1 A CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL E AS ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO DA PEQUENA EMPRESA Autor: ALAELSON CRUZ DOS SANTOS RESUMO O presente trabalho procura analisar a estrutura de capital e seus reflexos nos resultados da empresa, mostrando razões para utilizar capital próprio ou de terceiros num determinado empreendimento, mesmo em tempos de crise financeira como o que estamos vivendo. Diante da crise, pessoas e empresas têm que buscar saídas criativas e inovadoras que nem sempre são pensadas ou buscadas em tempos de afluência. Em tempos de crise, empresas e pessoas empreendem mudanças que não teriam coragem de fazer em tempos comuns. A sensação clara de “mudar ou morrer” faz aumentar a coragem e a determinação para mudar. A determinação da estrutura de capital de um empreendimento é primordial para seus resultados futuros. Ao analisar as alternativas possíveis de composição do investimento, quanto aos níveis de capital próprio e de terceiros, concluímos que a decisão que maximiza o retorno para os proprietários é a que combina o financiamento máximo, pelo fato de haver um ganho considerável na alavancagem financeira gerada, apesar do aumento da despesa financeira pelo maior pagamento de juros do financiamento, conforme demonstrado. Palavras-Chave: CRISE FINANCEIRA, FINANCIAMENTO, PEQUENA EMPRESA. ABSTRACT The present work looks for to analyze the structure of capital and its consequences in the results of the company, being shown reasons to use proper capital or of third in one determined enterprise, exactly in times of financial crisis as what we are living. Ahead of the crisis, people and companies have that to search creative and innovative exits that nor always are thought or searched about affluence times. In crisis times, companies and people undertake changes that would not have courage to make in common times. The clear sensation “to move or to die” makes to increase the courage and the determination to move. The determination of the structure of capital of an enterprise is primordial for its future results. When to analyze alternatives possible of composition of investment, how much to the levels of proper capital and of third, we conclude that the decision that maximizes the return for the proprietors is the one whom the maximum financing combines, for the fact to have a considerable profit in the generated financial leverage, although the increase of the financial expenditure for the biggest payment of interests of the financing, as demonstrated. Word-Keys: FINANCIAL CRISIS, FINANCING, SMALL COMPANY. 2 A CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL E AS ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO DA PEQUENA EMPRESA INTRODUÇÃO Uma das palavras mais usadas hoje em dia é a palavra CRISE. Fala-se em crise de identidade, crise de abastecimento, crise no Oriente Médio, crise do petróleo, crise da segurança pública, crise dos 40 anos, etc. Além disso, todas as pessoas têm a sensação de que de vez em quando elas estão em crise. Mas, o que vem a ser uma crise? O dicionário HOUAISS revela que a palavra crise vem do grego KRISIS, que significa ação ou faculdade de distinguir, ação de escolher, decidir, julgar. Esta concepção original nos mostra que na sua origem a palavra crise não apontava algo ruim, mas um momento especial, marcante. Na língua chinesa a apalavra crise é ainda mais interessante. O ideograma chinês para "crise" é a combinação de dois símbolos. Um significando "perigo", o outro pode ser traduzido como "oportunidade". O ideograma chinês para crise representa, ao mesmo tempo, risco (perigo) e oportunidade (solução). A parte superior representa perigo, risco. A parte inferior representa oportunidade. Quase sempre os dois são colocados juntos para lembrar que nas crises estão também as oportunidades. Assim, a equação pode ser: Crise = perigo + oportunidade. Ou seja, CRISE significa um momento de riscos e ameaças, mas também podemos estar diante de uma grande oportunidade na vida. Aliás, a maioria das grandes oportunidades da vida vêm junto com uma crise, ou irá causar uma crise. Uma outra coisa muito importante é que as crises revelam quem somos de verdade. No meio da crise as máscaras caem e mostramos a nossa verdadeira face. O mais importante, porém, não é como nos metemos em crises. O mais importante é saber como devemos nos comportar nas crises e como sair delas. O QUE É ESSA CRISE FINANCEIRA? 3 De repente, a crise financeira mundial é o assunto do momento. Fica difícil entender todos os acontecimentos que se seguem quando não entendemos o começo. De maneira simplificada, a crise começou assim: Nos Estados Unidos, o setor de imóveis estava indo muito bem. Tão bem que eles começaram a vender casa para todo mundo, inclusive para uma categoria da população que eles classificam como “subprime“. Os “subprime” são clientes que não têm como comprovar renda e oferecem maior risco de não pagar as prestações de suas casas. Mas tudo bem, o mercado estava tão aquecido que eles não estavam preocupados com isso. O excesso de oferta de casas para venda fez os preços caírem (na economia, tudo que tem muita oferta fica mais barato, enquanto o que é mais escasso é mais caro). Com os preços caindo, os “vendedores” aumentaram os juros, na tentativa de diminuir o prejuízo. Só que com o aumento dos juros, os “subprime” começaram a ter dificuldades para pagar suas prestações e boa parte ficou inadimplente. Quem havia investido dinheiro no mercado imobiliário esperando todo aquele dinheiro que os “subprime” deviam, tiveram um grande prejuízo e deixaram de investir, tanto em imóveis quanto em qualquer outra área. Com menos dinheiro (dos investimentos) circulando no mercado, os americanos compram menos e as empresas lucram menos. Tudo isso faz toda a economia esfriar. Vendo que os EUA estão com a economia fraca, os investidores do mundo inteiro ficam com medo de investir também e a economia de todo o mundo esfria. De maneira simplificada, esse foi o motivo que iniciou a crise financeira que também pode ser considerada a “crise do crédito”. COMO DEVEM PROCEDER AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DIANTE DA CRISE Diante da crise, pessoas e empresas têm que buscar saídas criativas e inovadoras que nem sempre são pensadas ou buscadas em tempos de afluência. Em tempos de crise, empresas e pessoas empreendem mudanças que não teriam coragem de fazer em tempos comuns. A sensação clara de “mudar ou morrer” faz aumentar a coragem e a determinação para mudar. 4 Agora, pois, é hora de encontrar a coragem para fazer as mudanças que já sabíamos que deveriam ser feitas e outras, ainda mais ousadas, que a necessidade nos aponta como inadiáveis. Agora não é hora de protelar. É hora de agir. É hora de decidir. É hora de inovar com coragem, ousadia e muita responsabilidade para não fazer coisas das quais nos arrependeremos assim que a crise passar, pois, é claro e sabido que a crise passará. E quando passar, as empresas que estiverem mais preparadas vencerão as que se deixaram debilitar demais pela crise. Assim, as empresas devem tomar decisões em tempos de crise, sempre se lembrando que elas passarão. Desmontar a empresa em tempos de crise pode impedir o seu sucesso num futuro pós-crise que poderá não estar tão distante quanto imaginamos no momento. Agora, é hora de muito equilíbrio nas decisões. MEDIDAS PARA SOBREVIVER EM TEMPOS DE CRISE ECONÔMICA OU A QUALQUER MOMENTO Nesses tempos de turbulência, manter o caixa no azul torna-se uma tarefa dificílima. Sanar os problemas financeiros exige disciplina. Atitudes básicas e severas para diminuir custos e aumentar a produtividade são bem-vindas. Mas uma pitada de ousadia evita cortes exagerados (e feridas abertas). É nas crises que surgem as melhores oportunidades de valorizar o potencial dos empregados e explorar novos mercados. O capitalismo se reinventa em momentos como o que vivemos agora. É nesses períodos que as empresas, atingidas ou não pela crise, devem aproveitar para se reestruturar. As principais medidas são: SEPARAR AS CONTAS PESSOAIS: Misturar as finanças da pessoa física e da pessoa jurídica é um dos erros mais comuns de pequenos e médios empresários. Esse é também o primeiro passo para criar sérios problemas de caixa. Jamais use seu cheque especial ou cartão de crédito pessoal, que têm juros altos, para financiar as atividades do negócio. CONHEÇER OS CUSTOS: Para cortar gastos com eficácia, é fundamental saber exatamente quais são seus custos fixos e variáveis. Com a redução da atividade econômica, o faturamento costuma diminuir, mas muitas despesas continuam as mesmas. Só conhecendo os custos é possível saber onde e como cortar. 5 CUIDAR DOS CONTROLES GERENCIAIS: Após detalhar todos os custos, é preciso aprender a organizar planilhas de acompanhamento gerencial: contas a pagar, contas a receber, comissões sobre vendas, controle de estoque e fluxo de caixa. Assim, as decisões passam a ser mais consistentes, embasadas nos dados. PENSAR ANTES DE DEMITIR: Além dos gastos trabalhistas, demissões geram despesas em um segundo momento, o de recontratar, e diminuem a confiança e a produtividade dos trabalhadores que ficam. Em vez de cortar o mais fácil, que está sob seu controle, procure agir em pontos de sua influência, como o aumento de vendas ou a negociação com fornecedores. BUSQUAR NOVOS MERCADOS: Se o setor de atuação do seu negócio encolheu por causa da crise, é preciso buscar novos mercados para seus produtos e serviços. Caso a sua empresa ainda não tenha sentido os efeitos do menor ritmo econômico, antecipe-se e diversifique a clientela. Isso dará mais força para você crescer no futuro, passada a tormenta. JUNTAR-SE AOS CONCORRENTES: Consultores são unânimes ao listar os benefícios do associativismo. Aliando-se a concorrentes, é possível fazer compras conjuntas e ganhar poder de barganha na negociação de preços e prazos de pagamento. Os empreendedores podem dividir também investimentos em consultorias, treinamentos, ações de marketing e visitas técnicas a centros de pesquisa. NEGOCIAR COM FORNECEDORES: Lembre-se: a crise não atingiu somente a sua empresa. Não se intimide ao negociar prazos com seus fornecedores. Quem vende para pequenos empreendimentos também foi afetado e não quer perder clientes. FICAR ATENTO À QUALIDADE: Um erro comum cometido na tentativa de cortar custos é substituir matérias-primas e insumos por outros de menor qualidade. Os clientes logo percebem a diferença. Como resultado, a empresa só perde novas vendas. Negociar com os fornecedores e comprar em parceria com outros empresários gera resultados melhores. REAVALIAR AS DÍVIDAS: Analise todas as pendências financeiras da empresa e procure alternativas para reduzir as taxas de juros. O ideal é solicitar o refinanciamento com prazos maiores e prestações menores. Se conseguir alguma carência, melhor para o fluxo de caixa. Caso você ainda não tenha recorrido às 6 instituições financeiras e precise de um reforço, procure as linhas de crédito que operam com recursos públicos, como o Proger e o Cartão BNDES. Como alternativa para salvar a empresa, talvez seja o momento de vender bens pessoais que geram custos mensais, como o carro ou a casa da praia. ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO DA PEQUENA EMPRESA As empresas são realmente lucrativas e criam valor apenas quando seu lucro é maior que o custo de todo o Capital que utilizam para financiar suas operações. A medida convencional de desempenho, o Lucro Líquido, leva em consideração o Custo do Capital de terceiros, que aparece nas demonstrações financeiras como despesas de juros mas não reflete o Custo do Capital Próprio. Portanto, uma empresa pode apurar lucros líquidos positivos e ainda assim não ser lucrativa, no sentido econômico, porque não está cobrindo seu custo do Capital Próprio. O Custo do Capital de uma empresa é afetado por suas políticas de financiamento e de investimento. Assim, o custo do capital é determinado em parte pelo tipo de financiamento que a empresa utiliza, por sua política de dividendos e pelos tipos de projetos que ela empreende (os quais afetam seu grau de risco). O uso mais importante do custo de capital está na elaboração do orçamento de capital, sendo também utilizado para outros propósitos. Por exemplo, o Custo de Capital é um fator-chave nas decisões relacionadas à utilização de Capital de Terceiros (dívidas) versus Capital Próprio. A determinação da estrutura de capital de um empreendimento é primordial para seus resultados futuros. A utilização do capital de terceiros é muito questionada numa decisão de investimento, onde espera-se que proporcione retorno maior que o custo deste capital, razão pela qual é necessário um estudo da alavancagem financeira para se determinar a viabilidade do investimento. Os recursos próprios também apresentam restrições, sendo recomendável a empresa fazer uma criteriosa análise se utiliza recursos próprios ou de terceiros num determinado investimento. A utilização de recursos próprios significa abrir a empresa para novos sócios ou sacrificar os atuais acionistas. Os recursos destinados aos investimentos apresentam um custo efetivo que deve ser explicitamente levado em consideração, sendo necessário que os gerentes determinem o custo do capital, utilizando técnicas de procedimentos 7 analíticos adequados, que permitam mensurar a potencialidade ou não de remuneração satisfatória para um determinado investimento. A estrutura de capital de uma empresa é determinada pela soma de recursos originários de terceiros e os recursos próprios, que são utilizados para financiar suas operações. A determinação da estrutura de capital e da capacidade de endividamento é fator fundamental para se levar em consideração os investimentos futuros. A avaliação do desempenho econômico pode ser processada por meio da formulação do Retorno sobre o Investimento - ROI e da Alavancagem Financeira, que se constituem em instrumentos essenciais para o estudo da viabilidade econômica de uma empresa. Utilizar recursos próprios ou buscar junto a terceiros? Qual das fontes de recursos podem trazer maior valor para a empresa? Que riscos a empresa está disposta a correr? Que taxa de juros pode ser considerada atraente? O mercado absorveria a emissão de novas ações? Qual a capacidade satisfatória do nível de endividamento? Questões como estas se tornam o maior desafio dos especialistas financeiros, como contadores. Não existe resposta objetiva, sendo necessário fazer diversas mensurações e ter em mente os objetivos empresariais. O presente trabalho procura analisar a estrutura de capital e seus reflexos nos resultados da empresa, mostrando razões para utilizar capital próprio ou de terceiros num determinado empreendimento. ESTRUTURA DE CAPITAL A tomada de decisão envolvendo estrutura de capital de uma empresa requer atenção especial, pois há inúmeras ligações entre estrutura de capital e diversas variáveis de decisões financeiras, sendo necessário fazer uma avaliação minuciosa quanto ao risco, retorno e valor. Segundo Gitman (1987, p. 512): “A estrutura de capital é determinada pelo composto de endividamento a longo prazo e capital próprio que uma empresa utiliza para financiar sua operações. Devido a ligação direta com o preço da ação, o administrador financeiro deve orientar cuidadosamente a estrutura de capital para proporcionar benefício máximo aos proprietários da empresa. As decisões inadequadas de estrutura de capital podem resultar em um elevado custo de capital, o qual tornaria mais difícil encontrar investimentos. Boas decisões podem baixar o custo de capital, tornando mais fácil achar investimentos aceitáveis que aumentarão a riqueza dos proprietários.” 8 Martins e Assaf Neto (1986, p. 503) reforçam a definição anterior e complementam justificando a não inclusão de recursos de curto prazo no estudo da estrutura de capital do seguinte modo: “a estrutura de capital de uma empresa refere-se à composição das fontes de financiamentos de longo prazo oriundas de capital de terceiros (exigível) e de capitais próprios (patrimônio líquido). É atribuída importância exclusiva aos fundos de longo prazo neste estudo, por se admitir que os recursos de passivo circulante visam fundamentalmente suprir necessidades financeiras sazonais da empresa, e não financiar a demanda de recursos de natureza permanente. O estudo da estrutura de capital está estritamente relacionado com o custo de capital total da empresa.” O capital de terceiros inclui os recursos de longo prazo obtidos por intermédio de empréstimos; seu custo é considerado menor do que o custo do capital próprio, tem direitos prioritários em relação aos acionistas sobre os lucros ou ativos existentes para pagamentos, e o tratamento de pagamento de juros como despesas dedutíveis para fins de imposto de renda reduz o custo da dívida substancialmente. O capital próprio é formado por recursos de longo prazo fornecidos pelos proprietários da empresa, esperando-se que esses recursos permaneçam na empresa durante um período de tempo indefinido. É dividido em capital ordinário, capital preferencial e lucros retidos, sendo que o capital preferencial proporciona prioridade aos acionistas na distribuição dos lucros, mas não permite a participação na administração da empresa, ao contrário do capital ordinário, que faculta o direito de seus acionistas a participarem da administração, mas não tem prioridade na distribuição dos lucros. O nível de endividamento mostra a quantidade de recursos de terceiros que está sendo utilizada nas atividades operacionais da empresa, resultante de uma decisão de buscar estes recursos para suprir suas necessidades de investimento. É mensurado através dos indicadores de endividamento, que estabelecem a proporção de ativos totais financiados com recursos de terceiros e indicam direta e indiretamente o grau de alavancagem financeira da empresa. Estes índices incluem o grau de endividamento a longo prazo (Exigível a Longo Prazo/Ativo Total) e a participação do patrimônio líquido em relação aos recursos de terceiros (Exigível a Longo Prazo /Patrimônio Líquido). 9 Uma estrutura de capital adequada é fator decisivo para manter a empresa em situação de liquidez suportável. A este respeito Gitman (1987, p. 514) destaca que: “O grau de alavancagem financeira para uma empresa é sobretudo o resultado da atitude daquele que toma decisões perante o risco. Quanto mais risco uma empresa deseja assumir, maior será sua alavancagem financeira.” É neste contexto que os gestores financeiros tentam reduzir ou aumentar a proporção de capitais de terceiros na estrutura de capital das empresas. Uma estrutura de capital deve ser determinada com cuidados sobre um eficiente controle e consistência do risco do negócio e do nível de risco financeiro. O risco do negócio é definido como o resultado da alavancagem operacional (relação entre as vendas e os lucros antes de juros e imposto de renda), não é afetado pelas decisões da estrutura de capital, mas a estrutura de capital deve ser elaborada em vista deste risco. Quanto maior for o risco do negócio, mais cuidado deve ter a empresa ao estabelecer sua estrutura de capital. Empresas com risco de negócio elevado tendem, portanto, a estruturas de capital menos alavancadas, isto é, trabalhar com um nível de endividamento menor. A melhor estrutura de capital pode ser escolhida entre as alternativas disponíveis usando um modelo de avaliação para ligar os fatores de retorno e risco. Outras considerações podem ser importantes como fluxo de caixa, controle, obrigações, perspectiva de vendas, metas da empresa. Devido às dificuldades enumeradas para se estabelecer uma proporção adequada de estrutura de capital de uma empresa, um estudo como este evidencia sua relevância. Empresas dos diversos segmentos necessitam conhecer a utilização ótima de seus recursos a fim de alcançarem maiores retornos. Gitman (1987, p. 479) afirma que “o custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa precisa obter sobre seus investimentos, de forma a manter inalterado o valor de mercado da empresa.” Segundo Sanvicente (1991, p. 75): “podemos definir custo de capital como o preço que a empresa paga pelos fundos obtidos junto às suas fontes de capital.” O custo de capital pode ser calculado através da média ponderada dos passivos e do patrimônio líquido de uma empresa e é admitido como sendo a 10 taxa de retorno que deve ser obtida para que uma empresa não tenha seu valor decrescido. Na análise da estrutura de capital, deve ser considerado o custo total dos componentes individualmente, determinando as participações relativas. ALAVANCAGEM FINANCEIRA De grande relevância e complexidade, indica se os recursos que estão sendo tomados por empréstimo pela entidade estão obtendo um retorno adequado pela sua aplicação no Ativo da mesma. De acordo com o grau e intensidade com que são utilizados, os recursos de terceiros têm um efeito importante no retorno para os acionistas. Este efeito é denominado “alavancagem” - “leverage”, em inglês. Bem utilizados, os recursos de terceiros podem proporcionar maiores lucros em benefício do acionista. Existem várias maneiras de calcular o quociente supra citado e as vantagens são numerosas e complexas suas interpretações. Para efeito desse texto o Quociente será assim expresso: Lucro Líquido Patrimônio Líquido Médio Quociente de Alavancagem Financeira = Lucro Líquido + Desp. Financeiras Ativo Médio + Dívida Média O grau de alavancagem (resultado da divisão supra) deveria ser pelo menos igual a 1. O Grau de Alavancagem Financeira pode também ser calculado por uma variação da fórmula definida acima: Retorno sobre o Patrimônio Líquido - ROE Grau de Alavancagem Financeira = Retorno sobre o Investimento - ROI No fundo, o que o grau de alavancagem procura mensurar é, para cada Real ganho no giro do Ativo, quantos Reais vão em benefício do Patrimônio Líquido. Em linguagem mais popular, quanto vai para o bolso (atual ou 11 potencialmente) dos proprietários para cada Real ganho pela administração nas aplicações em Ativo? A comparação, rigorosa, deve ser entre o que obtivemos, na realidade, de retorno sobre o Patrimônio Líquido e o que teríamos obtido se, em vez de recursos captados com despesas financeiras, tivéssemos podido contar com mais recursos dos acionistas. Resulta da participação de recursos de terceiros na estrutura de capital da empresa, indicando se os recursos que estão sendo tomados por empréstimo pela entidade geram um retorno adequado pela sua aplicação no ativo da mesma. Em princípio, admite-se que interessa o endividamento sempre que seu custo for menor que o retorno produzido pela aplicação desses recursos. Nessa situação em que o retorno do investimento do capital emprestado excede a seu custo de captação, a diferença positiva encontrada promove uma elevação mais que proporcional nos resultados líquidos dos proprietários, alavancando a rentabilidade. FATORES DETERMINANTES DA ESTRUTURA FINANCEIRA As razões que levam os executivos a assumir riscos financeiros via ajustes na estrutura financeira da empresa dependem de um conjunto de fatores. A alavanca financeira é afetada pela estabilidade nas vendas, perspectivas de crescimento e ambiente externo. Outra justificativa se refere às reações do mercado de capitais com relação ao setor. Finalmente uma terceira justificativa decorre da própria atitude dos administradores. Estabilidade das Vendas Talvez o principal fator determinante da alavanca financeira seja a estabilidade das vendas. Quando as vendas e o lucro operacional são estáveis, as empresas se sentem seguras em aumentar a alavanca financeira. O aumento na alavanca financeira acarreta maiores despesas financeiras, e portanto, reduzem a margem de segurança. Serviços de utilidade pública, tais como companhias telefônicas, normalmente apresentam elevados índices de endividamento porque suas vendas tendem a ser muito estáveis. Perspectivas de Crescimento 12 Setores caracterizados por altas taxas de crescimento nas vendas e nos lucros, normalmente, apresentam índices de estrutura financeira elevados. Como as vendas e, em decorrência, o lucro operacional crescem rapidamente, a margem de segurança está continuamente aumentando. Conseqüentemente, empresas atuando em setores de altas taxas de crescimento podem utilizar maiores alavancas, com a expectativa de que o rápido crescimento no lucro operacional reduzirá rapidamente o grau de alavanca financeira e o risco financeiro. Ambiente Externo O ambiente externo é caracterizado pela maturidade do mercado, estrutura do mercado, tecnologia e legislação. Um setor amadurecido, como o de eletrodomésticos e de automóveis, é caracterizado pela saturação de mercado. A maior parte das vendas se destina a reposição de produtos existentes. Com o tempo as vendas e os lucros começam a declinar. Conseqüentemente, quanto maior o estágio de amadurecimento, menor o grau de alavanca recomendável. A estrutura de mercado se relaciona com as condições de competição entre as empresas no setor. Para setores em que predominam práticas oligopolistas, os índices de estrutura financeira tendem a ser altos. Em setores competitivos, as vendas e lucros estão sujeitos aos efeitos da concorrência e, por isso, as empresas podem preferir níveis mais baixos de alavanca financeira. Setores de tecnologia de ponta impõe altos investimentos em P& D e isso representa barreira à entrada de novos competidores, proporcionando altos retornos, facilitando o uso de alavanca financeira. O aspecto legal relacionado com o ambiente externo também afeta a estratégia financeira. A questão ecológica, por exemplo, impõe investimentos e tecnologia de projetos que nem sempre representam maiores lucros. O efeito líquido pode ser a redução do lucro operacional. Este fator levaria a menor nível de alavanca financeira nos setores afetados pela legislação protetora do meioambiente. Reações do Mercado de Capitais Outro fator que influencia a estrutura financeira são as reações do mercado de capitais a determinados tipos de empresas ou a alguns setores. Em meados da década de 60, os investidores foram fortemente atraídos pelo conceito de conglomerado. O resultado final foi que muitos conglomerados sobrecarregaram 13 de empréstimos suas estruturas financeiras. Quando a economia entrou em recessão, vários conglomerados com lucros operacionais decrescentes foram incapazes de pagar os juros. Com o tempo, os investidores se desiludiram com os conglomerados. Agora, as empresas procuram enfatizar o fato de que “não são conglomerados”. Ter boa imagem com os investidores, em geral, leva as empresas a altos níveis de alavanca financeira. Atitude dos Administradores A atitude dos administradores também afeta a estrutura financeira. Por exemplo, alguns dos fatores mencionados, como estrutura de mercado, perspectivas de crescimento, etc. poderiam sugerir que a IBM deveria ter altos índices de endividamento. Não tem. E isso pode ser atribuído às atitudes da administração, quanto às perspectivas futuras e a identificação do que é melhor para seus acionistas. PLANEJAMENTO DE INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO, APLICADO À PEQUENA EMPRESA O empreendedor ao começar um pequeno negócio enfrenta desafios adversos, dentre os quais a forma de financiamento do seu empreendimento. Na ausência de capital nas mãos dos indivíduos e da sociedade, o financiamento a ser obtido pelo pequeno empresário é a prova de fogo para atingir a realização de uma boa idéia. Na formulação do esquema de financiamento do empreendimento o pequeno empresário deve ter em mente os seguintes cenários de financiamento: Os recursos monetários estão disponíveis tal como anteriormente planejado; Os recursos monetários disponíveis são inferiores ao planejado; Os recursos monetários não estão disponíveis como projetado; Outros elementos do plano de empreendimento não ocorrem como previamente projetado, afetando tanto o montante de recursos orçados, quanto a dificuldade em obtê-los. Os recursos próprios sob a forma de poupança, créditos pessoais, ou desmobilização dos ativos pessoais (venda de carros, telefones, apartamentos, terrenos, títulos e ações), na maioria dos casos, não são suficientes para fazer face ao financiamento do próprio negócio. Quando os recursos monetários do próprio 14 empreendedor são suficientes para iniciar o negócio, é caracterizada sua independência financeira. Algumas alternativas que o empreendedor pode dispor para complementar os recursos necessários para abrir um pequeno negócio, ou mesmo para atividades operacionais e investimentos a longo prazo, são: emprego próprio ou de seu cônjuge, e recursos de sócios. Na verdade, os diferentes tipos de negócios demandam volumes de inversões bastante variados, o que pode exigir a formação de um grupo de empreendedores, notadamente nos empreendimentos em que há grande inovação tecnológica com risco e retorno elevados, ou nos empreendimentos de alta potencialidade, baseados em talento excepcional de seus membros, em vantagens competitivas, ou mesmo proteção de patentes. Para efeito de ilustração pode-se mencionar o desenvolvimento de software nas áreas de automação, serviços, e finanças. Plano para formulação do negócio: É necessário elaborar um perfil do negócio no qual devem estar detalhados, as metas, o processo produtivo adotado, tecnologias, volume de investimentos em capital de giro e ativos fixos, programas de financiamento, custos operacionais e rentabilidade do empreendimento. Planejamento financeiro de curto prazo: A apresentação de um subsistema de informações financeiras, torna-se indispensável quando da obtenção de recursos junto a bancos comerciais, empresas, e bancos de fomento. A figura 1 abaixo ilustra as peças fundamentais de um planejamento financeiro de curto prazo, que deve constar na formulação de um perfil de negócio. 15 Projeção de Vendas Ativo Circulante Previsto Informação necessária Resultado para análise Plano de Produção Planejamento Financeiro de Longo Prazo Demontração de Resultados Orçamento de Caixa Plano de Ativo Fixo Balanço Projetado Figura 1: Planejamento financeiro de curto prazo (GITMAN, 1994). Os programas de produção e vendas por produto e por período nos primeiros anos de implementação do negócio, demonstram claramente as idéias do empreendedor traduzidas em unidades físicas e monetárias. Os planos de investimento fixo, capital de giro, e orçamento de caixa, peças indispensáveis à implementação de qualquer empreendimento, bem como os esquemas de financiamento propostos, estão intimamente relacionados, o que pode ser visualizado no balanço projetado e na demonstração de resultados projetados. Origem e aplicação de caixa: O orçamento de caixa demonstra detalhadamente as fontes e aplicações de recursos do negócio, quer para capital de giro, quer para ativos permanentes. O fluxo de caixa abaixo (figura 2) exemplifica como se pode representar a origem e o destino do capital. As fontes são de recursos próprios ou recursos de terceiros, que foram aplicados em ativos físicos sob a forma de máquinas, equipamentos, veículos e ciclo operacional do negócio, estando neste último inclusos: compra de matéria-prima, pagamento de salários, depreciação, despesas operacionais, impostos, taxas e contas a receber. 16 (1) Fluxo Operacional Mão de Obra Matéria Prima Salário (2) Fluxo de Investimentos Pagamento de contas Compra Contas a pagar Pagamento de compras Ativos Fixos Venda Depreciação Produto em Processo Custo Indireto Juros Produtos Acabados Despesas Operacionais (inclui juros e depreciação) Caixa e Créditos Pagamento Pagamento de Impostos Refinanciamento (3) Fluxo de Financiamento Empréstimo Pagamento Endividamento de curto e longo prazo Vendas à vista Vendas Venda de ações Recompra de ações Contas a receber Recebimento de vendas à prazo Pagamento de dividendos Patrimônio Líquido (Capital dos Acionistas) Figura 2: Fluxo de caixa (GITMAN, 1994). No modelo de planejamento financeiro do negócio, o empreendedor deve simular para os grandes agregados monetários, vendas, custos, origem e aplicação de recursos, o cenário mais provável, o mais otimista, e o mais pessimista, isto é, situações que espelhem os estados possíveis da economia. Instrumentos de mercado para captação de recursos: Todo empresário, no que tange a administração financeira do seu negócio, deve se preparar para captar adequadamente os recursos necessários ao seu empreendimento e para tal é preciso que faça um planejamento das suas necessidades e conheça os mecanismos disponíveis de captação. 17 Basicamente, em qualquer empreendimento, as necessidades de recursos são ditadas pelas seguintes razões: necessidades de investimento de capital (longo prazo); necessidades de capital de giro (curto prazo). Investimento de capital (longo prazo): As necessidades de investimento são normalmente decididas como parte da estratégia global da empresa e define em que ativos fixos a empresa vai investir para fazer seu negócio funcionar . São as decisões de se investir em máquinas, equipamentos, terrenos, construção de fábricas, instalações, etc. Uma vez definida a estratégia da empresa de endividamento a longo prazo, isto é, uma vez definida quanto de capital próprio a empresa vai investir nos seus ativos fixos, o capital remanescente para suportar suas decisões de investimento deverá ser captado no mercado, em condições as mais favoráveis possíveis. Isto significa que os empréstimos obtidos deverão ser contratados de tal forma a poderem gerar para a empresa, benefícios maiores que o seu custo e em condições de serem amortizados sem comprometer seu fluxo de caixa. As linhas de financiamento para investimentos disponíveis para a micro, pequena e média empresa são normalmente implementadas através dos bancos de desenvolvimento e/ou órgãos do governo que disponibilizam, anualmente, uma quantidade considerável de recursos para apoiar o início da operação e a expansão de empreendimentos. Dentre as principais linhas de financiamento a longo prazo atualmente disponíveis, destacamos as oferecidas pelas seguintes entidades: Bancos de Desenvolvimento (BNDES, BRDE, BADESC, etc.); Banco do Brasil; FINEP (para projetos geradores de tecnologia). Todas estas linhas de financiamento contemplam prazos de carência e juros, normalmente, abaixo dos juros de mercado, e são voltadas exclusivamente para projetos de investimento, podendo ser dedicada um pequena parcela - normalmente não mais que 30 % (trinta por cento) - para o capital de giro associado ao projeto. 18 Os projetos citados são normalmente disponibilizados através de parcerias e convênios entre as entidades e o SEBRAE (Serviço de apoio a Pequena e Média Empresa) que facilita e orienta o empresário pelo emaranhado caminho das opções de captação de recursos. Em 1996 o governo federal lançou um programa de desenvolvimento, PROGER (Programa de Geração de Emprego), que entre outros benefícios, contempla também o setor formal das micro e pequenas empresas, para o financiamento de bens e serviços indispensáveis a implantação e/ou expansão de empreendimentos. Este programa tem as seguintes características básicas: Itens financiáveis: - Bens e serviços; - Capital de giro associado ao projeto. Limite financiável: - Faixa I (micro empresas): até 90% do valor do projeto, limitado a R$ 30.000,00. Capital de giro associado, até o limite de 30% do valor do financiamento. - Faixa II (pequenas empresas): até 80% do valor do projeto, limitado a R$ 50.000,00. Capital de giro associado, até 30% do valor máximo de financiamento. Prazos: - Faixa I - até 36 meses, incluindo carência de até 12 meses para investimento fixo; até 18 meses, incluindo carência de até 6 meses, para capital de giro associado. - Faixa II - até 48 meses, incluindo carência de até 12 meses, para investimento fixo; até 24 meses, incluindo carência de até 6 meses, para capital de giro associado. Encargos financeiros: - Básicos - 100% da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). - Adicionais - até R$ 30.000,00 : 4% ao ano; acima de R$ 30.000,00 até R$ 50.000,00 : 4,5% ao ano. Garantias: 19 Alienação fiduciária; aval ou fiança; quaisquer garantias reais admitidas pelo agente financeiro. Todos estes recursos estão sendo liberados através dos seguintes agentes financeiros: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES e Banco do Nordeste do Brasil (para o programa de agricultura familiar). Capital de giro (curto prazo): Para as necessidades operacionais de curto prazo, o empresário normalmente vai também precisar captar recursos para poder financiar basicamente os dois principais componentes do seu capital de giro, quais sejam: estoques e contas a receber (vendas a prazo). Como abordado anteriormente, o empresário deve utilizar adequadamente seu fluxo de caixa para poder se planejar e prever com bastante antecedência as necessidades de captação de recursos para poder honrar os seus compromissos. Os seguintes instrumentos estão normalmente disponíveis para todo e qualquer empresário, desde que o mesmo mantenha seus cadastros em dia junto aos bancos comerciais com os quais trabalha: Desconto de duplicatas; Antecipação de cheques pré-datados; Operação de empréstimo para capital de giro (com avalista e/ou garantia real); Capital de giro com penhor mercantil (a empresa oferece como garantia parte do seu estoque de produto acabado- normalmente disponível para médias e grandes empresas); Hot-Money - capital de giro de curtíssimo prazo (normalmente 1 a 2 semanas no máximo); Lease-Back - a empresa vende máquinas e/ou veículos ao agente financeiro, recebendo o dinheiro da venda à vista e os recompra pelo sistema de leasing, pagando então a prazo (os bens não chegam a sair da empresa); Leasing Hipotecário - similar ao citado acima, no qual o bem da transação é um terreno ou imóvel da empresa; Programa especial do BNDES-FINAME, para empresas exportadoras, de determinados segmentos (artefatos de couro e calçados, autopeças, 20 confecções, móveis, produtos cerâmicos, entre outros - consultar carta-circular referente ao BNDES AUTOMÁTICO de 4 de setembro de 1996), que libera para capital de giro até 85% do valor das exportações a serem financiadas. As empresas de fomento comercial (factoring), constituem uma alternativa para levantamento de capital, onde o factor fornece dinheiro ao empreendedor mediante um deságio sobre o valor de face de um ativo (em geral uma duplicata). É portanto recomendável avaliar a taxa (na verdade o fator de compra dos créditos) praticada por diferentes casas de fomento, já que esta pode variar bastante. Por definição e filosofia, as empresas de Factoring não podem fazer a intermediação de dinheiro no mercado financeiro. São empresas comerciais de atividade complexa que conjugam prestação de serviços com compra de direitos. Dependem fundamentalmente de seus recursos próprios e o segredo de seu sucesso reside na administração do seu fundeamento. A experiência brasileira tem demonstrado que dezenas de empresas sob o manto de Factoring ocultaram outras operações típicas ou privativas de instituições financeiras e até mesmo negócios ilícitos como empréstimos usurários, não tendo sobrevivido; desapareceram na poeira da sua incompetência e ganância. Em linhas gerais, o Factoring é um agente inibidor da desintermediação financeira, saneador do mercado de liquidez e também um excelente instrumento para estimular e dinamizar o comércio internacional através do apoio que pode oferecer no desenvolvimento aos negócios de importação e exportação. Para médias e grandes empresas, o mercado ainda disponibiliza operações de financiamento das venda a prazo através do mecanismo conhecido como vendor, no qual um agente financeiro, normalmente um banco no qual vendedor e comprador sejam clientes e tenham bom cadastro, adianta o dinheiro da venda a prazo para a empresa que vende e cobra a prazo para a empresa que está comprando, com os respectivos encargos. Tanto a empresa vendedora pode ser a avalista da transação, como o próprio agente financeiro pode assumir o risco, neste caso a taxas maiores para a empresa que compra e exigindo uma maior reciprocidade. CONCLUSÃO 21 Crises especulativas como a atual - documentadas desde o século 17, com dimensões variadas - são sempre gestadas em momentos de juros baixos e crédito farto, mais comuns em fases de prosperidade. E a economia mundial vivia o melhor momento desde a década de 70. O acesso mais fácil ao dinheiro reduz a noção geral de risco. Tanto profissionais do mercado quanto cidadãos comuns se tornam mais propensos a investimentos ousados, em busca de lucros mais altos e rápidos. O estranho de uma crise financeira é que somos todos golpeados, mas não entendemos os mecanismos. Alavancagem, derivativos, hedge, funds e outros termos misteriosos apenas encobrem a boa e velha esperteza. Num mundo altamente competitivo, o conhecimento e a competência de executar um pequeno negócio exigem uma preocupação permanente com as origens e aplicações de recursos, quer para capital de giro, que para ativos fixos. A formulação de um modelo de planejamento de investimento e financiamento, aplicado ao pequeno negócio, facilita para o empreendedor, a negociação de fontes de financiamento mais acessíveis. Deste modo sugere-se a elaboração de um cash flow que discrimine as origens e aplicações dos recursos, uma projeção de balanço e demonstração de resultados, e apresentação de um modelo de análise de desempenho que forneça subsídios para avaliação da rentabilidade do negócio. A elaboração do perfil do negócio sob a forma de subsistemas de informações integrados, e agindo simultaneamente, minimizaria as incertezas do ambiente externo à pequena empresa, quando da construção de cenários alternativos nos possíveis estados da economia (crescimento, recessão, e depressão). SOBRE OS AUTOR: ALAELSON CRUZ DOS SANTOS, Contador e Professor Universitário. Especialista em Gestão Empresarial pela FAPESE/UFS. Coordenador dos Cursos de Especialização (Pós-graduação Lato Sensu) em Auditoria e Perícia Contábil da UNIT, Auditoria Governamental da UNIT/TCE e Direito Público e Controle Externo (TCE/ECOJAN/UNIT). Professor dos Cursos de Especialização (Pós-graduação Lato Sensu) em Auditoria e Perícia Contábil, Auditoria Governamental, Gestão Pública, Gestão Financeira, Finanças Empresariais e Controladoria, Gestão Estratégica e Qualidade e Direito Público e Controle Externo da UNIT. Palestrante e Instrutor de Cursos na Área Pública. Contatos: [email protected] – (79) 9972-8886 8839-6294 http://alaelsoncruz.blogspot.com 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 - GOMES, Anailson Marcio - Análise da Estrutura de Capital X Decisão de Investimento, trabalho apresentado no III ENCONTRO NORDESTINO DE CONTABILIDADE Aracaju/SE, out./1997. 2 - ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econfinanceiro. São Paulo: Atlas, 1987. 3 - GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 4ª ed. São Paulo: Harbra, 1987. 4 - IUDÍCIBUS Sérgio de. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. 5 - MARTINS, Eliseu; ASSAF NETO, Alexandre. Administração financeira - as finanças das empresas sob condições inflacionarias. São Paulo: Atlas, 1986. 6 - ROSS Stephen A. et al. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 1995. 7 - SANVICENTE, Antônio Z. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 1991. 8 - BRAGA, Roberto. Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira. São Paulo: Atlas,1989, 408 p. 9 - PEREIRA, Antônio Fernando O. A. CARVALHO, Márcio Azevedo de e CRUZ, Carlos Roberto Guzzo da. Modelo de Planejamento de Investimento e Financiamento, Aplicado à Pequena Empresa - uma Abordagem Integrada.