Negócios Além dos Números

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"Negócios Além dos Números"
Na coluna "Negócios Além dos Números", O administrador Felipe Arantes, fala de assuntos ligados a área de
Gestão e Administração de negócios, seja no setor privado ou público.
Felipe Arantes é formado em Administração pelo Ibmec-RJ e mestre em Negócios
Internacionais pela Hult International Business School. Possui quatro especializações
em gestão desportiva e foi um dos participantes do Programa ProLíder , apoiado pela
Fundação Estudar. Atualmente, é gestor e professor adjunto no Ibmec-RJ, além de
consultor autônomo.
Contato: Email: [email protected]
4Ps are OVER
Quando falamos em marketing, o conceito básico que devemos saber é o Marketing
Mix, mas conhecido como 4Ps. McCarthy definiu em seu livro Basic Marketing em
1960 que o Marketing Mix é um conjunto de variáveis controláveis que influenciam a
tomada da decisão de compra dos consumidores. Essas variáveis são os 4Ps: Produto,
Preço, Praça e Promoção.
Apesar de super aceita e até mesmo válida essa análise, alguns estudiosos já vêm
tentando difundir a ideia de que os 4Ps não são mais suficientes para de fato
influenciar os consumidores a comprarem determinados produtos e serviços, que as
empresas precisam ir além, e muito, para poderem ser bem-sucedidas. Durante o
mestrado, um dos meus professores de marketing, Professor Steve Hurley, fez a
seguinte afirmação: ‘The 4Ps are OVER!' ou, os 4Ps acabaram.
OVER porém, mais do que simplesmente trazer a sensação de ‘acabado' para os 4Ps
também se desdobra em uma teoria que pode nos ajudar a melhor entender o que
podemos fazer para irmos além enquanto gestores. Se separarmos suas letras
conseguimos montar um acróstico que gera Offering Value Experience Relationship.
Através dessas quatro palavras nós conseguimos entender melhor o que o Professor
Hurley pensa.
O – Oferecendo/Ofertando - Os negócios precisam entender o que os consumidores de
fato buscam e ofertar aquilo. Por exemplo, uma marca de luxo, como a Chanel pode
acreditar que vende roupas de alta qualidade. Entretanto, o que ela de fato vende é
status, glamour e até mesmo uma falsa sensação de poder.
V – Valor – Cada consumidor terá uma percepção diferenciada do valor agregado em
seu produto ou serviço. Para conseguir alterar/manter a percepção dos consumidores
de que aquilo que a empresa está vendendo traz mais benefícios do que o custo para o
consumidor um gestor deve buscar compreender essa percepção de maneira mais
individualizada possível.
E – Experiência – Hoje em dia uma marca deve gerar uma experiência de consumo
que faça o seu consumidor recordar de maneira positiva a sua compra. A Disney, por
exemplo, já faz isso há anos e deixa transparecer essa ideologia até mesmo pelo
slogan “Where your dreams come true”, onde seus sonhos tornam-se realidade. Uma
marca brasileira que soube aplicar isso também é a Reserva. Ela atrai o seu
consumidor através de uma experiência única nas lojas com diversos elementos que
fazem você se recordar em praticamente todos os 5 sentidos: cheiro do perfume
espalhado pela loja, atendimento como ‘amigo', lojistas atraentes, cerveja de
qualidade oferecida, balas personalizadas etc.
R – Relacionamento – As empresas devem ser capazes de criar um relacionamento
com seus clientes sem ser aquela relação de venda, mas de quase uma amizade. Os
clientes devem se sentir à vontade para interagir com a marca através de diversos
meios, in loco, mídias sociais, e-mail, telefone, etc. Esse é, provavelmente o passo
mais difícil. Contudo, uma vez que a marca passa a fazer parte do cotidiano do seu
cliente o sucesso é praticamente garantido, vide Uber e Zara, que entraram na rotina
de seus clientes sem alterar seus hábitos e costumes.
O QUE ESPERAR DOS ELEITOS?
Passadas as eleições, diga-se de passagem, tanto aqui quanto nos EUA, devemos
agora debater e refletir sobre os impactos que as medidas prometidas pelos candidatos
eleitos terão no dia-a-dia da população e as mudanças que as mesmas gerarão.
Olhando primeiro para o RJ, afinal teria que desenvolver pelo menos um texto inteiro
para falarmos de Trump, elegemos um prefeito que muitos eram contra, não só por
seus ideais políticos mas também por seu envolvimento religioso, e acabamos votando
nele para que o outro candidato não entrasse pois poderia, como ouvi muito, ‘ser pior
ainda' e ‘deixar a cidade ingovernável'. Dito isso, vamos analisar algumas das
principais propostas de governo, o que de fato Crivella pretende fazer a partir do ano
que vem de acordo com uma entrevista concedida a revista VejaRio em 17/09/2016.
Segurança:
Redesenhar o papel da Guarda Municipal, transformando-a ativa no policiamento
comunitário e na vigilância ostensiva das ruas. Além disso, criar uma PPP(Parceria
Público-Privada) para investir em iluminação pública e câmeras de segurança.
Para esclarecer, o papel de investimento em segurança é do Estado, através da
PM(Polícia Militar), por exemplo. Visto isso, o plano de Crivella para que a Guarda
Municipal seja treinada pela Força Nacional de Segurança e possa agir em sintonia
com a PM pode sim trazer uma melhoria para a cidade. Resta saber, se todas essas
parcerias vão funcionar e mais, se ao dar mais poder à Guarda Municipal, os limites
também serão impostos para que não haja abuso de poder por parte dos mesmos,
podendo transformar inclusive a cidade em um caos.
Quanto à PPP, na minha visão, pareceu muito mais uma jogada de campanha política,
porém, caso bem sucedido, melhorias são sempre bem vindas, desde que isso não
venha a aumentar os impostos para que o parceiro privado tenha lucros.
Saúde:
Investimentos em limpeza e saneamento o ano todo para prevenção de doenças como
dengue e zika; Reestruturação gestão da saúde e maiores investimentos na área;
Manter e melhorar o programa Clínica da Família e criar o programa Clínica de
Especialistas.
No primeiro ponto, o prefeito eleito está certíssimo, porém a sua implementação diária
é mais complicada. Resta à população cobrar sempre do governo, seja através de
jornais, tv ou até mesmo passeatas e greves.
Pulando para os programas, mais uma vez, vemos uma ótima intenção mas sem um
plano de ação conciso e transparente para toda a população, isso não passa de
promessas. As enormes filas, a falta de materiais, a falta de médicos, nada disso se
resolve apenas com ‘programas'. Pelo menos em um fator o raciocínio está correto,
uma auditoria deve ser feita em todas as Organizações Sociais para que seja
identificado a causa de todo esse dano à Saúde.
Agora a principal intenção de mudanças do governo a gestão e os investimentos.
Quanto aos investimentos, me intriga entender como aumentar investimentos em
Saúde e manter todos os outros setores do governo funcionando sem problemas sem
aumentar a arrecadação, ainda mais com a situação que vivemos no estado hoje.
Contudo, espero que uma engenharia financeira possa ser feita a fim de que essa
promessa seja cumprida. Já uma reestruturação da gestão do setor me agrada, e muito.
Quantas vezes abrimos os jornais ou ligamos nossas tvs e nos deparamos com
desastres sendo cometidos dentro de hospitais públicos? Não é mais possível aturar
reclamações de ambos os lados, população e hospitais, o governo precisa agir! Como?
Através da total reestruturação de processos do setor, por exemplo. Faz-se um
investimento em sistemas para que tudo o que for distribuído para os hospitais seja
cadastrado por hospital e por área, e com acesso à população, assim nós saberemos
exatamente onde está a falha e não simplesmente ficaremos ‘apontando dedos' uns
para os outros. Apenas uma ideia, porém algo tem que ser feito!
Educação:
PPP para criação de vagas em creches e pré-escolas; 50% dos alunos do Ensino
Fundamental estudando em tempo integral; plano de bônus meritocrático para escolas.
Novamente uma PPP, nesse caso não acredito ser uma boa ideia. Em todo tipo de
negócio, uma negociação bem sucedida é aquela que chamamos de ‘win-win', ou seja,
onde ambas as partes ganham. Não consigo enxergar como um parceiro privado
ganhará ao investir nesse projeto. Pode ser por uma miopia minha, mas com toda a
desconfiança gerada na política recente do país, isso me parece mais uma maneira de
se ganhar dinheiro do que de ajudar a população.
Ensino em tempo integral seria ótimo, mas mais uma vez, resta saber como fazê-lo
sem o investimento necessário? Como ter mais verba sem aumentar a arrecadação,
que foi uma promessa de governo também? Como não prejudicar outros setores para
que um seja favorecido? Envolver mais os pais na educação das crianças é um
programa interessante e que pode ser muito bem sucedido, caso os pais tenham uma
base educacional, o que infelizmente, não é a maioria dos casos de nossos alunos de
escolas públicas. Logo, não será eficiente, a prefeitura deve fazer mais, deve transferir
para a escola obrigações que seriam dos pais, deve ter nesse sistema integral
mecanismos para que os alunos se desenvolvam e possam já ter empregos decentes
sem precisar abandonar os estudos.
Programa de meritocracia para escolas que melhorarem seus resultados no Ideb é uma
boa alternativa para não aumentar os custos fixos e gerar um incentivo maior para que
os professores e diretores se dediquem à mudar a história dessas crianças. Única
ressalva seria que deve-se haver um Plano de Remuneração Variável pré definido e
aprovado pela Prefeitura em comum acordo com as escolas.
Por fim, podemos ver que muitos planos, por melhores que pareçam, não tem muito
embasamento e falta uma percepção muito grande por parte do prefeito eleito no que
diz respeito às contas públicas da Prefeitura. Agora é esperar para ver, principalmente,
o ‘Como' de todas essas ações para, aí sim, avaliarmos o quão eficiente e eficaz serão
as medidas tomadas a partir do ano que vem. Nesse tempo, vamos manter nosso papel
como cidadãos e vamos fiscalizar e cobrar todas as mudanças.
PRECISAMOS FALAR DE GESTÃO PÚBLICA
O segundo turno das eleições se aproximam. Muitos municípios do Estado ainda estão
por decidir quem serão seus prefeitos nos próximos quatro anos. Desconheço as
particularidades de todos os municípios para poder debater um a um. Porém, gostaria
de trazer para a pauta o caso da capital, o Rio de Janeiro.
Enquanto muitos ‘modinhas', que nunca ouviram falar de gestão, muito menos de
política, estão enchendo a boca para falar de candidato x ou y, o que mais me
entristece é essa ‘guerra' criada nas redes sociais e alimentada pelos próprios
candidatos, que esqueceram de continuar falando de suas propostas para a cidade e
passaram a apenas viver de ofensas e acusações.
Visto isso, mais do que falar a frase que tanto tenho ouvido ‘estamos entre a cruz e a
espada', que não vai nos levar a lugar nenhum, assim como participar dessa
‘guerrinha' também não, venho fazer uma provocação, e é claro, trazendo para uma
visão de gestão pública. Que tal estudarmos as propostas de ambos candidatos e
discutirmos as possíveis consequências de suas ações entre nossos grupos de amigos?
Que tal lermos sobre gestão pública, boas práticas em outras cidades do país e até de
fora que passaram por situações parecidas com a nossa? Que tal deixarmos de
reclamar, acusar e ofender o próximo e fazermos algo para que, já que não podemos
ter outros candidatos, nós possamos pelo menos escolher o candidato que melhor se
adapte às nossas crenças?
Quando falamos de gestão, falamos da administração de uma empresa que é
responsável pelo futuro de algumas famílias. Quando falamos de gestão pública,
estamos depositando na mão de uma pessoa a responsabilidade de garantir o futuro de
todas as famílias, nesse caso, da cidade. A diferença mais importante, todavia, é que
na empresa o CEO é escolhido por poucas pessoas de uma cúpula, já numa cidade a
escolha do CEO ou do Prefeito está em nossas mãos. Por isso, estudem o papel do
Prefeito, quais suas responsabilidades, quais as propostas dos candidatos e, ai sim,
votem de maneira consciente no Domingo, afinal, assim como nas empresas, está na
hora de nosso governo começar a dar lucro. Fica a dica!
Post date: 2016-10-28 01:15:47
Post date GMT: 2016-10-28 01:15:47
Post modified date: 2016-12-02 13:57:21
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