ALAIC 2002 VI CONGRESO LATINOAMERICANO DE CIENCIAS DE LA COMUNICACIÓN Bolívia, Santa Cruz de la Sierra, 5-8 de junho de 2002 GT Comunicación Organizacional y Relaciones Públicas Autores Dra. Elizabeth Brandão – Coordenadora do Curso de Comunicação Institucional e Relações Públicas do IESB - [email protected] e [email protected] Ms. Maria Cecília Martinez - professora da disciplina Pesquisa de Opinião e Mercado I e II no IESB e Coordenadora do Curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília Participação dos alunos da disciplina “Pesquisa de Opinião e Mercado” do Curso de Comunicação Institucional e Relações Públicas do IESB. [email protected] Francisco de Assis Silva Costa – aluno do Curso de Comunicação Institucional e Relações Públicas do IESB Instituição: IESB – Instituto de Educação Superior de Brasília – www.iesb.br Direção: SGAN 609, Quadra 02, Bloco D, Av. L2 Norte – Brasília/DF – 70 850-090 - BRASIL PERFIL DO COMUNICADOR SOCIAL SOB A ÓTICA DO EMPREGADOR Resumo O trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa realizada junto a órgãos públicos federais da capital federal com o objetivo de conhecer os atributos desejados pelos empregadores para o profissional de comunicação. Os resultados indicam que o perfil de profissional demandado pelo mercado de trabalho é aquele que possui conhecimentos de comunicação organizacional. Palavras chaves: comunicação organizacional, pesquisa de opinião, mercado de trabalho. 1 Introdução Este trabalho apresenta a análise dos resultados da primeira fase de uma pesquisa quantitativa e estruturada, realizada pelas autoras com a participação dos alunos do curso de Comunicação Institucional e Relações Públicas do IESB, no âmbito da disciplina “Pesquisa de Opinião e Mercado”. O objetivo geral da pesquisa foi identificar os atributos desejados pelo empregador para o profissional de comunicação social que atua em instituições públicas e privadas no Distrito Federal. Os objetivos específicos são: a) conhecer o perfil profissional desejado pelos empregadores; b) subsidiar o ensino superior no campo da Comunicação Organizacional e das Relações Públicas com dados sobre os conhecimentos e técnicas requeridos de um profissional; c) conhecer as características e o potencial do mercado de trabalho onde vão atuar os futuros profissionais; d) fornecer dados para analisar o profissional de Comunicação Organizacional frente a outros profissionais do campo da Comunicação Social; A hipótese que orientou o estudo era de que os atributos e qualidades que os empregadores julgavam necessários para o bom desempenho de um profissional de comunicação, nas assessorias dos órgãos governamentais, identificavam-se principalmente com os conhecimentos relacionados ao campo da Comunicação Organizacional e das Relações Públicas. Secundariamente, procurava-se também demonstrar que os conhecimentos requeridos pelos órgãos encontravam respaldo na grade curricular do curso de Comunicação Institucional e Relações Públicas do IESB. Para alcançar esses objetivos com o mínimo de desvio, foi necessário utilizar estratégias que permitissem captar os atributos desejados em um profissional, evitando os préconceitos e os vícios que existem no mercado de comunicação do Distrito Federal e que já tinham sido apurados em pesquisa anterior, citada adiante. 2 O Mercado de Comunicação no Distrito Federal O mercado profissional de Comunicação no DF apresenta uma predominância de jornalistas e publicitários devido, em grande parte, a inexistência do curso de Relações Públicas na cidade por muitos anos. A primeira faculdade de Comunicação Social no Distrito Federal foi a Universidade de Brasília (universidade pública) que oferecia a habilitação de Relações Públicas; pouco tempo depois, o UNICEUB também começou com o curso de Relações Públicas. No entanto, ambos foram fechados na década de 80 em função da pouca procura. Nos anos 90, novamente o UNICEUB voltou a oferecer o curso de Relações Públicas, apenas no período matutino, porém nos dois últimos processos seletivos (julho 2001 e janeiro 2002) não abriram vagas para o curso. O IESB atua de forma bem diferenciada. Apesar de ser uma habilitação do Curso de Comunicação Social, por exigência do Ministério da Educação, o Curso de Comunicação Institucional e Relações Públicas, que começou em julho de 1999, tem uma estrutura curricular própria, entrada diferenciada no processo seletivo e uma coordenação separada dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Continua a existir, no entanto, uma certa dificuldade para preenchimento de todas as vagas oferecidas (100 por semestre, nos períodos matutinos e noturnos) que acabam sendo ocupadas por alunos de segunda opção. Porém, este fato não é só por ser um curso de Relações Públicas; deve-se sublinhar que em Brasília, hoje, existem 11 faculdades de Comunicação Social e, portanto, uma oferta maior até do que a demanda do mercado. No entanto, a maior parte desses alunos permanece no curso quando passa a conhecer o universo da comunicação institucional e as características da profissão e consegue se desvencilhar do pré-conceito que acompanha a profissão de Relações Públicas no Brasil. Porém, se o curso se esforça para apresentar a Comunicação Institucional como um campo que detém os conhecimentos mais atualizados e mais demandados pelo mercado e o de maior crescimento da área, não se pode negar que o preconceito existe, sobretudo por parte dos colegas jornalistas. Um preconceito que, na verdade, está enraizado na disputa por empregos e posições e no corporativismo característico das profissões existentes na área de comunicação no Brasil, muito mais do que em razões objetivas ancoradas em conhecimentos e técnicas específicas. 3 Uma pesquisa qualitativa elaborada por alunos do curso de Relações Públicas do UNICEUB1 na esfera do executivo federal já havia demonstrado: a) uma sub-utilização do profissional; b) desconhecimento das atividades de relações públicas; c) ocupação pelos jornalistas das atividades da área; e d) uso das ferramentas de comunicação limitadas à divulgação, por parte dos profissionais que atuam no executivo. Dentre os resultados da pesquisa, ressalte-se o grande desconhecimento das técnicas e teorias da comunicação organizacional pelos colegas que a praticam cotidianamente e o preconceito contra a profissão de Relações Públicas. Uma outra pesquisa do mesmo autor2 comprova este desconhecimento generalizado da função do comunicador organizacional e a dificuldade em definir o papel do jornalista e das Relações Públicas em uma organização. A partir dos resultados da pesquisa do UNICEUB, alguns professores da área reuniram-se com os alunos do IESB em um debate a respeito da profissão e conclui-se que era preciso buscar maiores e melhores informações sobre as exigências do mercado de trabalho e sobre o perfil desejado para o profissional de comunicação organizacional. Desta forma, decidiu-se dar continuidade à pesquisa anterior com o objetivo de mapear a profissão e o mercado da cidade. Considerando o cenário do mercado, optou-se por realizar a pesquisa com atenção especial em três pontos: a) deveria ser aplicada em um universo de empregadores que ocupassem cargos de decisão na burocracia dos órgãos públicos; b) não aplicar em ocupantes de cargos de assessorias de comunicação onde o preconceito já havia sido demonstrado na pesquisa anterior, pois o resultado seria deturpado; c) não especificar no instrumento de pesquisa a denominação de nenhuma das áreas tradicionais (jornalismo, publicidade ou relações públicas). METODOLOGIA A pesquisa está sendo realizada em duas etapas, sendo a primeira a coleta em órgãos públicos federais e a segunda em órgãos públicos do Distrito Federal, abrangendo as três esferas do poder – legislativo, judiciário e executivo - e da iniciativa privada. Vale esclarecer 1 2 “Relações Públicas nos Ministérios da República” pesquisa orientada pelo Prof. Jorge Duarte. Brasília, UNICEBU, dezembro de 2002. Duarte, Jorge & Duarte Marcia Yukiko. Papel e atribuições de jornalistas e relações-públicas em uma organização, segundo jornalistas. Brasília, 2002. Paper que está sendo apresentado no GT de Comunicação Organizacional e Relações Públicas, ALAIC, 2002. 4 que em ambas consideram-se apenas os órgãos de primeiro escalão, e sindicatos patronais na esfera privada. A etapa da pesquisa aqui apresentada, a primeira encerrada, foi dividida em duas fases. A primeira constituiu-se de levantamento de todos os órgãos públicos federais e seus vinculados, num total de 126 órgãos. De posse dessa informação, optou-se por realizar o campo com os órgãos sediados no Distrito Federal, o que representa 60% (75 órgãos) do total de instituições; desse total foram entrevistados 57 órgãos (76%). Antes de iniciar a fase de campo, passou-se por todos os procedimentos metodológicos exigidos em uma pesquisa de opinião, como o cronograma detalhado, o planejamento da execução e a aplicação de pré-teste. Na fase de pré-teste utilizou-se como amostra órgãos com perfis semelhantes aos que foram pesquisados. Todos os alunos realizaram pelo menos uma entrevista como forma de aprendizado, razão pela qual foram aplicados cerca de 35 questionários. Através do pré-teste foram levantados e testados os atributos utilizados no instrumento final. A fase de campo foi realizada no período de 10 a 30 de outubro de 2001, com 42 alunos da disciplina Pesquisa de Opinião e Mercado, do 5º semestre do curso. No campo, os respondentes foram pessoas com cargos elevados na hierarquia da instituição, no nível de primeiro e segundo escalão, e o filtro da pesquisa determinou que eles não poderiam ser chefes de assessorias de comunicação ou trabalhar na função de comunicador dentro da instituição pesquisada. O instrumento de pesquisa apresenta questões que buscam identificar os atributos exigidos para um profissional de comunicação que trabalha em assessoria, tais como os conhecimentos necessários, as habilidades específicas e os campos de atuação mais importantes para o perfil desse profissional. A elaboração do questionário, tabulação dos dados e elaboração de gráficos e tabelas foram realizados no Laboratório de Pesquisa de Opinião e Mercado do IESB, utilizando o software Sphinx, específico para pesquisa de mercado e de opinião. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Os resultados apurados na pesquisa estão apresentados a seguir em tabelas e gráficos. Cada um deles corresponde às questões mais significativas do instrumento de pesquisa que está em anexo. 5 Pergunta: Assinale em ordem de importância, quais os conhecimentos que, na sua opinião, os profissionais da área de comunicação devem ter. Conhecimentos planejamento de estratégias de comunicação elaboração de jornais, boletins e impressos em geral conhecimentos de informática publicidade e propaganda pesquisa de opinião pública e de público interno marketing organização de eventos e cerimonial rádio multimídia Vídeo e televisão Tabela nº 1 % muito importante 78,9 % % não é importante importante 14 0 % nr/ns 7 66,7 15,8 8,8 8,8 64,9 59,6 50,9 26,3 24,6 31,6 3,5 7 12,3 5,3 8,8 5,3 47,4 43,9 42,1 42,1 40,4 29,8 29,8 26,3 42,1 33,3 14 19,3 21,1 7 17,5 8,8 7 10,5 8,8 8,8 Pergunta: O senhor(a) concorda com a afirmação que o profissional de Comunicação Social pode mudar a imagem de uma instituição. Gráfico nº 1 5% 62% 2% Concordo Plenamente 0% concordo em parte 5% nunca pensei nisso discordo em parte discordo plenamente ns/nr 26% 6 No seu órgão, quais as áreas em que o profissional de Comunicação Social atua? Marque quantas alternativas forem corretas. Tabela nº 2 atividades do profissional de comunicação social assessoria de comunicação social assessoria de imprensa planejamento de estratégias de comunicação desenvolver atividades de informação pública para o cidadão comunicação para o público interno desenvolver páginas na internet campanhas de publicidade e propaganda atendimento das necessidades do órgão organização de eventos cerimonial fotografia e filmagem comunicação com os clientes campanhas sociais, educativas e/ou institucionais marketing rádio e locução pesquisa administração de conflitos ouvidoria realizar diagnósticos organizacionais/institucionais ns/nr outras % da citação 87,7 82,5 68,4 66,7 66,7 66,7 64,9 61,4 59,6 56,1 56,1 54,4 54,4 50,9 36,8 33,3 31,6 29,8 26,3 5,3 3,5 7 Na sua opinião quais as habilidades que o profissional de Comunicação Social deve ter? Classifique por ordem de importância. Gráfico nº 2 ética comprometimento iniciativa mediação liderança estratégia planejamento visão crítica empreendedorismo inovação criatividade 0 10 muito importante 20 30 importante 40 50 pouco importante 60 70 sem importancia 80 90 100 nr/ns 8 O senhor acredita que a experiência profissional seja um quesito importante na decisão quando da nomeação/contratação de um profissional de Comunicação Social? Gráfico nº 3 5% 0% 5% 26% 55% 9% absolutamente não talvez não depende talvez sim absolutamente sim ns/nr Com que freqüência o profissional de Comunicação Social é solicitado/requisitado em seu órgão para as atividades abaixo? Tabela nº 3 Atividades assessoria de imprensa campanha publicitária organização de eventos momentos de crise reunião de decisão outro Jamais % Raramente % Ocasionalmente % Freqüentemente % Muito Freqüentemente % ns/nr % 5,3 5,3 0 7 8,8 1,8 3,5 7 7 10,5 15,8 1,8 12,3 19,3 17,5 15,8 26,3 14 21,1 22,8 35,1 21,1 19,3 15,8 50,9 33,3 33,3 33,3 21,1 7 7 12,3 7 12,3 8,8 59,6 9 Na sua opinião, quais os maiores desafios para o Comunicador Social do futuro? Tabela nº 4 maiores desafios ser ágil e eficiente conhecimento de mercado ser ético espírito empreendedor ser competitivo ns/nr outro % de citação 70,2 64,9 64,9 56,1 42,1 5,3 3,5 Na sua opinião, qual seria formação ideal para quem trabalha na área de comunicação deste órgão? Tabela nº 5 Formação ideal jornalismo relações públicas publicidade e propaganda rádio televisão ns/nr cinema outra % de citação 80,7 66,7 56,1 8,8 8,8 5,3 1,8 1,8 ANÁLISE E CONCLUSÃO DOS RESULTADOS Em relação à hipótese da pesquisa, de modo geral ela foi plenamente confirmada, na medida em que os atributos, as habilidades e os conhecimentos em geral descritos como necessários para o desempenho profissional pertencem ao campo de estudo da Comunicação Organizacional. Os resultados indicados no gráfico nº2 mostram que, entre as habilidades requeridas para o profissional de comunicação, destacam-se a “iniciativa”, indicada por 86% dos entrevistados, seguindo-se a “criatividade” com 84%, a “inovação” com 77% e o “comprometimento” com 76%. 10 Um dado que deve ser esclarecido são aos atributos que se referem à rádio e televisão e vídeo que constam nas tabelas 1 e 2 que foram citados por cerca de 40% dos entrevistados, assim como fotografia e filmagem (tabela 2) citada por 56%. Apesar de não ter sido realizado um estudo qualitativo para averiguar a significação desses atributos, é possível afirmar que os conhecimentos apontados pelos entrevistados referem-se não a habilidade em produzir profissionalmente vídeos, filmes e fotografias, mas à habilidade em saber definir como se quer o produto final destes trabalhos, bem como saber lidar com os técnicos e as técnicas do setor. A tabela nº 5 confirma esta análise quando mostra que a formação ideal para o comunicador, segundo os empregadores, não é a de rádio (8,8%), nem cinema (1,8%) nem televisão (8,8%). Esta afirmação também pode ser colocada com base na ampla experiência acumulada a respeito do cotidiano do trabalho das assessorias e que já está consolidada na bibliografia sobre o tema, razão pela qual pode-se considerar que esses atributos são competências da área de Comunicação Organizacional e Relações Públicas. Quanto às habilidades descritas como “multimídia” (42,1%), “conhecimento de informática” (64,9%) e “desenvolver páginas de internet” (66,7%) que constam das tabelas 1 e 2, elas constatam a consolidação de um novo campo de conhecimento para a comunicação organizacional, e para o qual devemos providenciar rapidamente a resposta nos currículos do ensino superior, pois a demanda por profissionais com essa capacidade técnica é evidente. Vale acrescentar que ensinar novas tecnologias significa incluí-las como um instrumental para as disciplinas e não ser ela própria uma disciplina, como comumente podese perceber nos currículos das faculdades. Por essa razão, evitou-se no currículo do IESB a adoção de disciplinas com denominações que expressam apenas um tema da moda, ou que configuram um domínio tecnológico, como é o caso de “Multimídia” ou “Novas Tecnologias de Comunicação”, que não se referem a saberes e sim a plataformas tecnológicas que devem ser dominadas por um profissional competente. Outro dado muito significativo revelado pela pesquisa é o alto índice de importância emprestada às atividades de planejamento e estratégia de comunicação, área de conhecimento quase que exclusivamente da comunicação organizacional e relações públicas e que aparecem na tabela 1, com 78,9%, na tabela 2, com 68,4% e no gráfico 2, com 64% (indicado como “estratégia”) e 63% (indicado como “planejamento”). A organização de eventos e cerimonial continua sendo desejada pelos órgãos públicos. Consta da tabela 1 como sendo “muito importante” para 43,9% dos entrevistados, na tabela 2 como “atividade requerida” para 59,6%, e, ainda na tabela 2, o Cerimonial (em 11 separado) aparece com 56,1%. Na tabela 3, a “organização de eventos” aparece como “atividade muito freqüente” para 33,3% e como “freqüente” para 35,1%. Pode-se analisar estes dados de duas formas. Em primeiro lugar, por estarmos na Capital Federal, onde estão reunidas as representações diplomáticas e onde acontecem as solenidades públicas, o cerimonial é um item que se destaca. Em segundo lugar, a organização de eventos atualmente é considerada como uma área de negócios e, portanto, uma questão estratégica para a organização. Ou seja, a visão contemporânea do evento não é mais da “festa” ou da “solenidade” e este é outro dado da pesquisa significativo para a construção de currículos. Um dado que deve ser esclarecido é o fato de ter sido utilizadas as denominações “assessoria de imprensa” e “assessoria de comunicação” separadamente. Isso foi proposital e foi confirmado pelo pré-teste que os entrevistados conseguiam separar as atividades de uma e de outra, haja visto os índices diferentes e próximos para um e outro. A diferença também pode ser verificada pelas indicações das diversas atividades específicas de um e de outro que fizeram parte da questão (ver tabela 2). Um dado surpreendente na pesquisa foi a importância conferida a “pesquisa de opinião pública e de público interno” que aparece como sendo “muito importante” para 50,9% dos entrevistados e “importante” para 31,6%. Como dado complementar, o fato de “realização de diagnósticos institucionais” aparecer com 26,3% como área de atuação do profissional. Uma análise possível para este resultado seria, por um lado, a preocupação com a questão política, uma vez que os empregadores entrevistados ocupam função de destaque na hierarquia administrativa. Por outro lado, pode-se ligar este dado com a preocupação com a “imagem” do órgão, pois de acordo com o gráfico 1, uma das capacidades do profissional de comunicação seria “mudar a imagem da instituição”, apontada por 62% como uma afirmativa com a qual concordam plenamente. Deve-se ainda considerar este resultado frente ao crescimento do mercado de pesquisa no país, tanto como estratégia de negócio como estratégia política adotada por todos os candidatos a algum cargo eletivo. Nos últimos anos, a pesquisa de opinião e de mercado cresceu significativamente e são hoje realizadas com um alto nível de sofisticação tecnológica.3 Outro resultado surpreendente foi a indicação de “desenvolver atividades de informação pública para o cidadão”, apontada com 66,7% e a de “realização de campanhas 3 A ANEP (Associação Nacional de Empresas de Pesquisa) cresceu 38% de 1994 a 1995 e 50% no ano seguinte. in, “História: uma década em quatro. in Meio e Mensagem, 25/02/2002, edição especial “Pesquisa – Caderno Especial ANEP . 12 sociais, educativas e/ou institucionais” indicada com 54,4%, como áreas de atuação do comunicador social. Este dado reflete a crescente preocupação dos órgãos públicos com sua imagem e com sua responsabilidade social na construção da cidadania, fato que pôde ser observado nos últimos anos no Brasil, com a internet sendo utilizada de forma exemplar como meio de informação ao cidadão e meio de desburocratização de procedimentos pelos órgãos públicos, com o crescimento dos atendimentos 0800 (atendimento gratuito ao cidadão) e com a instalação das ouvidorias. Este é, aliás, o campo mais recente e de significado estratégico para a comunicação organizacional: a construção da cidadania, o trabalho com a opinião pública, a informação de cunho social, enfim, aquilo que já se consagrou denominar a Comunicação Pública. BIBLIOGRAFIA DUARTE, Jorge & et alli. Relações Públicas nos Ministérios da República. Brasília, UNICEUB, dezembro de 2000. DUARTE, Jorge & DUARTE Marcia Yukiko. Papel e atribuições de jornalistas e relaçõespúblicas em uma organização, segundo jornalistas. Brasília, 2002. Paper apresentado no GT de Comunicação Organizacional e Relações Públicas, ALAIC, 2002. História: uma década em quatro atos. in Meio e Mensagem, 25/02/2002, edição especial “Pesquisa – Caderno Especial ANEP”. Alunos que participaram da pesquisa Adauto Bezerra Fraga, Alessandra Gisele Matias, Alexandre Nunes Melo, Amanda Cecília, André Luiz Gomes Lemos, Andréia Alves Nascimento, Áurea Lúcia Lobo, Cíntia Maria Cardoso Souza, Cristiane Maria Vasconcelos, Dayane Silva Guimarães, Dayanna Amorim Dias, Delsa Cambraia da Mota Albuquerque, Dolores Araújo de Souza, Elaine Cristina G. Xavier, Elna Souza Silva, Fábio Godinho, Fábio da Silva Santana, Francisco de Assis Silva Costa, Gábia Lucena Rezende, Haula Mohamed Hussein, Isabel Nunes Teixeira, Juliana Braga, Juliana Firmino, Lívia Queiroz de Paiva, Luiz Carlos Torres, Maria Amélia Alves Diniz Sobrinho, Maria Pereira Damacena, Maria de Fátima, Marco Aurélio G. Lima, Michele Mamede Freitas, Nancy Habli B. Dutra, Rosaliz Andréa Fontenele, Rosiene Cardoso Eduardo, Suzana Braga de M. Isoni, Tatyana Carmo de Souza, Valéria Cristina Alves, Viviane L. de Oliveira, Wanessa Liz G. Campos. 13