O Programa Qualidade de Vida na UFSCar (PQV) teve início em março de 2007, como um dos objetivos traçados pelo Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFSCar, que tem entre suas diretrizes específicas, a valorização dos servidores por meio do aperfeiçoamento das políticas que promovam a qualidade de vida. O PQV tem como eixo norteador implementar ações que contemplem a promoção da saúde dos servidores e seus dependentes. Assim, os pressupostos que norteiam este programa estão relacionados às reflexões sobre a vida no trabalho na universidade e a vida do não-trabalho, buscando alternativas que possam contribuir para a implementação de medidas mais saudáveis que contribuam para o aumento da satisfação com a vida dentro e fora do trabalho na universidade. Neste ponto, é importante esclarecer o conceito de Saúde que permeia nosso programa. Nele, Saúde é entendida como um conjunto de condições para se enfrentar os conflitos e contradições humanas (pessoais, sociais, ecológicas, econômicas, etc.) e não como simples ausência de doenças ou como mera adaptação conformada a um sistema que lhe adoece. Compreende a possibilidade de integração do ser humano com o seu meio, em conexão com suas condições biológicas e psicológicas. Este conceito busca a Qualidade de Vida enquanto norte, numa abordagem mais humanitária e preventiva. Esta é uma preocupação da vida moderna, onde a sociedade projetou um modelo determinado por um espaço e um tempo voltados dominantemente para o trabalho. Esse modelo constituído se estende para todas as esferas do trabalho, incluindo a produção intelectual que se desenvolve dentro das universidades, determinando as condições de vida dos indivíduos. O esperado equilíbrio entre as atividades de trabalho e as outras atividades que fazem parte da vida das pessoas fica, em muitos casos, significativamente comprometido. Não se está com isso desmerecendo a atividade do trabalho, ao contrário, o trabalho se constitui em uma das atividades que ocupa grande parte da vida das pessoas e é natural esperar que este seja parte importante na conformação de Homem. Através do trabalho, as pessoas aprimoram habilidades, aprendem sobre objetos e pessoas, estabelecem práticas sociais direcionadas, produzem conhecimento, enfim, exercem parte de suas vidas neste ambiente. Tais constatações vão, ao longo do tempo, balizando a construção de novos modos de vida, que permearão a sociedade pós-industrial. Neste novo olhar, existe uma relação indissociável entre o que o homem faz e sua qualidade de vida (QV). Os primeiros estudos sobre Qualidade de vida centraram-se na qualidade de vida ligada à saúde, entendida aqui de maneira restrita, ou seja, direcionados para populações portadoras de alguma doença ou trauma. Só recentemente, a partir dos questionamentos sobre os efeitos que a sociedade industrial estava impondo aos indivíduos (que não se limitavam a desordens orgânicas), os estudos começaram a tratar o termo de forma mais abrangente e vêm tratando também da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). Rosa e Emmel (2001), em um estudo sobre a qualidade de vida de docentes universitários, consideram que, se por um lado o trabalho na universidade está relacionado com a possibilidade de construírem relações, restabelecendo uma potência produtiva, por outro, encontram-se poucas possibilidades para o tempo da não-obrigação, o tempo voltado para o lazer, para o descanso e a conciliação do tempo do trabalho com o tempo livre não tem sido uma tarefa fácil para esses profissionais. A continuidade desse estudo foi realizada com uma amostra com representantes de todas as regiões do Brasil (EMMEL, 2006), onde a tendência foi reforçada, ou seja, o ambiente do trabalho, mais do que a própria ação do trabalho, faz a diferença para indicar boa ou má qualidade de vida no trabalho. Nesta última pesquisa, os resultados enfatizaram a importância de um bom ambiente de trabalho, bem como relações familiares estáveis. Sob essa linha de pensamento, o PQV pretende buscar formas de garantir a saúde da organização, tendo como objetivo a manutenção da saúde do servidor, entendida aqui no sentido amplo, que abrange as dimensões física, psicológica e social. O foco principal do Programa “Qualidade de Vida na UFSCar” está centrado na Promoção da Saúde, oferecendo, para isso, atividades de conscientização da situação física e emocional, gerenciamento do stress, prevenção de desordens metabólicas e cultivo de bons hábitos de vida. Para tanto, o Programa Qualidade de Vida na UFSCar pretende instalar o hábito de se preocupar com a saúde e desenvolver atividades que venham promovê-la através da mudança no estilo de vida, não só dos indivíduos, mas da Instituição como um todo.