de silêncio, que tão grande mistério exige. Teremos oração de Laudes, amanhã às 10h00, na capela por de trás deste altar. Voltaremos a reunir-nos amanhã pelas 21h30, para Celebrar a Vigília Pascal, cume de todas as celebrações e a maior solenidade de todo o ano litúrgico. No domingo de Páscoa teremos Missa apenas às 19h00. Até lá fica o dia de sábado, dia da sepultura e do silêncio. Todos se retiram em silêncio e, em tempo oportuno, desnuda-se o altar LEMBRETES PARA A CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR A verificar antes da Celebração: - Velas ao fundo - Cruz coberta com pano vermelho - Altar desnudado - Paramentos vermelhos - Microfone para monitor - Microfone portátil (para acompanhar diácono) - Almofadas e genuflexório - Entrada em silêncio - Evangelho sem velas Ordem da Celebração: Procissão de Entrada, Oração Coleta, Liturgia da Palavra + Homilia, Oração Universal, Apresentação da Cruz, Adoração da Cruz, Comunhão, Oração depois da comunhão + Oração sobre o povo Procissão de Entrada (após chegada ao altar ajoelha-se e permanece-se em silêncio): Acólitos, Diáconos, Presidente Oração Coleta (não se diz Oremos) Liturgia da Palavra: 1ª Leitura, Salmo, 2ª Leitura: Evangelho (sem velas nem incenso) Homilia Oração Universal : alteração da Oração Universal no ponto VI e X e acrescenta XI. Apresentação da Santa Cruz (2ª forma) Organização da Procissão: Diácono+Acólitos seguem em direção da porta da entrada onde o presidente recebe a Cruz. Acendem-se lá as velas. Organiza-se a procissão para a Adoração da Cruz da Seguinte forma: Diácono com a Cruz. Acólitos com Velas Paragens da procissão: Porta de Entrada. Meio da Coxia, em frente ao altar. Os restantes acólitos durante a procissão ajoelham-se perante a Santa Cruz. E respondem ‘Vinde, adoremos’ depois do Presidente fazer o convite à adoração com as palavras: ‘Eis o Madeiro da Cruz!’ Adoração da Santa Cruz Local da Adoração: Entrada do Presbitério Acólitos a ladearem o Presidente: Acólitos para a recolha das ofertas: Acólitos para a recolha das ofertas (substitutos): Comunhão: Estender a toalha sobre o altar e colocam o corporal e o Missal. Os acólitos com as velas acompanham o Diácono e MEC’s na procissão desde o lugar da reposição até ao altar. Acólitos para prepararem o altar: Comunhão com necessidade de patenas a distribuir Oração depois da Comunhão + Oração Sobre o Povo Desnudação do altar (após a Celebração)