RELATÓRIO ECONÔMICO 33/10 Resumo preparado pela Projector Engenharia das notícias econômicas publicadas pela imprensa brasileira Período: 13 a 22/09/10 Data: 18/10/2010 I - INFORMAÇÕES ECONÔMICAS GERAIS 1. Ao longo dos últimos 7 anos, o mercado de consumo brasileiro recebeu mais 50 milhões de consumidores e a classe C foi a que mais cresceu, somando atualmente cerca de 104 milhões de pessoas em uma população que está em torno de 190 milhões de habitantes. Esta classe C, que é formada por famílias que têm renda mensal entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00, tem uma capacidade de consumo de R$ 500 bilhões por ano. Por outro lado, a classe D, formada por famílias de renda mensal entre R$ 510,00 e R$ 1.000,00, tem poder de consumo igual a R$ 380 bilhões. Os 50 milhões de pessoas incorporadas à classe C nos últimos anos equivalem a toda a população da Argentina somada à toda a população do Chile. O PIB brasileiro, neste ano, deverá crescer algo entre 7,5% e 8,0% e, em 2011, deverá crescer cerca de 5,5%. 2. Este crescimento do PIB em 2010 deverá fazer com que a economia brasileira ultrapasse a economia inglesa e a francesa, aproximando-se da alemã, mesmo fazendo-se a conversão do valor do PIB de cada país, que é originalmente calculado em sua própria moeda, pelo modo indevido, que é dividir o PIB em moeda do país pela taxa de câmbio vigente no mercado local. [Já se sabe que este modo de conversão do PIB pela taxa de câmbio é incorreto, uma vez que não leva em consideração o verdadeiro poder de compra da moeda americana no país considerado, observando-se claramente que nos países mais ricos, em que o custo de vida é mais elevado, a tendência é apresentar um PIB mais alto quando calculado pelo método indevido, ocorrendo exatamente o contrário com os países mais pobres, em que o custo de vida é mais baixo, resultando que o PIB convertido em dólares deste modo incorreto, resulta em valores muito mais baixos. Um exemplo é o Brasil: pela conversão errada – e a mais divulgada pela imprensa – o PIB brasileiro situa-se em torno de US$ 1,5 trilhão. Calculado corretamente, pela paridade do poder de compra, o PIB do Brasil ultrapassa US$ 2,1 trilhões.] 3. Assim, com o crescimento do PIB brasileiro muito acima do crescimento esperado nos países mais ricos, somente restará a Alemanha, entre os europeus, com PIB superior ao brasileiro, mesmo fazendo o cálculo pelo modo indevido. O crescimento do PIB brasileiro neste ano, será um record [superado apenas pelos aumentos obtidos na época do chamado “milagre econômico”, quando o país se endividava irresponsavelmente com o exterior e caminhava a passos rápidos para as sucessivas crises da dívida externa e da inflação galopante, um buraco sem fundo em que o país caiu já no final dos anos 70 e do qual somente começou a sair a partir de meados dos anos 90.] É claro que, se hoje o Brasil cresce acima de 7% ao ano, como naquele tempo, não cresce aumentando a sua dívida externa, ao contrário, cresce como país credor internacional e dono de reservas que já ultrapassam os US$ 280 bilhões, mais de cinco vezes a dívida externa pública, que é da ordem de US$ 52 bilhões. 4. Está em discussão na Câmara de Deputados a realização de um plebiscito para a criação de dois novos Estados da Federação, o Estado de Carajás e o Estado do Tapajós, sendo atualmente ambos partes integrantes do Estado do Pará, que tem cerca de 1,280 milhão de km2. Se for aprovada a sua criação, o Estado de Carajás será formado por 29 Municípios localizados ao Sul do Pará, com apenas cerca de 908 mil habitantes, mas onde se encontram as gigantescas jazidas de minerais, inclusive os cerca de 26 bilhões de toneladas de ferro de alto teor explorados pela Vale do Rio Doce. Por outro lado, o Estado do Tapajós seria formado por outros 20 Municípios que têm, atualmente, cerca de 845 mil habitantes. 5. Contra a idéia de criação de dois novos Estados estão aqueles que argumentam que, em se tratando de áreas de baixa densidade demográfica, a instalação de toda uma infra-estrutura administrativa nas áreas que hoje são apenas cobertas por densas florestas, além de exigir enorme soma de recursos do Governo Federal para a construção de uma capital de Estado, vai também exigir transferência de recursos para a manutenção de todo o aparato administrativo. 6. Os que são a favor da criação dos dois novos Estados argumentam que a sua criação vai contribuir fortemente para a desconcentração do Governo do Estado do Pará, uma unidade cuja área territorial é aproximadamente igual à soma das áreas da França, Espanha, Reino Unido e Portugal e cuja população está muito concentrada na região vizinha à capital, Belém. O caso do Estado do Mato Grosso do Sul, que foi separado do Estado de Mato Grosso, que antes tinha área quase igual à do Pará, é um bom exemplo, assim como é também um bom exemplo a criação do Estado do Tocantins, com a divisão quase pela metade do Estado de Goiás. Esses dois casos são apontados como iniciativas de sucesso, que resultaram na desconcentração e promoção do crescimento de áreas antes quase despovoadas. 7. Um argumento a favor dos que defendem a criação dos novos Estados é o exemplo dos Estados Unidos. Não levando em consideração os Estados do Alaska e do Havaí, o território americano tem cerca de 7,1 milhões de km2 divididos em 48 Estados. O Brasil, com 8,5 milhões de km2, está dividido em apenas 26 Estados e um pequeno Distrito Federal. 8. A indústria brasileira está otimista com relação à expansão da capacidade de produção em 2010. Cerca de 80% das empresas do setor industrial identificaram a demanda do mercado doméstico como o principal fator para esta expansão de capacidade e a expectativa é de que no triênio 2010 – 2012 a capacidade instalada será aumentada em 23,8%. O quadro mostra as previsões que anualmente são feitas de expansão de capacidade do parque industrial brasileiro. Previsões de Expansão de Capacidade de Produção da Indústria (Em %) Ano Expansão Ano Expansão Ano Expansão 2002 8,4 2005 10,6 2008 13,6 2003 9,6 2006 12,2 2009 11,4 2004 10,2 2007 12,0 2010 14,6 Fonte: FGV/ Ibre/ Valor Econômico 23/03/10 9. O IBGE ainda não divulgou a sua reavaliação do comportamento do PIB brasileiro em 2009, de modo que, por enquanto, a variação foi uma redução de -0,2% [nosso cálculo é de um aumento de +0,5% no ano passado]. Mas, ainda que seja confirmada a primeira avaliação do IBGE, comparativamente a outros países, o desempenho brasileiro não foi muito ruim. O quadro mostra as primeiras avaliações do comportamento do PIB de alguns países em 2009, o ano seguinte ao da explosão do Lehman Brothers, que deu muito mais destaque à crise do subprime, a qual começou nos Estados Unidos, no primeiro semestre de 2007. Variação Estimada do PIB de Alguns Países em 2009 (Em %) País Variação País Variação China 8,7 Canadá -2,6 Índia 6,8 Portugal -2,8 Indonésia 4,5 Espanha -3,6 Austrália 1,3 Holanda -4,0 Coréia do Sul 0,2 República Checa -4,3 Brasil -0,2 Reino Unido -4,9 África do Sul -1,8 Itália -4,9 Cingapura -2,0 Alemanha -5,0 França -2,2 Japão -5,1 Tailândia -2,3 Turquia -5,3 Estados Unidos -2,4 México -6,5 Taiwan -2,6 Rússia -7,9 Fonte: Bloomberg/ JP Morgan/ Valor Econômico 12/03/10 10. A dívida pública brasileira está em queda, em termos de percentual do PIB e este fato tem reflexo sobre o volume de recursos que o setor público tem que gastar para pagar os juros da dívida. O quadro mostra o comportamento do percentual do PIB que corresponde aos gastos com pagamentos de juros da dívida pública, em comparação com o percentual do PIB que representa os gastos do setor púbico com seu pessoal. Gastos do Setor Público com os Juros da Dívida e com o Pessoal (Em % do PIB) Ano Gastos com Juros da Dívida Gastos com Pessoal 2000 6,6 4,6 2001 6,6 4,8 2002 7,6 4,8 2003 8,5 4,4 2004 6,6 4,3 2005 7,3 4,3 2006 6,8 4,4 2007 6,0 4,4 2008 5,4 4,3 2009 5,4 4,8 2010 (*) 5,3 5,0 Fonte: STN/ Valor Econômico 01/04/10 (*) Projeção 11. Em artigo divulgado pela assessoria de imprensa do Kremlin, o Presidente Dmitri Medvedev defendeu o uso de moedas locais nas trocas comerciais entre os quatro grandes países do BRIC. Esta idéia foi lançada em Junho de 2009 na primeira reunião de cúpula dos 4 países, realizada em Iakaterimburgo, na Rússia, pelos representantes do Brasil e da China. Tudo indica que, agora, os russos também estão aceitando a idéia. [A propósito, recentemente russos e chineses fecharam um mega acordo de fornecimento de gás natural. A Rússia, dona de imensas jazidas de gás, as maiores do mundo, vai abastecer a China, o mercado que mais cresce e que certamente já ocupa o primeiro posto como maior em consumo, em termos mundiais. Segundo o acordo firmado, os pagamentos serão feitos em moeda chinesa, descartando-se o dólar.] 12. De acordo com a ICCA – Associação Internacional de Congressos e Convenções Internacionais, o Brasil subiu do 12º para o 7º posto entre os países em que mais foram realizados eventos internacionais de 2000 até 2009. Neste período, o número de eventos internacionais por ano cresceu 136,3% no Brasil, quase o dobro do crescimento médio verificado internacionalmente. O quadro mostra os 10 países que mais sediaram esse tipo de encontro em 2000 e em 2009. Países Maiores Receptores de Eventos Internacionais Em 2000 Em 2009 Estados Unidos Estados Unidos Alemanha Alemanha Reino Unido Espanha França Itália Itália Reino Unido Espanha França Austrália Brasil Holanda Japão Japão China Canadá Austrália e Holanda Fonte: ICCA/ O Globo 27/08/10 13. Comparativamente a outros países, como a França, por exemplo, a participação do Estado na produção industrial ou na prestação de serviços no Brasil é muito pequena [com a China, onde mais de 80% de todas as empresas são estatais, não há como comparar]. Porém, depois de um longo afastamento do Estado brasileiro da economia do país, por conta da hoje muito questionável política de privatização que perdurou por duas décadas, a presença do Estado na economia voltou a crescer, conforme se observa no quadro abaixo, no qual se tem a participação do Governo Federal em empresas industriais ou de serviços. Participação Societária do Governo Federal em Empresas (Em R$ bilhões) Ano Valor da Participação Ano Valor da Participação 2005 119,8 2008 167,0 2006 131,7 2009 177,3 2007 151,6 2010 180,8 Fonte: SIAFI/ O Globo 30/05/10 14. O sucesso que ultimamente o Brasil tem tido [e muito mais, também a China] em sua política de maior participação do Estado na economia [seja diretamente, via empresas estatais, seja indiretamente, por meio de programas que envolvem também a participação do setor privado, como o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento] além de estimular a implementação de políticas semelhantes em outros países da América Latina, está também produzindo uma revisão muito importante nos conceitos econômicos da Cepal - Comissão Econômica para a América Latina. Esta instituição, que tem ligação com a Organização das Nações Unidas, considera que a atual crise financeira, nascida nos Estados Unidos em 2007 e propagada em grande parte do mundo a partir de 2008, marca o final de um ciclo na América Latina, que tomou por base o desastrado Consenso de Washington, que defendia a liberação econômica quase que sem limites. Hoje, a Cepal defende a “reforma das reformas” que foram pregadas pelo “consenso”. Segundo o documento “A hora da igualdade: brechas por selar, caminhos por abrir” as políticas aplicadas nos anos 90 na América Latina cumpriram a sua função, que era eliminar a inflação descontrolada, mas agora o foco tem de ser o desenvolvimento econômico sustentável, a inclusão social e a distribuição da renda. E nisto o Brasil tem sido o país de maior sucesso. Contra as políticas neoliberais do consenso, existem muitos exemplos de fracassos retumbantes, como foi o colapso da Argentina nas mãos de Carlos Menem e Domingos Cavallo, entre 2000 e 2002, e a política extremamente liberal levada e efeito na Bolívia, que não eliminou a pobreza e somente se alterou a partir da eleição de Evo Morales. 15. A partir de sua filial em Londres, a BNDES Ltd, o BNDES planeja começar a participar do capital de empresas no exterior. Os alvos serão companhias dos setores farmacêutico, eletrônico e de tecnologia da informação. Para isto, o BNDES fez um pequeno aumento de capital, de R$ 2 milhões, da sua filial londrina. Além da filial em Londres, o BNDES tem um escritório em Montevidéu. Mas o plano é expandir essas atividades no exterior. [O BNDES atuando no exterior pode ser uma boa solução para o problema de entrada muito forte de dinheiro do exterior na medida em que o Brasil começar a exportar a riqueza a ser extraída do pré-sal. Investindo no BNDES no exterior, o Governo Federal poderia colocar os dólares excedentes no exterior, sem de desfazer deles, evitando, assim, que um número muito grande de dólares entrando no país cause os problemas que normalmente causam. De fato, quando um exportador recebe dólares do exterior, ele é obrigado a levá-los ao Banco Central, que os recebe e os converte em reais, entregando esses reais ao exportador. Assim, o banco põe mais reais em circulação. Para evitar um excesso de reais em circulação, o que pode causar inflação, o Banco Central vende títulos ao mercado com o mesmo valor dos reais que ele pôs para circular, fazendo uma operação que é conhecida como “esterilização” dos dólares que entraram. Desta forma, o banco evita a inflação, mas provoca o aumento da dívida pública, já que teve de emitir títulos. Uma forma de evitar este problema seria colocar o excesso de dólares no exterior. E o BNDES, que é 100% do Governo Federal, com filiais no exterior, poderia dar uma boa aplicação aos dólares, que continuariam sendo do Governo Federal, isto é, da União.] 16. Um estudo elaborado em conjunto pelo Ministério da Fazenda e o BNDES revelou que o aporte de R$ 180 bilhões, feito pelo Governo Federal para aumentar o capital do Banco, resultou em um aumento de R$ 229 bilhões de recursos na economia e um crescimento de R$ 41,9 bilhões na arrecadação de receitas da União. II – INFRAESTRUTURA Energia Elétrica 1. Não-obstante toda a gritaria ambientalista contra, o Brasil deverá investir em grandes hidrelétricas porque, além do grande potencial ainda não utilizado, é esta a forma de geração que resulta nos mais baixos custos operacionais, sendo ainda uma forma de energia limpa e renovável. O quadro mostra o preço médio do MW.h por tipo de fonte geradora de energia elétrica. Custo Unitário Médio de Geração de Energia Elétrica por Fonte Geradora Tipo de Fonte de Geração Custo do MW.h (Em RS) Hidrelétrica de grande porte 75,00 Hidrelétrica de médio porte 115,00 Usina termonuclear 150,00 Usina térmica a gás natural 210,00 Geração eólica 270,00 Usina térmica a carvão mineral 277,00 Usina térmica a óleo combustível 643,00 Usina térmica a óleo diesel 772,00 Geração solar fotovoltaica 1.827,00 Fonte: Senado Federal/ Valor Econômico 14/04/10 III – INDÚSTRIA DE BASE Petróleo e Gás 1. Para cumprir a sua meta de estar produzindo 4 milhões de barris de petróleo por dia apenas em território brasileiro em 2020, a Petrobras vai ter necessidade de acrescentar mais 35 plataformas do tipo FPSO (Floating Production Storage Offloading), cada uma capaz de processar 100.000 barris de petróleo por dia. Para atender a essas novas plataformas serão necessárias mais 185 embarcações de apoio. Hoje, a Petrobras opera 118 plataformas de produção e 91 sondas de perfuração. Mas esses números deverão crescer muito à medida que as jazidas do pré-sal sejam reveladas. 1. Fundada em 1953, a Petrobras desde então foi peça fundamental na luta do Brasil pela sua auto-suficiência em termos de petróleo, conquista que apenas recentemente foi alcançada. O quadro abaixo mostra a redução observada na dependência do país em relação à importação de petróleo. Participação do Petróleo Importado no Consumo Total do Brasil (Em %) Ano Importação sobre Consumo Ano Importação sobre Consumo 1954 98 1985 43 1960 69 1990 47 1965 71 1995 49 1970 68 2000 33 1975 81 2005 4 1980 82 2010 0 Fonte: Petrobras/ Valor Econômico 12/05/10 2. Para atingir a auto-suficiência em matéria de petróleo, a Petrobras teve que aumentar significativamente a produção de petróleo e gás, não apenas no Brasil, como também no exterior. O quadro mostra a evolução da produção diária de petróleo e gás da Petrobras em áreas localizadas no país e no exterior, assim como a previsão para a produção em 2020, em barris equivalentes de petróleo.. Produção Total de Petróleo e Gás da Petrobras (Em milhões de barris equivalentes/ dia) Ano Produção Ano Produção 2002 1,75 2007 2,35 2003 1,95 2008 2,45 2004 2,00 2009 2,50 2005 2,20 2013 3,50 2006 2,30 2020 5,70 Fonte: Mercado/ Petrobras/ Valor Econômico 12/05/10 Construção Naval 1. Para se bem avaliar o impulso que a exploração de petróleo no Brasil está dando à indústria de construção naval basta considerar que entre 2000 e 2009, os estaleiros navais instalados no Brasil receberam apenas 168 pedidos de fornecimento de plataformas de petróleo, navios petroleiros, navios graneleiros, balsas e barcos empurradores, enquanto que, somente até Abril deste ano, o número desses pedidos já atingiu 132. Hoje, depois de um longo abandono, reflexo claro da política neoliberal que assolou o país, sobretudo entre 1990 e 2002, quando a indústria naval brasileira quase foi extinta, o Brasil retorna à posição de grande pólo de produção naval, atrás apenas da China, Coréia do Sul e Japão, registrando-se projetos de implantação de 17 novos estaleiros no país e de expansão de outros 5. E tudo indica que haverá necessidade de continuar expandindo a construção de navios destinados ao setor de petróleo. 2. De fato, com a pequena recuperação da economia pós-crise do subprime, a demanda mundial de petróleo retornou ao nível de 85 milhões de barris por dia e deverá chegar a 106 milhões em 2030. Os 28 estaleiros navais brasileiros filiados ao Sindicato da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore faturaram R$ 5 bilhões em 2009 e deverão chegar a R$ 6 bilhões neste ano. [Tendo em vista as perspectivas abertas pelo pré-sal e considerando um percentual mínimo de 65% de conteúdo nacional nas embarcações que a Transpetro adquire nos estaleiros brasileiros, pode-se concluir que a indústria de construção naval tem muito ainda pela frente para continuar crescendo.] IV – INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO Indústria de Equipamentos Mecânicos 1. A TMSA, antiga Tecno Moageira, que tem sede em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com 44 anos de atividade no setor de fabricação de equipamentos para movimentação e processamento de granéis sólidos, está segura de que em 2010 registrará o seu record de vendas, com o faturamento chegando a R$ 250 milhões, mais de três vezes o faturamento de 2009, que foi de R$ 80 milhões. A empresa está recebendo encomendas do setor de mineração, energia termelétrica e terminais portuários. Por conta deste volume de pedidos, ela está gastando quase 12 meses para atender às encomendas. Na lista de equipamentos que a TMSA fabrica estão elevadores industriais, máquinas de limpeza de produtos agrícolas, filtros e aspiradores para controle ambiental, transportadores para granéis sólidos e carregadores de navios. A empresa fechou o ano de 2009 com pedidos de compra que chegavam a R$ 330 milhões, mas hoje essas encomendas já passaram de R$ 1 bilhão. A empresa ainda dispõe de capacidade para atender à demanda, mas o número de empregados, que era de 400, em 2009, já foi aumentado em 18%, neste ano. Indústria de Bebidas 1. A AmBev, maior fabricante de bebidas do país, confirmou o seu projeto de construção de uma nova fábrica de cerveja em Itapissuna, próximo a Recife, capital de Pernambuco. Será um investimento de R$ 260 milhões. A planta industrial terá capacidade para produzir 10 milhões de hectolitros de cerveja e 4 milhões de hectolitros de refrigerantes por ano. O início das obras está programado para começar ainda neste mês de Outubro e a produção deverá começar em Agosto de 2011. A empresa já planeja investir mais R$ 100 milhões para a primeira ampliação desta mesma fábrica, o que deverá ocorrer em meados de 2015. Indústria de Embalagens 1. A sueca Tetra Pak, maior fabricante mundial de embalagens longa vida, está desenvolvendo o projeto de expansão da sua fábrica de Ponta Grossa, no Paraná, que hoje tem capacidade para produzir 5 bilhões de embalagens por ano. A idéia é antecipar o crescimento da demanda do país, que vem crescendo à taxa de dois dígitos por ano e, ainda, exportar para toda a América do Sul. Reunindo todas as suas fábricas em operação no Brasil, a Tetra Pak pode produzir hoje 13,5 bilhões de embalagens anualmente, incluindo a planta de Ponta Grossa, e a de Monte Mor, em São Paulo. 2. A propósito: a concorrente da Tetra Pak, que é a suíça SIG Cambibloc, que tem base na Alemanha, anunciou investimento de US$ 107 milhões para construir sua primeira fábrica no Brasil, que será instalada no Paraná. Indústria de Máquinas e Equipamentos 1. O Governo Federal criou uma linha de crédito de US$ 250 milhões para financiar a exportação de tratores e máquinas agrícolas de fabricação nacional para países da África e da América Latina. Esta nova linha de financiamento terá três anos de carência e juros iguais à taxa Libor [1,1% ao ano] mais um spread de 1% ao ano. Os contratos terão garantias do Banco Africano de Desenvolvimento, do Banco Interamericano de Desenvolvimento e da Corporação Andina de Fomento. Somente poderão ser adquiridos, através desta linha, tratores até 75 HP de potência e que tenham um mínimo de 60% de componentes fabricados no Brasil. Indústria de Cimento 1. Vários fatores, entre os quais a interiorização do desenvolvimento econômico por meio de grandes obras de infra-estrutura, programas habitacionais e melhoria de renda da população estão estimulando a Votorantim Cimentos a acelerar os seus programas de investimento. Até 2013 a empresa vai construir 8 novas fábricas, através de investimento de R$ 2,5 bilhões. Três dessas fábricas serão instaladas na Região Nordeste, isto é, nos Estados do Maranhão, Ceará e Bahia; duas delas serão erguidas na Região Norte, no Estado do Pará; duas serão implantadas no Centro- Oeste, em Mato Grosso e Goiás; e uma será construída na Região Sul, no Paraná. Completando esses investimentos, a Votorantim terá 35 fábricas com capacidade total para produzir 42 milhões de toneladas de cimento por ano. V - COMÉRCIO E SERVIÇO Finanças 1. As variáveis referentes a câmbio, risco-país, cotação do A-Bond e juros futuros apresentaram o seguinte comportamento: Dia Taxa de Câmbio (real/ euro) Taxa de Câmbio (real/ dólar) 30/09/10 2,3104 1,6942 01/10 2,3167 1,6812 04 2,3091 1,6882 05 2,3282 1,6808 06 2,3357 1,6758 07 2,3342 1,6777 08 2,3395 1,6804 Fonte: Banco Central/ Valor Econômico Risco-país (em pontos percentuais) 206 203 206 204 202 201 197 Cotação do ABond (em % do valor de face) 119,625 119,625 119,750 119,938 120,313 120,625 120,938 Juros Futuros (em % ao ano) 10,669 10,655 10,662 10,650 10,651 10,649 10,650 Transporte Aéreo 1. A TAM, que é a maior empresa aérea brasileira, fechou a compra de 25 novos aviões Airbus por US$ 2,9 bilhões. São 20 aeronaves modelo A 320 que vão substituir a frota com mais de 12 anos de operação e outras 5 aeronaves modelo A 350, que vão operar nas linhas internacionais da empresa. Este pedido de compra coloca a TAM entre os 10 maiores clientes da Airbus em todo o mundo. Os novos aviões vão começar a operar em 2014 e as entregas se estenderão até 2016. A empresa aérea brasileira ainda tem 94 aeronaves a receber da Airbus, sendo 44 delas modelo A 320; 3 modelo A 330; e 22 modelo A 350, não incluindo a nova aquisição de 25 aeronaves. VI – AGRIBUSINESS Carne Bovina 1. Em 2009, o consumo de carne bovina no Brasil, por habitante, foi da ordem de 33 a 34 kg por ano. Em 2008, este consumo anual per capita era de 30 kg. Os dados são da Agral FNP, empresa de consultoria na área da pecuária. Fertilizantes 1. Entre Janeiro e Abril deste ano, as entregas de fertilizantes das misturadoras [isto é, as empresas que fazem o produto final misturando os produtos intermediários] às empresas revendedoras somaram 5,568 milhões de toneladas, um volume 9% maior que o registrado no mesmo período de 2009. Até Abril, a produção cresceu 23,8%, chegando a 2,232 milhões de toneladas e as importações aumentaram 133,9%, chegando a 1,521 milhão de toneladas. Açúcar e Álcool 1. A AIE – Agência Internacional de Energia avalia que a produção brasileira de etanol deverá crescer 59,3% até 2015, expandindo-se dos atuais 462.000 barris equivalentes de petróleo por dia, registrados em 2009, para 736.000 barris equivalentes diários em 2015. Outro grande produtor mundial, os Estados Unidos, deverão registrar crescimento de 41% no mesmo período, subindo dos atuais 702.000 barris equivalentes de petróleo por dia, no ano passado, para 989.000 barris diários, em 2015. As previsões da AIE para os dois maiores produtores mundiais e para todo o mundo estão no quadro. Juntos, os Estados Unidos e o Brasil representam 75% de toda a produção mundial de etanol. Produção Mundial de Etanol (Em 1.000 barris equivalentes de petróleo por dia) Ano Estados Unidos Brasil Produção Mundial 2009 702 462 1.313 2010 846 507 1.525 2011 895 578 1.681 2012 936 636 1.807 2013 965 674 1.884 2014 979 707 1.940 2015 989 736 1.981 Fonte: AIE/ Valor Econômico 24/06/10 2. Após 4 anos de negociações, a Petrobras Biocombustíveis – Pbio e a São Martinho anunciaram a formação de uma joint venture, a Nova Fronteira Bioenergia S.A., uma empresa de capital de R$ 858,8 milhões, resultante de um aporte de R$ 420,8 milhões da Petrobras, que terá 49% do capital da nova empresa. A São Martinho transferiu os seus ativos para a nova sociedade, definindo assim a sua participação no capital da Nova Fronteira, em R$ 438 milhões, ou 51% do capital social. Os ativos da nova empresa compreendem a Usina Boa Vista, em Quirinópolis, no Estado de Goiás, que tem capacidade para processar 2,5 milhões de toneladas de cana por ano. Faz parte também dos ativos da Nova Fronteira a SMBJ Agroindustrial, um projeto ainda em planejamento em Bom Jesus de Goiás. 3. A Nova Fronteira Bioenergia S.A. está destinada a ser uma plataforma de investimentos da Petrobras em etanol e energia na Região Centro-Oeste, do mesmo modo que a Açúcar Guarani também cumpre o papel de plataforma de investimentos da Petrobras em etanol no Estado de São Paulo. Em Minas Gerais, a Petrobras entrou no setor de produção de etanol adquirindo 40,4% da Usina Total. No caso da Guarani, a Petrobras adquiriu 45,7% do capital da empresa. Com as três parcerias, a Petrobras já tem capacidade para processar 24 milhões de toneladas de cana e produzir 890 milhões de litros de etanol por ano, um volume que deverá atingir 2,6 bilhões de litros até 2014, ou seja, cerca de 4% a 5% de todo o etanol produzido no Brasil. [A participação da Petrobras no setor de etanol tem vantagens importantes, uma vez que se trata de uma área estratégica para o país. Além de maior esforço em pesquisas e desenvolvimento, a participação da estatal vai conferir mais confiança no sentido de que não faltará álcool combustível no mercado doméstico quando o preço internacional do açúcar estiver muito elevado, como já ocorreu no passado...] 4. A propósito: a Petrobras Biocombustíveis tem planos de investimentos que somam US$ 2,4 bilhões nos próximos 5 anos em etanol e biodiesel. 5. A empresa Via Vida Biocombustíveis, que tem sede em Tapejara, no Rio Grande do Sul, está investindo R$ 90 milhões para construir uma planta de etanol a partir de cana, mandioca e batata, com capacidade para produzir 180.000 litros por dia em Rio Pardo, no mesmo Estado. O empreendimento inclui a construção de uma central termelétrica com capacidade para gerar 1,3 MW, que vai utilizar os resíduos de cana e de outros subprodutos. A usina estará em operação dentro de 2 anos. 6. O setor sucroalcooleiro no Brasil segue em crescimento e as previsões para a safra 2010/2011 são muito boas, segundo os dados da Datagro. Produção de Açúcar e Álcool no Brasil Produção de Cana Produção de Açúcar (milhões de toneladas) (milhões de toneladas) 2006/2007 428,8 30,0 2007/2008 497,8 31,4 2008/2009 569,3 31,0 2009/2010 589,7 33,0 2010/2011 654,0 37,3 Fonte: Datagro / Valor Econômico 18/02/10 Ano-safra Produção de Álcool (bilhões de litros) 17,8 22,5 27,5 25,0 29,7 Biodiesel 1. A Petrobras anunciou que está desenvolvendo um projeto em parceria com a portuguesa Galp, que prevê a construção de uma planta de biodiesel em Portugal. Para isto, será criado um pólo agroindustrial no Brasil, do qual será extraída a matéria prima (óleo de palma) para a produção do biodiesel. A meta é enviar 300.000 toneladas por ano de óleo de palma (dendê) produzido no Estado do Pará. O investimento no Brasil está estimado em US$ 290 milhões, a serem desembolsados entre 2010 e 2018. A produção de biodiesel será iniciada em Portugal em 2015, com investimento de US$ 240 milhões na planta portuguesa, completando todo o custo do empreendimento, que é estimado em US$ 530 milhões, divididos em partes iguais entre as duas empresas. Todo o biodiesel produzido será comercializado no mercado europeu. Grãos 1. Os chineses estão muito interessados em adquirir mais terras no Brasil, conforme foi confirmado por Zheng Qingzhi, presidente da CNADC – China National Agricultural Development Group, uma empresa estatal que já tem investimentos em 40 países. Segundo ele, a China pode investir centenas de milhões de dólares na compra de terras agrícolas brasileiras, através das suas empresas estatais. Máquinas Agrícolas 1.A entrada de multinacionais no setor de álcool e açúcar no Brasil está fazendo crescer a demanda por máquinas agrícolas e as expectativas já chegam a aumentos de 30% a 60% nas vendas de tratores e colheitadeiras neste ano. Na área de cana estima-se que serão vendidas 1.200 máquinas colheitadeiras em 2010, contra 970 vendidas em 2009.