Homilia de domingo, 27/01/08 Pe. Luciano – Paróquia S. José – SP Prezados irmãos e irmãs, estamos no 3° domingo do tempo comum. O Senhor nos convida com sua palavra a buscarmos sempre e cada vez mais a luz. O profeta Isaías, na primeira leitura, apresenta-nos exatamente aquele que virá. O profeta Isaías, chamado de “O grande profeta” aponta para aquele que nascerá do ventre puríssimo de Maria Santíssima e que virá ao mundo. Virá na verdade aquele que iluminará o caminho de todos os que vivem tantas vezes nas trevas. Nós, queridos irmãos, vivemos uma dificuldade incrível nas nossas vidas. Temos de um lado as trevas, que tantas vezes nos puxam, querem nos tragar, e por outro, a luz, mas a decisão sempre está nas mãos do homem e da mulher: buscar a luz ou caminhar nas trevas. Este trecho da primeira leitura de hoje do profeta Isaías é um trecho que nos acompanha também no tempo do Natal. Tempo em que olhamos para aquele que se apresenta como sendo luz do mundo. Diz Jesus: “Eu sou a luz do mundo”, e ainda mais, “quem me segue não anda nas trevas mas tem a luz da vida.” Caminhar com Jesus é caminhar na luz. Caminhar buscando o Senhor é ter a certeza de tê-lo sempre ao seu lado, Deus sempre como o caminho. Deus sempre é aquele que ilumina os nossos passos. Por isso devemos todos os dias, em cada momento da nossa existência, buscar a luz que ilumina as trevas; trevas nas quais muitas vezes o mundo, a vida, vai no envolvendo. Meus irmãos, devemos estar bem atentos à luz que Jesus quer ser e o que nós precisamos fazer para vivermos nesta luz. Não obstante a nossa participação cristã, comunitária, paroquial de cada domingo, podemos chegar na igreja e sair muitas vezes da mesma forma como entramos; mas se pedirmos ao Cristo, se pedirmos a Jesus que Ele nos ilumine para sermos melhores, certamente seremos. Certamente Ele não nos faltará, não nos deixará na escuridão. Reparem bem o salmo de meditação de hoje. Repetíamos todos: “O Senhor é a minha luz e salvação. De quem terei medo? A quem temerei?” Meus queridos irmãos, se temos a Deus, se temos o Senhor, se buscamos a Jesus não precisamos temer mal algum. Não existe mal que possa na verdade atrapalhar a nossa caminhada porque temos a Deus. Por que temos a Deus, temos o Senhor. Temos aquele que protege e guarda a nossa vida. Temos aquele que orienta a caminhada do cristão. Por isso não é necessário ter medo de nada porque Aquele que vai conosco nos convida a termos coragem. “Coragem! Eu venci o mundo. Não temais, não vos amedronteis com nada.” Que esta luz possa iluminar sempre a nossa caminhada e que possamos dizer: Eu sei em quem acredito, eu sei em quem eu deposito a minha confiança. Se a minha esperança e confiança está depositada em Jesus, que é luz, eu jamais andarei nas trevas, eu jamais me perderei pelo caminho. Meus queridos irmãos, um grande dom que recebemos é o dom da luz, o dom da visão. Infelizmente muitos dos nossos irmãos não podem ver a luz do dia como cada um de nós. É terrível andar na escuridão. Alguém que vai perdendo a visão, alguém que começa a não mais perceber as cores, começa a angustiar-se. A escuridão é algo terrível. Nós devemos sempre pedir ao Cristo que ilumine a nossa vida. Que nos permita perceber as cores e tudo aquilo eu Ele faz para que possamos confirmar com esses olhos que Ele nos concedeu. Não só com os olhos materiais, mas com os olhos do coração. Ora, é possível para alguém que não enxerga perceber todas as coisas com os olhos do coração! Deus não é imperfeito, por isso até aquele que não pode contemplar a luz do dia devido à cegueira, pode com os olhos do coração, com a sua sensibilidade, perceber a luz que vem de Jesus. Na segunda leitura, nós percebemos com grande clareza o apóstolo Paulo nos convidar à unidade. Devemos sempre, e cada vez mais, caminhar juntos. Diz ele: “Eu entendo que entre vocês existe uma certa divisão. Existem aqueles que dizem: eu sou de Paulo, eu sou de Pedro, eu sou...” Devemos todos ser de Deus, ser de Cristo. Dizer isso a nós mesmos: “Eu sou de Cristo, eu pertenço a Cristo, Aquele que é a minha luz, a que quer me iluminar a cada dia. Somos de Deus e isso nos basta. Não deve existir na comunidade nenhum tipo de divisão, nenhum tipo de autoridade que diga: “Eu sou do Padre Maurício, eu sou do Padre Antônio, eu sou....”. Somos de Deus. Queridos irmãos, é Deus quem nos salva, é Deus que em Jesus, na cruz, prova o seu amor por nós. Devemos a cada dia, ministros da Eucaristia, ministros da Palavra, homens e mulheres que trabalham nas mais diversas pastorais, dizer: “Eu sou de Deus. É para Deus que eu trabalho. Jesus morreu por mim na cruz”. Isso não era uma dificuldade na comunidade de Corinto. Eram tantas coisas belas que eles faziam, tantas coisas bonitas que os amigos de Jesus faziam que eles já não sabiam mais quem seguir, não sabiam mais para onde ir. Em um dado momento, não sabiam se seguiam Jesus, se seguiam Paulo, com as suas belas pregações, se seguiam Pedro ou se seguiam qualquer outro dos amigos de Jesus. Mas o apóstolo vai dizer com firmeza: “Aquele que morreu por você foi Jesus Cristo.” Acaso Paulo morreu na cruz? Acaso Pedro deu a vida para a salvação do mundo? Não. Quem deu a vida foi o Cristo Senhor. E este nos dá a vida, e vida eterna. E este nos dá a vida e nos dá também, como alimento, seu corpo santo na Eucaristia a cada diz quando comungamos. Por isso devemos todos sempre dizer: “Eu sou de Deus”. Eu trabalho para Deus. Eu busco a Deus e este nome me fortalece.” O sentido de estarmos na igreja, de sairmos da nossa casa e estarmos na igreja na verdade é um gesto concreto de dizer: “Eu sou de Deus”. Por isso eu saio da minha casa, saio da minha comodidade, do meu conforto, para estar na casa de Deus e dizer: “Eu pertenço a Deus. Toma conta da minha vida, cuida de mim, porque pertenço inteiramente a ti, ó meu Deus.” No Evangelho nós percebemos um convite muito bonito. Um convite de Jesus a alguns homens que não estavam à toa, aqueles convidados a seguir Jesus estavam trabalhando. Um belo escrito do Pe. Antonio Vieira, dizia exatamente assim: “Eles estavam na labuta, eles estavam na sua tarefa diária, estavam trabalhando para ganhar o seu sustento e deixaram as suas atividades para seguir a quem tinha a força da voz na hora de convidar.” Que bonito! Que bonito quando nós seguimos aquele que nos convida com a força da voz na hora de convidar. Você também ao sair da sua casa deixou algumas atividades, deixou aquilo que é importante para você neste domingo, para escutar o chamado de Cristo: “Vem comigo, vem caminhar comigo, vem me seguir e o caminho será mais fácil, e o caminho será com certeza menos dificultoso.” Não quer dizer que deixaremos de ter dificuldades, teremos sempre. Aflições neste mundo? Teremos sempre. Santo Agostinho, grande santo, dizia: “Neste mundo, enquanto caminharmos nesta vida, seremos cercados de provações até o dia em que deixarmos esta vida para irmos ao encontro de Deus.” Aí sim, seremos plenos! Aí sim, não haverá mais nenhum tipo de aflição, de dor, de cansaço ou coisa semelhante, mas o importante é buscarmos o Senhor, buscarmos a Deus, segui-lo de coração sincero, e percebermos aonde ele nos leva pela fé. Cristo Jesus não nos tira nada, antes, porém, nos concede todas as coisas; por isso, queridos irmãos, que possamos saber que ao sermos convocados pelo Cristo Ele quer nos conceder algo grande, algo precioso, algo que nos faz mais feliz. Seguir Jesus Cristo é ter a certeza da felicidade plena já nesta vida, e um dia, na eternidade. Que possamos a cada dia nos colocar como seguidores e seguidoras, servindo a Deus nesta vida para sermos um dia recebidos, pelo serviço, no céu da eternidade divina. Que nos momentos difíceis, que nos momentos em que a nossa caminhada parecer um tanto quanto impossível para atingir o objetivo que esperamos, que possamos invocar o nome santo do Senhor, invocar a presença de Deus e dizer: “Senhor, por que eu te pertenço, toma conta de mim. Por que eu sou todo teu, toda tua, toma conta da minha vida.” Entrar no caminho significa ter a certeza de ter a presença de Deus na caminhada. Concluo a nossa reflexão de hoje observando uma das tantas frases belas ditas pelo divino mestre. Ele disse em um dado momento do Evangelho de João, no capítulo 14: “Eu sou o caminho”. E no caminho da nossa vida e no nosso caminhar Ele vai revelando-se a nós. E na história de cada um Ele não deixa de estar presente, sempre que o convidamos, sempre que pedimos a sua presença. Os discípulos de Emaús, quando voltavam para casa, quando voltavam desanimados, quando voltavam na verdade sem esperança, encontraram-se com Jesus pelo caminho e fizeram um suave convite: “Fica conosco, Senhor.” E ele permaneceu. Quando convidamos a Deus para permanecer na nossa vida Ele permanece e nos dá a graça do seu amor. Quando pedimos a Deus: “Fica comigo Senhor, fica comigo nesta manhã difícil”, você que tantas vezes faz a experiência de estar sozinho em casa, e até muitas vezes faz a experiência de ter a casa cheia de pessoas mas sentido-se vazio e sozinho, faça este convite: “Fica comigo Senhor, preenche este vazio. Fica comigo, ó Deus, preencha a minha vida e não permita que eu me sinta só. Não permita que eu possa duvidar do teu amor mas confiar a cada dia na tua graça. Confiar na tua proteção, na tua bênção que me acompanha a cada dia.” Que Deus nos ajude.