i - informações econômicas gerais

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RELATÓRIO ECONÔMICO 33/10
Resumo preparado pela Projector Engenharia das notícias econômicas publicadas
pela imprensa brasileira
Período: 13 a 22/09/10
Data: 18/10/2010
I - INFORMAÇÕES ECONÔMICAS GERAIS
1. Ao longo dos últimos 7 anos, o mercado de consumo brasileiro recebeu mais 50
milhões de consumidores e a classe C foi a que mais cresceu, somando atualmente
cerca de 104 milhões de pessoas em uma população que está em torno de 190
milhões de habitantes. Esta classe C, que é formada por famílias que têm renda
mensal entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00, tem uma capacidade de consumo de R$
500 bilhões por ano. Por outro lado, a classe D, formada por famílias de renda
mensal entre R$ 510,00 e R$ 1.000,00, tem poder de consumo igual a R$ 380
bilhões. Os 50 milhões de pessoas incorporadas à classe C nos últimos anos
equivalem a toda a população da Argentina somada à toda a população do Chile. O
PIB brasileiro, neste ano, deverá crescer algo entre 7,5% e 8,0% e, em 2011, deverá
crescer cerca de 5,5%.
2. Este crescimento do PIB em 2010 deverá fazer com que a economia brasileira
ultrapasse a economia inglesa e a francesa, aproximando-se da alemã, mesmo
fazendo-se a conversão do valor do PIB de cada país, que é originalmente calculado
em sua própria moeda, pelo modo indevido, que é dividir o PIB em moeda do país
pela taxa de câmbio vigente no mercado local. [Já se sabe que este modo de
conversão do PIB pela taxa de câmbio é incorreto, uma vez que não leva em
consideração o verdadeiro poder de compra da moeda americana no país
considerado, observando-se claramente que nos países mais ricos, em que o custo de
vida é mais elevado, a tendência é apresentar um PIB mais alto quando calculado
pelo método indevido, ocorrendo exatamente o contrário com os países mais pobres,
em que o custo de vida é mais baixo, resultando que o PIB convertido em dólares
deste modo incorreto, resulta em valores muito mais baixos. Um exemplo é o Brasil:
pela conversão errada – e a mais divulgada pela imprensa – o PIB brasileiro situa-se
em torno de US$ 1,5 trilhão. Calculado corretamente, pela paridade do poder de
compra, o PIB do Brasil ultrapassa US$ 2,1 trilhões.]
3. Assim, com o crescimento do PIB brasileiro muito acima do crescimento esperado
nos países mais ricos, somente restará a Alemanha, entre os europeus, com PIB
superior ao brasileiro, mesmo fazendo o cálculo pelo modo indevido. O crescimento
do PIB brasileiro neste ano, será um record [superado apenas pelos aumentos
obtidos na época do chamado “milagre econômico”, quando o país se endividava
irresponsavelmente com o exterior e caminhava a passos rápidos para as sucessivas
crises da dívida externa e da inflação galopante, um buraco sem fundo em que o país
caiu já no final dos anos 70 e do qual somente começou a sair a partir de meados dos
anos 90.] É claro que, se hoje o Brasil cresce acima de 7% ao ano, como naquele
tempo, não cresce aumentando a sua dívida externa, ao contrário, cresce como país
credor internacional e dono de reservas que já ultrapassam os US$ 280 bilhões, mais
de cinco vezes a dívida externa pública, que é da ordem de US$ 52 bilhões.
4. Está em discussão na Câmara de Deputados a realização de um plebiscito para a
criação de dois novos Estados da Federação, o Estado de Carajás e o Estado do
Tapajós, sendo atualmente ambos partes integrantes do Estado do Pará, que tem
cerca de 1,280 milhão de km2. Se for aprovada a sua criação, o Estado de Carajás
será formado por 29 Municípios localizados ao Sul do Pará, com apenas cerca de
908 mil habitantes, mas onde se encontram as gigantescas jazidas de minerais,
inclusive os cerca de 26 bilhões de toneladas de ferro de alto teor explorados pela
Vale do Rio Doce. Por outro lado, o Estado do Tapajós seria formado por outros 20
Municípios que têm, atualmente, cerca de 845 mil habitantes.
5. Contra a idéia de criação de dois novos Estados estão aqueles que argumentam que,
em se tratando de áreas de baixa densidade demográfica, a instalação de toda uma
infra-estrutura administrativa nas áreas que hoje são apenas cobertas por densas
florestas, além de exigir enorme soma de recursos do Governo Federal para a
construção de uma capital de Estado, vai também exigir transferência de recursos
para a manutenção de todo o aparato administrativo.
6. Os que são a favor da criação dos dois novos Estados argumentam que a sua criação
vai contribuir fortemente para a desconcentração do Governo do Estado do Pará,
uma unidade cuja área territorial é aproximadamente igual à soma das áreas da
França, Espanha, Reino Unido e Portugal e cuja população está muito concentrada
na região vizinha à capital, Belém. O caso do Estado do Mato Grosso do Sul, que foi
separado do Estado de Mato Grosso, que antes tinha área quase igual à do Pará, é
um bom exemplo, assim como é também um bom exemplo a criação do Estado do
Tocantins, com a divisão quase pela metade do Estado de Goiás. Esses dois casos
são apontados como iniciativas de sucesso, que resultaram na desconcentração e
promoção do crescimento de áreas antes quase despovoadas.
7. Um argumento a favor dos que defendem a criação dos novos Estados é o exemplo
dos Estados Unidos. Não levando em consideração os Estados do Alaska e do
Havaí, o território americano tem cerca de 7,1 milhões de km2 divididos em 48
Estados. O Brasil, com 8,5 milhões de km2, está dividido em apenas 26 Estados e
um pequeno Distrito Federal.
8. A indústria brasileira está otimista com relação à expansão da capacidade de
produção em 2010. Cerca de 80% das empresas do setor industrial identificaram a
demanda do mercado doméstico como o principal fator para esta expansão de
capacidade e a expectativa é de que no triênio 2010 – 2012 a capacidade instalada
será aumentada em 23,8%. O quadro mostra as previsões que anualmente são feitas
de expansão de capacidade do parque industrial brasileiro.
Previsões de Expansão de Capacidade de Produção da Indústria (Em %)
Ano
Expansão
Ano
Expansão
Ano
Expansão
2002
8,4
2005
10,6
2008
13,6
2003
9,6
2006
12,2
2009
11,4
2004
10,2
2007
12,0
2010
14,6
Fonte: FGV/ Ibre/ Valor Econômico 23/03/10
9. O IBGE ainda não divulgou a sua reavaliação do comportamento do PIB brasileiro
em 2009, de modo que, por enquanto, a variação foi uma redução de -0,2% [nosso
cálculo é de um aumento de +0,5% no ano passado]. Mas, ainda que seja
confirmada a primeira avaliação do IBGE, comparativamente a outros países, o
desempenho brasileiro não foi muito ruim. O quadro mostra as primeiras avaliações
do comportamento do PIB de alguns países em 2009, o ano seguinte ao da explosão
do Lehman Brothers, que deu muito mais destaque à crise do subprime, a qual
começou nos Estados Unidos, no primeiro semestre de 2007.
Variação Estimada do PIB de Alguns Países em 2009 (Em %)
País
Variação
País
Variação
China
8,7
Canadá
-2,6
Índia
6,8
Portugal
-2,8
Indonésia
4,5
Espanha
-3,6
Austrália
1,3
Holanda
-4,0
Coréia do Sul
0,2
República Checa
-4,3
Brasil
-0,2
Reino Unido
-4,9
África do Sul
-1,8
Itália
-4,9
Cingapura
-2,0
Alemanha
-5,0
França
-2,2
Japão
-5,1
Tailândia
-2,3
Turquia
-5,3
Estados Unidos
-2,4
México
-6,5
Taiwan
-2,6
Rússia
-7,9
Fonte: Bloomberg/ JP Morgan/ Valor Econômico 12/03/10
10. A dívida pública brasileira está em queda, em termos de percentual do PIB e este
fato tem reflexo sobre o volume de recursos que o setor público tem que gastar para
pagar os juros da dívida. O quadro mostra o comportamento do percentual do PIB
que corresponde aos gastos com pagamentos de juros da dívida pública, em
comparação com o percentual do PIB que representa os gastos do setor púbico com
seu pessoal.
Gastos do Setor Público com os Juros da Dívida e com o Pessoal (Em % do PIB)
Ano
Gastos com Juros da Dívida
Gastos com Pessoal
2000
6,6
4,6
2001
6,6
4,8
2002
7,6
4,8
2003
8,5
4,4
2004
6,6
4,3
2005
7,3
4,3
2006
6,8
4,4
2007
6,0
4,4
2008
5,4
4,3
2009
5,4
4,8
2010 (*)
5,3
5,0
Fonte: STN/ Valor Econômico 01/04/10 (*) Projeção
11. Em artigo divulgado pela assessoria de imprensa do Kremlin, o Presidente Dmitri
Medvedev defendeu o uso de moedas locais nas trocas comerciais entre os quatro
grandes países do BRIC. Esta idéia foi lançada em Junho de 2009 na primeira
reunião de cúpula dos 4 países, realizada em Iakaterimburgo, na Rússia, pelos
representantes do Brasil e da China. Tudo indica que, agora, os russos também estão
aceitando a idéia. [A propósito, recentemente russos e chineses fecharam um mega
acordo de fornecimento de gás natural. A Rússia, dona de imensas jazidas de gás, as
maiores do mundo, vai abastecer a China, o mercado que mais cresce e que
certamente já ocupa o primeiro posto como maior em consumo, em termos
mundiais. Segundo o acordo firmado, os pagamentos serão feitos em moeda chinesa,
descartando-se o dólar.]
12. De acordo com a ICCA – Associação Internacional de Congressos e Convenções
Internacionais, o Brasil subiu do 12º para o 7º posto entre os países em que mais
foram realizados eventos internacionais de 2000 até 2009. Neste período, o número
de eventos internacionais por ano cresceu 136,3% no Brasil, quase o dobro do
crescimento médio verificado internacionalmente. O quadro mostra os 10 países que
mais sediaram esse tipo de encontro em 2000 e em 2009.
Países Maiores Receptores de Eventos Internacionais
Em 2000
Em 2009
Estados Unidos
Estados Unidos
Alemanha
Alemanha
Reino Unido
Espanha
França
Itália
Itália
Reino Unido
Espanha
França
Austrália
Brasil
Holanda
Japão
Japão
China
Canadá
Austrália e Holanda
Fonte: ICCA/ O Globo 27/08/10
13. Comparativamente a outros países, como a França, por exemplo, a participação do
Estado na produção industrial ou na prestação de serviços no Brasil é muito pequena
[com a China, onde mais de 80% de todas as empresas são estatais, não há como
comparar]. Porém, depois de um longo afastamento do Estado brasileiro da
economia do país, por conta da hoje muito questionável política de privatização que
perdurou por duas décadas, a presença do Estado na economia voltou a crescer,
conforme se observa no quadro abaixo, no qual se tem a participação do Governo
Federal em empresas industriais ou de serviços.
Participação Societária do Governo Federal em Empresas (Em R$ bilhões)
Ano
Valor da Participação
Ano
Valor da Participação
2005
119,8
2008
167,0
2006
131,7
2009
177,3
2007
151,6
2010
180,8
Fonte: SIAFI/ O Globo 30/05/10
14. O sucesso que ultimamente o Brasil tem tido [e muito mais, também a China] em
sua política de maior participação do Estado na economia [seja diretamente, via
empresas estatais, seja indiretamente, por meio de programas que envolvem também
a participação do setor privado, como o PAC – Programa de Aceleração do
Crescimento] além de estimular a implementação de políticas semelhantes em
outros países da América Latina, está também produzindo uma revisão muito
importante nos conceitos econômicos da Cepal - Comissão Econômica para a
América Latina. Esta instituição, que tem ligação com a Organização das Nações
Unidas, considera que a atual crise financeira, nascida nos Estados Unidos em 2007
e propagada em grande parte do mundo a partir de 2008, marca o final de um ciclo
na América Latina, que tomou por base o desastrado Consenso de Washington, que
defendia a liberação econômica quase que sem limites. Hoje, a Cepal defende a
“reforma das reformas” que foram pregadas pelo “consenso”. Segundo o documento
“A hora da igualdade: brechas por selar, caminhos por abrir” as políticas aplicadas
nos anos 90 na América Latina cumpriram a sua função, que era eliminar a inflação
descontrolada, mas agora o foco tem de ser o desenvolvimento econômico
sustentável, a inclusão social e a distribuição da renda. E nisto o Brasil tem sido o
país de maior sucesso. Contra as políticas neoliberais do consenso, existem muitos
exemplos de fracassos retumbantes, como foi o colapso da Argentina nas mãos de
Carlos Menem e Domingos Cavallo, entre 2000 e 2002, e a política extremamente
liberal levada e efeito na Bolívia, que não eliminou a pobreza e somente se alterou a
partir da eleição de Evo Morales.
15. A partir de sua filial em Londres, a BNDES Ltd, o BNDES planeja começar a
participar do capital de empresas no exterior. Os alvos serão companhias dos setores
farmacêutico, eletrônico e de tecnologia da informação. Para isto, o BNDES fez um
pequeno aumento de capital, de R$ 2 milhões, da sua filial londrina. Além da filial
em Londres, o BNDES tem um escritório em Montevidéu. Mas o plano é expandir
essas atividades no exterior. [O BNDES atuando no exterior pode ser uma boa
solução para o problema de entrada muito forte de dinheiro do exterior na medida
em que o Brasil começar a exportar a riqueza a ser extraída do pré-sal. Investindo no
BNDES no exterior, o Governo Federal poderia colocar os dólares excedentes no
exterior, sem de desfazer deles, evitando, assim, que um número muito grande de
dólares entrando no país cause os problemas que normalmente causam. De fato,
quando um exportador recebe dólares do exterior, ele é obrigado a levá-los ao Banco
Central, que os recebe e os converte em reais, entregando esses reais ao exportador.
Assim, o banco põe mais reais em circulação. Para evitar um excesso de reais em
circulação, o que pode causar inflação, o Banco Central vende títulos ao mercado
com o mesmo valor dos reais que ele pôs para circular, fazendo uma operação que é
conhecida como “esterilização” dos dólares que entraram. Desta forma, o banco
evita a inflação, mas provoca o aumento da dívida pública, já que teve de emitir
títulos. Uma forma de evitar este problema seria colocar o excesso de dólares no
exterior. E o BNDES, que é 100% do Governo Federal, com filiais no exterior,
poderia dar uma boa aplicação aos dólares, que continuariam sendo do Governo
Federal, isto é, da União.]
16. Um estudo elaborado em conjunto pelo Ministério da Fazenda e o BNDES revelou
que o aporte de R$ 180 bilhões, feito pelo Governo Federal para aumentar o capital
do Banco, resultou em um aumento de R$ 229 bilhões de recursos na economia e
um crescimento de R$ 41,9 bilhões na arrecadação de receitas da União.
II – INFRAESTRUTURA
Energia Elétrica
1. Não-obstante toda a gritaria ambientalista contra, o Brasil deverá investir em grandes
hidrelétricas porque, além do grande potencial ainda não utilizado, é esta a forma de
geração que resulta nos mais baixos custos operacionais, sendo ainda uma forma de
energia limpa e renovável. O quadro mostra o preço médio do MW.h por tipo de
fonte geradora de energia elétrica.
Custo Unitário Médio de Geração de Energia Elétrica por Fonte Geradora
Tipo de Fonte de Geração
Custo do MW.h (Em RS)
Hidrelétrica de grande porte
75,00
Hidrelétrica de médio porte
115,00
Usina termonuclear
150,00
Usina térmica a gás natural
210,00
Geração eólica
270,00
Usina térmica a carvão mineral
277,00
Usina térmica a óleo combustível
643,00
Usina térmica a óleo diesel
772,00
Geração solar fotovoltaica
1.827,00
Fonte: Senado Federal/ Valor Econômico 14/04/10
III – INDÚSTRIA DE BASE
Petróleo e Gás
1. Para cumprir a sua meta de estar produzindo 4 milhões de barris de petróleo por dia
apenas em território brasileiro em 2020, a Petrobras vai ter necessidade de
acrescentar mais 35 plataformas do tipo FPSO (Floating Production Storage
Offloading), cada uma capaz de processar 100.000 barris de petróleo por dia. Para
atender a essas novas plataformas serão necessárias mais 185 embarcações de apoio.
Hoje, a Petrobras opera 118 plataformas de produção e 91 sondas de perfuração.
Mas esses números deverão crescer muito à medida que as jazidas do pré-sal sejam
reveladas.
1. Fundada em 1953, a Petrobras desde então foi peça fundamental na luta do Brasil
pela sua auto-suficiência em termos de petróleo, conquista que apenas recentemente
foi alcançada. O quadro abaixo mostra a redução observada na dependência do país
em relação à importação de petróleo.
Participação do Petróleo Importado no Consumo Total do Brasil (Em %)
Ano
Importação sobre Consumo
Ano
Importação sobre Consumo
1954
98
1985
43
1960
69
1990
47
1965
71
1995
49
1970
68
2000
33
1975
81
2005
4
1980
82
2010
0
Fonte: Petrobras/ Valor Econômico 12/05/10
2. Para atingir a auto-suficiência em matéria de petróleo, a Petrobras teve que aumentar
significativamente a produção de petróleo e gás, não apenas no Brasil, como
também no exterior. O quadro mostra a evolução da produção diária de petróleo e
gás da Petrobras em áreas localizadas no país e no exterior, assim como a previsão
para a produção em 2020, em barris equivalentes de petróleo..
Produção Total de Petróleo e Gás da Petrobras (Em milhões de barris equivalentes/ dia)
Ano
Produção
Ano
Produção
2002
1,75
2007
2,35
2003
1,95
2008
2,45
2004
2,00
2009
2,50
2005
2,20
2013
3,50
2006
2,30
2020
5,70
Fonte: Mercado/ Petrobras/ Valor Econômico 12/05/10
Construção Naval
1. Para se bem avaliar o impulso que a exploração de petróleo no Brasil está dando à
indústria de construção naval basta considerar que entre 2000 e 2009, os estaleiros
navais instalados no Brasil receberam apenas 168 pedidos de fornecimento de
plataformas de petróleo, navios petroleiros, navios graneleiros, balsas e barcos
empurradores, enquanto que, somente até Abril deste ano, o número desses pedidos
já atingiu 132. Hoje, depois de um longo abandono, reflexo claro da política
neoliberal que assolou o país, sobretudo entre 1990 e 2002, quando a indústria naval
brasileira quase foi extinta, o Brasil retorna à posição de grande pólo de produção
naval, atrás apenas da China, Coréia do Sul e Japão, registrando-se projetos de
implantação de 17 novos estaleiros no país e de expansão de outros 5. E tudo indica
que haverá necessidade de continuar expandindo a construção de navios destinados
ao setor de petróleo.
2. De fato, com a pequena recuperação da economia pós-crise do subprime, a demanda
mundial de petróleo retornou ao nível de 85 milhões de barris por dia e deverá
chegar a 106 milhões em 2030. Os 28 estaleiros navais brasileiros filiados ao
Sindicato da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore faturaram R$ 5
bilhões em 2009 e deverão chegar a R$ 6 bilhões neste ano. [Tendo em vista as
perspectivas abertas pelo pré-sal e considerando um percentual mínimo de 65% de
conteúdo nacional nas embarcações que a Transpetro adquire nos estaleiros
brasileiros, pode-se concluir que a indústria de construção naval tem muito ainda
pela frente para continuar crescendo.]
IV – INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO
Indústria de Equipamentos Mecânicos
1. A TMSA, antiga Tecno Moageira, que tem sede em Porto Alegre, no Rio Grande do
Sul, com 44 anos de atividade no setor de fabricação de equipamentos para
movimentação e processamento de granéis sólidos, está segura de que em 2010
registrará o seu record de vendas, com o faturamento chegando a R$ 250 milhões,
mais de três vezes o faturamento de 2009, que foi de R$ 80 milhões. A empresa está
recebendo encomendas do setor de mineração, energia termelétrica e terminais
portuários. Por conta deste volume de pedidos, ela está gastando quase 12 meses
para atender às encomendas. Na lista de equipamentos que a TMSA fabrica estão
elevadores industriais, máquinas de limpeza de produtos agrícolas, filtros e
aspiradores para controle ambiental, transportadores para granéis sólidos e
carregadores de navios. A empresa fechou o ano de 2009 com pedidos de compra
que chegavam a R$ 330 milhões, mas hoje essas encomendas já passaram de R$ 1
bilhão. A empresa ainda dispõe de capacidade para atender à demanda, mas o
número de empregados, que era de 400, em 2009, já foi aumentado em 18%, neste
ano.
Indústria de Bebidas
1. A AmBev, maior fabricante de bebidas do país, confirmou o seu projeto de
construção de uma nova fábrica de cerveja em Itapissuna, próximo a Recife, capital
de Pernambuco. Será um investimento de R$ 260 milhões. A planta industrial terá
capacidade para produzir 10 milhões de hectolitros de cerveja e 4 milhões de
hectolitros de refrigerantes por ano. O início das obras está programado para
começar ainda neste mês de Outubro e a produção deverá começar em Agosto de
2011. A empresa já planeja investir mais R$ 100 milhões para a primeira ampliação
desta mesma fábrica, o que deverá ocorrer em meados de 2015.
Indústria de Embalagens
1. A sueca Tetra Pak, maior fabricante mundial de embalagens longa vida, está
desenvolvendo o projeto de expansão da sua fábrica de Ponta Grossa, no Paraná,
que hoje tem capacidade para produzir 5 bilhões de embalagens por ano. A idéia é
antecipar o crescimento da demanda do país, que vem crescendo à taxa de dois
dígitos por ano e, ainda, exportar para toda a América do Sul. Reunindo todas as
suas fábricas em operação no Brasil, a Tetra Pak pode produzir hoje 13,5 bilhões de
embalagens anualmente, incluindo a planta de Ponta Grossa, e a de Monte Mor, em
São Paulo.
2. A propósito: a concorrente da Tetra Pak, que é a suíça SIG Cambibloc, que tem base
na Alemanha, anunciou investimento de US$ 107 milhões para construir sua
primeira fábrica no Brasil, que será instalada no Paraná.
Indústria de Máquinas e Equipamentos
1. O Governo Federal criou uma linha de crédito de US$ 250 milhões para financiar a
exportação de tratores e máquinas agrícolas de fabricação nacional para países da
África e da América Latina. Esta nova linha de financiamento terá três anos de
carência e juros iguais à taxa Libor [1,1% ao ano] mais um spread de 1% ao ano. Os
contratos terão garantias do Banco Africano de Desenvolvimento, do Banco
Interamericano de Desenvolvimento e da Corporação Andina de Fomento. Somente
poderão ser adquiridos, através desta linha, tratores até 75 HP de potência e que
tenham um mínimo de 60% de componentes fabricados no Brasil.
Indústria de Cimento
1. Vários fatores, entre os quais a interiorização do desenvolvimento econômico por
meio de grandes obras de infra-estrutura, programas habitacionais e melhoria de
renda da população estão estimulando a Votorantim Cimentos a acelerar os seus
programas de investimento. Até 2013 a empresa vai construir 8 novas fábricas,
através de investimento de R$ 2,5 bilhões. Três dessas fábricas serão instaladas na
Região Nordeste, isto é, nos Estados do Maranhão, Ceará e Bahia; duas delas serão
erguidas na Região Norte, no Estado do Pará; duas serão implantadas no Centro-
Oeste, em Mato Grosso e Goiás; e uma será construída na Região Sul, no Paraná.
Completando esses investimentos, a Votorantim terá 35 fábricas com capacidade
total para produzir 42 milhões de toneladas de cimento por ano.
V - COMÉRCIO E SERVIÇO
Finanças
1. As variáveis referentes a câmbio, risco-país, cotação do A-Bond e juros futuros
apresentaram o seguinte comportamento:
Dia
Taxa de
Câmbio
(real/ euro)
Taxa de
Câmbio
(real/ dólar)
30/09/10
2,3104
1,6942
01/10
2,3167
1,6812
04
2,3091
1,6882
05
2,3282
1,6808
06
2,3357
1,6758
07
2,3342
1,6777
08
2,3395
1,6804
Fonte: Banco Central/ Valor Econômico
Risco-país
(em pontos
percentuais)
206
203
206
204
202
201
197
Cotação do ABond
(em % do valor
de face)
119,625
119,625
119,750
119,938
120,313
120,625
120,938
Juros Futuros
(em % ao
ano)
10,669
10,655
10,662
10,650
10,651
10,649
10,650
Transporte Aéreo
1. A TAM, que é a maior empresa aérea brasileira, fechou a compra de 25 novos aviões
Airbus por US$ 2,9 bilhões. São 20 aeronaves modelo A 320 que vão substituir a
frota com mais de 12 anos de operação e outras 5 aeronaves modelo A 350, que vão
operar nas linhas internacionais da empresa. Este pedido de compra coloca a TAM
entre os 10 maiores clientes da Airbus em todo o mundo. Os novos aviões vão
começar a operar em 2014 e as entregas se estenderão até 2016. A empresa aérea
brasileira ainda tem 94 aeronaves a receber da Airbus, sendo 44 delas modelo A
320; 3 modelo A 330; e 22 modelo A 350, não incluindo a nova aquisição de 25
aeronaves.
VI – AGRIBUSINESS
Carne Bovina
1. Em 2009, o consumo de carne bovina no Brasil, por habitante, foi da ordem de 33 a
34 kg por ano. Em 2008, este consumo anual per capita era de 30 kg. Os dados são
da Agral FNP, empresa de consultoria na área da pecuária.
Fertilizantes
1. Entre Janeiro e Abril deste ano, as entregas de fertilizantes das misturadoras [isto é,
as empresas que fazem o produto final misturando os produtos intermediários] às
empresas revendedoras somaram 5,568 milhões de toneladas, um volume 9% maior
que o registrado no mesmo período de 2009. Até Abril, a produção cresceu 23,8%,
chegando a 2,232 milhões de toneladas e as importações aumentaram 133,9%,
chegando a 1,521 milhão de toneladas.
Açúcar e Álcool
1. A AIE – Agência Internacional de Energia avalia que a produção brasileira de etanol
deverá crescer 59,3% até 2015, expandindo-se dos atuais 462.000 barris
equivalentes de petróleo por dia, registrados em 2009, para 736.000 barris
equivalentes diários em 2015. Outro grande produtor mundial, os Estados Unidos,
deverão registrar crescimento de 41% no mesmo período, subindo dos atuais
702.000 barris equivalentes de petróleo por dia, no ano passado, para 989.000 barris
diários, em 2015. As previsões da AIE para os dois maiores produtores mundiais e
para todo o mundo estão no quadro. Juntos, os Estados Unidos e o Brasil
representam 75% de toda a produção mundial de etanol.
Produção Mundial de Etanol (Em 1.000 barris equivalentes de petróleo por dia)
Ano
Estados Unidos
Brasil
Produção Mundial
2009
702
462
1.313
2010
846
507
1.525
2011
895
578
1.681
2012
936
636
1.807
2013
965
674
1.884
2014
979
707
1.940
2015
989
736
1.981
Fonte: AIE/ Valor Econômico 24/06/10
2. Após 4 anos de negociações, a Petrobras Biocombustíveis – Pbio e a São Martinho
anunciaram a formação de uma joint venture, a Nova Fronteira Bioenergia S.A.,
uma empresa de capital de R$ 858,8 milhões, resultante de um aporte de R$ 420,8
milhões da Petrobras, que terá 49% do capital da nova empresa. A São Martinho
transferiu os seus ativos para a nova sociedade, definindo assim a sua participação
no capital da Nova Fronteira, em R$ 438 milhões, ou 51% do capital social. Os
ativos da nova empresa compreendem a Usina Boa Vista, em Quirinópolis, no
Estado de Goiás, que tem capacidade para processar 2,5 milhões de toneladas de
cana por ano. Faz parte também dos ativos da Nova Fronteira a SMBJ
Agroindustrial, um projeto ainda em planejamento em Bom Jesus de Goiás.
3. A Nova Fronteira Bioenergia S.A. está destinada a ser uma plataforma de
investimentos da Petrobras em etanol e energia na Região Centro-Oeste, do mesmo
modo que a Açúcar Guarani também cumpre o papel de plataforma de
investimentos da Petrobras em etanol no Estado de São Paulo. Em Minas Gerais, a
Petrobras entrou no setor de produção de etanol adquirindo 40,4% da Usina Total.
No caso da Guarani, a Petrobras adquiriu 45,7% do capital da empresa. Com as três
parcerias, a Petrobras já tem capacidade para processar 24 milhões de toneladas de
cana e produzir 890 milhões de litros de etanol por ano, um volume que deverá
atingir 2,6 bilhões de litros até 2014, ou seja, cerca de 4% a 5% de todo o etanol
produzido no Brasil. [A participação da Petrobras no setor de etanol tem vantagens
importantes, uma vez que se trata de uma área estratégica para o país. Além de
maior esforço em pesquisas e desenvolvimento, a participação da estatal vai conferir
mais confiança no sentido de que não faltará álcool combustível no mercado
doméstico quando o preço internacional do açúcar estiver muito elevado, como já
ocorreu no passado...]
4. A propósito: a Petrobras Biocombustíveis tem planos de investimentos que somam
US$ 2,4 bilhões nos próximos 5 anos em etanol e biodiesel.
5. A empresa Via Vida Biocombustíveis, que tem sede em Tapejara, no Rio Grande do
Sul, está investindo R$ 90 milhões para construir uma planta de etanol a partir de
cana, mandioca e batata, com capacidade para produzir 180.000 litros por dia em
Rio Pardo, no mesmo Estado. O empreendimento inclui a construção de uma central
termelétrica com capacidade para gerar 1,3 MW, que vai utilizar os resíduos de cana
e de outros subprodutos. A usina estará em operação dentro de 2 anos.
6. O setor sucroalcooleiro no Brasil segue em crescimento e as previsões para a safra
2010/2011 são muito boas, segundo os dados da Datagro.
Produção de Açúcar e Álcool no Brasil
Produção de Cana
Produção de Açúcar
(milhões de toneladas) (milhões de toneladas)
2006/2007
428,8
30,0
2007/2008
497,8
31,4
2008/2009
569,3
31,0
2009/2010
589,7
33,0
2010/2011
654,0
37,3
Fonte: Datagro / Valor Econômico 18/02/10
Ano-safra
Produção de Álcool
(bilhões de litros)
17,8
22,5
27,5
25,0
29,7
Biodiesel
1. A Petrobras anunciou que está desenvolvendo um projeto em parceria com a
portuguesa Galp, que prevê a construção de uma planta de biodiesel em Portugal.
Para isto, será criado um pólo agroindustrial no Brasil, do qual será extraída a
matéria prima (óleo de palma) para a produção do biodiesel. A meta é enviar
300.000 toneladas por ano de óleo de palma (dendê) produzido no Estado do Pará. O
investimento no Brasil está estimado em US$ 290 milhões, a serem desembolsados
entre 2010 e 2018. A produção de biodiesel será iniciada em Portugal em 2015, com
investimento de US$ 240 milhões na planta portuguesa, completando todo o custo
do empreendimento, que é estimado em US$ 530 milhões, divididos em partes
iguais entre as duas empresas. Todo o biodiesel produzido será comercializado no
mercado europeu.
Grãos
1. Os chineses estão muito interessados em adquirir mais terras no Brasil, conforme foi
confirmado por Zheng Qingzhi, presidente da CNADC – China National
Agricultural Development Group, uma empresa estatal que já tem investimentos em
40 países. Segundo ele, a China pode investir centenas de milhões de dólares na
compra de terras agrícolas brasileiras, através das suas empresas estatais.
Máquinas Agrícolas
1.A entrada de multinacionais no setor de álcool e açúcar no Brasil está fazendo crescer
a demanda por máquinas agrícolas e as expectativas já chegam a aumentos de 30% a
60% nas vendas de tratores e colheitadeiras neste ano. Na área de cana estima-se
que serão vendidas 1.200 máquinas colheitadeiras em 2010, contra 970 vendidas em
2009.
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