REVOLUÇÕES LIBERAIS RESCALDO DA GRANDE REVOLUÇÃO

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REVOLUÇÕES LIBERAIS
1. RESCALDO DA GRANDE REVOLUÇÃO FRANCESA
 CONGRESSO DE VIENA (1814-15)
Assembleia anti-liberal dos monarcas que se consideravam prejudicados pela França.
O Congresso desenrolou-se numa atmosfera galante de recepções e bailes, destacando-se,
além dos monarcas da Rússia, Áustria, Prússia, Inglaterra e França, o chanceler austríaco
Metternich.
Jogos estratégicos e diplomáticos revelam velhas rivalidades. Alinhadas a Prússia e a Rússia,
"contra" a Áustria e a Grã-Bretanha. Isto vai criar um novo (e delicado…) equilíbrio europeu.
Compensações territoriais:
— Para a Inglaterra: ilha de Malta e ilhas Jónicas, colónia do Cabo e Ceilão (retiradas à
Holanda) e algumas Antilhas (para apoio das suas esquadras).
— Para a Rússia: grande parte da Polónia prussiana, a Finlândia (retirada à Suécia), e a
Bessarábia (retirada à Turquia).
— Para a Suécia (como compensação pela Finlândia): Noruega.
— Para a Prússia: grande parte da Alemanha renana e da Saxónia.
— Para a Áustria: recuperação do Tirol e ocupação do reino lombardo-veneziano (influência
na Itália e no Adriático, como veremos adiante).
— Criação do reino dos Países Baixos pela fusão da Holanda e da Bélgica, destinado a
constituir um estado-tampão às tendências expansionistas da França.
Consequências:
— Para a Itália: mantém-se a sua profunda divisão - no Norte, quase todo dominado pela
Áustria, apenas os reinos do Piemonte e da Sardenha se ampliam com a antiga república de
Génova e a Sabóia. Reconstituição dos Estados Pontifícios. No centro, vários pequenos
reinos ficam sob a tutela austríaca (Toscana, Modena e Parma).
— Para a Alemanha: os estados alemães ficam reunidos na Confederação Germânica,
presidida pelo imperador da Áustria.
 SANTA ALIANÇA (1815)
Proposta pelo czar foi firmada pelos imperadores da Áustria, Prússia e Rússia. Esta aliança
foi feita "em nome da Santíssima Trindade" de modo a unir os soberanos por laços de
fraternidade cristã. Embora não aderisse à aliança, a Inglaterra viria a fazer um acordo com
estas potências Novembro de 1815. A França aderiria em 1818.
É claro um propósito de vigilância contra-revolucionária da política geral europeia.
Fundamental o papel de Metternich na repressão de qualquer movimento nacionalista que,
tanto na Itália como na Alemanha, poderia aniquilar a supremacia austríaca.
2. EVENTOS E REVOLUÇÕES NA FRANÇA DO SÉCULO XIX
 SEGUNDA RESTAURAÇÃO DE LUÍS XVIII
Depois dos Cem Dias de Napoleão Bonaparte, Luís XVIII regressa ao poder, mantendo um
frágil equilíbrio entre as tradições que representa e as limitações ao poder real.
Curiosamente, em vésperas da Revolução, apoiara a votação "por cabeça" como queria o
Terceiro Estado, mostrando-se sempre bem mais liberal que o rei, seu irmão.
A assinatura do 2º Tratado de Paris, que reduz as fronteiras francesas às de 1789, e obriga a
França a uma pesada indemnização de guerra e à ocupação militar do país enquanto o
tributo não fosse pago, provoca graves convulsões políticas internas.
 CONTRA-REVOLUÇÃO DE CARLOS X
Com a subida ao trono do outro irmão de Luís XVI e XVIII, verifica-se o regresso às tradições
conservadoras: protecção aos grandes proprietários rurais por uma nova lei eleitoral;
restrições à liberdade de imprensa; indemnizações aos emigrados prejudicados pela
Revolução.
Quatro Ordenanças: decretadas em Julho de 1830, com a oposição da Câmara de
Deputados, suprimem a liberdade de imprensa e dissolvem as Câmaras, ente outras medidas
impopulares.
Aliança entre republicanos, realistas liberais e bonapartistas.
 REVOLUÇÃO DE 1830, a Monarquia de Julho
Revolução de Julho de 1830, iniciada com 3 dias de insurreição conjunta de burgueses e
operários. Temendo a instauração da República, alguns deputados oferecem a coroa a Luís
Filipe, duque de Orleães, de orientação liberal. É o Rei-Cidadão, como ficará conhecido.
Esta revolução entusiasma a Europa, provocando numerosos surtos nacionalistas e liberais: a
Bélgica levanta-se contra a Holanda e proclama a independência, a Polónia revolta-se
contra o domínio russo (sem êxito), os liberais italianos revoltam-se em vários estados, na
Alemanha a agitação revolucionária impõe várias constituições, em Portugal o movimento
liberal ganha uma nova força no combate contra o absolutismo, a partir da ilha Terceira.
Revisão da Carta Constitucional, restringe a autoridade do rei e da Câmara dos Pares. No
entanto, aumenta a pressão da burguesia e a exploração do operariado. A questão social
torna-se dominante, para mais face à crescente industrialização da França. Agudiza-se a luta
entre bonapartistas, republicanos e legitimistas (partidários do duque de Angoulême, filho de
Carlos X).
Outros factores de perturbação: guerra na Argélia (1839-47) a que dera azo a sua ocupação
em 1830, ainda no reinado de Carlos X; crise agrícola em 1847-48 seguida de grave crise
industrial. Propaganda antigovernativa, especialmente contra o 1º ministro Guizot, em
banquetes. A proibição de um deles, leva à revolução.
 REVOLUÇÃO DE 1848
Em Fevereiro de 1848 as ruas enchem-se de barricadas e Luís Filipe abdica, sendo
proclamada a 2ª República Francesa.
Novo alento dado aos movimentos liberais europeus: revolta liberal na Áustria depõe
Metternich e cria um regime constitucional, ao mesmo tempo que se extingue a Santa
Aliança; revolta dos Checos e dos Húngaros, dominados pela Áustria; insurreição na Itália
dos habitantes do reino lombardo-veneziano, com o apoio do Piemonte; revoluções nos
Estados Pontifícios, na Toscana e no Reino das Duas Sicílias; revolta na Alemanha, a
favor da unificação. Se nem todos os movimentos triunfaram, a verdade é que toda a Europa
(excepto a Rússia e a Turquia) aceitou o liberalismo.
A França era governada por um Governo Provisório que organizou eleições por sufrágio
universal, com resultados favoráveis aos moderados.
Nova revolução popular, afogada em sangue.
Assembleia Constituinte elabora a Constituição de 1848, que confere o poder executivo a um
presidente da República eleito por 4 anos, não podendo ser reeleito.
É eleito presidente Luís Napoleão Bonaparte, sobrinho de Napoleão que, em face do
impedimento de se recandidatar, se apodera do poder por golpe de Estado de 2 de
Dezembro de 1851, tornando-se, sucessivamente, príncipe-presidente, e Imperador, em 2 de
Dezembro de 1852, com o título de Napoleão III…
 SEGUNDO IMPÉRIO
Reforço da política autoritária, mantendo-se a estrutura política anterior, desorganizada e
assente, embora com as liberdades parlamentares restringidas, no sufrágio universal!
Industrialização e acalmia social trazem certo bem-estar material. Melhoria das
comunicações, sobretudo caminhos-de-ferro e do comércio internacional.
Participação na Guerra da Crimeia (1854-56), ao lado da Turquia e da Inglaterra, contra a
Rússia, que acaba derrotada na tomada de Sebastopol.
Apoio aos nacionalistas italianos contra a Áustria, dá à França a Sabóia e Nice.
A partir de 1860 a França volta a liberalizar-se, com o reaparecimento dos partidos políticos, a
amnistia a presos e perseguidos políticos e a liberdade de imprensa. O regime parlamentar
estava já anunciado em 1870, data em que ocorrem graves acontecimentos na política
externa:
 Intervenção no México, com o apoio da Inglaterra e da Espanha, aproveitando a Guerra
de Secessão de 1861-65 nos E.U.A. A imposição de um irmão do imperador Francisco
José da Áustria, Maximiliano, como imperador do México, termina num fracasso. Os
franceses vêem-se obrigados a retirar, deixando-o nas mãos dos republicanos mexicanos,
que o fuzilam.
 Na Itália, Napoleão III é levado pelos católicos franceses a retirar o apoio aos
nacionalistas e a defender a integridade dos Estados do Papa, que acabam por cair em
poder dos liberais, perante a retirada das tropas francesas que são obrigadas a regressar
à França para a defenderem da invasão prussiana. Isso deve-se à
 Guerra Franco-Prussiana que, em 1870-71, conduz à derrota da França e à prisão de
Napoleão III. Paris em revolta proclama a República.
 TERCEIRA REPÚBLICA
O Governo Provisório é chefiado por Thiers, antigo ministro de Luís Filipe. Divergências entre
os bonapartistas e realistas ajudam a consolidar a República.
Desfile das tropas alemãs vitoriosas pelos Campos Elíseos, em 1 de Março, exacerba os
ânimos franceses.
Insurreição anti-burguesa, com luta entre versaillais e communards estabelece governo
revolucionário que dura 2 meses (Março a Maio de 1871), chamado da COMUNA DE PARIS,
que constitui a primeira tentativa de instauração de um governo proletário. Thiers abandona
Paris. Alastramento da revolução a outras cidades, embora incompreendida por grande parte
da população. Medidas de grande alcance, a favor das classes trabalhadoras e das mulheres,
embora tímidas em relação ao poderio do capital.
Thiers obtém a libertação de 60 000 prisioneiros franceses dos prussianos, para o ajudarem a
reconquistar Paris. 130 000 homens, chefiados por Mac-Mahon, enfrentam um máximo de 30
000 comunardos.
Com a vitória das forças governamentais, a repressão é impiedosa, horrorizando a Europa,
devido ao número de execuções sumárias, cerca de 20 000 durante a chamada "semana
sangrenta". Mais de 38 000 prisões, com mais condenações à morte, trabalhos forçados e
exílio, completam a repressão da por muitos considerada a primeira revolução comunista da
História.
O significado da Comuna de Paris é imenso, como património comum a marxistas e
anarquistas, sendo em muitos aspectos relembrada na revolta estudantil de 1968.
E retomado o governo da 3ª República, acentuando-se alguns aspectos dominantes:
 Política expansionista em África e na Ásia: protectorado da Tunísia, conquista de
Madagáscar, penetração na bacia do Congo, início da anexação da Indochina.
 Progresso industrial, acompanhado de florescimento das Artes e das Letras.
 Reconstituição do exército, com vista à defesa, mas também à desforra da guerra de 1870.
 Questões entre a Igreja e o Estado: expulsão das ordens religiosas e separação entre a
Igreja e o Estado..
 Caso Dreyfus (1894): ligado à vaga de anti-semitismo que culminou com a condenação
injusta do capitão Dreyfus, um judeu acusado de vender segredos militares à Alemanha.
Destituído do exército, foi deportado para a Guiana. Os seus partidários, entre os quais Zola
(J'accuse!") só em 1906 conseguiram a sua reabilitação, acabando condecorado com a
Legião de Honra.
 O DESPERTAR DOS NACIONALISMOS
Os estados multinacionais da Europa ocultavam a sua constituição por várias nações (Áustria,
Rússia, Turquia) enquanto outras nações estavam divididas em vários estados (Alemanha e
Itália).
Apoio dos partidos liberais à autodeterminação das nações anexadas e à unificação das
divididas.
Liberalismo e nacionalismo são ambas as faces da mesma moeda. São buscados argumentos
de ordem histórica, cultural, étnica, religiosa, para justificar o seu objectivo.
 Movimentos de autonomia ou de independência na Europa:
— Bélgica em relação á Holanda
— Sérvia, Grécia, Roménia, Montenegro e Bulgária (Balcãs) em relação à Turquia
— Hungria, Boémia, Lombardia, Venécia e Bósnia, em relação à Áustria
—Polónia, em relação á Rússia
 Movimentos de unificação
— Itália
— Alemanha
 INDEPENDÊNCIA DAS COLÓNIAS ESPANHOLAS
Os territórios americanos pertencentes à Espanha estendiam-se da América do Sul à do Norte,
onde ocupavam o México, a Califórnia, a Florida e o Texas. Estes territórios eram governados
por vice-reis e capitães-gerais, representantes da Coroa espanhola.
A independência dos EUA, reconhecida pela GB em 1783, e a Revoluçaõ Francesa,
influenciaram uma forte corrente de opinião liberal nas colónias, principalmente veiculada pela
burguesia local. Também a atitude da coroa espanhola para sufocar a autonomia comercial das
colónias agravou a tensão.
A primeira tentativa de independência ocorreu em 1806, por acção do venezuelano Miranda.
 A Guerra da Independência (1810-1824)
Levantamentos em Caracas (1810), depois em Buenos Aires, no Chile e no México. No
México a revolta foi dirigida por dois sacerdotes, Hidalgo e Morellos.
Fernando VII envia reforços que esmagam os rebeldes (1816), que continuam a resistir na
Argentina, com o general San Martín.
Em 1817 recomeça a guerra. Com a revolta a norte chefiada por Simão Bolívar, e a sul por
San Martín: Bolívar desembarca na Venezuela e penetra na Colômbia, onde é eleito
presidente da Grande Colômbia (Colômbia, Equador e Venezuela).
Ataca então o Peru pelo Norte, enquanto San Martín, que libertara o Chile, ataca o Sul.
No México, o general Iturbide proclama-se imperador (1822).
A Espanha reconhece a independência destas 16 repúblicas.
 INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
É proclamada a independência do Brasil pelo príncipe D. Pedro, em 7 de Setembro de 1822. Em
12 de Outubro de 1822, é proclamado imperador.
A independência viria a ser reconhecida por Portugal, em 15 de Novembro de 1825, tendo como
intermediários a Inglaterra e a Áustria.
 INDEPENDÊNCIA DA BÉLGICA
O Congresso de Viena formara o Reino dos Países Baixos com a Holanda e a Bélgica. Este
reino tinha à sua frente Guilherme I de Orange. Divergências linguísticas e religiosas, além de
económicas, separavam-nos.
A obrigatoriedade da lingua holandesa e a luta entre o clero católico belga e os calvinistas,
aumentava a tensão.
Revolução nacionalista e liberal em Bruxelas, a 25 de Agosto de 1830, expulsa as forças
holandesas de quase toda a Bélgica.
O receio das ambições francesas leva a uma conferência internacional que tenta resolver os
problemas daí advindos (Londres, 1830-1), reconhecendo a independência da Bélgica, qua
deveria ser declarada perpetuamente neutra pelas outras potências europeias.
Sob proposta da Inglaterra, os Belgas aceitaram como seu rei o príncipe alemão Leopoldo de
saxe-Coburgo.
 INDEPENDÊNCIA DOS PAÍSES BALCÂNICOS
No início do séc. XIX, o Império Otomano dominava toda a Península Balcânica, o Egipto, a
Síria, a Palestina e a Ásia Menor. Alguns paxás conseguem libertar-se da tutela do sultão turco:
Moldávia, Valáquia, Montenegro e Egipto.
A estas sublevações que dilaceram o império, seguem-se revoltas das populações cristãs
dominadas. No entanto, estavam demasiado divididas para conseguirem resultados.
 Independência da Sérvia
Triunfo, em 1804, de sublevação na Sérvia. O seu chefe proclama-se rei (1808) mas o sultão
sufoca a revolta. Nova tentativa, em 1815, resulta numa grande autonomia da Sérvia dentro
do Império Turco.
 Independência da Grécia
Segue-se a revolta grega, iniciada na península da Moreia. Proclamada a independência da
Grécia, em Epidauro (1822). Segue-se logo a repressão turca, auxiliada pelo paxá do Egipto.
Massacre da população da ilha de Quios e reconquista da Moreia e da Ática (1827).
Grande entusiasmo de parte de liberais estrangeiros que vão ajudar os patriotas gregos Victor
Hugo e Byron camtam o seu heroísmo e David fá-los tema das suas pinturas. Byron combate
mesmo, vindo a morrer no cerco de Missolonghi (1826).
Os países são contagiados pelas atitudes individuais. A Rússia, a França e Inglaterra acabam
por entrar em guerra, obrigando a Turquia a reconhecer a independência grega (Moreia e
Ática) pelo tratado de Andrinopla (1829), sob o rei bávaro Otão I.
 Independência do Montenegro, Roménia, Bulgária e Albânia
As restantes independências, feitas à custa do território do Império Otomano, vão pôr fim à
"Questão do Oriente".
— Montenegro, independente em 1851.
— Roménia (Moldo-Valáquia), independente depois da Guerra da Crimeia (1854-55).
— A Conferência de Berlim de 1878 reconheceria a independência daqueles estados
e ainda a da Bulgária (1879).
— Albânia, independente em 1912, depois de duas guerras balcânicas. O território
turco na Europa ficou reduzido à pequena península da Trácia.
 UNIFICAÇÃO ALEMÃ
 Confederação Germânica
Depois do Congresso de Viena, a Alemanha continuava dividida em 36 pequenos estados
soberanos, ligados entre si pela Confederação Germânica, presidida pela Áustria. O único
elo real que unia estes estados era a Dieta de Francoforte, que pouca ou nenhuma acção
exercia.
As revoluções liberais de 1848, fizeram a Alemanha aspirar à unidade, apesar da rivalidade
profunda que separava a Áustria da Prússia. A solução de Viena fora a concretização da
Grande Alemanha, dirigida pela Áustria, ao invés da Pequena Alemanha, chefiada pela
Prússia.
 Zollverein (1834)
A Prússia joga uma cartada, a criação do Zollverein, a união aduaneira que abolia as
barreiras alfandegárias entre os diversos estados alemães. Esta união faz a riqueza da
Prússia que, em 1854, agrega a si uma nova união económica agrupando os estados do
Norte da Alemanha, entre os quais o Hanôver.
O poderio da Prússia e a crescente industrialização da Alemanha, dispondo agora dos portos
nórdicos, mostrava o arcaísmo e os inconvenientes da fragmentação política.
 Bismarck (1815-1898)
Primeiro-ministro do imperador Guilherme I, coroado em 1861.
"— Os grandes problemas da nossa época não serão decididos por discursos e votações de
maiorias, mas pelo ferro e pelo sangue".
 Ocupação dos ducados de Schleswig e Holstein
Eram governados pelo rei da Dinamarca. Intervenção da Áustria unida à Prússia, em 1864: a
Áustria ocupa o Holstein e a Prússia o Schleswigh (1865).
 Guerra Áustro-Prussiana
— Máquina de guerra prussiana perfeitamente afinada, organizada pelo ministro da Guerra,
Roon, e por Molkte.
— Diplomacia prussiana garante a neutralidade de Napoleão III, que se alia à Itália, inimigo
natural da Áustria (1866).
— Bismarck provoca a Áustria, ameaçando dissolver a Confederação Germânica e iniciando
preparativos bélicos. Em resposta, a Áustria entrega os ducados à Dieta de Francoforte.
Imediata invasão do Holstein pela Prússia, a quem a Áustria e alguns príncipes alemães
declaram guerra.
— Vitória sobre os príncipes alemães, e batalha de Sadowa com vitória da Prússia sobre a
Áustria. As forças prussianas são comandadas pelo próprio Guilherme I.
— Paz de Praga exclui a Áustria da Alemanha, obrigando-a a abandonar o Holstein e a
Venécia, esta para a Itália. A Prússia anexa alguns estados que dividem o seu território,
nomeadamente o Hanôver e o Hessen e forma, a norte do rio Main, a Confederação da
Alemanha do Norte, formada por 15 estados.
 Guerra Franco-Prussiana
— Para além dos receios mútuos entre a França e a Prússia, surge a candidatura de um
príncipe alemão ao trono de Espanha (Julho de 1870). Uma revolução liberal tinha afastado a
rainha Isabel II do trono (1868).
— A França exige a retirada da candidatura alemã mas, uma vez satisfeita, exige que
Guilherme I se recuse, no futuro, a candidaturas desse género. A recusa do kaiser e um
comunicado provocatória de Bismack à imprensa inflamam a reacção francesa. Declaração
de guerra à Prússia.
— Sucessão de derrotas francesas face a um exército mais organizado e equipado com
armamento mais moderno. Ocupação da Alsácia e da Lorena pelos prussianos. Vitória
prussiana de Sédan. As tropas francesas, metralhadas por 700 canhões, rendem-se, ficando
Napoleão III prisioneiro com 100 000 homens.
 Proclamação do Segundo Reich
—Proclamação da República em Paris e cerco da capital francesa.
— Armistício pelo tratado de Francoforte (Maio de 1871), cedendo a França à Alemanha a
Alsácia e o Norte da Lorena, com uma forte indemnização.
— Guilherme I tinha sido proclamado, em 18 de Janeiro, imperador da Alemanha. O Império,
de carácter federal, compreendia 26 estados com governos próprios.
 UNIFICAÇÃO ITALIANA
Depois do Congresso de Viena, a Itália ficara dividida numa série de pequenos estados
enfeudados à Áustria, que dominava quase todo o Norte da Itália. As revoluções liberais de 1830
de 1848 também tinham atingido a Itália. Os partidos liberais defendiam, ao mesmo tempo, o
constitucionalismo e a unificação. Para os atingir, é preciso derrotar a Áustria. É notória a
necessidade de apoio estrangeiro.
 Papel do Piemonte
— Entretando, o núcleo duro do movimento sedia-se no Piemonte, um pequeno estado do norte
da Itália, governado pelo rei Vítor Emanuel II e o seu ministro, o conde de Cavour.
— Fortificação e enriquecimento económico e militar do Piemonte pela acção de Cavour:
construção de uma rede ferroviária, túneis e um arsenal da marinha de guerra, em La
Spezzia.
— Congregação de todos os patriotas italianos em torno de Vitor Emanuel, na Sociedade
nacional Italiana (1857), com o lema: "Unidade, Independência, Vítor Emanuel rei de Itália",
cuja sigla ficou V.E.R.D.I.
— Obtenção do apoio da França. Napoleão III acaba por se comprometer a ajudar o Piemonte
no caso de uma invasão austríaca (tratado de 26 de Janeiro de 1859). Nesse caso a Áustria
seria expulsa do Norte de Itália, onde se formaria o reino da Alta Itália. A França receberia em
troca a Sabóia e Nice.
— Preparação para a guerra. A Áustria respondeu mobilizando as suas forças e intimando o
Piemonte a suspender os preparativos bélicos dentro de 3 dias. Na negativa, a Áustria
declara guerra ao Piemonte, obrigando napoleão III a colocar-se ao lado deste estado.
 Guerra com a Áustria
— Vitória francesa em Magenta, próximo de Milão, logo ocupada pelas forças francopiemontesas.
— Nova vitória franco-italiana em Solferino, mas com 17 000 baixas francesas.
— Ameaças de ataque prussiano à França, altera planos de Napoleão III.
— Armistício e tratado franco-austríaco (1859) entrega à França a Lombardia, que a cede ao
Piemonte. Previa-se a formação de uma confederação italiana.
 Unificação da Itália
— Movimentos populares no centro da Itália (ducados de Parma, Módena e Toscana, e a
ramanha, que pertencia ao papa, expulsam os seus governantes e manifestam intenção de
se unir ao Piemonte. Plebiscitos organizaos nestes territórios, têm o apoio da França que,
entetanto, recebera a Sabóia e Nice. Não são ouvidos os protestos do papa…
— Faltava conquistar o resto dos Estados pontifícios e o reino de Nápoles, onde reinava
Francisco II de Bourbon. O ataque a Nápoles é organizado e chefiado por Garibaldi, patriota
italiano nascido em Nice, que já lutara contra a Áustria. Garibaldi deixa secretamente Génova,
com pouco mais de 1 000 voluntários. O governo Piemontês finge discordar. Desembarca na
Sicília (1860), forma um governo provisório e passa ao sul da Itália onde vence o exército de
Francisco II, posto em fuga. Entrada triunfal em Nápoles.
— O governo de Cavour teme que Garibaldi se resolva a proclamar a República em Nápoles,
seguindo as suas inclinações políticas. Atravessando as forças de Napoleão III, a quem
convence da perigosidade de Garibaldi, apostado em tomar Roma, o que era de evitar a todo
o custo, Cavour atravessa os estados do papa e derrota as suas tropas em Castelfidardo,
poupando Roma. Antecipando-se assim aos eventuais propósitos de Garibaldi, Vítor Emanuel
é aclamado rei da Itália em Nápoles, decretando a união do Reino das Duas Sicílias depois
de um plebiscito, ao resto da Itália. Ao mesmo tempo, a Úmbria e as Marcas, do papa, votam
também a sua união ao Piemonte.
— O papa Pio IX está agora limitado a Roma e seus arredores. Só este território e a Venécia
continuavam fora da Itália unida. Cavour sabia bem demais que Napoleão III se oporia à
conquista de Roma.
— A 23 de Março de 1861, depois de eleições gerais, Vítor Emanuel é proclamado rei da
Itália.
 Questão Romana
— As tropas francesas continuavam em Roma, enquanto o governo italiano, para não
prolongar a situação, aceita não atacar Roma e tomar Florença como capital.
— Com a retirada francesa, em 1864, Garibaldi aproveita para tomar Roma, de onde é
expulso por um reforço francês enviado por Napoleão III. No entanto, este regimento é
obrigado a abandonar a Itália em 1870, forçado pela Guerra Franco-Prussiana.
— Vítor Emanuel aproveita a ocasião e ocupa Roma. Pio IX exige que seja feita uma brecha
nas muralhas de Roma pelos invasores, como prova de violência, o que é feito. O papa,
então, passa a considerar-se prisioneiro do governo italiano. Este tentou fazer-lhe certas
concessões através da "Lei das garantias", mas o papa recusou-as.
— Estava completada a unidade italiana, com a cedência da Venécia, como se viu.
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