Pr. MARCO ANTONIO DE SOUZA APOSTILA DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA Apostila organizada a partir das aulas ministradas nos cursos de Teologia da IBPP e da Escola de Ministério da IBCP. BELO HORIZONTE - MG MAIO DE 2011 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. (2ª Timóteo 3:16-17) É permitida a cópia e utilização de todo conteúdo desta apostila, desde que não seja usado para fins lucrativos. 2 SUMÁRIO PG 1. Introdução ao Estudo Teológico ..................................................................................................... 05 1.1 O que é Teologia ................................................................................................................. 06 2. Bibliologia (A Doutrina das Escrituras) .......................................................................................... 08 2.1 A Necessidade das Escrituras ............................................................................................. 09 2.2 A Inspiração das Escrituras ................................................................................................ 09 2.3 A Verificação das Escrituras .............................................................................................. 10 3.Teologia (A Doutrina de Deus) ........................................................................................................ 11 3.1 A Natureza de Deus ............................................................................................................... 12 3.2 Os Nomes de Deus ................................................................................................................ 13 3.3 Os Decretos de Deus .............................................................................................................. 14 3.4 Os Atributos de Deus ............................................................................................................. 15 4. A Doutrina da Trindade .................................................................................................................. 17 5. Cristologia (A Doutrina de Cristo) .................................................................................................. 19 5.1 A Ira de Deus e a Propiciação do Pecado .............................................................................. 20 5.2 A Identidade, Integridade e Autoridade de Jesus ................................................................... 21 5.3 Jesus Cristo como o Último Adão ..........................................................................................22 5.4 A Obra de Cristo .................................................................................................................... 23 6. Antropologia (A Doutrina do Homem) ........................................................................................... 24 6.1 Tendências teológicas no início deste novo milênio .............................................................. 25 6.2 A Criação do Homem ............................................................................................................ 25 6.3 A constituição permanente do ser humano ............................................................................ 26 7. Eclesiologia (A Doutrina da Igreja) ................................................................................................ 28 7.1 A Natureza da Igreja .............................................................................................................. 29 7.2 A Igreja Local ........................................................................................................................ 29 7.3 As Ordenanças da Igreja ........................................................................................................ 31 7.3.1 Batismo ........................................................................................................................... 31 7.3.2 A Ceia do Senhor ........................................................................................................... 31 7.4 A Vocação da Igreja ............................................................................................................... 32 8. Angelologia (A Doutrina dos Anjos) .............................................................................................. 34 8.1 Panorama ................................................................................................................................ 35 8.2 A Classificação dos Anjos ..................................................................................................... 35 8.3 A Queda dos Anjos ................................................................................................................ 37 8.4 Batalha Espiritual ................................................................................................................... 38 9. Hamartologia (A Doutrina do Pecado) ......................................................................................... 40 9.1 O que é o pecado .................................................................................................................. 41 9.2 As Conseqüências do Pecado ............................................................................................... 43 10.Soteriologista (A Doutrina da Salvação) ........................................................................................ 45 10.1 A Natureza da Salvação ....................................................................................................... 46 10.2 Legalismo e Antinomianismo .............................................................................................. 47 11. A Doutrina da Eleição ................................................................................................................... 48 11.1 Conversão .............................................................................................................................49 11.2 Regeneração ......................................................................................................................... 51 12. A Doutrina da justificação ............................................................................................................ 51 12.1 Santificação .......................................................................................................................... 53 12.2 União com Cristo ................................................................................................................. 54 13. Pneumatologia (A Doutrina do Espírito Santo) ............................................................................ 56 13.1 O Ministério do Espírito Santo no crente .............................................................................60 14. Escatologia (A Doutrina das Últimas coisas) ................................................................................ 62 14.1 O Aspecto Histórico ............................................................................................................. 63 14.2 O Aspecto Moral .................................................................................................................. 64 3 SUMÁRIO PG 14.3 O Aspecto Profético (De um ponto de vista Pré-milenista) ................................................. 64 14.3.1 Israel na perspectiva profética ................................................................................. 65 14.3.2 Cálculo das setenta semanas de Daniel ................................................................... 66 14.3.3 Israel na grande tribulação ....................................................................................... 67 14.3.4 Doutrinas do amilenismo ......................................................................................... 69 14.3.5 Doutrinas do pós-milenismo .................................................................................... 71 15. Tanatologia (A Doutrina da morte) ............................................................................................... 73 15.1 O Estado atual dos mortos ................................................................................................... 74 15.2 A Divisão do hades .............................................................................................................. 75 16. A Redenção da Terra ..................................................................................................................... 78 16.1 A Terra será Restaurada ....................................................................................................... 79 17. Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 80 4 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO TEOLÓGICO 5 1.1 O QUE É TEOLOGIA? Theos (Deus) e logos (palavra). Significa “um discurso acerca de Deus”. É a ciência que trata do nosso conhecimento de Deus e das suas relações para com o ser humano. Trata de tudo quanto se relaciona com Deus e com os propósitos para a sua criação (anjos, ser humano e animais). O PROPÓSITO DA TEOLOGIA Fazer e entender a fé: Codificar e sistematizar o ensino bíblico. Estender a fé: Pregação, ensino e discipulado. Defender a fé: Medindo as doutrinas populares, confrontando a doutrina errada e disseminando a sã doutrina. TIPOS DE TEOLOGIA Teologia Bíblica: Salienta o progresso da Revelação bíblica. Divide-se em: Teologia Bíblica do Antigo Testamento Teologia Bíblica do Novo Testamento Teologia Histórica: Traça o desenvolvimento das doutrinas bíblicas desde o fim da era apostólica até o presente. Teologia Sistemática: Codifica o conhecimento de Deus para edificar o corpo e combate as heresias. Teologia Prática: Aplica as teologias Bíblica, Histórica e Sistemática à santificação do ser humano, ou seja, à vida e ao ministério cristão. Teologia Dogmática BIBLIOLOGIA Parte da Teologia que estuda as Escrituras. Nem tudo na Bíblia é bíblico. Ex: Caim matou Abel; o incesto de Amnon contra Tamar, sua irmã ou Demas abandonou a fé. O QUE É RELIGIÃO? Ligare – latim singular ligar. Religar. É a prática do ser humano para alcançar Deus. Fato universal. QUAL É A VERDADEIRA RELIGIÃO? PORQUÊ? QUAL A DIFERENÇA ENTRE REVELAÇÃO, INSPIRAÇÃO E ILUMINAÇÃO? O QUE É REVELAÇÃO? É a manifestação que o único Deus verdadeiro faz de si mesmo. O Deus eterno se fez conhecido em Cristo. Onde? Quando? A quem? Como? Por que veio? Ele voltará? Porque voltará? Quando? Como? Onde? A quem? SE DEU ESSA REVELAÇÃO? Feitos: Deus se manifestou aos homens. Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos (Sl 119:1). Escrituras: Registros destes fatos verdadeiros. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai. (Jo 1:14) 6 ESCRITURAS: CONTÉM O REGISTRO DESSA REVELAÇÃO A Bíblia = 66 Livros. Antigo Testamento = 39 livros. Classificação: Pentateuco (Lei) Livros Proféticos Escritos (hagiógrafos) Novo Testamento = 27 livros. Classificação: Bibliográficos (Evangelhos) Histórico (Atos) Epístolas Paulinas Epístolas Gerais Escatológico (Apocalipse) Deus criou Israel para manifestar-se ao mundo e, ao completar a plenitude dos tempos enviou o seu Filho Unigênito a fim de consumar a revelação já começada. (base da Teologia Cristã) INSPIRAÇÃO: THEOPNEUSTOS SIGNIFICA DIVINAMENTE SOPRADO. Natural: grande talento dos homens. Mística (iluminativa): originada em homens cheios do Espírito Santo. Mecânica: Ditada. Instrumentos passivos na mão de Deus. Parcial: Apenas o desconhecido foi inspirado. Conceitual: Apenas voltada para as idéias. Verbal e plenária: Cada palavra (verbal) foi inspirada por Deus (plena). ILUMINAÇÃO Precisamos da iluminação de Deus para entender as Escrituras. A tarefa de interpretar é chamada de Hermenêutica. Princípios fundamentais da hermenêutica: A interpretação histórico-gramatical. O contexto restrito e o geral. A POSSIBILIDADE DE TERMOS UMA TEOLOGIA CRISTÃ. Deus existe e tem um relacionamento com seu mundo. (Gen 1:1) O ser humano é feito à imagem de Deus e é capaz de receber a revelação. (Gen 1:26) Deus tem se revelado (Heb 1:1). Tem se dado a conhecer em Jesus Cristo. DOUTRINAS: ENSINO OU INSTRUÇÃO É o ensino das verdades fundamentais da Bíblia sistematizado. O conhecimento doutrinário é uma parte necessária do equipamento de quem deseja ensinar a Palavra de Deus. FIM 7 2. BIBLIOLOGIA ( A DOUTRINA DAS ESCRITURAS) 8 2.1. A NECESSIDADE DAS ESCRITURAS A NECESSIDADE DAS ESCRITURAS (2 Tm 3:16-17) Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. UMA REVELAÇÃO DESEJÁVEL Um Deus sábio tem um propósito para suas criaturas. Negligenciar esse propósito é loucura e pecado. MAS COMO VERIFICAR COM CERTEZA O PROPÓSITO DIVINO? As verdades que informam o homem a respeito da salvação têm que vir de Deus. O homem precisa de uma revelação. ESSA REVELAÇÃO É DE SE ESPERAR Revelação é a manifestação que Deus faz de si mesmo e a compreensão, parcial embora, da mesma manifestação por parte dos homens. Na revelação Deus faz-se conhecido dos homens na sua personalidade e nas suas relações. Deus quer que o homem O conheça daí a razão D’ele se revelar. (Sl 19:1-4) Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz. A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol, Se existe um Deus pessoal e perfeitamente bom, é razoável crer que ele conceda às suas criaturas uma revelação pessoal de si mesmo. (Oséias 6:6) Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos. ESSA REVELAÇÃO DEVERIA ESTAR EM FORMA ESCRITA. Deus inspirou os seus servos a escrever essas verdades. Deus, também, preservou os manuscritos das Escrituras e influenciou a sua igreja a incluí-los no cânon. 2.2. A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS É DIVINA E NÃO APENAS HUMANA O modernista considera a inspiração das Escrituras Sagradas como apenas um sistema filosófico. Essa teoria não combina com o caráter sobrenatural e único da Bíblia. A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS É ÚNICA E NÃO COMUM ALGUNS CONFUNDEM A INSPIRAÇÃO COM O CONHECIMENTO. Às vezes os profetas recebiam mensagens por inspiração, mas não a compreensão dessas verdades. (1 Pe 1:10-12) A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS É VIVA E NÃO MECÂNICA A inspiração não era um simples ditado, onde os escritores fossem passivos e as suas faculdades não tomassem parte no registro da mensagem. É o entrosamento do Espírito de Deus e o espírito do homem. A inspiração é completa e não parcial. É VERBAL E NÃO APENAS DE CONCEITOS A ênfase Bíblica não está nos homens inspirados, mas nas palavras inspiradas. 9 PRECISAMOS FAZER DISTINÇÃO ENTRE REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO. Revelação é o ato de Deus pelo qual ele dá a conhecer o que o homem por si mesmo não podia saber. Por inspiração queremos dizer que o escritor é preservado de qualquer erro ao escrever essa revelação. A INSPIRAÇÃO NEM SEMPRE IMPLICA REVELAÇÃO. Moisés foi inspirado a registrar eventos que ele mesmo havia presenciado e que dessa maneira eram de seu conhecimento. PALAVRAS INSPIRADAS E REGISTROS INSPIRADOS. A Bíblia registra muitas palavras proferidas por Satanás, e sabemos que o diabo não foi inspirado por Deus ao dizê-las; mas o registro dessas expressões satânicas foi inspirado. 2.3. A VERIFICAÇÃO DAS ESCRITURAS ELAS REIVINDICAM INSPIRAÇÃO O Antigo Testamento declara-se escrito sob uma inspiração especial de Deus. (Js 3:9) Então, disse Josué aos filhos de Israel: Chegai-vos para cá e ouvi as palavras do SENHOR, vosso Deus. (Is 34:16) Buscai no livro do SENHOR e lede: Nenhuma destas criaturas falhará, nem uma nem outra faltará; porque a boca do SENHOR o ordenou, e o seu Espírito mesmo as ajuntará. Jesus citou o Antigo Testamento, e viveu em harmonia com os seus ensinos. A INSPIRAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO 1. É garantida pela promessa de Jesus de que o Espírito Santo lembraria aos apóstolos tudo o que ele lhes havia ensinado, e que o mesmo Espírito os guiaria em toda verdade. 2. Pedro coloca as epístolas de Paulo no mesmo nível dos livros do AT, e todos os apóstolos afirmam falar com autoridade divina. (2 Pe 3:15-16) e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles. AS ESCRITURAS SE DIZEM INSPIRADAS Foi escrita por homens cuja honestidade e integridade não podem ser postas em dúvida. O seu conteúdo é a mais sublime revelação de Deus ao mundo. 1. Sua exatidão: Ausência dos absurdos encontrados em outros livros “sagrados”. 2. Sua unidade: Contendo 66 livros, escritos por uns 40 diferentes autores, num período de mais ou menos 1600 anos e abrangendo uma variedade de tópicos, demonstra uma unidade de tema e propósito que só é explicado como tendo ela uma mente a lhe dirigir. 3. A Bíblia pode ser lida centenas de vezes sem se esgotar o assunto. 4. É o livro mais traduzido e lido no mundo. 5. É um dos livros mais antigos do mundo e também o mais moderno. É pão para a alma. O pão é o alimento mais antigo do mundo e também o mais moderno. 6. Sua preservação apesar da perseguição e a oposição da ciência. Procuramos evidências externas da exatidão das Escrituras porque é motivo de alegria poder apontar evidências das coisas que cremos no coração, e também porque essas provas servem de veículo para expressarmos nossa fé e convicção íntima. (1 Pe 3:15) Santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, Mas o melhor argumento é o prático. A Bíblia tem influenciado a civilização, transformado vidas, trazido luz, inspiração e conforto a todo o que nela busca auxílio. FIM 10 3. TEOLOGIA (A DOUTRINA DE DEUS) 11 3.1 A NATUREZA DE DEUS A EXISTÊNCIA DE DEUS Deus é Espírito Pessoal, perfeitamente bom, que em santo amor cria, sustenta e dirige tudo. A natureza de Deus: Ele é Espírito Pessoal. O caráter de Deus: Ele é perfeitamente bom. A relação de Deus para com o universo: Cria, sustenta e dirige tudo. SUA EXISTÊNCIA DECLARADA. A Bíblia não se preocupa em provar a existência de Deus. Ela reconhece como fato auto-evidente a sua existência, e como crença natural do homem. Declara o fato de Deus e chama o homem a aventurar-se na fé. A Bíblia não tenta demonstrar a existência de Deus, porque em todas as partes da Bíblia subentende-se a sua existência. A idéia de que o homem chega ao conhecimento ou à comunhão com Deus mediante seus próprios esforços é totalmente estranha ao AT. Deus aproxima-se dos homens, estabelece um concerto ou relação especial com eles, e lhes dá mandamentos. SUA EXISTÊNCIA PROVADA. Por que demonstrar a existência de Deus? 1. Para convencer os que genuinamente buscam a Deus. 2. Para fortalecer a fé daqueles que já crêem. 3. Para enriquecer nosso conhecimento acerca da natureza de Deus. Encontramos evidências da existência de Deus na criação, na natureza humana e na história humana. 1) O argumento cosmológico (da criação): O universo deve ter uma primeira causa ou um criador. 2) O argumento teleológico (desígnio ou propósito): O desígnio evidente no universo aponta para uma mente suprema e não para o acaso. Suponhamos que o autor dum livro tomou milhares de tipos de imprensa e jogou para o ar. Ao caírem no chão, natural e gradualmente se ajuntaram de maneira a formar a história do livro! 3) O argumento antropológico (da natureza do homem): Não apenas a natureza moral do homem, mas também todos os aspectos da sua natureza testificam a existência de Deus. Até as religiões mais degradadas demonstram o fato de que o homem, qual cego, tateando, procura algo que sua alma anela. 4) O argumento histórico: A marcha dos eventos da história universal fornece evidência de um poder e de uma providência dominantes. A colonização dos EUA por imigrantes protestantes salvou-os da sorte da América do Sul, e dessa maneira salvou a democracia. A guerra dos seis dias entre Israel e os Árabes em 1967, teve a mão de Deus a favor de seu povo. 5) O argumento da crença universal (consenso comum): Como se originou essa crença universal? Não se originou pelo raciocínio. O sentimento religioso não se encontra nas criaturas inferiores. Mas o mais inferior dos homens pode ser instruído nas coisas de Deus porque falta ao animal a natureza religiosa, ele não foi feito à imagem de Deus. SUA EXISTÊNCIA NEGADA. O ateísmo é a negação absoluta de Deus. Visto que são os ateus que se opõem às convicções mais profundas e fundamentais da raça humana, a responsabilidade de provar a não-existência de Deus recai sobre eles. Somente Deus, cuja existência o ateu nega, teria a capacidade de provar que Deus não existe. Alguém perguntou: “Quem criou Deus?” e recebeu como resposta: “Se houvesse alguém que criasse Deus, esse alguém seria Deus”. 12 3.2 OS NOMES DE DEUS OS NOMES DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO Abraão, Isaque e Jacó tiveram um conhecimento inferior de Deus porque o conheceram apenas como El-Shaddai (o Todo Poderoso) e não como Jeová (o grande “Eu Sou”). Deus tem muito mais para nos revelar do que apenas sua Onipotência! ELOHIM Este é o primeiro nome de Deus encontrado nas Escrituras (Gênesis 1:1), e aqui o nome encontra-se em sua forma plural, mas o verbo continua no singular, indicando a pluralidade das pessoas na unidade do Ser. EL-SHADAI Este nome composto é traduzido “Deus o Todo poderoso” (El é Deus e Shadai é Todo poderoso). O título El é Deus no singular, e significa forte ou poderoso. Shadai, sempre traduzido Todo-poderoso, significa suficiente ou rico em recursos. Pensa-se que a palavra é derivada duma outra que significa seios. A palavra seio nas Escrituras simboliza bênção e nutrição. ADONAI Este nome de Deus está no plural, denotando assim a pluralidade das pessoas na Divindade. É traduzido como Senhor em nossa Bíblia e denota uma relação de Senhor e escravo. JEOVÁ (YHWH + Adonai) Este é o mais famoso dentre os nomes de Deus e é predicado dele como um Ser necessário e autoexistente. O significado é: AQUELE QUE SEMPRE FOI, SEMPRE É E SEMPRE SERÁ. Temos assim traduzido em Apocalipse 1:4: “Daquele que é, e que era, e que há de vir”. O nome Jeová é muitas vezes usado de modo composto com outros nomes para apresentar o verdadeiro Deus em algum aspecto de Seu caráter, satisfazendo certas necessidades de Seu povo. JEOVÁ-HOSENU, “Jeová nosso criador”. Salmo 95:6. JEOVÁ-JIRÉ, “Jeová proverá”. Gênesis 22:14. JEOVÁ-RAFÁ, “Jeová que te cura”. Êxodo 15:26. JEOVÁ-NISSI, “Jeová, minha bandeira”. Êxodo 17:15. JEOVÁ-MIKADDÉS, “Jeová que te santifica”. Levítico 20:8. JEOVÁ-ELOENU, “Jeová nosso Deus”. Salmo 99:5 e 8. JEOVÁ-ELOEKA, “Jeová teu Deus”. Êxodo 20:2,5,7. JEOVÁ-ELOAI, “Jeová meu Deus”. Zacarias 14:5. JEOVÁ-SHALOM, “Jeová envia paz”. Juízes 6:24. JEOVÁ-TSEBAOTE, “Jeová das hostes”. 1 Samuel 1:3. JEOVÁ-ROÍ, “Jeová é meu pastor”. Salmo 23:1. JEOVÁ-HELEIÓN, “Jeová o altíssimo”. Salmo 7:17; 47:2. JEOVÁ-TSIDKENU, “Jeová nossa justiça”. Jeremias 23:6. JEOVÁ-SHAMÁ, “Jeová está lá”. Ezequiel 48:35. OS NOMES DE DEUS NO NOVO TESTAMENTO 1. TEOS. No Novo Testamento grego este é geralmente o nome de Deus, e corresponde a Eloim no Velho Testamento hebraico. É usado para todas as três pessoas da Trindade, mas especialmente para Deus, o Pai. 2. PATER. Este nome corresponde ao Jeová do V. T., e denota a relação que temos com Deus através de Cristo. É usado para Deus duzentas e sessenta e cinco vezes e é sempre traduzido como Pai. 3. DÉSPOTES. (Déspota no português). Este título denota Deus em Sua soberania absoluta, e é semelhante a Adonai do V. T. Encontramos este nome apenas cinco vezes no N. T., Lucas 2:29; Atos 4:24; 2 Pedro 2:1; Judas 4; Apocalipse 6:10. 4. KÚRIOS. Este nome é encontrado centenas de vezes e traduzido como; Senhor (referendo a Jesus), senhor (referendo ao homem), Mestre (referendo a Jesus), mestre (referendo ao homem) e dono. Em citações do hebraico usa-se muitas vezes em lugar de Jeová. É um título do Senhor Jesus como mestre e dono. 13 5. CHRISTUS. Esta palavra significa o Ungido e é traduzida Cristo. Deriva-se da palavra “chrio” que significa ungir. É o nome oficial do Messias ou Salvador que era por muito tempo esperado. O N. T. utiliza este nome exclusivamente referindo-se a Jesus de Nazaré. Destes nomes todos do Ser Supremo, aprendemos que Ele é o Ser eterno, imutável, auto-existente, auto-suficiente, todo-suficiente e é o supremo objeto de temor, confiança, adoração e obediência. 3.3 OS DECRETOS DE DEUS A Doutrina dos Decretos parte do princípio de que Deus não inventa seus planos ao longo da história. A Doutrina trabalha com uma hipótese, informada pelas Escrituras, de que tudo que Deus fez foi planejado e determinado antes da fundação do mundo. (I Pe 1.20)“... e sem mancha, o sangue de Cristo, o qual, na verdade, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos, por amor de vós. No campo material e físico Deus decretou criar o universo e o homem: Sl 33.6-11 Decretou a distribuição das nações: (Dt 32.8) Quando o Altíssimo dava às nações a sua herança, quando separava os filhos dos homens, estabeleceu os termos dos povos conforme o número dos filhos de Israel. Decretou o comprimento da vida do homem: (Jo 14.5) Visto que os seus dias estão determinados, contigo está o número dos seus meses; tu lhe puseste limites, e ele não poderá passar além deles. No campo moral e espiritual Permitir o pecado Deus não induz ninguém ao pecado (Tg 1.13-14), mas, como criador, é o autor das condições que permitiram o surgimento do mal. Derrotar o pecado pelo bem Deus não apenas permitiu o pecado, mas tomou providências para que até isso redunde em glória para o seu Nome. Salvar do pecado Este é o Decreto da Redenção, e tem algumas facetas: 1) A liberdade do homem: O homem foi criado com capacidade de pecar ou não pecar. Mesmo caído, ele continua responsável por suas ações. (Ap 20.12) 2) Graça preveniente: desde o pecado de Adão, notamos Deus tomando a iniciativa redentora, sem a qual o homem jamais seria salvo. (Tt 2.11) Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens”. 3) Presciência divina: É inegável e está incorporada à sua ação salvadora. 4) Eleição graciosa: Cristo foi eleito Salvador da humanidade, e todos os que o aceitam são beneficiados por sua eleição. 5) Graça especial ou salvadora: É comunicada ao pecador à medida que ele coopera com Deus, através da fé e arrependimento. (At 2.37-38) 6) Galardoar seus servos e castigar os desobedientes: Deus, na sua bondade, salva imerecidamente o pecador e decreta que o tal receberá um galardão segundo o seu serviço regenerado. No campo social e político A família e as formas de governo Deus decidiu criar o ser humano como um ser social, que haveria de prosperar em um ambiente familiar. (Gn 2.18,24) Intimamente ligado ao estabelecimento da família, está o Decreto concernente ao governo humano. (Rm 13.1-2) A vocação e a missão de Israel Deus escolheu a Abraão e, através dele, a nação de Israel como fonte de bênçãos para o mundo. “... e em ti serão benditas todas as famílias da terra”. (Gn 12.3b) 14 O plano de Deus para Israel ainda não se cumpriu, no entanto, Deus tem um grande propósito quanto à sua restauração. A fundação e a missão da Igreja Deus elegeu a Igreja para uma missão e responsabilidade muito grande. À Igreja cabe a responsabilidade de representar a Cristo aqui na terra. (Ef 3.10-11) para que agora seja manifestada, por meio da igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor. O triunfo final de Deus No Apocalipse encontramos a profecia do triunfo final de Deus sobre todos os seus inimigos. O Paraíso, que foi destruído em Gênesis, será restaurado e Deus enxugará todas as lágrimas. Ap 11.15-17 E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso SENHOR e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre. E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus, Dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste. 3.4 OS ATRIBUTOS DE DEUS A ESSÊNCIA E ATRIBUTOS DE DEUS Algumas características de Deus são absolutas, e fazem parte da essência de Deus. São os atributos absolutos ou imanentes. Outras características são vistas como uma manifestação de Deus em relação à sua criação e são chamadas de atributos relativos ou transitivos. ATRIBUTOS ABSOLUTOS OU IMANENTES Espiritualidade: Deus não tem uma forma corpórea como o homem. Sua incorporeidade explica sua proibição de qualquer tentativa de representá-lo fisicamente (Dt 4:15-18). A desobediência a essa proibição faz parte da justificação de ira de Deus sobre os homens: “Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis.” (Rm 1.22-23) Vida: Deus não somente é Espírito, mas tem vida própria, em contraste com os deuses das nações. Nós devemos ser testemunhas de que o nosso Deus é um Deus vivo. Personalidade: Deus também é autoconsciente e tem personalidade: Intelecto, Volição e Sentimento. Infinitude: (Transcendência) Deus é Transcendente, ou seja, não está sujeito a nenhum limite ou restrição. Deus é auto-suficiente e não precisa de nada nem de ninguém para o completar. Que fique bem claro que Deus não criou o homem por causa de um sentimento de solidão. Auto-existência: Deus é a causa de sua própria existência, e de todas as coisas. “Eu sou o Senhor que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus, e espraiei a terra; que desfaço os sinais dos profetas falsos, e torno loucos os adivinhos, que faço voltar para trás os sábios, e converto em loucura a sua ciência.” (Is 44.24-25) Imutabilidade: Não fala de decisões ou estratégias, mas que a natureza de Deus não muda: Porque eu, o Senhor não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. (Ml 3.6; Tg 1.17) 15 Unidade: A natureza divina não se divide. Perfeição: Estes são atributos morais, coerentes com a sua personalidade: intelecto, volição e sentimento. Verdade: Deus é a personificação da verdade e é o verdadeiro Deus (I Jo 5.20). Amor: O amor de Deus acha sua razão de ser na própria natureza de Deus. Não no objeto de seu amor. O amor de Deus é preexistente à fundação do mundo. (Jo 17.24) O amor de Deus implica a possibilidade de Deus sofrer. Santidade: A santidade de Deus implica na sua pureza, e é motivada contra toda impureza. (II Co 7.1) A essência de Deus é a fonte da manifestação de todos os demais atributos, presenciados através da criação. Passaremos agora a estudá-los: ATRIBUTOS RELATIVOS OU TRANSITIVOS Eternidade: Deus não está sujeito ao tempo. Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus. (Sl 90.2) Imensidão: A natureza de Deus não é sujeita à lei do espaço. Deus não está no espaço, mas o espaço está em Deus que o criou. (I Rs 8.27) Onipresença: Deus está igual e pessoalmente presente em todos os lugares ao mesmo tempo. (Ubiqüidade) Onisciência: Deus tem conhecimento completo de tudo: no passado, no presente e no futuro. Ele conhece o autor, o participante, o beneficiado e a vítima de todas as ações no seu reino. Ele nunca pode ser enganado, surpreendido ou confundido. Quando perdoa nossos pecados, Ele decide não se lembrar deles. Onipotência: Deus tem todo o poder e pode fazer tudo o que desejar, mas, também tem o poder de deixar de fazer. Veracidade e fidelidade: Deus é transparente em seu trato conosco. Nunca irá nos enganar com falsas promessas de benção e maldição. Se somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo. (II Tm 2.13) Misericórdia e bondade: É a maneira graciosa com que Deus lida com suas criaturas. Misericórdia é não recebermos o que merecemos pelos nossos pecados. Justiça e retidão: significa que o ser humano nunca receberá um mau tratamento da parte de Deus. 16 4. A DOUTRINA DA TRINDADE UNICIDADE: Estado ou qualidade de ser único. Em todo o Antigo Testamento a ênfase da auto-revelação divina está na unicidade e não na unidade. O Deus único: EKAHAD = 2 significados: um, único (Trindade) Ouve, ó Israel; o Senhor nosso Deus é o único Senhor. (Dt 6.4) Unidade: A doutrina da unidade de Deus surgiu como reflexo da aceitação da doutrina da Trindade. A Unidade de Deus é a revelação da trindade no NT e que de uma busca no AT mostra que este Deus único existe eternamente em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Um Deus eternamente coexistente em três pessoas distintas, que não se confundem, nem se misturam. A humanidade é composta de macho e fêmea, a divindade é Pai, Filho e Espírito Santo. Não existem duas raças humanas, nem três deuses. A DOUTRINA DA TRINDADE Definição: A Trindade é composta de três pessoas unidas, sem existência separada, e indivisivelmente ligadas para formar um Deus. A natureza divina subsiste em três distinções: Pai, Filho e Espírito Santo. A palavra Trindade não aparece na Bíblia. Esta doutrina foi formulada por Tertuliano, Atanásio e Agostinho. A Doutrina da Trindade afirma três verdades: Há apenas um único Deus. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são individualmente Deus. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são, cada um, pessoas distintas. UMA REVELAÇÃO DE DEUS A doutrina representa a conclusão lógica da revelação bíblica acerca de Deus. É exemplo da revelação progressiva de Deus. Deus Único, Deus Trino, depois Deus Triúnico. Sinais de pluralidade nos nomes e atividades de Deus (Elohim). OUTROS SINAIS DE PLURALIDADE O louvor dos Serafins em Is 6.3. “... Santo, santo , santo é o Senhor ...” A benção Aarônica de Nm 6.24-26. “...O Senhor te abençoe ...o Senhor faça ..o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz.” REFERÊNCIAS AO ANJO DO SENHOR Parece que o Anjo do Senhor é uma manifestação pré-encarnada de Deus o Filho. (Gn 22.15-18) Sinais de igualdade entre Jesus e o Pai. No Novo Testamento, o Pai, a quem Jesus se refere é Jeová. “Eu e o Pai somos um.” (Jo 10.30) Também: Jo 17.22; Hb 13.8 (imutabilidade); Ap 1.8 (onipotência). Além disso, Jesus exerce as prerrogativas de Deus, como perdoar pecados. (Mt 9.2) SINAIS DE IGUALDADE ENTRE JESUS E O ESPÍRITO SANTO Jesus garante aos discípulos que enviaria um outro “Consolador”. O termo sugere um “outro” do mesmo tipo e qualidade. (Jo 14.16-17) SINAIS DE IGUALDADE ENTRE PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO A presença dos Três no batismo de Jesus por João é notória. Também a associação dos três na obra redentora. (I Co 12.4-6) EVIDÊNCIAS DA DEIDADE DE CADA MEMBRO DA TRINDADE O Pai é reconhecido como Deus: “a todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos, graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. (Rm 1.7) O Filho é reconhecido como Deus: 17 “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado Emanuel, que quer dizer: Deus conosco”. (Mt 1.23) Jesus foi identificado com o Senhor (Jeová) do AT pelo apóstolo Paulo. O Espírito Santo é reconhecido como Deus: “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno? Enquanto o possuías, não era teu? E vendido, não estava o preço em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. (At 5.3-4) TEORIAS REPROVADAS Triteísmo: João Ascunages e João philoponus Ensinavam que há três Deuses em vez de três pessoas na Trindade. Sabelianismo ou Modalismo (Séc. II): Sabelius ensinava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram manifestações de um só Deus. Os modos como Deus se manifestou seriam como três uniformes com que o único Deus se vestia. Exemplos de modalistas (também chamados de Unicistas) de hoje: Voz da Verdade, Árvore da Vida. Arianismo: Ário seguiu um erro de Orígenes, que subordinava o Filho ao Pai, em relação à essência, fazendo-o inferior ao Pai. O Arianismo negou a deidade de Jesus Cristo. Ário ensinava que apenas o Pai não era criado. Exemplo de arianos hoje: Testemunhas de Jeová FIM 18 3. CRISTOLOGIA (A DOUTRINA DE CRISTO) 19 3.1 A IRA DE DEUS E A PROPICIAÇÃO DO PECADO INTRODUÇÃO Precisamos entender que o homem é antes um criminoso que uma vítima e é tratado assim por Deus. Como seres humanos, somos responsáveis e responsabilizados pelo grande estrago que fizemos na criação de Deus. Como inimigos de Deus, é inútil falar de salvação antes que tratemos da violenta ruptura que houve em nosso relacionamento com Deus. DEUS NÃO IGNORA O PECADO Esta verdade precisa ser proclamada neste início de milênio. Há três sentidos em que podemos afirmar que Deus não ignora o pecado: 1) Deus não ignora o pecado no sentido de estar alheio à sua existência. Ninguém consegue esconder seu pecado de Deus. O pecado de Acã. (Js 7.11) 2) Deus não ignora o pecado no sentido de passar vista grossa diante da sua presença; No momento da rebelião, Lúcifer foi expulso do céu. Talvez Satanás tenha pensado que seria diferente com o casal criado a imagem e semelhança de Deus. Que Deus daria um jeitinho para eles, e usar isso como arma para barganhar com Deus. Para sua surpresa, quando Adão e Eva pecaram, foram sumariamente expulsos do Paraíso. Quando Jesus carregou nossos pecados, Deus virou as costas para Ele. (Mat 27.46) Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar. (Hab 1.13) 3) Deus não ignora o pecado no sentido de permitir que continue sem resolução. Ele mesmo toma as providências para expurgar o pecado da sua criação. (I Jo 3.4-8) O PECADO SUSCITA A IRA DE DEUS O maior problema do pecador não é o seu pecado, mas sim o fato de estar sob a ira de Deus. Depois de uma grande ênfase sobre a ira de Deus no século passado, hoje damos ênfase quase que exclusiva sobre o amor de Deus. O homem moderno tem dificuldade em entender o porquê da morte de Jesus, e sua absoluta necessidade de aceitá-lo como salvador. Ele imagina que de alguma forma, Deus vai dar um jeitinho para ele. A Palavra de Deus diz: A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; (Rom 1.18). Também Num 1.2-3. A nossa dificuldade com a ira de Deus é que transferimos para ela todas as características da ira humana. Existem diferenças entre a ira de Deus e a ira do Homem. As características da Ira de Deus A Ira de Deus é sempre judicial, isto é, a ira do Juiz aplicando a justiça. Paulo diz que o dia da Ira é também o dia da “revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento” (Rom 2.5-6). A Ira de Deus na Bíblia é alguma coisa que os homens escolhem por si mesmo. É uma escolha pessoal, pois Deus nos deu liberdade para escolher. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. (Jo 3.18-19) A Ira de Deus nem sempre se manifesta em castigo direto. Ao contrário, pode se manifestar através do abandono. Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! (Rm 1.24). A história bíblica está cheia de exemplos do juízo de Deus que ignoramos para nosso próprio risco. A propiciação aplaca a Ira de Deus Enquanto a expiação trata de cobrir ou compensar o pecado ou a ofensa, a propiciação acrescenta a esta idéia o reparo do relacionamento de intimidade entre o homem e um Deus irado. 20 Imagine que seu amigo furta a sua carteira e depois de ter gastado todo o seu dinheiro fica arrependido, e decide devolver a carteira repondo o dinheiro roubado. Como é que fica o seu relacionamento? Ele fez expiação pelo pecado. Ele pergunta “Tudo bem?” e você diz “Não! Não está tudo bem!” Porque não? Porque ainda não foi reparado o seu relacionamento. Expiação é fazer uma restituição que paga o preço do pecado. Propiciação é reparar o relacionamento transtornado. As Boas Novas do Evangelho são que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação”. (II Co 5:19) Deus fez de Cristo a propiciação para nossos pecados. (Rm 3:25) A bondade e a severidade de Deus Exemplos da bondade e da severidade de Deus aparecem através da Bíblia inteira. Deus julga Adão e Eva no jardim do Éden, mas veste sua nudez com pele de animais. Jesus desviou a ira de Deus de nós, tomando-a sobre si e nos reconciliou com Deus. O restabelecimento de amizade entre o homem e Deus é o vínculo da salvação em nossas vidas. Qualquer idéia que limita o sacrifício de Cristo a apenas o pagamento dos nossos pecados é muito superficial. 3.2 A IDENTIDADE, INTEGRIDADE E A AUTORIDADE DE JESUS A DUPLA IDENTIDADE DE JESUS CRISTO A encarnação é um dos grandes mistérios da teologia. A Bíblia ensina que Jesus tem duas naturezas: uma humana e outra divina. A EXISTÊNCIA DE DUAS NATUREZAS 1. Jesus exercia prerrogativas divinas, como perdoar pecados E os escribas e fariseus arrazoavam, dizendo: Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? (Lc 5:21) 2. A qualidade da vida de Jesus Nunca tendo pecado, foi preciso que seus inimigos mentissem para conseguir sua condenação. 3. Os sinais que ele operou Fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. (Jo 20:30-31) 4. O seu testemunho pessoal: Ele reivindicou deidade Eu e o Pai somos um. Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar. Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais? Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. (Jo 10:30-33) 5. O testemunho dos seus inimigos: Os judeus queriam matá-lo porque Ele afirmava ser Deus. 6. O testemunho dos apóstolos: “E o Verbo se fez carne...” 7. O testemunho da história: Nunca em toda história houve alguém igual a Jesus. (Jo 7:46) 3.4 A EXIGÊNCIA DE DUAS NATUREZAS Sua humanidade é a garantia de legítima representatividade. Sua Deidade é uma garantia de eterna confiabilidade. – Pela encarnação Deus se revela aos homens. A INTEGRIDADE DAS DUAS NATUREZAS DE CRISTO Não podemos dividir Jesus em dois, um humano e um divino. Ser Teantrópico: Jesus é permanentemente divino e permanentemente humano (união perpétua). 21 A CONVIVÊNCIA DAS DUAS NATUREZAS A teoria aprovada de convivência diz que quando o Verbo se fez carne as naturezas divina e humana foram unidas, verdadeiramente, perfeitamente, eram indivisíveis e livres de mistura. 3.5 A AUTORIDADE DE JESUS a) O profeta prometido O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás. (Dt 18.15) b) O Sumo Sacerdote prometido O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. (Sl 110.4) c) O Rei prometido Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do SENHOR: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. (Sl 2.6-7) A partir da sua 2ª vinda, Jesus regerá o mundo plenamente. d) A Superioridade de Cristo Enfatizamos a superioridade de Jesus sobre todas as demais autoridades, quer celestiais, infernais ou terrestres. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, (Fp 2.9) 3.6 JESUS CRISTO COMO O ÚLTIMO ADÃO COMPARAÇÃO ENTRE O PRIMEIRO E O ÚLTIMO ADÃO Em 1ª Co 15:45-47, o primeiro Adão é (prw/toj), ou seja, não há ninguém antes dele. Jesus é (e;scatoj), não há ninguém depois dele. No versículo 47 ele é (deu,teroj), ou seja, não há sequer um igual entre ele e Adão. Começaremos com as semelhanças entre os dois e depois falaremos das diferenças. Semelhantes na sua identidade: Os dois foram criados à imagem de Deus. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gn 1:27) O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; (Cl 1:15) Semelhantes na sua humanidade: Tiveram uma natureza tríplice; Espírito, alma e corpo. Estes versículos desmentem a hipótese docetista de que o corpo físico de Jesus era apenas uma aparição. Negavam a humanidade de Jesus. Semelhantes na sua representatividade: Por escolha de Deus, Adão e Jesus foram comissionados como cabeças da raça humana. Na desobediência, Adão representou toda a humanidade. Na sua obediência, Jesus representou toda a nova humanidade que segue seus passos. (Rm 5:15-17) Somos justificados dos nossos pecados uma vez que rompemos com a nossa solidariedade com Adão em favor de uma nova solidariedade com Jesus. Semelhantes na sua vulnerabilidade: Depois do pecado de Adão a natureza humana ficou caracterizada por fragilidade. Mas será que Jesus foi igualmente vulnerável? Se Jesus foi imune à dor, ao desânimo, à dúvida, ele não venceu o mundo, e não pode salvar. Semelhantes na sua santidade CONTRASTES ENTRE O PRIMEIRO E O ÚLTIMO ADÃO Diferentes na sua habitação. Diferentes na sua tentação. Adão tinha que resistir a apenas uma tentação para garantir sua santidade. Jesus teve que viver 30 anos de provação antes mesmo de se manifestar com o Messias. Nestes 30 anos ele nunca cedeu à tentação. 22 Antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. (Hb 4:15b) Diferentes na sua submissão. De Adão Deus cobrou uma submissão à vida. (Gn 2:16-17) Enquanto que Jesus foi chamado à uma submissão até a morte. (Fl 2:7-8) Diferentes na sua punição Adão foi punido por seu próprio pecado, enquanto quer Jesus foi punido por nossos pecados. Diferentes na sua qualificação Um relacionamento com Adão gera morte, mas um relacionamento com Jesus significa vida. 3.7 A OBRA DE CRISTO CONCEITOS GERAIS DA OBRA DE CRISTO Essencialmente a obra de Cristo é de nos reconciliar com Deus. Seis aspectos da obra de cristo Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória. I. Sua paixão e morte é pré-ordenada e necessária A morte de Jesus não foi um acidente, nem uma tragédia, mas uma estratégia divina. (Jo 12.27) II. Sua morte é apresentada em termos sacrificiais O simbolismo da Páscoa O simbolismo do pacto O simbolismo do véu rasgado. III. Sua morte é entendida em sentido vicário Sua identificação com os pecadores. Sua substituição do pecador. Sua punição como pecador. IV. Sua morte é redentora Redenção no AT: Tem a ver com a libertação de prisioneiros de guerra ou escravos e escapar da morte mediante o pagamento de resgate. Redenção no NT: Ele pagou o preço da nossa libertação. V. Sua morte é um triunfo sobre o diabo e os poderes maléficos: Sofrimento vitorioso, a Ressurreição. VI. Sua morte é universal Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3.16) FIM 23 4. ANTROPOLOGIA (A DOUTRINA DO HOMEM) 24 TENDÊNCIAS TEOLÓGICAS NO INÍCIO DESTE NOVO MILÊNIO Antigamente o homem existia para a glória de Deus; agora Deus existe para glorificar o homem. Hoje as pessoas vão à igreja para resolver suas próprias necessidades, em vez de servir a Deus. (Narcisismo) Em vez de um relacionamento de amor e benevolência com o Criador, um relacionamento adverso, em que o homem precisa empurrar e esmurrar a Deus até que Ele solte o que é seu! Os defensores dessa doutrina são síndicos do povo de Deus, e não embaixadores do Reino. A CRIAÇÃO DO HOMEM 1. Uma afirmação bíblica O ser humano é uma criação imediata de Deus. Deus o criou “ex nihilo” (do nada). Criado à imagem de Deus (Gn 1:26-27) Não é uma semelhança física, pois Deus é espírito. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. (Jo 4:24) Diferenças de natureza separam o homem de Deus: Deus existe eternamente; o homem é temporal; Deus tem existência independente; o homem existência dependente; Deus é o criador; o homem, o ser criado. Atribuir uma semelhança física à imagem de Deus no homem é loucura. Semelhança Mental: O homem pode se comunicar com Deus. Semelhança Moral: A semelhança compartilhada entre Deus e o homem, foi também de ordem moral. Mesmo pecador, o Senhor trata o ser humano como ser moral e ético. Semelhança Social: Foi também uma semelhança social. Tal como Deus, o homem seria um ser que se conheceria e se definiria em comunidade. A Doutrina da Trindade explica a origem da sua sociabilidade. Sua criação foi um projeto de grupo. Essa imagem é distribuída entre o homem e a mulher. Os dois em conjunto formam a imagem de Deus. Essa imagem é recuperada através da redenção em Jesus Cristo. 2. Unidade e constituição permanente do homem O homem é um ser complexo As Escrituras ensinam que não houve outra fonte para a raça humana a não ser Deus como Criador imediato, e Adão como criador intermediário, mediante seus descendentes. Estudaremos a unidade do homem a partir de cinco pontos de vista: Histórico, Filosófico, Filológico (linguagem), Psicológico e Teológico. 1. O argumento Histórico As mais recentes descobertas arqueológicas demonstram que toda a humanidade teve sua origem na Ásia Central. Esse lugar, como berço da civilização, é assunto de muitas reportagens em nossos dias. As várias tradições de um dilúvio catastrófico também unem os povos na sua história. 2. O argumento fisiológico (estudo das funções orgânicas) Não há razões para duvidar da origem monogenista da raça humana. Somente há uma raça humana. A temperatura do nosso corpo é a mesma em qualquer lugar do mundo. A freqüência média da pulsação cardíaca é a mesma. Há suscetibilidade às mesmas moléstias. “Sou daqueles que acreditam que no momento não há qualquer evidência que diga que a humanidade brotou originalmente do que um único casal; devo dizer que não consigo ver uma 25 razão qualquer, ou qualquer evidência convincente, para crer que haja mais do que uma espécie do ser humano”. (Charles Darwin) 3. O argumento filológico (estudo da linguagem) A escrita tem uma origem comum, e também as línguas em evidência são poucos os seus troncos ou línguas principais, de onde derivaram tantas outras. 4. O argumento Psicológico Mesmo que haja diferenças entre as culturas, há, entretanto, muita coisa em comum nos costumes dos povos. Há uma lei moral escrita no coração de cada homem que o incomoda diante de certos fatos, mesmo que a sociedade em que vive os aceite. Esteja onde estiver, viva a cultura que viver, seja na época que for, o homem tem uma noção de certo e errado, de bem ou mal que é comum a qualquer ser humano. 5. O argumento Teológico Para o cristão, o mais importante argumento a favor da raça humana precisa ser o argumento teológico. A criação e a descendência comum dos seres humanos é pedra fundamental da redenção. O assassinato de Abel por Caim trouxe algumas dúvidas para a humanidade quanto ao relato bíblico dos inícios. Então, disse Caim ao SENHOR: É tamanho o meu castigo, que já não posso suportálo. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará. O SENHOR, porém, lhe disse: Assim, qualquer que matar a Caim será vingado sete vezes. E pôs o SENHOR um sinal em Caim para que o não ferisse de morte quem quer que o encontrasse. Retirou-se Caim da presença do SENHOR e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden. E coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho. (Gn 4:13-17) Lidamos sempre com a pergunta: “De onde veio essa esposa para Caim?” – Era uma descendente, assim como ele, do mesmo casal. Nos primeiros onze capítulos de Gênesis temos um relato de dois mil anos de história. Romanos 5:12-21, relembra todo o drama da introdução do pecado por um homem, enquanto a justiça também entrou por um só: Jesus Cristo. Adão e Cristo são comparados: um homem; um Homem. Uma ofensa; uma justiça. A CONSTITUIÇÃO PERMANENTE DO SER HUMANO Dentro da constituição do homem, lidamos com duas teorias: a dicotomia e a tricotomia. A teoria dicotomista Ensina que o homem é feito de duas partes: corpo e alma. Para os dicotomistas, alma e espírito são a mesma coisa. Essa teoria sugere que temos a parte material e a parte imaterial. As duas correntes estão de acordo quanto à origem da imaterialidade do homem, com base em Gn 2:7: “Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Esta teoria predomina no Antigo Testamento. 26 A teoria tricotomista O tricotomista divide a parte imaterial em duas: alma e espírito. Há versículos importantes no Novo Testamento que parecem defender essa posição. O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. (Its 5:23) Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. (Hb 4:12) De acordo com essa teoria, as partes que compõem o ser humano são: CORPO Composição material Templo do Espírito ALMA Mente Vontade Emoções ESPÍRITO Consciência Intuição FIM 27 5. ECLESIOLOGIA (A DOUTRINA DA IGREJA) 28 5.1 A NATUREZA DA IGREJA A IGREJA COMO ORGANIZAÇÃO E COMO ORGANISMO A Igreja como organização é talvez o primeiro contato que alguém tenha da Eclesiologia. Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: (Ap 2:1) A segunda perspectiva da Eclesiologia é da igreja como organismo, que aparece em vários trechos das Escrituras. E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, (Ef 1:22) DIFERENÇAS ENTRE A IGREJA COMO ORGANIZAÇÃO E ORGANISMO Como organização a igreja é visível: Seu patrimônio físico: Construções, móveis, instrumentos, etc. Seus símbolos: Bandeira, brasão, etc. Patrimônio não-físico: Herança doutrinária e cultural. Estatutos e regimentos internos. Seus membros e congregados. Como organismo a igreja é invisível: Como organismo a Igreja é a união mística de todos aqueles que são salvos em Jesus Cristo. Como organização a igreja é local e humana. Como organismo é universal e divina. Como organização a igreja é uma criação humana. Como organismo ele é uma criação de Deus e todos os membros têm as características filiais. Como organização é temporária. Como organismo é perpétua. A igreja como organização é o andaime que precisamos para levantar a estrutura da igreja como organismo. Quando a construção estiver pronta o andaime será desmanchado. Como organização é imperfeita, mas como organismo é perfeita. A perfeição da igreja como organismo não significa que ela já alcançou a maturidade, mas que está a caminho. E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor. (Ef 4:11-16) 5.2 A IGREJA LOCAL SUA ORGANIZAÇÃO O nosso assunto é a estrutura da igreja, e abrange estruturas de governo e ministérios de liderança. TIPOS DE LIDERANÇA NA IGREJA A questão está ligada aos dons que Cristo deu à Igreja, conforme mencionados em Efésios 4:1: E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres. Segundo este versículo, são cinco os ministérios que Cristo deu à Igreja: 1. Apostólico 3. Evangelístico 5. Didático 2. Profético 4. Pastoral Devemos ter sempre em mente que quando Jesus concedeu alguns para serem apóstolos, ele estava distribuindo ministérios, não cargos. 29 O MINISTÉRIO DE APÓSTOLO: Na Bíblia temos três tipos de apóstolos. 1. O 1º tipo é composto dos 12 discípulos escolhidos por Cristo 2. O 2º trata-se de outras pessoas reconhecidas como apóstolos pela igreja. Matias, Paulo, Barnabé e possivelmente Andrônico e Júnias (Rm 16:7). 3. São os falsos apóstolos. Outros ministérios: Diáconos, presbíteros e bispos. DIÁCONOS E DIACONISAS Os 1º diáconos aparecem em Atos 6 como solução para um problema social na igreja. O diaconato é um ministério de apoio àqueles que trabalham no ministério da Palavra e da oração. Os diáconos precisam ser: De boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, submissos à autoridade superior na igreja. (At 6) Respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados ao vinho, não cobiçosos e de sórdida ganância, conservadores do mistério da fé, consciência limpa, primeiramente experimentados, marido de uma só mulher e que governe bem a sua casa. Suas esposas ou diaconisas: respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. QUALIFICAÇÕES DE BISPO, PRESBÍTERO E PASTOR Parece que exercem o mesmo ministério. Suas qualificações: Itm 3:1-7. MODELOS DE ESTRUTURAS ADMINISTRATIVAS 1. Episcopal (governado por bispos) 2. Presbiteriana (governada por presbíteros e o presbitério) 3. Congregacional (governada pela assembléia da igreja) Não importa o sistema de administração eclesiástica, para serem cristãos os líderes devem estar nas suas posições. O líder cristão não vem para ser servido, mas para servir e dar sua vida pelo rebanho. Evidências do relacionamento fraternal entre as igrejas do NT. Intercâmbio de epístolas. Intercâmbio de pessoas. Intercâmbio de recursos. Intercâmbio de Bênçãos Espirituais. Intercâmbio de Problemas e sabedoria. Investimento mútuo na obra missionária. Evidências de rivalidade e partidarismo 1. Os judaizantes (At 15:1). Forçar os crentes a seguir seus costumes culturais. 2. O caso de Diótrefes. (III Jo 1:1-11) PROBLEMAS ESTRUTURAIS NA IGREJA 1. Esquecer que a estrutura existe para o homem e não o homem para a estrutura. Inclui coisas como: A freqüência e duração das reuniões. O nível de participação dos membros no culto. O formato das reuniões. 2. Confundir cargo com dom. A partir da conversão do imperador Constantino, os dons tornaram-se institucionalizados, e a igreja começou a agir como se o cargo garantisse o dom. 30 5.3 AS ORDENANÇAS DA IGREJA A doutrina das ordenanças da Igreja é muito diferente da doutrina dos sacramentos da igreja católica romana. – O sacramento é um ato externo que confere graça ou bênção interna. – Na teologia evangélica, a graça ou bênção interna manifesta-se em um ato externo. Então, na teologia católica, Deus opera de fora para dentro, enquanto que na evangélica, Deus opera de dentro para fora. A igreja católica tem sete sacramentos e a evangélica duas ordenanças. Os sacramentos: Batismo, confissão e penitência, eucaristia, crisma, casamento, ordenação e unção dos enfermos. As ordenanças: Batismo e ceia do Senhor. BATISMO: Os maiores erros associados à prática desta ordenança. a. Sua ligação com a salvação. O batismo de João associava o batismo com o arrependimento e a remissão dos pecados. Apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados. (Mc 1:4) Mt 3:16 associa a descida do Espírito Santo sobre Jesus a seu batismo nas águas. Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. (Mt 3:16) Em Mc 16:16, o batismo é intimamente ligado à salvação. Quem crer e for batizado será salvo; ... (Mc 16:16) b. Seu significado. É um sinal de arrependimento. c. O modo de batismo. Existem igrejas que praticam o batismo por aspersão, efusão e imersão. Mas a palavra grega “baptixw” significa “mergulhar ou imergir”. d. O candidato ao batismo Todos os candidatos precisam crer para poder se batizar. Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado... (At 2:38) e. O ministrante do batismo O batismo ser ministrado apenas pelo pastor da igreja não é uma prática bíblica, e sim, um costume cristão. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; (Mt 28:19) f. Os maiores erros associados à prática do batismo: a. Tratar como um sacramento. Um dos erros comuns tem sido atribuir uma graça ou bênção de Deus ao ato do batismo. b. Tratar como suplemento. Do outro lado, temos aqueles que não dão nenhum valor ao batismo e acham que, por já terem aceitado a Cristo não precisam batizar-se nas águas. c. Restringir ou postergar o batismo. Na Bíblia, as pessoas eram batizadas imediatamente à conversão. Filipe batizou até Simão, o feiticeiro porque este pediu. d. Usar como método de proselitismo A vinculação do batismo com tornar-se membro da igreja local, visível, denominacional, abre caminho para esse erro. A CEIA DO SENHOR 1. Transubstanciação A igreja católica romana interpreta que na consagração os elementos da ceia são literalmente convertidos no sangue e carne de Jesus Cristo. 2. Consubstanciação No luteranismo, no momento em que a pessoa recebe os elementos, eles tornam-se verdadeiramente o sangue e carne do Senhor Jesus. 31 3. Simbolismo Na igreja evangélica entendemos que o pão e o vinho representam simbolicamente o corpo e o sangue de Jesus. “... Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.” (I Co 11:25) Por causa da cultura católico-romana, muitos evangélicos atribuem mudanças místicas aos elementos da ceia. Todos os crentes devem participar da ceia (I Co 1:28). Quando decidimos não participar por não estarmos em condições, evitamos um pecado cometendo outro. No Novo Testamento a ceia do Senhor foi celebrada diariamente e não se limitava à parte simbólica da ceia. Havia uma refeição completa (festa do amor). 5.4 A VOCAÇÃO DA IGREJA Vocação tem tudo a ver com chamada. A palavra usada no N. T. para igreja é “evkklhsi,a” um grupo de pessoas convocadas para reunir-se publicamente. No N. T. o Evangelho de Mateus contém a primeira menção da Igreja: Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mt 16.18) Há quatro interpretações para o significado desse versículo para a Eclesiologia. 1) É errada. Ela enxerga uma Igreja na defensiva de ataques satânicos. 2) É bem mais certa e sugere que é o inferno que está na defensiva. As portas do inferno são as suas defesas que não resistirão ao ataque. 3) Melhora ainda mais a hermenêutica. A Igreja é vista como sendo formada de dentro para fora. Jesus edifica sua Igreja com pessoas que já se encontram dentro do campo inimigo. Quando ouvirem a chamada de Deus e se aproximarem das portas trancadas do inferno, elas se abrem para que o povo possa passar de dentro para fora. – Ex: a libertação de Pedro da prisão de Herodes. “Ele nos libertou do império das trevas...” 4) Realça o lado escatológico do versículo. As portas do inferno são as portas do Hades. Quando Jesus morresse as portas da morte não teriam condições de prendê-lo. A vocação da Igreja, portanto, começa com sua chamada de dentro do reino de Satanás para fora. Implica na união do crente com os demais membros da nova comunidade. A MISSÃO DA IGREJA Esta é uma fase da Eclesiologia muito mal entendida. Consideremos as finalidades espirituais da Igreja. Quais são elas: Glorificar a Deus: O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. E nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado. (Ef 1.5-6) Para edificar a si própria Paulo nos diz que Deus deu à Igreja apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus...” (Ef 4.11-16). Purificar a si própria Cristo deu a si mesmo pela Igreja: “a fim de santificá-la, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.” (Ef 5.26-27) Educar seus membros Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. (Mt 28.19) 32 Evangelizar o mundo A grande comissão manda que a Igreja vá por todo o mundo e pregue o Evangelho. (Mc 16.15) Restringir o mal no mundo Os crentes são o sal da terra e a luz do mundo. Por sua influência e testemunho, eles detêm o progresso da iniqüidade (II Ts 2.6-7). Deus retém o juízo por causa da presença dos santos entre os maus. Promover o bem estar no mundo Então, enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos, mas principalmente aos da família da fé (Gl 6.10). Concernente a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder; o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com ele (At. 10.38). FIM 33 6. ANGELOLOGIA (A DOUTRINA DOS ANJOS) 34 1 ) PANORAMA OBJETIVO: Despertar o interesse relativo ao estudo dos Anjos. Desviar a Igreja do culto aos Anjos. Pesquisar a sua natureza. OS ANJOS: Foram criados por Deus Porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. CL 1:16 Criados com características diferentes: Serafins, Querubins e Arcanjo (um só) Divididos em dois grupos: bons e maus. São organizados, formando um batalhão, não uma raça. Podem assumir a forma humana. Alguns deles estão presos. Foram criados em estado de perfeição. Adoram a Deus e a Cristo E outra vez, ao introduzir no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem. (HB 1:6) São espíritos ministradores – HB 1:14 Obedecem a vontade de Deus e de Cristo – MT 6:10 Executam o propósito e os juízos de Deus – MT 13:41 Celebram louvores a Deus – SL 148:2 A Lei foi dada por intermédio deles – “vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes”. AT 7:53 Eles anunciaram: A concepção de Cristo – MT 1:20 A Ressurreição de Cristo - MT 28:5-7 A assunção e a segunda vinda de Cristo – AT 1:11 Ministraram a Cristo – MT 4:11 São sujeitos a Cristo – EF 1:21 Executarão os propósitos de Cristo – MT 13:41 Acompanharão a Cristo na sua segunda vinda – MT 16:27 Souberam do Evangelho de Cristo, embora não o compreendessem, mas alegraram-se com as boas novas – EF 3: 16 O ministério de anjos é resultado de oração – AT 12:5 Eles alegram-se no arrependimento do pecador – LC 15:10 Eles têm cuidado dos filhos de Deus – SL 91:11-12 São exemplos de mansidão São sábios, poderosos, santos, eleitos e inumeráveis. Não devem ser adorados: Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. (AP 19:10) 2 ) CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS DUAS CLASSES ESPECÍFICAS DE ANJOS Anjos bons ou eleitos tendo como líder o arcanjo Miguel. Anjos maus cujo líder é Satanás. Os anjos foram criados como seres livres e sem defeito, mas do ponto de vista teológico não poderíamos dizer que são perfeitos. Alguns entendem que os anjos foram criados “santos”. Depende de como entendemos essa palavra. OS ANJOS SÃO SERES LIVRES Têm a capacidade de escolherem entre o bem e o mal. Eles têm personalidade, intelecto, emoções e vontade. 35 OS ANJOS BONS Anjos comuns, os querubins, os serafins, o arcanjo (existe apenas um, Miguel), e o Anjo do Senhor. Anjo, como mensageiro de Deus, tanto pode ser um ser celestial como um homem. Quanto ao número de anjos, em Apococalípse 5:11, lemos acerca da existência de milhões de milhões de anjos. Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares. ANJO DO SENHOR O Anjo do Senhor é uma Teofania, uma manifestação de Deus. É atribuído a ele o poder de perdoar ou reter pecados. Ele tem autoridade única e aceita adoração (Ex 23:20-23). Os teólogos entendem que esse anjo seria o próprio Cristo pré-encarnado. ARCANJO Miguel é mencionado como o arcanjo, o anjo principal (Jud. 9; Apoc. 12:7). Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão (Apoc. 12:7) Ele aparece como o anjo protetor de Israel Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo,... (Dan 12:1). Ele está diante da presença de Deus (Luc. 1:19). A ele são confiadas as mensagens da mais elevada importância ao Reino de Deus. ANJOS ELEITOS Provavelmente são os que permaneceram fieis a Deus durante a rebelião de Satanás (Mt 25:41). ANJOS DAS NAÇÕES Dan 10:13, 20 parece ensinar que cada nação tem seu anjo protetor. OS QUERUBINS Relacionados com os propósitos retributivos e redentores de Deus para com o homem. São descritos como tendo rostos de leão, de homem, de boi e de águia. Representam uma perfeição de criaturas: força de leão, inteligência de homem, rapidez de águia e serviço semelhante ao que o boi presta. OS SERAFINS São mencionados em Isaias 6, e pouco sabemos acerca deles. Sua característica é um ardente amor a Deus. Os serafins lideram o louvor a Deus e diferentemente dos querubins que estão por baixo, eles estão por cima do trono de Deus, voando, como que esperando uma ordem. Também são facilitadores da salvação como em Heb 1:14. O CARÁTER DOS ANJOS BONS Obedientes, reverentes, sábios, mansos, poderosos, santos (como separados para Deus, são “santos anjos”). SUA OBRA Agentes de Deus, mensageiros de Deus, servos de Deus. O REINO DAS TREVAS É organizado, mas não poderá resistir ao império da Luz, que é do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. SATANÁS É conhecido nas Escrituras por muitos nomes e, através desses nomes entendemos os papeis que ele executa, em relação a Deus, aos anjos bons e aos homens. OS DOZE NOMES (OU PAPEIS) DE SATANÁS 36 Satanás: o adversário de Deus Diabo: o acusador dos crentes Dragão: significa serpente, ou monstro marinho Serpente: como aparece pela primeira vez na Bíblia Belzebu: Senhor da habitação Belial: indignidade ou perversidade Lúcifer: anjo de luz Maligno: que é mau em sua essência Tentador: que pratica a tentação Deus deste século: que domina a maldade terrena Príncipe da potestade do ar: que detém o poder dos ares. Príncipe deste mundo: que impera na maldade terrena. Satanás está debaixo do controle de Deus, está em liberdade para servir aos propósitos de Deus. Isto deve incomodá-lo muito, pois trabalha contra si o tempo todo. SUAS ATIVIDADES Perturba a obra de Deus, opõe-se ao Evangelho, domina, cega, engana e laça os ímpios, engana as nações. Ele também aflige e tenta os santos de Deus. O MOTIVO DAS ATIVIDADES Porque Satanás está tão interessado em nossa ruína? Ele aborrece a imagem de Deus em nós. Odeia até mesmo a natureza humana que temos, com a qual se revestiu o Filho de Deus. Odeia a glória externa de Deus, para a promoção da qual temos sido criados e pela qual alcançaremos nossa felicidade eterna. Ele odeia a própria felicidade, porque ele mesmo a perdeu para sempre. Ele tem ódio de nós por mil razões e de nós tem inveja. Disse um antigo escriba judeu: “Pela inveja do diabo veio a morte ao mundo, e os que o seguem estão a seu lado”. AS RESTRIÇÕES DAS ATIVIDADES Devemos ter cuidado de não exagerar o seu poder. Para aqueles que crêem em Cristo, já é um inimigo derrotado (João 12:31). Apesar de sua fúria, ele é um covarde, pois Tiago disse: “Resisti ao diabo e ele fugirá de vós” (Tg 4:7). Ele tem poder, porém limitado. Não pode fazer nada sem a permissão de Deus. SEU DESTINO O lago de fogo. Dessa maneira, a Palavra de Deus nos assegura a derrota final do mal. O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos. (Ap 20:10) 3 ) QUEDA DOS ANJOS Como é possível que numa criação perfeita, já que lemos na Bíblia que Deus criou tudo e se agradou do que fez, de repente, surgir o mal? Se Deus criou todas as coisas, será que Ele fez o mal? Deus não fez o mal, mas é o autor das condições que permitem a existência do mal (Mt 25:41). Muito antes da criação dos anjos esse lugar foi concebido por Deus, porque Ele sabia que viria a revolta, procedente da entrada do mal na criação. (Ezequiel 28 e Isaias 14:12). Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! (Is 14:12) AS DIVISÕES DE ANJOS NA BÍBLIA Há três divisões de anjos na Bíblia. Entre os anjos maus temos dois grupos: Uma parte de anjos que estão presos e outra parte que estão soltos (II Pe 2:4-9; Jd 5-7). PORQUE UNS ANJOS ESTÃO PRESOS E OUTROS NÃO? 37 Os anjos que não guardaram seu estado original talvez sejam aqueles a quem Satanás persuadiu a coabitarem com mulheres (Gn 6:1-4). REVISANDO Temos três grupos de anjos: 1. Os que foram criados sem defeito, com livre arbítrio. 2. Os anjos maus que já estão presos. 3. Os anjos maus que estão soltos, como Satanás e os que o acompanham, porém, sob o total controle de Deus. PORQUE UNS ANJOS ESTÃO PRESOS E OUTROS NÃO? Ao que parece uma parte dos anjos decaídos decidiu invadir a terra. Tomaram para si mulheres e Deus interveio, prendendo-os não para proteger a Deus, mas para proteger a raça humana, totalmente vulnerável àqueles seres que eram mais potentes que os homens. Como se foram multiplicando os homens na terra, e lhes nasceram filhas, vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram. Então, disse o SENHOR: O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos. (Gn 6:1-3). Comparar com II Pe 2:4-9 e Judas 5-7. A NATUREZA DOS ANJOS A palavra anjo significa mensageiro: Quando lemos a palavra anjo na Bíblia, temos que saber se fala de ser um celestial ou humano. Deus criou os anjos para O servirem e também para assessorarem os seres humanos, que são a coroa da sua criação. O CASTIGO QUE VIRÁ A SATANÁS O mundo está perplexo acerca do futuro, mas somente a Igreja de Jesus sabe como as coisas acontecerão. O QUE SATANÁS ESTAVA MAQUINANDO Satanás provavelmente esperava que Deus não cobrasse o pecado do homem. Se conseguisse isso, chamaria Deus de mentiroso e exigiria a sua reinstalação. Planejou a queda do homem como uma possível volta para ele. Mas Deus não negocia com ninguém! 4) BATALHA ESPIRITUAL BATALHA ESPIRITUAL NAS ESCRITURAS O início da batalha: iniciou-se com a rebelião de Lúcifer, antes da criação do homem, e terminará com a vitória de Cristo sobre ele e todas as suas hostes do mal. Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Ef 6:10-12) O propósito da batalha: Satanás tem o objetivo de usurpar o trono de Deus. Os seres humanos não são o seu alvo, ele quer atingir a Deus. Toda a sua atividade visa vingar-se da derrota sofrida quando da rebelião. Na parábola do joio vemos que o seu intento é prejudicar a colheita do semeador. (Mt 13:24-43) GUERRA ESPIRITUAL NAS ESCRITURAS A atuação de Satanás no Antigo Testamento Percebemos que Deus não perdeu o controle da sua criação. No livro de Jó descobrimos que: 1. Satanás tem que prestar contas a Deus (Jó 1:6). 2. Ele atua na terra e conhece seus habitantes (Jó 1:7-8). 3. Deus pôs uma cerca de segurança ao redor dos homens fiéis (Jó 1:10) 4. Satanás só pode atuar na vida dos fiéis com a permissão de Deus (Jó 1:10-12;2:6). A ATUAÇÃO DE SATANÁS NO NOVO TESTAMENTO 38 É contra Cristo: Satanás tenta matá-Lo ainda criança, tenta torná-Lo egoísta, suborná-Lo (Mt 4:1-10). Como nada disso funcionou, então buscou desacreditá-Lo diante dos líderes religiosos, e desviá-Lo da cruz. É contra a Igreja: Tenta vingar-se pela destruição da Igreja. Só que Jesus promete que as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16:18). A grande atividade dos demônios no Novo Testamento: Eles causam moléstias, distúrbios emocionais, possessão demoníaca, impureza moral, e disseminam falsas doutrinas. ESTRATÉGIAS SATÂNICAS O crente está lidando com um poder sistematizado. Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Ef 6:12) A NATUREZA DA ARMADURA DE DEUS É a arma que temos a nossa disposição na batalha. ARMAS OFENSIVA E DEFENSIVA Arma Ofensiva: A Espada do Espírito (Ef 6:17). Foi essa arma que Jesus usou ao ser tentado no deserto. (Está escrito) Satanás usou a Palavra de Deus, o Sl 91:11-12 na segunda tentação. (Falsa doutrina) Arma Defensiva: Satanás estará nos atacando em nossos pontos críticos, os quais Deus quer proteger. Podemos até saber quais as armas serão usadas contra nós. A ARMADURA DE DEUS 1. Cinturão da Verdade 2. Couraça da Justiça 3. Calçados o Evangelho da Paz 4. Escudo da Fé 5. Capacete da Salvação ARMAS SATÂNICAS 1. Mentira 2. Culpa 3. Ira 4. Dúvidas 5. Desespero Nós temos autoridade e poder delegado por Jesus. Ele detém todo o poder e promete fortalecer os Seus com esse poder, pelo Batismo no Espírito Santo. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas,... (II Co 10:4). FIM 39 7. HAMARTOLOGIA (A DOUTRINA DO PECADO) 40 HAMARTOLOGIA É o estudo da natureza e das conseqüências do pecado. O QUE É O PECADO O Novo Testamento Descreve o Pecado como: Errar o alvo Transgressão: Ir além do limite. (Rm 4.15 ; 1 Jo 3.4) Dívida (Mt 6.12) Queda Desordem Derrota (Rm 11.12 Desobediência (Hb 4.2 ;Lc 8.18) A CONDIÇÃO PECAMINOSA EM QUE NASCE O HOMEM (Pecado original – Rm 3.23) a) O pecado de Adão e Eva (Gn 2.16-17; 3.4-6). b) O pecado de Satanás (Is 14.12-14; Ez 28.11-16). c) A hereditariedade do pecado (Rm 5.12-18). Os dois maiores mandamentos e os dois maiores pecados Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas. (Mt 22.3640) Se estes são os dois maiores mandamentos, então, por inferência, os dois maiores pecados são a falta de amor a Deus e a falta de amor ao próximo. Duas categorias básicas de pecado Na igreja há uma boa percepção dos pecados contra Deus (impiedade), e quase nenhuma percepção dos pecados contra o próximo (injustiça). No mundo é o contrário; uma boa percepção dos pecados sociais e quase nenhuma percepção dos pecados contra Deus. O pecado contra a lei A percepção do pecado está muito ligada à questão da lei. Paulo disse que “onde não há lei, também não há transgressão” (Rm 4.15). Ele quer dizer que sem lei o pecado não é visível ou contado. A entrada e a permanência do pecado no mundo Em Romanos 5 .12, lemos que o pecado entrou no mundo através da transgressão de Adão. Talvez pelo fato de Eva estar sob a tutela de Adão. Talvez pelo fato de Eva ter sido enganada pelo diabo, enquanto Adão pecou conscientemente. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. (I Tm 2.14) O pecado não é permanente porque Deus vai purificar o mundo. Jesus é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. A natureza do pecado Alguns dizem que o pecado é ruim porque traz más conseqüências existenciais ao homem. Assim, a santidade torna-se recomendável porque é mais saudável e não porque é isso que o homem deve a Deus. Segundo a Bíblia, o pecado não é: a) Oriundo do corpo físico do homem Desde o tempo de Agostinho uma parte da igreja tem entendido que o nosso corpo é essencialmente mau. Existem duas provas de que isso não é verdade: 1) Somos convocados a apresentar nossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1). 2) O nosso corpo é o templo do Espírito Santo (I C o 6.19). b) Oriundo de fraquezas e limitações Muitos cristãos rejeitam as limitações da sua humanidade como se fosse pecado. Jesus não apenas se sujeitou à fragilidade humana como foi crucificado em fraqueza. 41 Segundo a Bíblia, o pecado é: Um ato de rebelião contra Deus, caracterizado por: a) Voluntariedade Adão pecou por livre e espontânea vontade. Apesar da depravação total, o homem ainda tem condições de resistir À tentação. Deus disse a Caim, um ser humano caído: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”. (Gn 4.7) Se coube a Caim dominar o pecado, não fazer isso implica uma rebelião voluntária. b) Conhecimento Adão soube precisamente qual era a vontade de Deus em relação à árvore do conhecimento do bem e do mal. Quando comeu sabia que estava desobedecendo a Deus. c) Incredulidade Fazia parte da tentação contra Eva levá-la a duvidar da veracidade da Palavra de Deus. Eva está sendo levada a pecar contra um Deus pessoal. Não se trata apenas de um sentimento de consciência. Assim, o julgamento também será pessoal (Ap 20.12). d) Culpa Adão e Eva fugiram da presença de Deus e tentaram cobrir sua nudez. Na vida cristã essa fuga pode implicar o ativismo, onde o cristão tenta esconder-se de Deus por seu envolvimento na obra (jardim) de Deus. e) Uma força escravizante O pecado é muito mais do que um ato; torna-se um poder escravizante na vida do homem. Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado. (Jo 8.34) f) Um estado de depravação O pecado é também um estado de depravação. Todos os seres humanos, desde Adão, exceto Jesus, nasceram em pecado. Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe. (Sl 51.5) TRÊS CONCEITOS BÍBLICOS DE ATOS PECAMINOSOS E, passando o SENHOR por diante dele, clamou: SENHOR, SENHOR Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração! (Ex 34.6-7) Iniqüidade A idéia básica contida nessa palavra é PERVERSIDADE. Iniqüidade é deixar Deus por algo menor do que ele. Deus oferece a vida, mas o homem, na sua perversidade, prefere a morte. Transgressão Sugere o ato de ultrapassar uma linha ou uma proibição. Davi confessou a sua transgressão a Deus, no caso do seu adultério com Bate-Seba. Pecado Entendemos que tem a ver com a falha em atingir o alvo de Deus. A idéia básica da palavra é vista em Juízes 20.16: “Entre todo este povo havia setecentos homens escolhidos, canhotos, os quais atiravam com a funda uma pedra num cabelo e não erravam”. A frase “não erravam” significa “não pecavam”. 42 AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO As conseqüências do pecado contra Deus O Pai: Desgosto por ver a criação arruinada – gen. 6:5-7. O Filho: Encarnado, sujeito à fraqueza humana e entregue à morte por nós, pecadores – Isaías 53:610. “mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de nós todos”. A parte mais profunda do impacto do pecado sobre Jesus foi a alteração de seu convívio com o Pai. João descreva esta alteração falando da glória a que renunciou (Jo 17:5). O Espírito Santo: convivência sofredora na Igreja – Efésios 4:30-32. O impacto do pecado sobre o Espírito Santo começa a ser revelado a partir de Gênesis 6:3. No Antigo Testamento a presença do Espírito Santo na vida de alguém era uma realidade contingente. Vinha sobre poucas pessoas e permanecia menos ainda. No Novo Testamento as coisas mudam. Mesmo diante do pecado, o Espírito santo permanece na vida do cristão. As conseqüências do pecado sobre a humanidade Adão e Eva: Morte espiritual e física – Gen 2:17. Vergonha – Gen 3:7-8. Medo – Gen 3:10. Julgamento – Gen 3:11-24. Separação de Deus – Gen 3:23-24. Dificuldades no relacionamento conjugal – Gen 3:16-17. HUMANIDADE: Inimizade, ódio e homicídio – Gen 4:5-8. Juízo do dilúvio – Gen 6:1-13. Início da discriminação contra as mulheres – I Tm 2:14. As conseqüências do pecado sobre o ser humano são incontáveis. Consideraremos as mais óbvias. 1. A perda da glória de Deus e a separação d’Ele. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rom 3:23). Por causa do pecado o relacionamento do homem para com Deus foi mudado de amigo para adversário. Podemos ver a separação sobre três aspectos: Separação física/temporal: Temporal porque de vez em quando Deus se fazia presente entre os pecadores – Num 14:13-14. Inclui a expulsão de Adão e Eva da presença do Senhor – Gen 3:24. Separação espiritual/temporal: Temporal porque Deus também arranjava meios de reconciliação espiritual, através do sistema de sacrifícios. Isaías 59:2. Separação física/espiritual/permanente Este é o aspecto mais terrível. Se o homem não aceitar a oferta de reconciliação oferecida por Deus em Jesus Cristo ele será afastado permanentemente da presença de Deus. Outras conseqüências do pecado são: Morte, Vergonha, Sofrimento. Depravação Total A doutrina da depravação total do ser humano ensina que não há sequer um aspecto da natureza humana que não tenha sido afetado negativamente pelo pecado. Há, com certeza, pessoas que são mais éticas do que outras, mas todas são completamente prejudicadas pelo pecado. Escravidão O ser humano está escravizado pelo pecado. Sem a graça de Deus, o máximo que pode fazer é escolher seus pecados, nunca se livrar deles. (Rom 7:14-15). 43 AS CONSEQUËNCIAS DO PECADO SOBRE A CRIAÇÃO Terra infrutífera, Maldita – Gen 3:17-19 Sujeita à vaidade – Rom 8:20-22 Além disso, há o terrível julgamento que Deus trouxe contra a criação, na ocasião do dilúvio. Terminando sua carta aos Romanos, Paulo escreveu: E o Deus de paz em breve esmagará a Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco (Rom 16:20). FIM 44 SOTERIOLOGIA (A DOUTRINA DA SALVAÇÃO) 45 SOTERIOLOGIA Do grego soteria + logos – Soteria = Salvação, Remédio – Logos = Palavra, Discurso, Doutrina A NATUREZA DA SALVAÇÃO O apóstolo Paulo não cessava de pedir uma iluminação do entendimento dos efésios para que pudessem saber: – Qual a esperança do seu chamamento. – Qual a riqueza da glória da sua herança nos santos. – Qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder (Ef 1.18-19). DOIS GRANDES EQUÍVOCOS 1º. EQUÍVOCO: Jesus não morreu no dia da expiação dos pecados. Poucos perceberam a importância da hora da morte de Jesus. Ele coordenou a mesma para que acontecesse no lugar e tempo certos: Em Jerusalém, no momento da Páscoa. Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte; porque não convém que morra um profeta fora de Jerusalém. (Lc 13.33) A sua morte não aconteceu no dia da expiação, mas sim, coordenada com a festa da Páscoa. Antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, e havendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. (Jo 13.1) Quantos meses separam a festa da Expiação da festa da Páscoa? O dia da expiação acontece no mês de outubro e a festa da Páscoa no mês de abril. A Páscoa marcava o início do ano novo e uma nova vida para os israelitas. Ora, o Senhor falou a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: Este mês será para vós o princípio dos meses; este vos será o primeiro mês do ano. (Ex 12.1-2) Qual a ênfase teológica das duas festas? A Páscoa realça a libertação do povo de Deus do reino das trevas e do poder do pecado, enquanto o dia de expiação realça a remissão dos pecados cometidos como povo de Deus. Veja como é grande a diferença entre as mensagens das duas festas. Jesus coordenou a hora de sua morte para destacar a libertação de seu povo do reino das trevas e do poder do pecado. Essa é a importância do estudo teológico! 2º. EQUÍVOCO: O Propósito do Sistema Sacrificial Um conceito errado do propósito do sistema sacrificial no Antigo Testamento. Este sistema não visava à obtenção da salvação para seu povo. Visava à manutenção de uma salvação já providenciada ou realizada. Isso torna claro que precisamos distinguir a salvação do perdão de pecados. – O perdão de pecados visa à manutenção da salvação, ou seja, o bom relacionamento entre Deus e seu povo. – O perdão de pecados pertence apenas ao povo de Deus, portanto não está disponível a ninguém que não esteja em um relacionamento correto com Deus por meio de Jesus Cristo. – Quem recebe um evangelho equivocado é programado para descansar espiritualmente, seguro do fato de que está livre para pecar porque Deus sempre perdoa os seus pecados. As nossas Igrejas estão cheias de crentes acomodados com o pecado. – Se Cristo nos livrou do poder do pecado, não devemos permanecer no pecado para que a graça abunde. Quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo. (I Jo 3.8) DOIS GRANDES LIVRAMENTOS A idéia de salvação é livramento, libertação. Noé foi salvo do dilúvio, Ló do fogo e enxofre de Sodoma e o povo de Deus da escravidão no Egito. 46 O Êxodo é o padrão da obra salvífica de Deus. A Páscoa seu memorial. Por este motivo, Jesus fez coincidir sua morte com isso. Moisés e Elias discutiram isso com Jesus, o Êxodo que ele havia de cumprir em Jerusalém. Enquanto ele orava, mudou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa tornou-se branca e resplandecente. E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória, e falavam da sua partida que estava para cumprir-se em Jerusalém. (Lc 9.29-31) Por trás da palavra “partida” está escondida o grego “êxodo”, e embutido nesta palavra está todo o conceito teológico da obra de Jesus. JESUS VEIO COMO LIBERTADOR DO POVO DE DEUS, E EFETUOU DOIS GRANDES LIVRAMENTOS. 1) LIVRAMENTO: Livramento da Ira de Deus Em qualquer tratamento da salvação, somos antes criminosos que vítimas. Por isso a importância do sangue do cordeiro pascal como meio de evitar a ira de Deus. Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. (Rm 5.9) – O episódio do sangue nos umbrais das portas para escapar da ira de Deus. – Percebemos que Deus havia de libertar seu povo da escravidão, mas ai daquele que não aceitava ser liberto. Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma expectação terrível de juízo, e um ardor de fogo que há de devorar os adversários. (Hb 10.26-27) 2) LIVRAMENTO: Do reino das Trevas O povo não foi liberto apenas da escravidão no Egito, foi liberto do próprio império egípcio! Este é o retrato da nossa salvação: Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor. (Cl 1.13) Faraó tentou em vão impedir a saída do povo de Deus, mas o povo atravessou em segurança e Deus enterrou os inimigos no mar. Séculos depois, o Filho de Deus invadiu o reino das Trevas, noticiando: Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18). Expulsou os demônios e estendeu seus braços sobre a cruz do Calvário, abrindo uma passagem para sairmos do império das Trevas. Crucificado em fraqueza, mas ressuscitado em poder. Hoje ele vive eternamente para fazer intercessão pelo seu povo e tem nas mãos as chaves da morte e do inferno (Ap 1.18). 3) DOIS GRANDES PROBLEMAS Uma vez salvo, o cristão precisa enfrentar dois grandes problemas: a tendência ao legalismo e a tendência ao antinomianismo. LEGALISMO O legalismo leva o crente a pensar que a sua situação espiritual não é tão séria assim. Ele age querendo se justificar diante de Deus, em vez de perceber que precisa da justiça de Deus. Pois todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como o vento, nos arrebatam. (Is 64.6) Características do legalista – Confia em si mesmo – Considera-se justo – Despreza os outros – Gosta de orar, mas faz da mesma um exercício de orgulho – Reclama dos pecados dos outros – Enaltece-se a si mesmo ANTINOMIANISMO Significa o oposto do legalismo. Na reação contra o legalismo, o antinomianismo é uma ameaça real. Ao invés do nada pode entra o tudo pode! Salvos pela graça, há sempre o perigo de desprezar a 47 importância de uma conformidade com a lei de Deus. Veja o que Paulo escreveu contra o antinomianismo: Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? (Rm 6.1). E ele mesmo responde que o cristão: Não pode: porque está unido com Cristo (6.1-2). Paulo está raciocinando. Não precisa: porque o domínio do pecado foi quebrado pela graça (6.12-14). Paulo está apelando. Não permite: porque irá readmitir o pecado como mestre (6.15-19). Paulo está comandando. Não persista: (no pecado) porque irá acabar em desastre (6.20-23). Paulo está advertindo. Deus não nos ajuda de acordo com nossos méritos, e sim de acordo com as nossas necessidades. – Debaixo da lei, o povo precisava merecer o favor de Deus. – Debaixo da graça, Deus vem ao encontro das nossas carências, principalmente nossa carência moral e ética. CONCLUSÃO Vimos aqui a natureza da salvação. Descobrimos dois equívocos em relação à ênfase teológica da mesma: 1º. Que a salvação é um ato de libertação. 2º. Que o perdão de pecados visa à manutenção da nossa salvação. Os dois livramentos de que trata a salvação são: 1º. Livramento da Ira de Deus. 2º. Livramento do reino das trevas. Finalmente, consideramos os dois grandes problemas associados à vida cristã: Legalismo e Antinomianismo. Nas aulas anteriores descobrimos que salvação é muito mais do que o perdão de pecados. Jesus quis destacar o aspecto de libertação, muito mais que perdão. Por esse motivo ele coordenou sua morte com a Páscoa ao invés da expiação. A DOUTRINA DA ELEIÇÃO É a doutrina mais polêmica da Teologia Sistemática. Seus conceitos são: (Rm 8.28-31) – Preordenação: segundo o seu propósito. – Presciência: de antemão conheceu. – Predestinação: predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho. – Convocação: a esses também chamou. – Justificação: a esses também justificou. – Preservação: a esses também glorificou. ADMITINDO A POLÊMICA A Bíblia revela muitas verdades que aparentemente se contradizem, mas que na verdade, se complementam. Devemos considerar como diz Paulo em Rm 11.22, a bondade e a severidade de Deus. PREORDENAÇÃO A grande questão é se a salvação é providenciada para: – Todos – Alguns que Deus decidiu salvar – Todos aqueles que crêem Na eleição, Deus decidiu salvar aqueles que aceitarem seu Filho e a salvação oferecida. Na predestinação, Ele determinou eficazmente cumprir esse propósito. (Thiessen) PRESCIÊNCIA Calvino cria que Deus relacionou-se com alguns desde a eternidade, e Armínio que Deus sabia desde a eternidade quem iria responder positivamente ao Evangelho. PREDESTINAÇÃO A polêmica tem vários aspectos. – Se a predestinação é para salvação ou para ministério. (servo do Senhor) 48 – Se a predestinação é individual ou geral. (João e Maria predestinados p/ serem salvos, mesmo que não queiram?) – Se a predestinação é dupla ou simples. 1) Dupla: uns foram predestinados p/ a vida eterna e outros p/ a perdição eterna. 2) Simples: alguns predestinados p/ a vida eterna e os demais abandonados à justiça de Deus e ao castigo de seus pecados. CONVOCAÇÃO – A chamada é para salvação ou para serviço. – A chamada é resistível ou irresistível? – Justificação: A fé é proveniente de uma resposta positiva do homem, ou é um dom de Deus? – Preservação: Deus garante a glorificação dos eleitos a despeito de qualquer coisa que fizerem, ou a glorificação depende da obediência individual? UMA DOUTRINA POSITIVA A doutrina da eleição é polêmica, mas positiva: Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Rm 8.28) As duas orientações principais do cristianismo são o calvinismo, que destaca a soberania de Deus, e o arminianismo, que destaca a soberania do homem. DEMONSTRADA PELA INTERFACE DO AMOR Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou. (Rm 8.37) Nós temos desvinculado a doutrina da eleição do amor de Deus. Ao contrário, a ênfase tem sido a justiça e a soberania de Deus. Observemos o papel do amor na eleição: O texto de Rm 8.28 destaca o amor para Deus, enquanto que Rm 8.37 destaca o amor de Deus. O que descobrimos é que a verdade Bíblica, de um lado nos empurra a soberania de Deus, e do outro à responsabilidade humana. UMA DOUTRINA PRAGMÁTICA: A doutrina da eleição nos conduz para a história de Israel em Rm 9.11. Lá descobrimos que: – Israel foi eleito para receber os privilégios. (Rm 9.4-5) – A eleição não sobrepujou a sua vontade como nação. (Rm 10.21) – Apenas um remanescente aproveitará as bênçãos da eleição. (Rm 11.5) – A eleição não é uma garantia incondicional de salvação. (Rm 11.22) CONCLUSÃO Esta é uma doutrina controvertida e que gera muita polêmica. Paulo destaca o amor para Deus, e depois que fomos amados por Deus. MEDITAÇÃO FINAL – Os eleitos serão tentados, mas não enganados por falsos milagres. (Mt 24.24) – Deus não recebe acusações contra os seus eleitos. (Rm 8.33) – Os eleitos não andam nus. (Cl 3.12) – O obreiro deve estar disposto a sofrer por causa dos eleitos. (II Tm 2.10) – Somos eleitos. (I Pe 1.2) – Com Cristo os eleitos vencerão o inimigo. (Ap 17.14) CONVERSÃO Uma mudança não só de aparência, mas de substância, é uma mudança interna e não externa. A NECESSIDADE DE CONVERSÃO A mensagem da Bíblia é que todos precisam se converter e que ninguém se converte sem arrependimento e fé. ARREPENDIMENTO O verbo grego é padrão. (meta,noian) que significa mudança de mente, pensamento, conceito ou 49 Podemos afirmar que o arrependimento faz parte da vontade de Deus. Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. (2ª Pedro 3:9) DUAS FACES DO ARREPENDIMENTO Negativamente é uma insatisfação com a conduta anterior. Não é simplesmente uma insatisfação com o resultado da conduta anterior porque isso seria apenas remorso. Positivamente envolve uma decisão de não continuar errado. Implica necessariamente em autohumilhação. Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. (Lc 15: 18-19) O arrependimento tem três elementos: O elemento intelectual, o elemento emocional e o elemento volitivo. OS MEIOS DE ARREPENDIMENTO De um lado o arrependimento é uma obra de Deus (At 11:18). Do outro lado somos seus agentes de arrependimento mediante a pregação do Evangelho. Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. (At 2:38) Vejamos várias causas do arrependimento: Milagres (Mt 11.21), a pregação (Mt 12.41), a disciplina (2ª Tm 2.25), a bondade de Deus (Rm 2.4), a correção do Senhor (Ap 3.19) e uma nova visão de Deus (Jó 42.506). VOCÊ E O ARREPENDIMENTO (Salmo 51) Você se arrependeu quando passou a estar disposto a: – Compensar o prejuízo – Viver uma vida mais nobre – Romper com as amizades prejudiciais – Estar chocado com a sua própria passividade e perceber os resultados desastrosos – Ter saudade de quem te corrige – Zelar para ver as coisas endireitadas O PAPEL DA FÉ NA CONVERSÃO De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam. (Hb 11.6) O LADO INTELECTUAL DA FÉ Existem três tipos de fé: Fé lógica, fé soteriológica e fé pneumatológica. – A fé lógica é aquela baseada na experiência humana: entrar em um elevador, pegar um ônibus, usar um telefone, etc. – A fé soteriológica é aquela que viabiliza a salvação. Ela é dom de Deus, mas está disponível a todos. – A fé pneumatológica é a fé distribuída pelo Espírito Santo como dom espiritual. Nem todos têm acesso a esse dom. O LADO EMOCIONAL DA FÉ Ela é uma certeza que invade o coração e expulsa o desânimo. (1º Sm 17.45) O LADO VOLITIVO DA FÉ A fé nunca é passiva. Pela fé Jesus estendeu seus braços sobre a cruz e as portas do inferno ruíram. Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta. (Tg 2.26) 50 A REGENERAÇÃO É o lado divino da conversão. Ela produz a nova vida que buscamos no processo de arrependimento. Não há nada que o homem possa fazer para se regenerar, mas, quando o pecador se arrepende dos seus pecados, quando ele crê no Evangelho, quando ele se converte dos seus maus caminhos e busca a Deus, ai é que entra a regeneração. O NOVO NASCIMENTO PRODUZ UMA NOVA VIDA A Bíblia ensina que uma vez nascida de novo, a pessoa muda por completo. Baseado na história de Nicodemos pode afirmar ser possível o homem ser um respeitado membro da igreja sem ter nascido de novo. Algumas características básicas dos regenerados: Vence a tentação: Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus (1ª Jo 3.9). Ama a Deus, a seus irmãos, a seus inimigos, a Palavra de Deus, etc.: Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. (1ª Jo 4.8) Busca as coisas do alto: Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. (Cl 3.1) AGENTES DA REGENERAÇÃO A vontade de Deus Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. (Jo 1.13) A obra de Cristo Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele. (1ª Jo 2.29) A Palavra de Deus Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. (1ª Pe 1.23) Os ministros da Palavra Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus. (1ª Co 4.15) O Espírito Santo Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, (Tt 3.5) A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO AS VERDADES BÁSICAS DA JUSTIFICAÇÃO – Justificação é uma decisão judicial que Deus tomou desde a eternidade quando planejou a nossa redenção. – Somos justificados dos nossos pecados uma única vez, quando rompemos nossa solidariedade com Adão em favor de Jesus Cristo. – Pela justificação todo novo cristão é isento de toda a culpa de todos os pecados cometidos antes da sua conversão a Cristo. – Todos os cristãos foram igualmente justificados em Cristo. – Pecados cometidos quando somos cristãos não são justificáveis. NOSSA SITUAÇÃO ANTES DA NOSSA CONVERSÃO A CRISTO Quem não está em Cristo, vive debaixo da ira de Deus e já está julgado: Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus (Jo 3.18). O princípio do julgamento: Cada um segundo o seu procedimento: ...que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento (Rm 2.6). O padrão do julgamento: A lei de Deus ou a consciência de quem não tem a lei. (Rm 2.12-15). As provas do julgamento: 51 Os segredos dos homens: ...no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, há de julgar os segredos dos homens, segundo o meu evangelho (Rm 2.16). O problema do julgamento: Ninguém será justificado pela lei (Rm 3.20). A JUSTIFICAÇÃO DOS ARREPENDIDOS: SUA BASE BÍBLICA O fundamento da justificação: A graça de Deus Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus (Rm 3.24). A base da justificação: A morte de Jesus Cristo Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira (Rm 5.9). COMO É POSSÍVEL PARA DEUS JUSTIFICAR OS ÍMPIOS SEM PERVERTER A SUA JUSTIÇA? A justiça de Deus x A graça de Deus Ninguém pode se justificar diante de Deus, porque todos são pecadores. São dois os motivos para nossa absolvição no tribunal de Deus: 1. Nosso relacionamento com adão Somos pecadores porque pecamos, ou pecamos porque somos pecadores? A evidência bíblica sugere o último caso: Pecamos porque somos pecadores! – Assim como o cachorro late porque é cachorro, o ser humano peca porque é pecador. – Assim como ninguém precisa ensinar o cachorro a latir, ninguém precisa ensinar o ser humano a pecar. É uma questão de natureza! Tal não era o caso com Adão e Eva. – Enquanto Adão começou a sua vida com uma natureza pura, nós começamos com uma natureza impura, caída, depravada. Deus nos justifica com base na nossa total impossibilidade de fazê-lo. 2. O nosso relacionamento com Cristo Jesus Cristo, o último Adão entrou neste mundo sem a deficiência de uma natureza pecaminosa e viveu toda a sua vida retamente diante de Deus e dos homens. Baseado neste fato, Deus se predispõe a absolver todos os pecadores de todos os seus pecados oriundos do seu relacionamento doentio com Adão. A prova seria a sinceridade da pessoa quando esta diz não concordar com a rebelião de Adão. Damos evidência dessa sinceridade quando revogamos oficial e publicamente, a procuração que Adão exerceu ilicitamente em nosso nome (arrependimento). – É como se uma pessoa publicasse no Diário Oficial não ser responsável, a partir daquele momento, por dívidas contraídas em seu nome por outra pessoa. A nossa justificação depende da nossa decisão de rejeitarmos a nossa filiação com Adão e buscarmos filiação em Jesus, o último Adão. Deus nos justifica dos velhos pecados e nos dá uma nova natureza. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que tudo se fez novo (II Co 5.17). JUSTIFICAÇÃO NOS ESCRITOS DE PAULO Para Paulo justificação é o ato fundamental de benção da parte de Deus porque ela nos salva do passado e nos assegura do futuro. – De um lado significa o cancelamento das nossas dívidas contraídas em Adão. – Do outro, significa aceitação, uma nova filiação, e uma herança em Cristo. (Rm 8.31-35) A importância da fé Não é a fé que providencia a justificação, mas é a fé que alcança a promessa desta justificação. Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça (Rm 4.3) Enquanto Paulo salienta a importância da fé como meio de alcançar a justificação, Tiago enfatiza que essa fé precisa produzir frutos coerentes na vida da pessoa, ou seja, obras dignas de um justificado. 52 CONCLUSÃO Quando Deus perdoa nossos pecados, o pecado consta como uma culpa real, mas Deus nos livra do castigo do mesmo. Na justificação, Deus declara que somos justos. As ofensas são canceladas, e recebemos uma certidão de Nada Consta. SANTIFICAÇÃO Definição: A terminologia bíblica nos aponta duas direções. Exclusividade e pureza. Exclusividade Alguma coisa é tida como santa quando é dedicada a um uso restrito, ou seja, é separada para determinado fim. Ex: Os utensílios do culto no AT foram santificados. Eram iguais aos utensílios usados pelos israelitas em casa. A diferença é que foram separados para o uso exclusivo no culto. Ungirás também o altar do holocausto, e todos os seus utensílios, e santificarás o altar; e o altar será santíssimo. (Ex 40.10) Tanto o altar como os utensílios foram ungidos para demonstrar exclusividade. Pureza: É uma introdução à natureza moral implícita na santificação humana. Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração; que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. (Sl 24.3-4) Percebeu a ligação entre santo lugar com mãos limpas e pureza de coração? O que não é santificação – A santidade não nos converte em anjos, mas nos faz plenamente humanos. – As vestes e costumes não têm nenhum poder contra a sensualidade. – A santidade não elimina a nossa sexualidade. Foi Deus, não o diabo quem inventou o sexo. – Uma pessoa santificada não é uma pessoa assexuada. Digno de Honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros. (Hb 13.4) Santificação definida positivamente Santificação tem tudo a ver com saúde, separação e serviço. O modelo da nossa santificação é Jesus e não João Batista. Porquanto veio João, o Batista, não comendo pão nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. (Lc 7.33-34) A santificação é evidenciada não por costumes diferentes, mas por uma qualidade de vida diferente. Santificação: uma perspectiva objetiva e subjetiva Perspectiva objetiva: Segundo o conceito bíblico do AT, todos os animais eram ou animais limpos, ou animais imundos. Assim como o porco sempre será um animal imundo e a ovelha um animal limpo, um cristão regenerado é sempre santificado e um não cristão é sempre profano. - Santificação objetiva é aquela que depende da natureza. Perspectiva subjetiva: O que dizer se a ovelha cair num lamaçal ou alguém der um banho no porco? Teremos um animal limpo que é imundo, e um animal imundo que é limpo. Da mesma forma algumas pessoas salvas estão sujas, enquanto outras pessoas perdidas estão limpas. ...à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados¹ em Cristo Jesus, chamados para serem santos², com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso. (I Co 1.2) 1. Aos santificados: aqueles que estão em Cristo (santificação objetiva). 2. Chamados para ser santos: pesa sobre eles a obrigação de manter-se limpos (santificação subjetiva). 53 Santificação externa: A que pode ser vista nas doutrinas de usos e costumes. A ênfase é sobre cabelo, roupa, comportamento. Os fariseus estavam preocupados com essas coisas. Santificação interna: Diferentemente dos fariseus, Jesus estava pouco preocupado com as coisas externas, e sim com as internas. - A santificação interna é aquela que é operada dentro de nós pelo Espírito Santo, a Palavra de Deus e a presença de Cristo. Santificação: uma realidade imediata e progressiva Quando é que a santificação ocorre? Na igreja de Corinto havia todo tipo de pecado: Divisões, imoralidade, litígio, glutonaria e bebedeiras e ainda falsa doutrina. Mas eles foram santificados, como explicar isso? Santificação: Uma parceria divina e humana Uma parceria humana: O cristão precisa assumir responsabilidade para sua vida e fazer progresso na santificação. Do outro lado, relembramos a experiência de Paulo em Romanos 7 onde ele encarou sua própria falência espiritual. Uma obra divina: A idéia e o desenho da arca eram divinos. Deus poderia ter criado a arca com uma simples palavra, mas não o fez. Noé, de posse da revelação de Deus, começou a trabalhar. UNIÃO COM CRISTO Salvação não é apenas questão de uma obra de cristo, mas também de um relacionamento vital com ele. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. (1Co 15.22) REPRESENTAÇÕES FIGURATIVAS DA NOSSA UNIÃO COM CRISTO: A união do edifício e seu alicerce Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito. (Ef 2.20-22) A união entre o marido e a esposa Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo. (2Co 11.2) A união da figueira e seus ramos Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. (Jo 15.5) União entre os membros e a cabeça do corpo Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. (1Co 6.15) DECLARAÇÕES DIRETAS ACERCA DESSA UNIÃO O crente está em Cristo Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça. (Rm 8.9-10) O crente tem vida através de sua união com Cristo Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá. (Jo 6.56-57) O Pai e o Filho habitam no crente 54 Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. (Jo 14.23) Conseqüências desta união com cristo Efetua uma mudança na afeição dominante da alma. Faz com que a pessoa se torne uma nova criatura no sentido de que as tendências dominantes que eram pecaminosas se transformem em tendências santificadoras. Esta mudança é chamada REGENERAÇÃO. Efetua um novo exercício dos poderes da alma em arrependimento e fé. A esta ação chamamos CONVERSÃO. É o lado humano da regeneração. A união com Cristo traz ao crente uma nova posição legal. O crente recebe a posição legal de cristo. Esta nova posição é o resultado da JUSTIFICAÇÃO. Garante ao crente um acesso contínuo ao poder transformador da vida de Cristo. O efeito deste poder é chamado SANTIFICAÇÃO, que é o lado humano da perseverança. O processo da nossa união com Cristo Etapas ou elementos da nossa união com Cristo: Mortos Sepultados Ressuscitados Transformados União com Cristo e a segurança de salvação. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. (Jo 10.28) Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? (Is 43.13) Saímos de Cristo apenas por meio da apostasia mediante a qual renunciamos a Cristo como nosso Salvador e Mediador. O Pecado: – O pecado envergonha o nome de Jesus. – Traz escândalo sobre a Igreja e o Evangelho. – Abre o caminho para a apostasia. FIM 55 PNEUMATOLOGIA (A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO) 56 A NATUREZA E PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO Cultuamos o Espírito Santo como a 3ª pessoa da Trindade. O Espírito Santo também tem três características de personalidade: intelecto, sentimento e volição. Ele pensa: E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos (Rm 8:27). Ele sente: Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles (Is 63:10). Ele escolhe: Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente (1Co 12:111). No Novo Testamento ele é apresentado como a influência materna da trindade. Na sua exaltação de Maria como mãe de Deus, o catolicismo romano parece registrar uma grande carência no seu conceito de Deus. “Santa Maria, mãe de Deus rogai por nós, pecadores...” Ações contra o Espírito Santo É possível entristecer o Espírito Santo (Ef 4:30), resistir ao Espírito Santo (At 7:51), blasfemar contra o Espírito Santo (Mt 12:31-32) e extinguir o Espírito Santo (1Ts 5:19). Seria estranho caso o Espírito Santo fosse uma influência e não uma pessoa. A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO Atributos de Deus evidenciados no Espírito Santo Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus (1co 2:11). Sua igualdade com Deus Pai e o Filho Os convertidos são batizados em seu nome. Os crentes são abençoados por ele. Junto com o Pai e o Filho tem uma posição de destaque único na igreja. Comissão apostólica: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; (Mt 28:19) Benção apostólica: A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós. (2 Co 13:13) Administração na igreja: Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. (Ef 4:4-6) OS SÍMBOLOS DO ESP. SANTO Cuidado com os excessos na simbologia. Ex.: Espírito = água; fogo: (Noé na arca; o lago de fogo; etc) A identidade do símbolo e a coisa simbolizada não se confundem. Ex.: “nosso Deus é fogo consumidor” (Hb 12:29), mas fogo consumidor não é nosso Deus. Quantas mensagens são pregadas sobre a necessidade de ser batizado com fogo? Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A sua pá, ele a tem na mão e limpará 57 completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível. (Mt 3:10-12) Fogo, vento, água e o óleo ou azeite o óleo é considerado símbolo do Espírito Santo porque era usado em alguns rituais do Antigo Testamento. Outro símbolo é o selo. Paulo diz que “fomos selados com o Espírito Santo da promessa”. Até hoje o selo continua sendo evidência de propriedade, legitimidade, autoridade. A pomba foi evidente no batismo de Jesus. O MINISTÉRIO PÚBLICO DE JESUS Inicialmente o Espírito Santo o conduziu ao deserto para ser provado pelo diabo (MT 4:1-10). Jesus, cheio do Espírito Santo (Lc 1:4) venceu todas as tentações, usando a espada do Espírito, a Palavra de Deus (Hb 4:12). O mesmo Espírito lhe deu força para consumar o seu sacrifício na cruz, onde “pelo Espírito Eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus” (Hb 9:14) O Espírito foi o agente vivificador na ressurreição de Cristo e o será também na nossa. O FUNCIONAMENTO DO CORPO DE CRISTO Romanos capítulo 12: Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada. Se: 1) Profecia seja segundo a proporção da fé. 2) Se ministério, dediquemo-nos ao ministério. (Lc 3:23) 3) O que ensina, esmere-se no fazê-lo 4) O que exorta, faça-o com dedicação. (Fp 2:1-2) 5) O que contribui, com liberalidade (IICo 8:9) 6) Preside, com diligência = cuidado ativo; zelo(Hb 2:7-9) 7) O que exerce misericórdia, com alegria (Mt 9:13) 1ª Coríntios capítulo 12: Porque a um é dada, mediante o Espírito: 1) A palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, 2) A palavra do conhecimento; 3) A fé; 4) Dons de curar; a outro, (Mt 8:1-3) 5) Operações de milagres; a outro, 6) Profecia; a outro, 7) Discernimento de espíritos 8) Variedade de línguas e capacidade para interpretá-las. DONS MINISTERIAIS: E ele mesmo concedeu uns para (Ef 4:11-12): 1) Apóstolos 4) Pastores 2) Profetas 5) Mestres 3) Evangelistas O PORQUÊ DOS DONS ESPIRITUAIS 1) Cumprir o ministério de Cristo aqui na terra Como Corpo de Cristo, devemos manifestar a vida e o ministério de Cristo ao mundo! 2) Edificar a igreja E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, (Ef 4:11-12) Sem os dons espirituais: Os santos não serão aperfeiçoados para o desempenho do seu ministério. O Corpo de Cristo não será edificado. Não chegaremos à unidade da fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus. Não alcançaremos a perfeita varonilidade e a estatura da plenitude de Cristo. 58 O PERIGO DOS DONS ESPIRITUAIS 1) Uma fonte de tentação Os dons na vida de Jesus tornaram-se uma fonte de tentação. Ele tinha poder para transformar pedras em pães. Orgulho espiritual é uma das primeiras tentações a serem vencidas quando o poder de Deus opera no ministério. 2) Uma fonte de ilusão Servir a Deus sem submeter-se a Deus. Charlatanismo. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO EM 1ª CORÍNTIOS 12 Para fins de estudo, divide-se os nove dons do Espírito Santo em três grupos: – Dons de revelação, Dons de poder e Dons de locução. DONS DE REVELAÇÃO: O Poder de Conhecer Não existe o dom de revelação, mas um conjunto de três dons que providenciam esta revelação: A Palavra de Conhecimento, a Palavra de Sabedoria e o Discernimento de Espíritos. a) A Palavra de Conhecimento Não se trata de um conhecimento conduzido pela pesquisa ou raciocínio humano, mas uma expressão reveladora da parte de Deus. É uma concessão de um conhecimento que só pode ser adquirido de forma sobrenatural, em ocasiões também específicas. Pela Palavra de Conhecimento, o profeta Eliseu revelou a esperteza e o engano de Geazi (2 Rs 5:20-27). b) A Palavra de Sabedoria Não depende da capacidade humana. É uma palavra utilizada para uma situação ou ocasião específica. Por meio dela, o Espírito Santo capacita a pessoa a aplicar a Palavra de Deus de forma adequada, como no caso da decisão da Igreja de Jerusalém no tocante à participação de gentios e judeus no culto em Antioquia (At 15:28). c) Discernimento de Espíritos Por meio deste dom, Deus dá à Igreja os critérios para que esta saiba que tipo de manifestação espiritual – divina ou satânica – está ocorrendo. O apóstolo João ordena: “Não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus” (1Jo 4:1). Este dom capacita o possuidor a enxergar além das aparências exteriores e conhecer a verdadeira natureza da inspiração. DONS DE PODER: Fé, Dons de Curar, Operação de Milagres. a) O Dom da Fé Há três tipos de Fé: 1º. Fé inicial que é a fé para Salvação 2º. Fé contínua que diz respeito à fidelidade. – É o resultado da salvação e da união com Cristo. Não se trata da fé para a salvação, e sim de uma certeza sobrenatural de que Deus revelará o seu poder em uma determinada situação. É o primeiro dos dons de Poder. b) Dons de curar Também observamos três tipos de cura: 1º. Cura natural: Operada através de dietas, medicamentos, cirurgias, etc. 2º. Cura diabólica: Quem nunca ouviu falar do espírito do Dr. Fritz, ou de Zé Arigó? 3º. Cura divina ou dons de curar: Deus se preocupa com nossa vida espiritual, e com nossa existência física também, e a obra do Esp. Santo inclui a capacidade sobrenatural de curar o corpo dos males advindos do pecado. Para as diversas doenças existentes, Deus dá dons de curar. c) Operação de milagres (maravilhas) É um evento ou efeito no mundo físico que ultrapassa as conhecidas leis da natureza ou transcende o nosso conhecimento delas. Tudo isso mediante a manifestação do poder do Espírito de Deus, através de pessoas comuns. Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai. (Mt 10:8) 59 DONS DE LOCUÇÃO: Profecia, outras línguas e interpretação. Crentes pentecostais: Ignoram ou recusam se conformar às regras bíblicas da manifestação pública de profecias e do falar em outras línguas. Crentes tradicionais: devido aos excessos comuns, proíbem todas essas manifestações. O mandamento bíblico: “Tudo, porém, seja feito com decência e ordem”. (I Co 14:40) b) O Dom da Profecia A função primária deste dom não é dizer o que acontecerá no futuro, e sim transmitir uma mensagem de Deus de forma inteligível. A profecia Edifica, Exorta e Consola a igreja. Três possíveis fontes de profecia: 1. O espírito humano 2. Influência demoníaca 3. O Espírito Santo c) O Dom de falar em outras línguas Refere-se à capacidade de falar línguas antes não conhecidas, sejam elas humanas ou não. Paulo não considerou o falar em línguas uma experiência negativa, nem as línguas uma linguagem desarticulada e sem nexo, pois quando oramos em línguas, somos edificados e nosso espírito ora bem (1Co 14:2). d) Interpretação de Línguas A interpretação é a transmissão de um significado ou conteúdo essencial para outra língua. Este dom, que pode ser dado a quem fala em línguas ou não, serve para traduzir, e por ser sobrenatural, indica que se trata da tradução de uma linguagem que o intérprete desconhece. O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO NO CRENTE Consideramos o ministério do espírito santo no crente a partir do contexto da igreja. O espírito opera na comunidade dos santos e não apenas no indivíduo. O derramamento do Espírito Veio sobre cristo para que ele o derramasse sobre todos os cristãos. (Jo 1.33) O cumprimento da promessa e o nascimento da igreja Aconteceu no dia de pentecostes, uma festa do Antigo Testamento comemorada cinqüenta dias depois da páscoa. Primeiro havia a festa da páscoa, comemorando a libertação de Israel do Egito na noite da morte dos primogênitos. É um tipo da morte de cristo, o cordeiro de deus, cujo sangue nos protege do juízo de Deus. No sábado após a noite pascal um molho de cevada era cortado pelos sacerdotes e oferecidos perante o Senhor como as primícias da colheita. Isto é um tipo das “primícias dos que dormem” (Ico 15.20). Jesus, sendo as primícias, é a garantia de que todos os que crêem nele o seguirão na ressurreição para a vida eterna. Quarenta e nove dias devia se contar desde a oferta desse molho movido, e no qüinquagésimo dia, o pentecostes, dois pães (os primeiros pães feitos da nova colheita de trigo) eram movidos diante do Senhor em reconhecimento do seu domínio sobre o mundo. Depois disso, outros pães podiam ser assados e comidos. – As 120 pessoas no cenáculo eram as primícias da igreja cristã, oferecidas perante o senhor pelo Espírito Santo, cinqüenta dias depois da ressurreição de Jesus. Era o primogênito dos milhares de igrejas que, desde então surgiram. A evidência da glorificação de cristo A descida do Espírito Santo foi o anúncio da chegada de Jesus à destra do pai. A consumação da obra de cristo O êxodo se consumou inqüenta dias mais tarde, quando no Sinai, Israel foi organizado como povo de Deus. Da mesma maneira, a expiação foi consumada no dia de pentecostes, quando o derramamento do espírito foi um sinal de que o sacrifício de Jesus foi aceito no céu. A unção da igreja Assim como o batismo de Jesus foi seguido do seu ministério na Galiléia, o batismo da igreja foi a preparação para um ministério mundial. Habitação na igreja 60 Depois da organização de Israel no Sinai, Jeová desceu para morar no meio deles, sendo sua presença localizada no tabernáculo. No dia de pentecostes o Espírito desceu para morar na igreja, sendo sua presença localizada no corpo dos crentes. O ministério do Espírito Santo no crente O Espírito vem habitar no crente para ministrar-lhe pessoalmente. 1) O Espírito Santo é Deus - “não mentiste aos homens, mas a Deus”. (At 5.3-4) 2) O dom do Espírito Santo - O Espírito Santo é o dom de Deus a todos os crentes. Quando alguém crê em Jesus e recebe a salvação, o Espírito passa a viver no crente, transmitindo-lhe vida espiritual. 3) Ele torna real ao crente a sua posição em cristo. - E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. (Gl 4.6) 4) Ele ensina. (Jo 14.26) 5) Ele guia (Rm 8.14) 6) Ajuda-nos a viver uma vida agradável a Deus (santificação). - Digo, porém: andai no Espírito, e não satisfareis a vontade da carne. (Gl 5.16) 7) Ajuda-nos na oração. 8) Vivifica nossos corpos (Rm 8.11). 9) Testifica que Jesus está vivo. (At 5.30-32) 10) Ele glorifica a Jesus. A necessidade de o crente encher-se do Espírito Santo Deus quer encher e batizar o crente com o espírito santo para capacitá-lo a servir e a glorificar a Deus no mundo. O encher-se do Espírito é condição para uma vida reta e pura. Como encher-se do Espírito a) Apresentar o nosso corpo a Deus como instrumento vivo para a realização da sua vontade. (Rm 6.13) b) Confiança na promessa de Deus em relação ao Espírito Santo é a segunda condição positiva para o crente ficar cheio do Espírito. (Jo 7.37-39) c) Oração é a terceira condição para ficarmos cheios do espírito. Não é pedir a Deus que dê o Espírito Santo, porque ele já está conosco e habita em nós. Mas para que sejam removidas as dificuldades para que deixemos o Espírito penetrar livremente no coração para purificá-lo. FIM 61 ESCATOLOGIA (A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS) 62 A BÍBLIA É UM LIVRO HISTÓRICO, DOUTRINÁRIO E PROFÉTICO. O ESTUDO DE APOCALIPSE ABRANGE ESTAS TRÊS ÁREAS: 1) O ASPECTO HISTÓRICO O mundo já conheceu seis impérios: o Egípcio, o Assírio, o Babilônico, o Medo-persa, o Grego e por fim o Romano. Todos estiveram diretamente envolvidos com Israel, o Povo de Deus. O Egito tornou-se uma grande nação por causa de José, Filho de Jacó, e foi destruído quando perseguia Israel no mar vermelho (Gênesis 39:1-2; Êxodo 14:26-28). O império Babilônico foi levantado para castigar Israel através de Nabucodonosor. Foi destruído quando Belsazar abusou do Senhor, bebendo vinho nos jarros santos, que seu pai havia tirado do templo em Jerusalém (2º Reis 25:8-10;Daniel 5:1-4). O império Assírio foi derrubado por Deus quando Senaqueribe cercou Jerusalém e zombou do Senhor (2º Reis 18:19). O Império Medo-Persa, este intimamente relacionado ao povo judeu, conforme registram os livros de Neemias, Esdras e Ester, escritos nesta época. O Império Grego e sua queda foram vaticinados por Daniel no capítulo 8:5, 16 e 21, onde é feita uma alusão a Alexandre, o Grande, como o Bode Peludo que destruiria o império Medo-Persa. Este império foi destruído quando um dos quatro reis, sucessores de Alexandre (Daniel 8:23-24), que eram seus generais, chamados Ptolomeu, Seleuco, Antípater e Filétero, invadiu Jerusalém e sacrificou uma porca no altar, zombando de Deus e dedicando o templo à Júpiter Olímpico (Daniel 8:11). Jesus nasceu durante o império Romano, profetizado por Daniel como o quarto reino que se levantaria após o Babilônico (Daniel 2:39-40). Daniel profetizou que o império Romano destruiria Jerusalém e o templo, após o messias ter sido tirado (Daniel 9:25-26; Lucas 21:5-6), o que Jesus confirmou. Isto aconteceu 70 anos depois de Cristo quando as legiões romanas cercaram Jerusalém e destruíram a cidade e o templo. Um terço dos judeus morreu dentro da cidade, outro terço foi crucificado ao redor da cidade e o último terço do povo foi espalhado entre todas as nações, conforme a profecia. (Ezequiel 5:12; Lucas 21:20). Todo o desenrolar da história está profetizado na Bíblia e tem o povo de Israel como centro dos acontecimentos. 1 - A profecia sobre a volta dos Judeus à terra prometida (Ezequiel 36:8-12; 37:21-23). 2 - Os conflitos entre Árabes e Judeus (Ezequiel 36:33-36). 3 - A possível guerra entre a Rússia e Israel (Ezequiel 39:1-9; 39:18-23). O último império que o mundo conhecerá será o do anticristo. Ele será destruído quando se levantar contra os Judeus, quando então eles olharão para quem traspassaram, Jesus (Zacarias 12:10). Então o Senhor voltará e toda a nação se converterá a Ele. 1 - A pessoa do anticristo (2º Tessalonicenses 2:3). 2 - Seu poder sobrenatural (2º Tessalonicenses 2:7-10; Apocalipse 17:11-15). APRESENTAMOS ABAIXO UM ESQUEMA DA HISTÓRIA UNIVERSAL: Antes dos tempos eternos Jesus é Deus. 1) Criou os céus e a terra. 2) Queda do Querubim. 3) Restauração da terra / Criação do homem. 4) Queda e promessa do Salvador. 5) Abraão – Israel – Profetas. 6) Jesus Cristo. 7) Tempo da Igreja na terra. 8) Arrebatamento. 63 9) Tribulação 3 ¹/² anos / Grande Tribulação 3 ¹/² anos. 10) Volta de Jesus / Armagedom. 11) Milênio – Jesus reinará na terra. 12) Ressurreição dos mortos e Juízo Final. 13) Novos céus e Nova terra. 14) Tempos eternos. O ASPECTO MORAL Ao sabermos que o Senhor breve virá para arrebatar a sua igreja, somos levados a preocupar com a nossa santificação. Jesus conta uma parábola sobre as dez virgens esperando a vinda do noivo, referindo-se à sua volta e ao arrebatamento da igreja. Numa parábola, cinco virgens não tinham azeite em suas lâmpadas, por isso não viram quando o noivo chegou e, como conseqüência não entraram nas bodas. O arrebatamento está para acontecer, quando a igreja do Senhor Jesus será tirada para não passar pela grande tribulação que virá sobre o mundo. Ele nos exorta a ficarmos alertas porque virá como um ladrão à noite naquele dia. Jesus virá para aqueles que O esperam. 1. O arrebatamento. Como será, quando será e quem subirá (1º Tessalonicenses 5:1-11; Marcos 13:28-37). 2. O arrebatamento será em um átomo de tempo. Primeiro os que dormem em Cristo ressuscitarão, depois nós, os que estivermos vivos, teremos nossos corpos transformados e subiremos para encontrar o Senhor, nos ares (1º Tessalonicenses 4:13-18). O ASPECTO PROFÉTICO (A PARTIR DE UMA VISÃO PRÉ MILENISTA) DIAGRAMA DO PRÉ-MILENISMO Daniel profetizou que, nos últimos dias, a ciência se multiplicaria. Estamos vendo isto acontecer (Daniel 12:4). Ezequiel profetizou que os judeus voltariam à terra prometida (Ezequiel 37:21-23). Depois de 1.900 anos espalhados pelo mundo, os Judeus retornaram em 1948 e lá estão até hoje, contra tudo e todos (Ezequiel 38:8). Após o arrebatamento, o anticristo virá e estabelecerá o seu reinado com a ajuda de dez nações e do Império Romano, que nunca caiu, pois até hoje Roma possui um César cujo poder é reconhecido no mundo inteiro: o próprio Papa (Apocalipse 17). Este Império durará sete anos, quando então Jesus voltará para destruir as forças satânicas. – O Império do anticristo - 7 anos. (Daniel 9:26-27). – A procedência do Império - visão de Nabucodonosor (Daniel 2:1-5; 2:31-34; 7:16-28). – A 1ª fase do reinado do anticristo - falsa paz (Daniel 9:27). – A aliança com as dez nações. (Apocalipse 17:3, 12-18). – A aliança com a grande prostituta (Apocalipse 13:7-9; 17:1-9). – A aliança com Israel e a reconstrução do templo (Daniel 9:25-27). – A 2ª fase do reinado do anticristo - dores (Apocalipse 9:1-12). – A guerra entre as dez nações (Daniel 2:42-43). 64 – – A destruição da grande prostituta (Apocalipse 17:15-17). A marca da besta e a tecnologia atual (Apocalipse 13:16-18). Cremos não haver dúvida de que a segunda vinda de Cristo se dará em duas fases: Arrebatamento da igreja, e manifestação da pessoa de Cristo em glória. Na primeira fase, o arrebatamento da igreja, Jesus virá para os seus. Não tocará os seus pés na terra, tampouco será visível ao mundo. Ele virá até às nuvens, onde receberá a sua igreja para que com ele adentre às mansões celestiais (1º Tessalonicenses 4:17). Já na segunda fase, a manifestação propriamente dita, sete anos após a primeira, Jesus virá com os seus. Nesse momento, sim, todo olho o verá, não como um Cristo abatido e humilhado, mas exaltado e triunfante (Zacarias 14:4). Esta é a volta do Senhor. A Batalha do Armagedom A palavra ARMAGEDOM significa monte de megido. Também conhecido como a planície de Jezreel. Nesse amplo e espaçoso lugar, os exércitos do anticristo estarão congregados para o ataque decisivo contra Jerusalém. Quando Jerusalém estiver cercada pelos exércitos do anticristo e aos Judeus não restar escape, então eles clamarão angustiados pelo auxílio de Deus. Nesta hora, darse-á a manifestação de Jesus, revestido com poder e glória (Isaias 52:8; Mateus 24:30). O triunfo de Jesus sobre os exércitos do anticristo será esmagador. Destruindo os exércitos hostis a Israel, o anticristo e o falso profeta serão lançados no lago de fogo e enxofre (Apocalipse 19:20). O Milênio Ao aprisionamento de Satanás, seguir-se-ão mil anos de paz e de governo perfeito sob o reinado do Senhor Jesus, assinalando o começo de uma nova dispensação (Apocalipse 20:6). Esse período não é o princípio de um mundo novo, mas o fim de um mundo antigo. O que o sábado judaico é para a semana, assim será o milênio para a era presente. Dois grupos de povos distintos tomarão parte no milênio: os crentes glorificados, consistindo dos santos do antigo e do novo testamento, da igreja triunfante, dos santos oriundos da grande tribulação; e os povos naturais, em estado físico normal, vivendo na terra, a saber, judeus salvos saídos da grande tribulação, gentios poupados no julgamento das nações e o povo nascido durante o milênio propriamente dito. No milênio, a igreja estará glorificada com Cristo na Jerusalém celestial. A igreja exercerá a coregência com Cristo durante esse período (Apocalipse 21:22-23). Revestidos de um corpo glorificado, os salvos estarão acima das limitações do tempo e do espaço sujeitos quando ainda em seus corpos mortais. Terão um corpo como o de Cristo Ressurreto, que se locomove sem obstáculos e sem barreiras. A própria terra passará por transformações que alterarão sensivelmente, para melhor, o seu clima e sua produtividade. Também os animais sofrerão mudança na sua natureza durante essa época áurea. A ferocidade deles será removida para dar lugar à docilidade. Não mais se atacarão, nem, representarão qualquer ameaça ao homem. (Isaias 65:25). Toda criação, afetada que foi pela queda do homem, de igual modo participará das bênçãos decorrentes do governo milenar de Cristo (Romanos 8:18-23). Terminado o milênio, Satanás será novamente solto por um breve espaço de tempo (Apocalipse 20:7). Esta soltura de Satanás servirá para: a) Provar às pessoas que nasceram durante o milênio; b) Demonstrar pela última vez quão pecaminosa é a natureza humana, e que o homem por sí mesmo jamais se salvará, mesmo sob as melhores condições; d) Demonstrar que o Diabo é completamente incorrigível. Satanás sairá para ajuntar as nações da terra para a batalha, mas será derrotado e lançado no lago de fogo e enxofre onde está a besta e o falso profeta (Apocalipse 20:8-10). Após este evento, será estabelecido o Juízo do grande trono branco, o Juízo Final. É nessa época que todos os ímpios mortos ressuscitarão para ouvir sua sentença final diante do trono de Deus. Até mesmo a morte e o inferno serão lançados no lago de fogo, a segunda morte. (Apocalipse 20:11-15). ISRAEL NA PERSPECTIVA PROFÉTICA São poucos os assuntos que cativam mais a imaginação do que estudos sobre Israel na perspectiva profética. Infelizmente, às vezes prevalece mais a imaginação do pregador do que a própria Palavra de Deus. O alicerce teológico desse estudo encontra-se nos capítulos 9-11 de Romanos. Lá descobrimos sua Predestinação, Rebelião, Condenação e Recuperação. Os principais erros acerca do futuro de Israel 65 – – – Insistir na rejeição completa de Israel como nação: Marcion, um dos primeiros hereges da Igreja, não apenas ensinava que Israel havia sido rejeitado por Deus, como insistia na rejeição de todo o Antigo Testamento como pré ou anticristão. Ele rejeitava também Rm 9-11. Crer na suspensão das promessas políticas a Israel: Por em questão a validade das promessas de cunho político que Deus fez à nação. (Is 2:2-4) Muitos teólogos negaram qualquer possibilidade de Israel voltar a uma proeminência política mundial, mas “Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm 11:29).” Imaginar que a Igreja suplantou Israel no plano de Deus: Alguns teólogos tentam reconciliar suas dificuldades teológicas apelando para a espiritualização. Assim, entendem que a Igreja tornou-se a sucessora de Israel, ou o novo Israel. É verdade que: a. A Igreja era a verdadeira circuncisão. b. Que Cristo acabou com separação entre Israel e os gentios. Enquanto Igreja, não existe dois povos de Deus, mas: a. Israel como nação antecede a Igreja. b. É o herdeiro legítimo das promessas aos patriarcas, e tem, portanto, um destino político particular, distinto de todas as demais nações. Aceitar uma salvação para Israel fora de Cristo: Há uma nova tendência judaizante dentro da Igreja. Cristãos desejando completar o seu cristianismo com o judaísmo. Cânticos, costumes nos cultos são frutos de uma raiz desviada de Cristo. A Igreja tem que reafirmar que fora de Cristo não há salvação. (Fp 3:5-16) O FUTURO DE ISRAEL DO PONTO DE VISTA ESCATOLÓGICO As bênçãos de Deus pertencem à Israel. (Rm 9:4-5) Paulo ora pela salvação nacional e é convencido de sua eventual restauração. (Rm 10:1; 11:25-27) A soberana vocação de Deus para Israel é irrevogável Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis. (Rm 11:29) ISRAEL: O RELÓGIO DE DEUS? Jesus alerta que a sua segunda vinda (não o arrebatamento), não é uma coisa só (o florescimento de Israel), mas muitas coisas que precisam acontecer antes da sua vinda. Mateus 24 fala de vários temas: Religiosos, políticos, sociais e catástrofes. As observações de Jesus não se restringiram à figueira, mas inclui todas as árvores (Mt 24: 32-33). Anotamos a seguir, cinco sinais associados com Israel e já visíveis no século vinte: 1. O anti-semitismo culminando com o holocausto da 2ª guerra. 2. A volta de Israel a sua terra: O vale dos ossos secos de Ezequiel 37. 3. O avivamento da língua hebraica: Eliezer Bem Yeouda e Theodor Herzl. 4. O período britânico (1917 a 1948). (O novo estado de Israel em 1948). 5. O florescimento do deserto. O milagre do florescimento do deserto precisa ser contextualizado pelas bênçãos e maldições do pacto sináitico de Deuteronômio 28. CÁLCULO DAS SETENTA SEMANAS DE DANIEL Considerações iniciais: Nosso calendário é conhecido como calendário gregoriano. Com a ajuda do astrônomo Sosígenes, o imperador romano Júlio césar introduziu um ano médio de 365,25 dias: um ciclo de três anos de 365 dias e um de 366 dias (bissexto). Mas havia uma diferença de três dias de 400 em 400 anos. Para resolver o problema, o papa Gregório XIII propôs, em 1582 suprimir três anos bissextos de 400 em 400 anos. Logo, o ano tem: 365, 2421 dias. Calendário bíblico ou profético (mês = 30 dias e ano = 360 dias) O ano bíblico ou profético tem uma duração de 360 dias, pois o tempo do dilúvio em gênesis 7:11 e 8:4 somam “cinco meses”; Gn 7:11 - No ano seiscentos da vida de Noé, aos dezessete dias do segundo mês, nesse dia romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus se abriram, Gn 8:4 - No dia dezessete do sétimo mês, a arca repousou sobre as montanhas de Ararate. E em gênesis 7:24 e 8:3 o seu número de dias = 150 dias. Logo, cada mês tem 30 dias. 66 E as águas durante cento e cinqüenta dias predominaram sobre a terra (Gn 7:24). As águas iam-se escoando continuamente de sobre a terra e minguaram ao cabo de cento e cinqüenta dias (Gn 8:3). O ano bíblico ou profético tem: 12 x 30 dias = 360 dias. Em apocalipse 12:6 e 13:5 - 1260 dias = 42 meses = 3¹/² anos. SETENTA SEMANAS DE DANIEL As 70 semanas de Daniel são semanas de anos e não de dias. Total de anos: 70 semanas x 7 anos = 490 anos (no calendário bíblico ou profético) com um total de 176.400 dias. Calculando o número de anos de nosso calendário: 176.400 / 365,2421= 483 anos, dos quais já se cumpriram 69 semanas Quantidade de anos das 69 semanas: 69 semanas x 7 anos = 483 anos no calendário Bíblico Quantidade de dias das 69 semanas: 483 anos x 360 dias = 173.880 dias Transformando para o nosso calendário: 173.880 dias / 365,2421 = 476 anos Início das 69 semanas: Neemias 2:1 “no mês de nisã, no ano vigésimo ano do rei Artaxerxes = março de 445 aC." Calculando o final das 69 semanas: Março de 445 a.c. + 476 anos = março de 32 d.c. (data em que Jesus entra em Jerusalém e é aclamado como rei). E dizia: ah! Se conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos. Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação (Lc 19:28-42). A SEMANA QUE FALTA PARA SE CUMPRIR: A 70ª SEMANA (a última) Quantidade de dias da 70ª semana: 7 x 360 = 2.520 dias / 2 = 1260 dias = 42 meses = 3 ¹/² anos. Mas deixa de parte o átrio exterior do santuário e não o meças, porque foi ele dado aos gentios; estes, por quarenta e dois meses, calcarão aos pés a cidade santa. Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco (Ap 11:2- 3). É um período conhecido como a Grande Tribulação. Pela bíblia sabemos a duração, mas não a data da volta de Jesus. A GRANDE TRIBULAÇÃO (70ª semana) Corresponde a última semana de Daniel (70ª semana), ou seja, um período de sete anos. A bíblia usa diversos nomes para descrever a 70ª semana de Daniel: – O dia da vingança de nosso Deus – O tempo da angústia de Jacó – O dia de trevas – O dia do senhor – Aquele dia – O grande dia – Ira vindoura – Dia da ira ISRAEL NA GRANDE TRIBULAÇÃO O anticristo e sua perseguição a Israel por três anos e meio (na segunda metade): Os dez chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele mesmo reino; e, depois deles, se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. Proferirá palavras contra o altíssimo, magoará os santos do altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo (Dn 7:24-25). 67 Mas deixa de parte o átrio exterior do santuário e não o meças, porque foi ele dado aos gentios; estes, por quarenta e dois meses, calcarão aos pés a cidade santa (Ap 11:2-3). Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta daniel, no lugar santo, quem lê entenda (Mt 24:15) Os judeus aceitarão Jesus como o messias: E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito da graça e de súplicas; olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito (Zc 12:10). As nações cercarão os judeus na guerra do Armagedom: Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol ... Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom (Ap 16:12, 16). Final da 70ª semana: volta de Jesus Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora (Mt 25:13). A VOLTA DE JESUS CRISTO: Mt 24:30-31 É a segunda fase da vinda de cristo. A primeira fase é no arrebatamento da igreja. Dar-se-á nos ares e só a igreja verá Jesus. Ele não pisa na terra: Depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o senhor (1ª Tes 4:16-17). ACONTECIMENTOS A manifestação física e pessoal de Jesus acompanhado de seus santos e anjos. A fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso deus e pai, na vinda de nosso senhor Jesus, com todos os seus santos(1ª Ts 3:13). Todo olho o verá: Então, aparecerá no céu o sinal do filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória (Mt 24:30). Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém! (Ap 1:7) Satanás aprisionado: Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos (Ap 20:1-3). Implantação do milênio: Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de deus e de cristo e reinarão com ele os mil anos (Ap 20:4-6). OUTRAS POSIÇÕES TEOLÓGICAS SOBRE O MILÊNIO (AMILENISMO E PÓS - MILENISMO) HISTÓRIA: Podemos encontrar elementos amilenistas nos primeiros séculos da igreja. Foi Agostinho que sistematizou a abordagem. Logo, tanto os amilenistas quanto os pós-milenistas o reivindicam para a sua posição. Agostinho defendia que o milênio não é primariamente temporal nem cronológico. Seu significado se acha naquilo que simboliza. Esta tradição continuou no catolicismo e em algumas denominações evangélicas. 68 DOUTRINAS DO AMILENISMO As duas ressurreições: Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram. (Apoc 6.9-11) Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. (Apoc 20.4-5) A primeira ressurreição é espiritual, a segunda é corpóreo-física ou espiritual. A maioria dos amilenistas considera que a segunda ressurreição é física. – O propósito do livro era assegurar ao povo de Deus que Cristo triunfará sobre toda oposição. Satanás estava procurando enganar os crentes ao ponto de adorarem o imperador ao invés de Cristo. Sua prisão (Ap 20.1-3), é para incapacitá-lo para esta obra. A primeira ressurreição simboliza a vitória dos mártires. – Em ap 6.9-11, as almas dos mártires estão debaixo do altar perguntando quanto tempo falta para Deus intervir. – Em Ap 20.4-5, estão sentados em tronos com Cristo durante mil anos. DIAGRAMA: (Quiasmo) Ressurreição dos crentes Ressurreição dos incrédulos Julgamento Novo céu e Nova terra 1ª Ressurreição = um símbolo do triunfo dos mártires 2ª Ressurreição (“reviveram” Ap 20.5) = A ressurreição geral e física ensinada no NT 1ª Morte (não mencionada, mas subentendida) = Morte física 2ª Morte = Um símbolo do castigo eterno, em separação das bênçãos de Deus 69 O amilenista vê o apocalipse como sendo composto de várias seções (usualmente sete), cada uma das quais recapitula os eventos do mesmo período e não sucessivos. Cada uma trata da mesma era, o período entre a 1ª e a 2ª vinda de Cristo, retomando temas anteriores. Assim, o significado dos mil anos deve ser achado em algum fato passado e/ou presente. Dizem que o número sagrado 7 em combinação com o número também sagrado 3 forma o nº da perfeição 10, que elevado à 3ª potência para formar 1000, o vidente já disse tudo quanto podia transmitir às nossas mentes a idéia da perfeição total. Os pré-milenistas estão freqüentemente examinando as Escrituras e estudando os acontecimentos, procurando alinhar os dois e descobrir quão perto o fim possa estar. De modo geral, os amilenistas não têm essa preocupação profética. Aspectos positivos do amilenismo 1) Reconhece que a profecia e escatologia bíblicas fazem uso de grande quantidade de simbolismo, e as maneja de acordo. 2) Tem procurado fazer exegese séria da passagem bíblica relevante do capítulo 20 do livro do Apocalípse. Foi, em parte, uma resposta à pergunta dos pré-milenistas: O que significa a passagem se não ensinar um milênio terrestre? 3) Tem, também, uma filosofia realista da história. O ponto de vista amilenista leva em conta ou uma deteriorização ou uma melhoria das condições, nem ensinando que o mundo inteiro será convertido antes da volta de Cristo, nem que as condições do mundo inevitavelmente piorarão. Aspectos negativos 1) A interpretação amilenista de Apocalípse 20 é que há dois tipos de ressurreição, uma ressurreição espiritual e uma física. Mediante um exame pormenorizado, pergunta-se se isto cria uma distinção onde não existe nenhuma. 2) O versículo cinco oferece um problema especial para esta interpretação, pois depois de afirmar que os mártires vivem e reinam com Cristo por mil anos, a passagem diz: “Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Os que participam da primeira ressurreição não participam da segunda. DIAGRAMA DO AMILENISMO 70 DOUTRINAS DO PÓS-MILENISMO De acordo com esse ponto de vista, o Evangelho será pregado a todos, e o mundo se tornará cristão. – Como conseqüência, a sociedade funcionará cada vez mais de acordo com os padrões de Deus. – Gradualmente virá uma “era milenar” de paz e justiça sobre a terra. – No final desse longo período, Jesus voltará, crentes e incrédulos ressuscitarão, ocorrerá o juízo final e haverá um novo céu e uma nova terra. Então, entraremos no estado eterno. ARGUMENTOS DO PÓS-MILENISMO A grande comissão leva-nos a esperar que o Evangelho se propague e acabe resultando num mundo em boa parte cristão. Mt 28:18-20 - Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra... E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século. Se Jesus tem toda autoridade e promete estar conosco, podemos esperar que isso ocorra. A questão é: Quanto desse poder Jesus usará para conseguir o crescimento numérico da igreja? Não há nenhuma evidência que fale da autoridade e do poder de Jesus nesta era. Parábolas sobre o crescimento gradual do reino indicam que sua influência cobrirá a terra. Mt 13:31-32 - ... O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda,... o qual é, na verdade, a menor de todas as sementes, ...e se faz árvore, de modo que as aves do céu vêm aninhar-se nos seus ramos. Mt 13. 33 - ... semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado. Estas parábolas indicariam que o reino terá influência crescente até transformar o mundo inteiro. De fato elas nos dizem que o Reino de Deus crescerá gradualmente, mas não falam da dimensão desse crescimento. Por exemplo: – Não diz que a semente cresceu até cobrir toda a terra. – Não diz que a 80% da massa ficou levedada e 20% não. Os pós-milenistas dizem que o mundo está se tornando mais cristão. A igreja está crescendo e se disseminando por todo o mundo, mesmo quando perseguida. – Também diríamos que o mundo está piorando. Ninguém pode afirmar que a humanidade progrediu muito na luta contra a perversidade e imoralidade que permanece no coração das pessoas, mesmo entre os cristãos. – A modernidade vem acompanhada de índices cada vez maiores de uso de drogas, infidelidade conjugal, pornografia, homossexualidade, materialismo, roubo, etc. 71 – – Em lugares onde os cristãos fiéis à Bíblia são maioria, ainda não ocorre nada parecido com o milênio. Se viesse a acontecer uma influência maior do cristianismo sobre as sociedades, faria o pósmilenismo mais plausível, mas também, essa influência poderia ser entendida tanto na perspectiva pré-milenista, como amilenista. Devemos notar que algumas passagens do NT parecem negar o pós-milenismo Mt 7:13-14 - Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. Em vez de ensinar que a maior parte do mundo tornar-se-á cristão, Jesus está dizendo que os salvos serão poucos em relação aos perdidos. Lc 18:8 - Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra? Esta pergunta dá a entender que a terra não estará cheia daqueles que crêem, mas sim, uma apostasia. Veja também: 2Tm 3:1-5; 3:12-13; 4:3-4 Por fim, de maneira mais conclusiva, Mateus 24:15-31 fala de uma grande tribulação antes da volta de Jesus. Mt 24:21-30 - Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais.Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados. [...] Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória. Esta passagem não fala de um mundo cristianizado, mas um mundo de grande sofrimento e mal, uma grande tribulação. Ela não diz que a grande maioria do mundo dará as boas-vindas ao Senhor na sua vinda, mas que todos os povos se lamentarão. Para explicar essas passagens os pós-milenistas consideram simbólicas a maioria dos elementos de Mateus 24. Por fim, todas as passagens indicam que Jesus pode voltar logo, a qualquer momento e que devemos estar prontos para a suas volta. 72 TANATOLOGIA (A DOUTRINA DA MORTE) 73 O ESTADO ATUAL DOS MORTOS As ressurreições, que ainda são futuras, provam um estado intermediário para os mortos atuais. A coisa com que estamos especialmente preocupados é a natureza do estado intermediário. Os adventistas do sétimo dia, russelitas e alguns outros ensinam o que é conhecido comumente por “sono dalma”. – Um espírito dormente (se tal fosse possível) seria um espírito inexistente. É absurda a idéia de o espírito estar vivo e estar inconsciente quando livre do corpo. OS MORTOS NÃO SÃO INEXISTENTES Contra esta teoria afirmamos que o espírito do homem não cessa de existir na morte. – A parte imaterial do homem encarada como uma vida individual e cônscia, capaz de possuir e animar um organismo físico chama-se yuch (alma). – O agente racional e moral, suscetível de influência e moradia divinas chama-se pneu/ma (espírito) (A. H. Strong). – A parte material do homem é chamada de sw/ma. A MORTE FÍSICA NÃO ACARRETA A INEXISTÊNCIA DO ESPÍRITO DO HOMEM, PORQUE O ESPÍRITO NÃO ESTÁ SUJEITO À MORTE FÍSICA. Temos a prova disto em Mat. 10:28 - Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo. Se o homem não pode matar o espírito, então a morte física não tem poder para dar cabo da existência do espírito. – Jesus, ao morrer, entregou o Seu espírito nas mãos de Deus e Estevão entregou o seu espírito nas mãos de Jesus (Lucas 23:46; Atos 7:59). – A morte física é meramente a separação do espírito do corpo. A REPRESENTAÇÃO DA MORTE COMO UM SONO NÃO ENSINA QUE O ESPÍRITO DORME E QUE É, PORTANTO, INEXISTENTE. O sono é puramente um fenômeno físico. A morte é sono só por analogia. E a analogia está na aparência do corpo, não no estado quer do corpo quer do espírito. – No sono o espírito ainda está unido com o corpo e, portanto, condicionado por ele. Mas, na morte, espírito e corpo estão separados e o espírito separado do corpo não está mais condicionado pelo corpo. Paulo descreveu a morte como um sono (1 Cor. 15:6; 1 Tess. 4:14), mas não ensinou a inexistência dos mortos. – Ele considerou a morte, não como uma cessação da existência, mas como uma partida para estar com Cristo (Fil. 1:23). – Estando ausente do corpo, Paulo quis dizer, não inexistente, mas presente com o Senhor (2 Cor. 5:6). A REFERÊNCIA AOS ÍMPIOS MORTOS COMO “ESPÍRITO EM PRISÃO” MOSTRA QUE OS MORTOS NÃO SÃO INEXISTENTES (1 PED. 3:20). – Moisés não cessou de existir quando morreu, porque séculos depois ele apareceu com Cristo no monte da transfiguração (Mat. 17:3). OS HABITANTES DE SODOMA E GOMORRA NÃO CESSARAM DE EXISTIR QUANDO MORRERAM (JUDAS 7). – Judas os descreve nos tempos do Novo Testamento como “sofrendo a vingança do fogo eterno”. – Cristo e o ladrão penitente não cessaram de existir quando morreram. A RESSURREIÇÃO PROVA QUE OS MORTOS AGORA NÃO ESTÃO INEXISTENTES. – Se fosse inexistente, então seria necessário haver uma recriação em vez de uma ressurreição. A Escritura deve ser explicada pela própria Escritura. As revelações incompletas e indistintas do Velho Testamento devem ser explicadas pelas revelações mais amplas e mais claras do Novo Testamento. E à luz destas últimas algumas afirmações no Velho Testamento concernentes ao estado dos mortos podem ser tomadas somente como a linguagem de aparência. Escritores do Velho Testamento, não tendo uma revelação clara concernente ao estado dos mortos, muitas vezes 74 falaram dos mortos do ponto de vista desta vida. É neste sentido que devemos entender passagens tais como Jó 3:11-19; 7:21,22; Sal. 6:5; 88:11,12; 115:17; Ecles. 3:19,20; 9:10; Isa. 38:18 OS JUSTOS FALECIDOS ESTÃO COM O SENHOR – 2Co 5:6-8 “Enquanto estamos no corpo ausente do Senhor... porém temos confiança e desejamos muito deixar este corpo e habitar com o Senhor” – Fp 1:23 “Estou apertado entre os dois, desejando partir e estar com Cristo”. – O ladrão arrependido ouviu de Jesus: “Hoje estarás comigo no paraíso”. O paraíso é o terceiro céu dos judeus, o lugar do trono de Deus (2 Cor. 12:2,4). OS FALECIDOS ÍMPIOS ESTÃO EM TORMENTO CÔNSCIÊNTE E ARDENTE Isto está mostrado na história do rico e Lázaro (Lucas 16:19-31). E também em Judas 7. – Mesmo supondo ser uma parábola, Cristo torceu fatos nas Suas parábolas? – Que propósito podia Ele ter tido em assim fazer? O LUGAR ONDE OS ÍMPIOS ESTÃO CONFINADOS É CHAMADO UMA PRISÃO (1 PED. 3:19). – São criminosos condenados esperando na prisão até ao tempo de serem mandados para eterna penitenciária de Deus, o lago de fogo (Apoc. 20:15). TANATOLOGIA (SHEOL ou HADES E GEENA) Os Testemunhas de Jeová (TJ) dizem que todas as passagens onde a palavra “Inferno” foi traduzida da palavra grega GEENA (ge,ennan) significa destruição ou extinção eterna. Segundo o ensino de Jesus, isso não é assim: Mt 5.22; Mt 18.9; Mt 23.33; etc. Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo (Mt 18:9) O Hades ou Sheol, palavras de mesmo significado, é um lugar de lembranças. Abraão disse ao homem rico que se lembrasse das boas coisas que desfrutou enquanto vivia na terra. O homem rico lembrou-se de seus irmãos que estavam na terra. O pecador se lembrará das orações e rogos de seus pais piedosos. Ele se lembrará de ter ouvido sermões evangelísticos. Ele se lembrará de todas as vezes que rejeitou a Cristo. Além de ser um lugar de recordações, o Hades é um lugar de remorso. O HADES E O GEENA NÃO SÃO UM LUGAR DE ANIQUILAMENTO. Para provar que o Hades será destruído, os Testemunhas de Jeová citam que “A Morte e o Hades foram lançados para dentro do Lago de Fogo”. A Bíblia ensina claramente que o Fogo do Inferno (Geena) é eterno (Ap 19.20; 20.10; Mt 25.41, 46; Mc 9.44, 46, 48). Em Ap 19.20 vemos a Besta (o Anticristo) e o falso Profeta serem lançados vivos no LAGO DE FOGO. Após 1000 anos, o Diabo também será lançado no LAGO DE FOGO, e diz a Bíblia: “onde estão a Besta e o falso Profeta”. Quanto ao PARAÍSO ou SEIO DE ABRAÃO, há passagens que nos dão razão para crer que Jesus foi até lá quando foi crucificado (At 2.27-31). Ele prometeu ao ladrão crucificado que o encontraria ali naquele mesmo dia (Lc 23.43). Mas a Alma de Cristo não permaneceu ali (At 2.27). Segundo Ef 4.8-10, o Senhor não só ressuscitou, mas também levou consigo as almas redimidas que antes estavam naquela parte do Hades. O outro compartimento (Lugar de Tormentos), ou região do Hades não sofreu modificação alguma, nem sofrerá, até o juízo final (Ap 20). A DIVISÃO DO HADES 1. O LUGAR DE TORMENTOS (Lc 16.19-23). É o lugar onde os perdidos estão no Hades aguardando o juízo final, ao término do Milênio. É um lugar de sofrimento antecipado, pois o definitivo será o LAGO DE FOGO (GEENA) ETERNO (Ap 20.13-15). 75 2. ABISMO – (a;busson) Lc 8.31; 16.26; Ap 9.1,2, 11; Jd 6; Jó 26.6; Pv 15.11; 27.20; Is 14.15; Ap 20-1.3; Rm 10.7. Este lugar que divide o HADES é morada e prisão de demônios (Jd 6) e os que estão fora não desejam ir para lá (Lc 8.31). Existe um anjo que tem as chaves do abismo, ele abrirá o Poço do Abismo e dali subirá uma fumaça e desta sairão, gafanhotos, isto é, demônios, que agirão durante a grande Tribulação (Ap 9.111;20.1-3). Ali o Diabo ficará preso por mil anos e depois sairá para logo ser lançado no Lago de Fogo (Ap 20.10). PERSONAGENS QUE ESCAPARAM DO SHEOL ou HADES 1) Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5). Este como tipo da Igreja composta de salvos vivos foi arrebatado, transformado e não desceu ao Sheol. 2) Elias (2 Rs 2.1-11). Também não morreu, foi arrebatado ao Céu. 3) Moisés (Dt 34.1-6; Jd 9). Moisés apareceu no Monte da Transfiguração foi reconhecido pelos discípulos. Isto se deu antes da ressurreição de Cristo, quando ninguém poderia ter saído do Hades. Moisés apareceu com o corpo glorificado, todavia a Bíblia nos diz que morreu e foi sepultado. Cremos que Moisés, passou pouco tempo morto, e logo ressuscitou, pois não deu tempo dele chegar ao Hades. Mas mesmo que ele tenha estado lá, Deus é poderoso para tirá-lo de lá. O Diabo foi procurar o corpo de Moisés, porque (Jd 9) ele não havia chegado lá. É certo que Moisés não é as primícias dos que dormem, mas ele era a semelhança de Cristo (Dt 18.15), o Profeta que havia de vir. Seu aparecimento na Transfiguração deixa-nos duas opções: Ele morreu e ressuscitou, ou então foi trasladado. Fica o mistério, todavia podemos afirmar que ele não esteve no Hades, ou se esteve, demorou pouco tempo. Moisés durante a sua vida já gozava de algumas características especiais no seu corpo físico: “Não se lhe escureceu a vista” e “Nem lhe fugiu o vigor” (Dt 34.7). 76 Não podemos explicar satisfatoriamente a severidade do castigo eterno de Deus, nem tão pouco sondar as profundezas de Seu Grande Amor e Misericórdia, demonstrados para com os pecadores perdidos que não merecem outra coisa que não o castigo, e, contudo, pela graça de Nosso Senhor Jesus Cristo são levados para sentar-se com Ele nos lugares celestiais (Rm 11.22; Ef 2.6). Compreendemos, pela magnitude dos sofrimentos de Cristo, que o castigo que receberá o homem impenitente será tão terrível que ninguém poderá sequer imaginar. Nenhum homem é obrigado a ir para o Inferno, mas a todos se roga que tenham misericórdia de suas próprias almas e volte-se para Cristo em busca de refúgio. O homem não vai para o Inferno porque é pecador, mas porque não quer ser salvo. João 3.36 diz: Quem crê no Filho tem a Vida Eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a Vida, mas sobre ele permanece a irá de Deus. Portanto, conhecendo o temor do Senhor, procuramos persuadir os homens (2 Co 5.11). De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos exortasse. Rogamovos, pois, por Cristo que vos reconcilieis com Deus (2 Co 5.20). A REDENÇÃO DA TERRA OS TRÊS PRINCIPAIS EVENTOS DA REDENÇÃO SEGUEM OS TRÊS ELEMENTOS IMPLICADOS NA PERDA: 1) A conversão: Redenção da alma (Gl 3.13) – Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro. 2) A ressurreição: Redenção do corpo (Rm 8.23) - E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. 3) A segunda vinda de Cristo: Redenção da Terra (Rm 8.21; Mt 19.28) (At 3.21) – ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade. QUAL É O PROPÓSITO DE DEUS PARA A TERRA? Para ser habitada: (Is 45.18) - Porque assim diz o SENHOR, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o SENHOR, e não há outro. Para manifestar sua glória como nos dias do milênio (is 4.1-6): (Is 4.2) - Naquele dia, o Renovo do SENHOR será de beleza e de glória; e o fruto da terra, orgulho e adorno para os de Israel que forem salvos. Será que os restantes de Sião e os que ficarem em Jerusalém serão chamados santos; todos os que estão inscritos em Jerusalém, para a vida, quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião e limpar Jerusalém da culpa do sangue do meio dela, com o Espírito de justiça e com o Espírito purificador. O que houve com a terra? Com a queda de Satanás tornou-se um caos: (IS 14.12) - Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Com a queda de Adão foi amaldiçoada (GN 3.17-18) - E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. Adão perdeu para Satanás o direito de dominá-la. (Lc 4.6) Adão não podia, por recursos próprios, saldar a dívida para retomá-la. Somente o RESGATADOR ou PARENTE REMIDOR. (Rt 2.1-3; 4.1-10) 77 A REDENÇÃO DA TERRA TEM TRÊS OPÇÕES (Lv 25.26-28; Jr 32.6-14) 1) O parente remidor – tipo de Jesus 2) O esforço próprio de Israel (Lv 25.26-27) - Se alguém não tiver resgatador, porém vier a tornar-se próspero e achar o bastante com que a remir, então, contará os anos desde a sua venda, e o que ficar restituirá ao homem a quem vendeu, e tornará à sua possessão. (Israel fracassou) a. A Redenção é efetuada somente pelo sangue. (A vida está no sangue) 3) A terceira opção da redenção da terra é o jubileu (Lv 25.25-28) Os documentos de posse: a escritura selada e a aberta Quando o terreno era vendido lavrava-se uma escritura, que era escrita por dentro, assinada por fora e enrolada e selada. Só o resgatador podia romper o lacre (Jr 32.6-15; Lv 25). Adão vendeu a terra a Satanás, e ela tornou-se uma propriedade comprada. Após o Arrebatamento ficará parecendo que ele se tornou o único proprietário, pois a Igreja estará ausente. Mas é Deus quem tem a Escritura da terra. O livro selado é a evidência que a terra está sujeita à REMISSÃO, se houver um Parente Remidor que possa e queira pagar o preço. O rompimento dos selos no Apocalipse é o processo da posse da terra. Ap 5.1-4) - Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos. Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. O apóstolo João chorou porque ninguém era digno de abrir o selo. Por quê? Aí é que entra Jesus, o nosso parente Remidor. Só ele pode resgatar a propriedade comprada. Só ele pode despejar Satanás. (o Sangue) (Ap 5.9-10) - Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. E entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra. – Este livro não era o Livro da Vida, mas a Escritura da Terra. (Jr 32.6-9; 13-14) - Disse, pois, Jeremias: Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Eis que Hananel, filho de teu tio Salum, virá a ti, dizendo: Compra o meu campo que está em Anatote, pois a ti, a quem pertence o direito de resgate, compete comprá-lo. Veio, pois, a mim, segundo a palavra do SENHOR, Hananel, filho de meu tio, ao pátio da guarda e me disse: Compra agora o meu campo que está em Anatote, na terra de Benjamim; porque teu é o direito de posse e de resgate; compra-o. Então, entendi que isto era a palavra do SENHOR. Comprei, pois, de Hananel, filho de meu tio, o campo que está em Anatote; e lhe pesei o dinheiro, dezessete siclos de prata... Perante eles dei ordem a Baruque, dizendo: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Toma esta escritura, esta escritura da compra, tanto a selada como a aberta, e meteas num vaso de barro, para que se possam conservar por muitos dias; Este é o livro da Redenção, que contém a história da queda do homem e sua redenção por meio de Jesus Cristo. Assim como a terra já podia ser contada como de Israel nos dias de Moisés, embora lhe faltasse a posse, a expulsão dos povos que estavam na terra, também haverá necessidade que haja vingança e posse da terra, uma grande luta por parte do Senhor e seus santos contra Satanás e seu reino. A TERRA É VISTA SOB DOIS PONTOS DE VISTA: A TERRA DA PROMESSA: ISRAEL 78 O processo para herdá-la é literal. O herdeiro é Israel e os posseiros são os Árabes. Israel rejeitou seu Parente Remidor, e quer conseguir a Posse da Terra por esforço próprio, mas não conseguirá. O PLANETA TERRA: AS NAÇÕES O processo para herdá-la é espiritual. O herdeiro são as nações e o posseiro é Satanás. O PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA DE CULPA (Dt 21.1-7; Mt 27.11-26) (Dt 21:1-7) - Quando na terra que te der o SENHOR, teu Deus, para possuí-la se achar alguém morto, caído no campo, sem que se saiba quem o matou, sairão os teus anciãos e os teus juízes e medirão a distância até às cidades que estiverem em redor do morto. Os anciãos da cidade mais próxima do morto tomarão uma novilha da manada, que não tenha trabalhado, nem puxado com o jugo, e a trarão a um vale de águas correntes, que não foi lavrado, nem semeado; e ali, naquele vale, desnucarão a novilha. Chegar-se-ão os sacerdotes, filhos de Levi, porque o SENHOR, teu Deus, os escolheu para o servirem, para abençoarem em nome do SENHOR e, por sua palavra, decidirem toda demanda e todo caso de violência. Todos os anciãos desta cidade, mais próximos do morto, lavarão as mãos sobre a novilha desnucada no vale e dirão: As nossas mãos não derramaram este sangue, e os nossos olhos o não viram derramar-se. – – – – – – – O morto é o tipo de nossos delitos e pecados. Os anciãos representam o povo de Israel. As cidades mais chegadas tipificam o mundo todo culpado (Rm 3.23). A novilha é o tipo de Jesus. O vale áspero é o tipo do Calvário. O ato de lavar as mãos sobre a novilha é o tipo da transposição da culpa e aceitação da substituição efetuada pela novilha. Pilatos é o tipo dos gentios. Ele lavou as mãos do sangue inocente e transpôs a culpa dos gentios para o Cordeiro de Deus. O que era para Israel fazer, os gentios fizeram. O que Israel fez foi pedir que o sangue de Jesus caísse sobre eles. Por isso, quando Jesus morreu, seu sangue foi derramado sobre a Terra. (O preço da Redenção da terra e de todo o que crê e continua caindo sobre os judeus (Mt 27.24-25). AOS GENTIOS CABE CRER EM JESUS E ESPERAR A OCASIÃO DA POSSE DA TERRA. Os judeus precisam pagar um preço caro até que chegue a posse. Esse acontecimento marcará o momento de uma grande alegria nos céus (Ap 12.12). O Ano Aceitável do Senhor é o tempo do resgate da alma, é o tempo da Graça. (Is 61.1-2 c/ Lc 4.1819) A TERRA SERÁ RESTAURADA! A NOVA CRIAÇÃO – NOVOS CÉUS E NOVA TERRA Diversas passagens da Escritura chamam a atenção para eles. (Ap 21.1-2; Is 65.17; 66.22; 2ª Pe 3.10-13). São chamados novos, mas não quer dizer que sejam novos no sentido absoluto, pois a Terra permanecerá para sempre. (Ec 1.4; Sl 104.5; 119.90) (Ec 1.4) - Geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre. Nas passagens que falam que a terra e o céu passarão (Ap 21.1; Mt 5.18, etc) a palavra é pare,rcomai que significa passar de uma condição para outra. A idéia é de transição, não de aniquilação. No Milênio a terra será regenerada (Mt 19.28). No final do Milênio haverá a purificação final dos povos da terra (Mt 25.31-46), quando somente as ovelhas, isto é, somente as nações justas entrarão na Eternidade. Assim a redenção estará completa, e a voz do trono de Deus anunciará o encerramento do processo. (Ap 21.5) - Eis que faço novas todas as coisas! Fim 79 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Anotações das aulas ministradas nos cursos de Teologia da Igreja Batista Príncipe da Paz e Igreja Batista Caminho da Paz. Conhecendo as doutrinas da Bíblia – Myer Pearlman; Ed. Vida Apostila “Rudimentos da doutrina de Cristo” – Pr. M. Antonio de Souza Apostila “O dia do Senhor II” - Pr. Antonio Carlos Gonçalves Bentes Contato: [email protected] 80