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A CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL E AS ALTERNATIVAS DE
FINANCIAMENTO DA PEQUENA EMPRESA
Autor: ALAELSON CRUZ DOS SANTOS
RESUMO
O presente trabalho procura analisar a estrutura de capital e seus reflexos nos
resultados da empresa, mostrando razões para utilizar capital próprio ou de terceiros
num determinado empreendimento, mesmo em tempos de crise financeira como o
que estamos vivendo. Diante da crise, pessoas e empresas têm que buscar saídas
criativas e inovadoras que nem sempre são pensadas ou buscadas em tempos de
afluência. Em tempos de crise, empresas e pessoas empreendem mudanças que
não teriam coragem de fazer em tempos comuns. A sensação clara de “mudar ou
morrer” faz aumentar a coragem e a determinação para mudar. A determinação da
estrutura de capital de um empreendimento é primordial para seus resultados
futuros. Ao analisar as alternativas possíveis de composição do investimento, quanto
aos níveis de capital próprio e de terceiros, concluímos que a decisão que maximiza
o retorno para os proprietários é a que combina o financiamento máximo, pelo fato
de haver um ganho considerável na alavancagem financeira gerada, apesar do
aumento da despesa financeira pelo maior pagamento de juros do financiamento,
conforme demonstrado.
Palavras-Chave: CRISE FINANCEIRA, FINANCIAMENTO, PEQUENA EMPRESA.
ABSTRACT
The present work looks for to analyze the structure of capital and its consequences in
the results of the company, being shown reasons to use proper capital or of third in
one determined enterprise, exactly in times of financial crisis as what we are living.
Ahead of the crisis, people and companies have that to search creative and
innovative exits that nor always are thought or searched about affluence times. In
crisis times, companies and people undertake changes that would not have courage
to make in common times. The clear sensation “to move or to die” makes to increase
the courage and the determination to move. The determination of the structure of
capital of an enterprise is primordial for its future results. When to analyze
alternatives possible of composition of investment, how much to the levels of proper
capital and of third, we conclude that the decision that maximizes the return for the
proprietors is the one whom the maximum financing combines, for the fact to have a
considerable profit in the generated financial leverage, although the increase of the
financial expenditure for the biggest payment of interests of the financing, as
demonstrated.
Word-Keys: FINANCIAL CRISIS, FINANCING, SMALL COMPANY.
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A CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL E AS ALTERNATIVAS DE
FINANCIAMENTO DA PEQUENA EMPRESA
INTRODUÇÃO
Uma das palavras mais usadas hoje em dia é a palavra CRISE.
Fala-se em crise de identidade, crise de abastecimento, crise no Oriente Médio, crise
do petróleo, crise da segurança pública, crise dos 40 anos, etc. Além disso, todas as
pessoas têm a sensação de que de vez em quando elas estão em crise. Mas, o que
vem a ser uma crise?
O dicionário HOUAISS revela que a palavra crise vem do grego
KRISIS, que significa ação ou faculdade de distinguir, ação de escolher, decidir,
julgar. Esta concepção original nos mostra que na sua origem a palavra crise não
apontava algo ruim, mas um momento especial, marcante.
Na língua chinesa a apalavra crise é ainda mais interessante. O
ideograma chinês para "crise" é a combinação de dois símbolos. Um significando
"perigo", o outro pode ser traduzido como "oportunidade".
O ideograma chinês para crise representa, ao mesmo tempo, risco
(perigo) e oportunidade (solução). A parte superior representa perigo, risco. A parte
inferior representa oportunidade.
Quase sempre os dois são colocados juntos para lembrar que nas
crises estão também as oportunidades. Assim, a equação pode ser: Crise = perigo +
oportunidade.
Ou seja, CRISE significa um momento de riscos e ameaças, mas
também podemos estar diante de uma grande oportunidade na vida. Aliás, a maioria
das grandes oportunidades da vida vêm junto com uma crise, ou irá causar uma
crise.
Uma outra coisa muito importante é que as crises revelam quem
somos de verdade. No meio da crise as máscaras caem e mostramos a nossa
verdadeira face.
O mais importante, porém, não é como nos metemos em crises. O
mais importante é saber como devemos nos comportar nas crises e como sair delas.
O QUE É ESSA CRISE FINANCEIRA?
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De repente, a crise financeira mundial é o assunto do momento. Fica
difícil entender todos os acontecimentos que se seguem quando não entendemos o
começo. De maneira simplificada, a crise começou assim:
Nos Estados Unidos, o setor de imóveis estava indo muito bem. Tão
bem que eles começaram a vender casa para todo mundo, inclusive para uma
categoria da população que eles classificam como “subprime“. Os “subprime” são
clientes que não têm como comprovar renda e oferecem maior risco de não pagar as
prestações de suas casas. Mas tudo bem, o mercado estava tão aquecido que eles
não estavam preocupados com isso.
O excesso de oferta de casas para venda fez os preços caírem (na
economia, tudo que tem muita oferta fica mais barato, enquanto o que é mais
escasso é mais caro). Com os preços caindo, os “vendedores” aumentaram os juros,
na tentativa de diminuir o prejuízo. Só que com o aumento dos juros, os “subprime”
começaram a ter dificuldades para pagar suas prestações e boa parte ficou
inadimplente. Quem havia investido dinheiro no mercado imobiliário esperando todo
aquele dinheiro que os “subprime” deviam, tiveram um grande prejuízo e deixaram
de investir, tanto em imóveis quanto em qualquer outra área.
Com menos dinheiro (dos investimentos) circulando no mercado, os
americanos compram menos e as empresas lucram menos. Tudo isso faz toda a
economia esfriar. Vendo que os EUA estão com a economia fraca, os investidores
do mundo inteiro ficam com medo de investir também e a economia de todo o
mundo esfria.
De maneira simplificada, esse foi o motivo que iniciou a crise
financeira que também pode ser considerada a “crise do crédito”.
COMO DEVEM PROCEDER AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DIANTE DA
CRISE
Diante da crise, pessoas e empresas têm que buscar saídas
criativas e inovadoras que nem sempre são pensadas ou buscadas em tempos de
afluência.
Em tempos de crise, empresas e pessoas empreendem mudanças
que não teriam coragem de fazer em tempos comuns. A sensação clara de “mudar
ou morrer” faz aumentar a coragem e a determinação para mudar.
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Agora, pois, é hora de encontrar a coragem para fazer as mudanças
que já sabíamos que deveriam ser feitas e outras, ainda mais ousadas, que a
necessidade nos aponta como inadiáveis. Agora não é hora de protelar. É hora de
agir. É hora de decidir. É hora de inovar com coragem, ousadia e muita
responsabilidade para não fazer coisas das quais nos arrependeremos assim que a
crise passar, pois, é claro e sabido que a crise passará.
E quando passar, as empresas que estiverem mais preparadas
vencerão as que se deixaram debilitar demais pela crise. Assim, as empresas devem
tomar decisões em tempos de crise, sempre se lembrando que elas passarão.
Desmontar a empresa em tempos de crise pode impedir o seu sucesso num futuro
pós-crise que poderá não estar tão distante quanto imaginamos no momento. Agora,
é hora de muito equilíbrio nas decisões.
MEDIDAS PARA SOBREVIVER EM TEMPOS DE CRISE ECONÔMICA OU A
QUALQUER MOMENTO
Nesses tempos de turbulência, manter o caixa no azul torna-se uma
tarefa dificílima. Sanar os problemas financeiros exige disciplina. Atitudes básicas e
severas para diminuir custos e aumentar a produtividade são bem-vindas. Mas uma
pitada de ousadia evita cortes exagerados (e feridas abertas). É nas crises que
surgem as melhores oportunidades de valorizar o potencial dos empregados e
explorar novos mercados. O capitalismo se reinventa em momentos como o que
vivemos agora. É nesses períodos que as empresas, atingidas ou não pela crise,
devem aproveitar para se reestruturar. As principais medidas são:
SEPARAR AS CONTAS PESSOAIS: Misturar as finanças da pessoa
física e da pessoa jurídica é um dos erros mais comuns de pequenos e médios
empresários. Esse é também o primeiro passo para criar sérios problemas de caixa.
Jamais use seu cheque especial ou cartão de crédito pessoal, que têm juros altos,
para financiar as atividades do negócio.
CONHEÇER OS CUSTOS: Para cortar gastos com eficácia, é
fundamental saber exatamente quais são seus custos fixos e variáveis. Com a
redução da atividade econômica, o faturamento costuma diminuir, mas muitas
despesas continuam as mesmas. Só conhecendo os custos é possível saber onde e
como cortar.
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CUIDAR DOS CONTROLES GERENCIAIS: Após detalhar todos os
custos, é preciso aprender a organizar planilhas de acompanhamento gerencial:
contas a pagar, contas a receber, comissões sobre vendas, controle de estoque e
fluxo de caixa. Assim, as decisões passam a ser mais consistentes, embasadas nos
dados.
PENSAR ANTES DE DEMITIR: Além dos gastos trabalhistas,
demissões geram despesas em um segundo momento, o de recontratar, e diminuem
a confiança e a produtividade dos trabalhadores que ficam. Em vez de cortar o mais
fácil, que está sob seu controle, procure agir em pontos de sua influência, como o
aumento de vendas ou a negociação com fornecedores.
BUSQUAR NOVOS MERCADOS: Se o setor de atuação do seu
negócio encolheu por causa da crise, é preciso buscar novos mercados para seus
produtos e serviços. Caso a sua empresa ainda não tenha sentido os efeitos do
menor ritmo econômico, antecipe-se e diversifique a clientela. Isso dará mais força
para você crescer no futuro, passada a tormenta.
JUNTAR-SE AOS CONCORRENTES: Consultores são unânimes ao
listar os benefícios do associativismo. Aliando-se a concorrentes, é possível fazer
compras conjuntas e ganhar poder de barganha na negociação de preços e prazos
de pagamento. Os empreendedores podem dividir também investimentos em
consultorias, treinamentos, ações de marketing e visitas técnicas a centros de
pesquisa.
NEGOCIAR COM FORNECEDORES: Lembre-se: a crise não atingiu
somente a sua empresa. Não se intimide ao negociar prazos com seus
fornecedores. Quem vende para pequenos empreendimentos também foi afetado e
não quer perder clientes.
FICAR ATENTO À QUALIDADE: Um erro comum cometido na
tentativa de cortar custos é substituir matérias-primas e insumos por outros de
menor qualidade. Os clientes logo percebem a diferença. Como resultado, a
empresa só perde novas vendas. Negociar com os fornecedores e comprar em
parceria com outros empresários gera resultados melhores.
REAVALIAR AS DÍVIDAS: Analise todas as pendências financeiras
da empresa e procure alternativas para reduzir as taxas de juros. O ideal é solicitar o
refinanciamento com prazos maiores e prestações menores. Se conseguir alguma
carência, melhor para o fluxo de caixa. Caso você ainda não tenha recorrido às
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instituições financeiras e precise de um reforço, procure as linhas de crédito que
operam com recursos públicos, como o Proger e o Cartão BNDES. Como alternativa
para salvar a empresa, talvez seja o momento de vender bens pessoais que geram
custos mensais, como o carro ou a casa da praia.
ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO DA PEQUENA EMPRESA
As empresas são realmente lucrativas e criam valor apenas quando
seu lucro é maior que o custo de todo o Capital que utilizam para financiar suas
operações. A medida convencional de desempenho, o Lucro Líquido, leva em
consideração o Custo do Capital de terceiros, que aparece nas demonstrações
financeiras como despesas de juros mas não reflete o Custo do Capital Próprio.
Portanto, uma empresa pode apurar lucros líquidos positivos e ainda
assim não ser lucrativa, no sentido econômico, porque não está cobrindo seu custo
do Capital Próprio. O Custo do Capital de uma empresa é afetado por suas políticas
de financiamento e de investimento. Assim, o custo do capital é determinado em
parte pelo tipo de financiamento que a empresa utiliza, por sua política de
dividendos e pelos tipos de projetos que ela empreende (os quais afetam seu grau
de risco).
O uso mais importante do custo de capital está na elaboração do
orçamento de capital, sendo também utilizado para outros propósitos. Por exemplo,
o Custo de Capital é um fator-chave nas decisões relacionadas à utilização de
Capital de Terceiros (dívidas) versus Capital Próprio.
A determinação da estrutura de capital de um empreendimento é
primordial para seus resultados futuros. A utilização do capital de terceiros é muito
questionada numa decisão de investimento, onde espera-se que proporcione retorno
maior que o custo deste capital,
razão pela qual é necessário um estudo da
alavancagem financeira para se determinar a viabilidade do investimento.
Os recursos próprios também apresentam restrições, sendo
recomendável a empresa fazer uma criteriosa análise se utiliza recursos próprios ou
de terceiros num determinado investimento.
A utilização de recursos próprios
significa abrir a empresa para novos sócios ou sacrificar os atuais acionistas.
Os recursos destinados aos investimentos apresentam um custo
efetivo que deve ser explicitamente levado em consideração, sendo necessário que
os gerentes determinem o custo do capital, utilizando técnicas de procedimentos
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analíticos adequados, que permitam mensurar a potencialidade ou não de
remuneração satisfatória para um determinado investimento.
A estrutura de capital de uma empresa é determinada pela soma de
recursos originários de terceiros e os recursos próprios, que são utilizados para
financiar suas operações. A determinação da estrutura de capital e da capacidade
de endividamento é fator fundamental para se levar em consideração os
investimentos futuros.
A avaliação do desempenho econômico pode ser processada por
meio da formulação do Retorno sobre o Investimento - ROI e da Alavancagem
Financeira, que se constituem em instrumentos essenciais para o estudo da
viabilidade econômica de uma empresa.
Utilizar recursos próprios ou buscar junto a terceiros?
Qual das
fontes de recursos podem trazer maior valor para a empresa? Que riscos a empresa
está disposta a correr?
Que taxa de juros pode ser considerada atraente? O
mercado absorveria a emissão de novas ações? Qual a capacidade satisfatória do
nível de endividamento?
Questões como estas se tornam o maior desafio dos
especialistas financeiros, como contadores.
Não existe resposta objetiva, sendo
necessário fazer diversas mensurações e ter em mente os objetivos empresariais.
O presente trabalho procura analisar a estrutura de capital e seus
reflexos nos resultados da empresa, mostrando razões para utilizar capital próprio ou
de terceiros num determinado empreendimento.
ESTRUTURA DE CAPITAL
A tomada de decisão envolvendo estrutura de capital de uma
empresa requer atenção especial, pois há inúmeras ligações entre estrutura de
capital e diversas variáveis de decisões financeiras, sendo necessário fazer uma
avaliação minuciosa quanto ao risco, retorno e valor. Segundo Gitman (1987, p.
512):
“A estrutura de capital é determinada pelo composto de endividamento a
longo prazo e capital próprio que uma empresa utiliza para financiar sua
operações. Devido a ligação direta com o preço da ação, o administrador
financeiro deve orientar cuidadosamente a estrutura de capital para
proporcionar benefício máximo aos proprietários da empresa.
As
decisões inadequadas de estrutura de capital podem resultar em um
elevado custo de capital, o qual tornaria mais difícil encontrar
investimentos. Boas decisões podem baixar o custo de capital, tornando
mais fácil achar investimentos aceitáveis que aumentarão a riqueza dos
proprietários.”
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Martins e Assaf Neto (1986, p. 503) reforçam a definição anterior e
complementam justificando a não inclusão de recursos de curto prazo no estudo da
estrutura de capital do seguinte modo:
“a estrutura de capital de uma empresa refere-se à composição das fontes
de financiamentos de longo prazo oriundas de capital de terceiros
(exigível) e de capitais próprios (patrimônio líquido).
É atribuída
importância exclusiva aos fundos de longo prazo neste estudo, por se
admitir que os recursos de passivo circulante visam fundamentalmente
suprir necessidades financeiras sazonais da empresa, e não financiar a
demanda de recursos de natureza permanente. O estudo da estrutura de
capital está estritamente relacionado com o custo de capital total da
empresa.”
O capital de terceiros inclui os recursos de longo prazo obtidos por
intermédio de empréstimos; seu custo é considerado menor do que o custo do
capital próprio, tem direitos prioritários em relação aos acionistas sobre os lucros ou
ativos existentes para pagamentos, e o tratamento de pagamento de juros como
despesas dedutíveis para fins de imposto de renda reduz o custo da dívida
substancialmente.
O capital próprio é formado por recursos de longo prazo fornecidos
pelos proprietários da empresa, esperando-se que esses recursos permaneçam na
empresa durante um período de tempo indefinido. É dividido em capital ordinário,
capital preferencial e lucros retidos, sendo que o capital preferencial proporciona
prioridade aos acionistas na distribuição dos lucros, mas não permite a participação
na administração da empresa, ao contrário do capital ordinário, que faculta o direito
de seus acionistas a participarem da administração, mas não tem prioridade na
distribuição dos lucros.
O nível de endividamento mostra a quantidade de recursos de
terceiros que está sendo utilizada nas atividades operacionais da empresa,
resultante de uma decisão de buscar estes recursos para suprir suas necessidades
de investimento.
É mensurado através dos indicadores de endividamento, que
estabelecem a proporção de ativos totais financiados com recursos de terceiros e
indicam direta
e indiretamente o grau de alavancagem financeira da empresa.
Estes índices incluem o grau de endividamento a longo prazo (Exigível a Longo
Prazo/Ativo Total) e a participação do patrimônio líquido em relação aos recursos de
terceiros (Exigível a Longo Prazo /Patrimônio Líquido).
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Uma estrutura de capital adequada é fator decisivo para manter a
empresa em situação de liquidez suportável. A este respeito Gitman (1987, p. 514)
destaca que:
“O grau de alavancagem financeira para uma empresa é sobretudo o
resultado da atitude daquele que toma decisões perante o risco. Quanto
mais risco uma empresa deseja assumir, maior será sua alavancagem
financeira.”
É neste contexto que os gestores financeiros tentam reduzir ou
aumentar a proporção de capitais de terceiros na estrutura de capital das empresas.
Uma estrutura de capital deve ser determinada com cuidados sobre
um eficiente controle e consistência do risco do negócio e do nível de risco
financeiro.
O risco do negócio é definido como o resultado da alavancagem
operacional (relação entre as vendas e os lucros antes de juros e imposto de renda),
não é afetado pelas decisões da estrutura de capital, mas a estrutura de capital deve
ser elaborada em vista deste risco.
Quanto maior for o risco do negócio, mais cuidado deve ter a
empresa ao estabelecer sua estrutura de capital. Empresas com risco de negócio
elevado tendem, portanto, a estruturas de capital menos alavancadas, isto é,
trabalhar com um nível de endividamento menor.
A melhor estrutura de capital pode ser escolhida entre as
alternativas disponíveis usando um modelo de avaliação para ligar os fatores de
retorno e risco. Outras considerações podem ser importantes como fluxo de caixa,
controle, obrigações, perspectiva de vendas, metas da empresa.
Devido às dificuldades enumeradas para se estabelecer uma
proporção adequada de estrutura de capital de uma empresa, um estudo como este
evidencia sua relevância. Empresas dos diversos segmentos necessitam conhecer
a utilização ótima de seus recursos a fim de alcançarem maiores retornos.
Gitman (1987, p. 479) afirma que “o custo de capital é a taxa de
retorno que uma empresa precisa obter sobre seus investimentos, de forma a
manter inalterado o valor de mercado da empresa.”
Segundo Sanvicente (1991, p. 75): “podemos definir custo de capital
como o preço que a empresa paga pelos fundos obtidos junto às suas fontes de
capital.”
O custo de capital pode ser calculado através da média ponderada
dos passivos e do patrimônio líquido de uma empresa e é admitido como sendo a
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taxa de retorno que deve ser obtida para que uma empresa não tenha seu valor
decrescido. Na análise da estrutura de capital, deve ser considerado o custo total
dos componentes individualmente, determinando as participações relativas.
ALAVANCAGEM FINANCEIRA
De grande relevância e complexidade, indica se os recursos que
estão sendo tomados por empréstimo pela entidade estão obtendo um retorno
adequado pela sua aplicação no Ativo da mesma.
De acordo com o grau e intensidade com que são utilizados, os
recursos de terceiros têm um efeito importante no retorno para os acionistas. Este
efeito é denominado “alavancagem” - “leverage”, em inglês. Bem utilizados, os
recursos de terceiros podem proporcionar maiores lucros em benefício do acionista.
Existem várias maneiras de calcular o quociente supra citado e as
vantagens são numerosas e complexas suas interpretações. Para efeito desse texto
o Quociente será assim expresso:
Lucro Líquido
Patrimônio Líquido Médio
Quociente de
Alavancagem Financeira =
Lucro Líquido + Desp. Financeiras
Ativo Médio + Dívida Média
O grau de alavancagem (resultado da divisão supra) deveria ser pelo
menos igual a 1.
O Grau de Alavancagem Financeira pode também ser calculado por
uma variação da fórmula definida acima:
Retorno sobre o Patrimônio Líquido - ROE
Grau de Alavancagem Financeira =
Retorno sobre o Investimento -
ROI
No fundo, o que o grau de alavancagem procura mensurar é, para
cada Real ganho no giro do Ativo, quantos Reais vão em benefício do Patrimônio
Líquido. Em linguagem mais popular, quanto vai para o bolso (atual ou
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potencialmente) dos proprietários para cada Real ganho pela administração nas
aplicações em Ativo?
A comparação, rigorosa, deve ser entre o que obtivemos, na
realidade, de retorno sobre o Patrimônio Líquido e o que teríamos obtido se, em vez
de recursos captados com despesas financeiras, tivéssemos podido contar com
mais recursos dos acionistas.
Resulta da participação de recursos de terceiros na estrutura de
capital da empresa, indicando se os recursos que estão sendo tomados por
empréstimo pela entidade geram um retorno adequado pela sua aplicação no ativo
da mesma.
Em princípio, admite-se que interessa o endividamento sempre que
seu custo for menor que o retorno produzido pela aplicação desses recursos. Nessa
situação em que o retorno do investimento do capital emprestado excede a seu
custo de captação, a diferença positiva encontrada promove uma elevação mais que
proporcional nos resultados líquidos dos proprietários, alavancando a rentabilidade.
FATORES DETERMINANTES DA ESTRUTURA FINANCEIRA
As razões que levam os executivos a assumir riscos financeiros via
ajustes na estrutura financeira da empresa dependem de um conjunto de fatores. A
alavanca financeira é afetada pela
estabilidade nas vendas, perspectivas de
crescimento e ambiente externo. Outra justificativa se refere às reações do mercado
de capitais com relação ao setor. Finalmente uma terceira justificativa decorre da
própria atitude dos administradores.
Estabilidade das Vendas
Talvez o principal fator determinante da alavanca financeira seja a
estabilidade das vendas. Quando as vendas e o lucro operacional são estáveis, as
empresas se sentem seguras em aumentar a alavanca financeira. O aumento na
alavanca financeira acarreta maiores despesas financeiras, e portanto, reduzem a
margem de segurança. Serviços de utilidade pública, tais como companhias
telefônicas, normalmente apresentam elevados índices de endividamento porque
suas vendas tendem a ser muito estáveis.
Perspectivas de Crescimento
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Setores caracterizados por altas taxas de crescimento nas vendas e
nos lucros, normalmente, apresentam índices de estrutura financeira elevados.
Como as vendas e, em decorrência, o lucro operacional crescem rapidamente, a
margem de segurança está continuamente aumentando. Conseqüentemente,
empresas atuando em setores de altas taxas de crescimento podem utilizar maiores
alavancas, com a expectativa de que o rápido crescimento no lucro operacional
reduzirá rapidamente o grau de alavanca financeira e o risco financeiro.
Ambiente Externo
O ambiente externo é caracterizado pela maturidade do mercado,
estrutura do mercado, tecnologia e legislação. Um setor amadurecido, como o de
eletrodomésticos e de automóveis, é caracterizado pela saturação de mercado. A
maior parte das vendas se destina a reposição de produtos existentes. Com o tempo
as vendas e os lucros começam a declinar. Conseqüentemente, quanto maior o
estágio de amadurecimento, menor o grau de alavanca recomendável.
A estrutura de mercado
se relaciona com
as condições de
competição entre as empresas no setor. Para setores em que predominam práticas
oligopolistas, os índices de estrutura financeira tendem a ser altos. Em setores
competitivos, as vendas e lucros estão sujeitos aos efeitos da concorrência e, por
isso, as empresas podem preferir níveis mais baixos de alavanca financeira.
Setores de tecnologia de ponta impõe altos investimentos em P& D
e isso representa barreira à entrada de novos competidores, proporcionando altos
retornos, facilitando o uso de alavanca financeira.
O aspecto legal relacionado com o ambiente externo também afeta a
estratégia financeira. A questão ecológica, por
exemplo, impõe investimentos e
tecnologia de projetos que nem sempre representam maiores lucros. O efeito líquido
pode ser a redução do lucro operacional. Este fator levaria a menor nível de
alavanca financeira nos setores afetados pela legislação protetora do meioambiente.
Reações do Mercado de Capitais
Outro fator que influencia a estrutura financeira são as reações do
mercado de capitais a determinados tipos de empresas ou a alguns setores. Em
meados da década de 60, os investidores foram fortemente atraídos pelo conceito
de conglomerado. O resultado final foi que muitos conglomerados sobrecarregaram
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de empréstimos suas estruturas financeiras. Quando a economia entrou em
recessão, vários conglomerados com lucros operacionais decrescentes foram
incapazes de pagar os juros. Com o tempo, os investidores se desiludiram com os
conglomerados. Agora, as empresas procuram enfatizar o fato de que “não são
conglomerados”. Ter boa imagem com os investidores, em geral, leva as empresas a
altos níveis de alavanca financeira.
Atitude dos Administradores
A atitude dos administradores também afeta a estrutura financeira.
Por exemplo, alguns dos
fatores
mencionados, como estrutura de
mercado,
perspectivas de crescimento, etc. poderiam sugerir que a IBM deveria ter altos
índices de endividamento. Não tem.
E isso pode ser atribuído às atitudes da
administração, quanto às perspectivas futuras e a identificação do que é melhor
para seus acionistas.
PLANEJAMENTO DE INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO, APLICADO À
PEQUENA EMPRESA
O empreendedor ao começar um pequeno negócio enfrenta desafios
adversos, dentre os quais a forma de financiamento do seu empreendimento. Na
ausência de capital nas mãos dos indivíduos e da sociedade, o financiamento a ser
obtido pelo pequeno empresário é a prova de fogo para atingir a realização de uma
boa idéia.
Na formulação do esquema de financiamento do empreendimento o pequeno
empresário deve ter em mente os seguintes cenários de financiamento:
 Os recursos monetários estão disponíveis tal como anteriormente planejado;
 Os recursos monetários disponíveis são inferiores ao planejado;
 Os recursos monetários não estão disponíveis como projetado;
 Outros elementos do plano de empreendimento não ocorrem como previamente
projetado, afetando tanto o montante de recursos orçados, quanto a dificuldade
em obtê-los.
Os recursos próprios sob a forma de poupança, créditos pessoais, ou
desmobilização dos ativos pessoais (venda de carros, telefones, apartamentos,
terrenos, títulos e ações), na maioria dos casos, não são suficientes para fazer face
ao financiamento do próprio negócio. Quando os recursos monetários do próprio
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empreendedor são suficientes para iniciar o negócio, é caracterizada sua
independência financeira.
Algumas alternativas que o empreendedor pode dispor para complementar os
recursos necessários para abrir um pequeno negócio, ou mesmo para atividades
operacionais e investimentos a longo prazo, são: emprego próprio ou de seu
cônjuge, e recursos de sócios.
Na verdade, os diferentes tipos de negócios demandam volumes de inversões
bastante variados, o que pode exigir a formação de um grupo de empreendedores,
notadamente nos empreendimentos em que há grande inovação tecnológica com
risco e retorno elevados, ou nos empreendimentos de alta potencialidade, baseados
em talento excepcional de seus membros, em vantagens competitivas, ou mesmo
proteção
de
patentes.
Para
efeito
de
ilustração
pode-se
mencionar
o
desenvolvimento de software nas áreas de automação, serviços, e finanças.
Plano para formulação do negócio:
É necessário elaborar um perfil do negócio no qual devem estar detalhados,
as metas, o processo produtivo adotado, tecnologias, volume de investimentos em
capital de giro e ativos fixos, programas de financiamento, custos operacionais e
rentabilidade do empreendimento.
Planejamento financeiro de curto prazo:
A apresentação de um subsistema de informações financeiras, torna-se
indispensável quando da obtenção de recursos junto a bancos comerciais,
empresas, e bancos de fomento. A figura 1 abaixo ilustra as peças fundamentais de
um planejamento financeiro de curto prazo, que deve constar na formulação de um
perfil de negócio.
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Projeção
de
Vendas
Ativo
Circulante
Previsto
Informação necessária
Resultado para análise
Plano
de
Produção
Planejamento
Financeiro de
Longo Prazo
Demontração
de
Resultados
Orçamento
de
Caixa
Plano de
Ativo Fixo
Balanço
Projetado
Figura 1: Planejamento financeiro de curto prazo (GITMAN, 1994).
Os programas de produção e vendas por produto e por período nos primeiros
anos de implementação do negócio, demonstram claramente as idéias do
empreendedor traduzidas em unidades físicas e monetárias.
Os planos de investimento fixo, capital de giro, e orçamento de caixa, peças
indispensáveis à implementação de qualquer empreendimento, bem como os
esquemas de financiamento propostos, estão intimamente relacionados, o que pode
ser visualizado no balanço projetado e na demonstração de resultados projetados.
Origem e aplicação de caixa:
O orçamento de caixa demonstra detalhadamente as fontes e aplicações de
recursos do negócio, quer para capital de giro, quer para ativos permanentes.
O fluxo de caixa abaixo (figura 2) exemplifica como se pode representar a
origem e o destino do capital. As fontes são de recursos próprios ou recursos de
terceiros, que foram aplicados em ativos físicos sob a forma de máquinas,
equipamentos, veículos e ciclo operacional do negócio, estando neste último
inclusos: compra de matéria-prima, pagamento de salários, depreciação, despesas
operacionais, impostos, taxas e contas a receber.
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(1) Fluxo Operacional
Mão de
Obra
Matéria
Prima
Salário
(2) Fluxo de Investimentos
Pagamento de
contas
Compra
Contas
a pagar
Pagamento
de compras
Ativos
Fixos
Venda
Depreciação
Produto em
Processo
Custo
Indireto
Juros
Produtos
Acabados
Despesas
Operacionais
(inclui juros e
depreciação)
Caixa
e
Créditos
Pagamento
Pagamento
de Impostos
Refinanciamento
(3) Fluxo de Financiamento
Empréstimo
Pagamento
Endividamento
de curto e
longo prazo
Vendas à vista
Vendas
Venda de ações
Recompra de ações
Contas a
receber
Recebimento de vendas à prazo
Pagamento de dividendos
Patrimônio
Líquido
(Capital dos
Acionistas)
Figura 2: Fluxo de caixa (GITMAN, 1994).
No modelo de planejamento financeiro do negócio, o empreendedor deve
simular para os grandes agregados monetários, vendas, custos, origem e aplicação
de recursos, o cenário mais provável, o mais otimista, e o mais pessimista, isto é,
situações que espelhem os estados possíveis da economia.
Instrumentos de mercado para captação de recursos:
Todo empresário, no que tange a administração financeira do seu negócio,
deve se preparar para captar adequadamente os recursos necessários ao seu
empreendimento e para tal é preciso que faça um planejamento das suas
necessidades e conheça os mecanismos disponíveis de captação.
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Basicamente, em qualquer empreendimento, as necessidades de recursos
são ditadas pelas seguintes razões:
 necessidades de investimento de capital (longo prazo);
 necessidades de capital de giro (curto prazo).
Investimento de capital (longo prazo):
As necessidades de investimento são normalmente decididas como parte da
estratégia global da empresa e define em que ativos fixos a empresa vai investir
para fazer seu negócio funcionar . São as decisões de se investir em máquinas,
equipamentos, terrenos, construção de fábricas, instalações, etc.
Uma vez definida a estratégia da empresa de endividamento a longo prazo,
isto é, uma vez definida quanto de capital próprio a empresa vai investir nos seus
ativos fixos, o capital remanescente para suportar suas decisões de investimento
deverá ser captado no mercado, em condições as mais favoráveis possíveis. Isto
significa que os empréstimos obtidos deverão ser contratados de tal forma a
poderem gerar para a empresa, benefícios maiores que o seu custo e em condições
de serem amortizados sem comprometer seu fluxo de caixa.
As linhas de financiamento para investimentos disponíveis para a micro,
pequena e média empresa são normalmente implementadas através dos bancos de
desenvolvimento e/ou órgãos do governo que disponibilizam, anualmente, uma
quantidade considerável de recursos para apoiar o início da operação e a expansão
de empreendimentos.
Dentre as principais linhas de financiamento a longo prazo atualmente
disponíveis, destacamos as oferecidas pelas seguintes entidades:
 Bancos de Desenvolvimento (BNDES, BRDE, BADESC, etc.);
 Banco do Brasil;
 FINEP (para projetos geradores de tecnologia).
Todas estas linhas de financiamento contemplam prazos de carência e juros,
normalmente, abaixo dos juros de mercado, e são voltadas exclusivamente para
projetos de investimento, podendo ser dedicada um pequena parcela - normalmente
não mais que 30 % (trinta por cento) - para o capital de giro associado ao projeto.
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Os projetos citados são normalmente disponibilizados através de parcerias e
convênios entre as entidades e o SEBRAE (Serviço de apoio a Pequena e Média
Empresa) que facilita e orienta o empresário pelo emaranhado caminho das opções
de captação de recursos.
Em 1996 o governo federal lançou um programa de desenvolvimento,
PROGER (Programa de Geração de Emprego), que entre outros benefícios,
contempla também o setor formal das micro e pequenas empresas, para o
financiamento de bens e serviços indispensáveis a implantação e/ou expansão de
empreendimentos. Este programa tem as seguintes características básicas:
 Itens financiáveis:
- Bens e serviços;
- Capital de giro associado ao projeto.
 Limite financiável:
- Faixa I (micro empresas): até 90% do valor do projeto, limitado a R$
30.000,00. Capital de giro associado, até o limite de
30% do valor do financiamento.
- Faixa II (pequenas empresas): até 80% do valor do projeto, limitado a R$
50.000,00. Capital de giro associado, até 30% do
valor máximo de financiamento.
 Prazos:
- Faixa I - até 36 meses, incluindo carência de até 12 meses para investimento
fixo; até 18 meses, incluindo carência de até 6 meses, para capital de
giro associado.
- Faixa II - até 48 meses, incluindo carência de até 12 meses, para
investimento fixo; até 24 meses, incluindo carência de até 6 meses,
para capital de giro associado.
 Encargos financeiros:
- Básicos - 100% da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo).
- Adicionais - até R$ 30.000,00 : 4% ao ano;
acima de R$ 30.000,00 até R$ 50.000,00 : 4,5% ao ano.
 Garantias:
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Alienação fiduciária; aval ou fiança; quaisquer garantias reais admitidas pelo
agente financeiro.
Todos estes recursos estão sendo liberados através dos seguintes agentes
financeiros: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES e Banco do
Nordeste do Brasil (para o programa de agricultura familiar).
Capital de giro (curto prazo):
Para
as
necessidades
operacionais
de
curto
prazo,
o
empresário
normalmente vai também precisar captar recursos para poder financiar basicamente
os dois principais componentes do seu capital de giro, quais sejam: estoques e
contas a receber (vendas a prazo).
Como abordado anteriormente, o empresário deve utilizar adequadamente
seu fluxo de caixa para poder se planejar e prever com bastante antecedência as
necessidades de captação de recursos para poder honrar os seus compromissos.
Os seguintes instrumentos estão normalmente disponíveis para todo e qualquer
empresário, desde que o mesmo mantenha seus cadastros em dia junto aos bancos
comerciais com os quais trabalha:
 Desconto de duplicatas;
 Antecipação de cheques pré-datados;
 Operação de empréstimo para capital de giro (com avalista e/ou garantia real);
 Capital de giro com penhor mercantil (a empresa oferece como garantia parte
do seu estoque de produto acabado- normalmente disponível para médias e
grandes empresas);
 Hot-Money - capital de giro de curtíssimo prazo (normalmente 1 a 2 semanas
no máximo);
 Lease-Back - a empresa vende máquinas e/ou veículos ao agente financeiro,
recebendo o dinheiro da venda à vista e os recompra pelo sistema de leasing,
pagando então a prazo (os bens não chegam a sair da empresa);
 Leasing Hipotecário - similar ao citado acima, no qual o bem da transação é um
terreno ou imóvel da empresa;
 Programa especial do BNDES-FINAME, para empresas exportadoras, de
determinados segmentos (artefatos de couro e
calçados, autopeças,
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confecções, móveis, produtos cerâmicos, entre outros - consultar carta-circular
referente ao BNDES AUTOMÁTICO de 4 de setembro de 1996), que libera
para capital de giro até 85% do valor das exportações a serem financiadas.
As empresas de fomento comercial (factoring), constituem uma alternativa
para levantamento de capital, onde o factor fornece dinheiro ao empreendedor
mediante um deságio sobre o valor de face de um ativo (em geral uma duplicata). É
portanto recomendável avaliar a taxa (na verdade o fator de compra dos créditos)
praticada por diferentes casas de fomento, já que esta pode variar bastante.
Por definição e filosofia, as empresas de Factoring não podem fazer a
intermediação de dinheiro no mercado financeiro. São empresas comerciais de
atividade complexa que conjugam prestação de serviços com compra de direitos.
Dependem fundamentalmente de seus recursos próprios e o segredo de seu
sucesso reside na administração do seu fundeamento.
A experiência brasileira tem demonstrado que dezenas de empresas sob o
manto de Factoring ocultaram outras operações típicas ou privativas de instituições
financeiras e até mesmo negócios ilícitos como empréstimos usurários, não tendo
sobrevivido; desapareceram na poeira da sua incompetência e ganância.
Em linhas gerais, o Factoring é um agente inibidor da desintermediação
financeira, saneador do mercado de liquidez e também um excelente instrumento
para estimular e dinamizar o comércio internacional através do apoio que pode
oferecer no desenvolvimento aos negócios de importação e exportação.
Para médias e grandes empresas, o mercado ainda disponibiliza operações
de financiamento das venda a prazo através do mecanismo conhecido como vendor,
no qual um agente financeiro, normalmente um banco no qual vendedor e
comprador sejam clientes e tenham bom cadastro, adianta o dinheiro da venda a
prazo para a empresa que vende e cobra a prazo para a empresa que está
comprando, com os respectivos encargos. Tanto a empresa vendedora pode ser a
avalista da transação, como o próprio agente financeiro pode assumir o risco, neste
caso a taxas maiores para a empresa que compra e exigindo uma maior
reciprocidade.
CONCLUSÃO
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Crises especulativas como a atual - documentadas desde o século 17, com
dimensões variadas - são sempre gestadas em momentos de juros baixos e crédito
farto, mais comuns em fases de prosperidade. E a economia mundial vivia o melhor
momento desde a década de 70. O acesso mais fácil ao dinheiro reduz a noção
geral de risco. Tanto profissionais do mercado quanto cidadãos comuns se tornam
mais propensos a investimentos ousados, em busca de lucros mais altos e rápidos.
O estranho de uma crise financeira é que somos todos golpeados, mas não
entendemos os mecanismos. Alavancagem, derivativos, hedge, funds e outros
termos misteriosos apenas encobrem a boa e velha esperteza.
Num mundo altamente competitivo, o conhecimento e a competência de
executar um pequeno negócio exigem uma preocupação permanente com as
origens e aplicações de recursos, quer para capital de giro, que para ativos fixos.
A
formulação
de
um
modelo
de
planejamento
de
investimento e
financiamento, aplicado ao pequeno negócio, facilita para o empreendedor, a
negociação de fontes de financiamento mais acessíveis. Deste modo sugere-se a
elaboração de um cash flow que discrimine as origens e aplicações dos recursos,
uma projeção de balanço e demonstração de resultados, e apresentação de um
modelo de análise de desempenho que forneça subsídios para avaliação da
rentabilidade do negócio.
A elaboração do perfil do negócio sob a forma de subsistemas de informações
integrados, e agindo simultaneamente, minimizaria as incertezas do ambiente
externo à pequena empresa, quando da construção de cenários alternativos nos
possíveis estados da economia (crescimento, recessão, e depressão).
SOBRE OS AUTOR: ALAELSON CRUZ DOS SANTOS, Contador e Professor
Universitário. Especialista em Gestão Empresarial pela FAPESE/UFS. Coordenador
dos Cursos de Especialização (Pós-graduação Lato Sensu) em Auditoria e Perícia
Contábil da UNIT, Auditoria Governamental da UNIT/TCE e Direito Público e
Controle Externo (TCE/ECOJAN/UNIT). Professor dos Cursos de Especialização
(Pós-graduação Lato Sensu) em Auditoria e Perícia Contábil, Auditoria
Governamental, Gestão Pública, Gestão Financeira, Finanças Empresariais e
Controladoria, Gestão Estratégica e Qualidade e Direito Público e Controle Externo
da UNIT. Palestrante e Instrutor de Cursos na Área Pública. Contatos:
[email protected]
–
(79)
9972-8886
8839-6294
http://alaelsoncruz.blogspot.com
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Investimento, trabalho apresentado no III ENCONTRO NORDESTINO DE
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3 - GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 4ª ed. São
Paulo: Harbra, 1987.
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5 - MARTINS, Eliseu; ASSAF NETO, Alexandre. Administração financeira - as
finanças das empresas sob condições inflacionarias. São Paulo: Atlas, 1986.
6 - ROSS Stephen A. et al. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 1995.
7 - SANVICENTE, Antônio Z. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 1991.
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9 - PEREIRA, Antônio Fernando O. A. CARVALHO, Márcio Azevedo de e CRUZ,
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Financiamento, Aplicado à Pequena Empresa - uma Abordagem Integrada.
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