Lições 15 e 16 - Portefólio de Psicologia B de José Bento

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Lições 15 e 16
28 de Setembro de 2011 (quarta-feira)
Sala ANG1 – 13H30/15H00 (Biblioteca)
Disciplina de Psicologia B
Sumário: Conclusão das questões sobre a observação do
documentário «Clonagem», da National Geographic.
Acompanhamento do trabalho dos alunos e
esclarecimento de dúvidas - Biblioteca.
Orientações para o Plano de Perguntas sobre o
documentário «Clonagem» da NG
- Além das informações expostas no documentário, há
que consultar o documento de apoio enviado para o email.
1. Trata-se de esclarecer o objetivo da clonagem
reprodutiva e o objetivo da clonagem terapêutica.
1.1. Explicar de modo sucinto como se processa a
clonagem reprodutiva e a clonagem para fins
terapêuticos. Conceitos-chave: multiplicação de seres
vivos que são cópias genéticas e produção de células
estaminais ou indiferenciadas para produção de tecidos
e órgãos.
1.2. Explicar a criação de um clone com base no
célebre exemplo da ovelha Dolly será suficiente.
Consultar o dossiê de apoio para uma descrição mais
detalhada e que já foi enviado para o e-mail.
2. A opinião do pastor da Igreja Luterana, Russell
Saltzman, acerca da clonagem, é negativa em sentido
absoluto e apela a crenças religiosas cristãs e a razões
morais ligadas à fé cristã, questionando se será do
interesse de uma criança clonada saber que foi assim
concebida. Questiona igualmente o valor de toda a
clonagem e o seu testemunho é tanto mais
surpreendente, pois é diabético, e poderia beneficiar no
futuro da técnica de clonagem para tratar da sua
doença, reduzindo o seu impacto negativo. Para este
pastor, fazer um clone de si próprio para matá-lo depois,
e extrair dele órgãos ou tecidos, não faz qualquer
sentido – é um crime e uma ofensa a Deus. A clonagem
pertence à categoria da «ficção científica», e é um
atentado à dignidade da pessoa humana, além de ser
uma «heresia».
Quanto ao jurista George Annas, da Escola de
Saúde Pública da Universidade de Boston, defende a
clonagem com restrições legais muito claras, por
exemplo, sobre o direito de autor do ADN, e as
alterações profundas da estrutura tradicional de uma
família: quais são os limites para a clonagem? Será
legítimo clonar um filho falecido num acidente por
razões afetivas? Ou clonar um dos cônjuges? As leis
devem moralizar a clonagem, evitando que as pessoas
sejam tratadas como meros produtos em série, como se
fossem coisas. A tentativa de clonar seres humanos para
aperfeiçoar indivíduos deve ser igualmente travada.
Mesmo que a clonagem no futuro permita evitar o
envelhecimento, as leis devem impedir a especulação no
acesso a esta possibilidade, criando apenas a
oportunidade de uma vida «eternamente jovem»
acessível a uma elite economicamente abastada. Para
resumir a opinião deste especialista sobre a clonagem:
nem tudo o que é tecnicamente possível deve ser moral e
legalmente permitido.
Por último, Panos Zavos, especialista em
reprodução, declara-se aberto a todas as possibilidades
que a clonagem proporciona, e defende que não devem
existir quaisquer tipo de barreiras morais ou legais para
a sua prática. Adiar não resolve os problemas das
pessoas que vão continuar a procurar, por todos os
meios ao seu alcance, contornar a legalidade, por
exemplo, para resolver problemas de infertilidade, para
curar doenças, ou para recuperar os seus familiares. É
uma questão de tempo e de aperfeiçoamento, mas
afirma que a tentativa de criar uma «raça perfeita», ao
estilo do programa de eugenia hitleriano, está
completamente fora de questão. Rebate um argumento
contra a clonagem, a saber, que há risco de
malformações e de transmissão de doenças hereditárias,
pois isso também acontece no processo de reprodução
natural, e há que enfrentar e aceitar os riscos
imprevistos, para ambas as situações. Podemos
interpretar as declarações de Panos Zavos como
realistas e pragmáticas: as necessidades das pessoas e o
funcionamento das leis do mercado é que ditam, no
fundo, aquilo que será o futuro da clonagem, pelo que a
proibição de nada adiantará.
3. As experiências de «meta-clonagem» estão ligadas
sobretudo à área comercial da alimentação. O resultado
da chamada «meta-clonagem», que é no fundo uma
experiência de manipulação genética, tem em vista a
produção de «quimeras» (a quimera, na mitologia
greco-romana, simbolizava uma mistura de dois animais
de espécies diferentes), isto é, a produção artificial pela
seleção de genes de um ser que não existe na natureza. O
objetivo é a melhoria dos espécimens com melhores
caracteres. Isso é descrito no documentário, para
produzir em série as galinhas que são mais carnudas.
Aliás, estas criações genéticas são patenteadas, têm
direitos de autor, por exemplo, as sementes modificadas
geneticamente para permitir maior produtividade.
Levantam-se várias questões críticas: quem deve ter o
direito de patentear a vida alheia? E será que se deve
fazê-lo? No processo de melhoria genética das espécies
não poderemos obter, a longo prazo, um resultado
contraditório, a saber, a eliminação da própria
biodiversidade? E mais ainda: o consumo de organismos
geneticamente modificados, híbridos, não terá impacto
na própria espécie humana? Não haverá muitos riscos
imprevistos envolvidos? Se animais e plantas
geneticamente alterados são mais produtivos, mas
menos resistentes a doenças e à acção do meio ambiente,
não estaremos a colocar em causa todas as espécies? E
quem não nos garante que no futuro não se pretenda
cumprir o sonho hitleriano de criar uma raça perfeita,
um ideal eugénico em que os seres humanos obtidos por
reprodução natural são tidos como «degenerados» ou
«geneticamente inferiores»? Mais recentemente, há uma
tentativa de produzir leite materno humano em vacas
transgénicas: será saudável? E quais as consequências
para seres humanos na futura descendência e para as
próprias vacas?
4. Há várias consequências que podem surgir da
tentativa de usar a clonagem como instrumento de
preservação das espécies ameaçadas de extinção. É
aquilo a que se pode chamar como «princípio do duplo
efeito», ou seja, dada uma acção, podemos obter bons e
maus efeitos em simultâneo. Podemos tomar como
objetivo uma ação que garante a sobrevivência de uma
espécie, mas não há intenção de diminuir a existência
das espécies no seu ambiente, nem de eliminá-las após
tentativas infrutíferas de cloná-las. Assim, se um bom
efeito previsto é a conservação da diversidade das
espécies, um mau efeito associado poderá implicar, na
atualidade, abandonar as políticas de preservação das
espécies no seu habitat natural, e além disso, não há
garantia de que tal esforço seja concretizável, como aliás
foi bem evidenciado na tentativa frustrada de clonar um
touro «gaurus». Até poderíamos ter uma verdadeira
«arca de Noé» genética e mesmo assim ser um esforço
inútil, porque os resultados dos animais clonados seriam
negativos. Se os efeitos negativos são superiores aos
efeitos positivos, então, a clonagem de animais para
impedir a sua extinção não deve ser equacionada.
5. Pretende-se uma análise reflexiva das situações que
envolvem as três pessoas do documentário.
Situação 1 = Andrea Gordon precisa de fazer diálise
para sobreviver, e já não tem possibilidade de receber
outro rim de familiar compatível (a primeira e única
tentativa de transplante fracassou). A clonagem deste
órgão é a única solução disponível. Mas os resultados
desta técnica ainda são pouco promissores, e é possível
provocar a morte da paciente, recorrendo a um rim
criado num porco.
Situação 2 – Viviane Maxwell é infértil e já não possui
nenhum familiar que lhe pudesse doar óvulos. Não
pretende recorrer à adoção. Só lhe resta a clonagem,
mas esta situação implica muitos problemas. Será que
uma criança deve vir ao mundo apenas para satisfazer
um desejo egoísta da mãe? E a criança terá interesse em
saber um dia que foi clonada? E quem será o pai da
criança? O clone obtido seria geneticamente idêntico à
própria mãe, como é que a criança poderia lidar com
isso? Mais, quem garante que a criança clonada não
sofrerá de doenças e terá uma manor esperança de vida,
como aliás aconteceu com a ovelha Dolly?
Situação 3 – Frederik Larcomb decidiu clonar o animal
de estimação da família, um cão chamado Parkway. Fêlo por razões afetivas e porque tinha meios financeiros.
Mas, será correto fazê-lo? O clone do cão não é o mesmo
ao nível do comportamento como o do seu «original».
Há diferenças nas reações. E como há tantos animais
domésticos abandonados que precisam de um dono, não
seria preferível adotar um cão abandonado,
contribuindo para a redução do sofrimento animal no
mundo, em vez de criar um outro artificialmente?
Nota: para a aluna Daniela Nobre foi criada uma
atividade para substituir a ficha 1 sobre a genética.
Digitalizei a atividade e enviei para o mail da aluna.
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