A Influência do Pecado em Relação a Imagem e - ESCOLA-EBD

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A Influência do Pecado em Relação a Imagem e Semelhança de Deus
no Homem
INTRODUÇÃO
Veremos nesta obra o que é imagem e semelhança, opiniões dos Pais da Igreja com
relação a este assunto, também dos reformadores e assim tentar chegar em um senso
comum.
Vamos ver também a influência do pecado em relação a imagem e semelhança.
Quais as suas causas e dores. A morte é conseqüência do pecado! Mas por que?
Veremos nesta pequena obra todos estes assuntos.
I - O HOMEM, A IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS
Em Gn 1.26 a Bíblia diz que o homem foi feito (criado) a imagem e semelhança de
Deus.
Neste caso houve paridade e unidade na divindade em relação a criação, pois podemos
notar o verbo fazer no plural: e disse Deus: Façamos o homem a nossa imagem
conforme a nossa semelhança.
Tem sido muito difícil saber com certeza em que se baseia ou se constitui de fato a
imagem e a semelhança de Deus no homem, mas no decorrer dos tempos desde os
Pais da Igreja este assunto tem sido discutido por vários teólogos. Daí, podemos ver
diversas teorias com relação a este assunto.
1.1 - Os Pais da Igreja
Vemos claramente como trataram este assunto, eles apontaram para as características
racionais e morais no sentido de que o homem pudesse santificar-se. Alguns disseram
que esta imagem não se limitava só no racional e moral, mas também que o homem
possui características físicas.
Irineu e Tertuliano foram os primeiros a fazerem uma diferença entre imagem e
semelhança de Deus no homem.
Identificaram na imagem a razão e a liberdade, já na semelhança viram a retidão
original. Esta tese foi sustentada pelos escolásticos, e Tomas de Aquino deu-lhe uma
aplicação dogmática.
Encontramos também em relação a semelhança de Deus, a teoria que esta se encontra
na parte física do homem. Entretanto, essa teoria foi refutada por Clemente de
Alexandria e Orígines, dizendo que a Palavra imagem indica as características do
homem como homem simplesmente, enquanto que na palavra semelhança viram as
qualidades que não são essenciais ao homem e que podem ser cultivadas ou perdidas.
Esse conceito foi difundido por Atanásio, Ambrósio, Agostinho e João de Damasco
1.2 - Outros Conceitos
As diversas teorias dos Pais da Igreja foram aceitas pelas mais diferentes escolas de
interpretação.
Parece que eles puderam chegar a algum conceito em relação a imagem e semelhança
de Deus no homem. Viram que na primeira estavam contidos os poderes da liberdade
enquanto que na segunda viram a justiça original (o estado de inocência do ser
humano anterior a queda) com a qual Deus contemplou o homem na sua criação.
Também houve diferença de pensamento na questão da justiça original.
Alguns diziam que o homem foi dotado dessa justiça original no momento de sua
criação (Agostinho) ou se recebeu posteriormente (Toma de Aquino). Há também
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aqueles que acreditavam que o homem não foi constituído nem criado dessa tal justiça
original (Pelagianos). Nós porém vamos ficar com a teoria de Agostinho (Ef 4.24)
1.3 - Os Reformadores e seus Pensamentos
Eles refutaram qualquer diferença entre imagem e semelhança de Deus no homem,
mais acreditaram que a justiça original estava embutida na imagem de Deus, sendo
esta a condição original da natureza do ser humano.
Lutero não reconhecia de Deus nenhum dos dons naturais do homem, tais como suas
capacidades racionais e morais, senão na justiça original, a qual considerou perdida
por causa do pecado.
Calvino escreveu: ... por este termo “imagem de Deus” se vê a integridade com que
Adão foi dotado quando seu intelecto era lúcido, quando seus efeitos estavam
subordinados à razão, quando todos os seus sentimentos estavam devidamente
regulados, e quando verdadeiramente Adão descrevia toda excelência e os admiráveis
dons do seu Criador, e continuou dizendo que a principal base da imagem divina
estava na mente e no coração, dos quais a alma e suas potências não faziam parte
(João Calvino. As Institutas. Casa Editorial Plesbeteriana, São Paulo, SP, 1985, Vol. 1,
pág.
204
e
205).
II - MESMO APÓS O PECADO O HOMEM NÃO DEIXA DE SER A IMAGEM E
SEMELHANÇA DE DEUS
Em relação a imagem e semelhança enxergamos juntos com os reformadores e alguns
teólogos modernos que ambos são as mesmas coisas, tanto imagem como
semelhança, essas palavras no Hebraico são Tselem e Demut e as duas são escritas no
mesmo lugar e até mesmo parecendo ser distintas, mas, isto só acontece porque Gn
1.26 foi escrito de um paralelismo Hebraico. Vemos que estas palavras significam a
mesma coisa em relação a alguns textos bíblicos, como por exemplo: em Gn 1.27
lemos o seguinte:
Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher
ele os criou.
Já em Gn 9.6b lemos:
Pois à imagem de Deus o homem foi feito.
Aqui nestes dois textos some a palavra semelhança. Já no v.26 há uma relação entre
as duas, o que indica que podem tratar-se das mesmas coisas.
Já no novo testamento some a palavra imagem e aparece a palavra semelhança (no
sentido desse argumento), pois ela aparece em Cl 3.10.
Em Tg 3.9 lemos o seguinte:
... com ela bem dizemos ao Senhor, nosso Pai, e com ela maldizemos os homens feitos
a semelhança de Deus.
Com isso entendemos que imagem e semelhança significam a mesma coisa. Em Tiago
a palavra “homens” não se limita só a crentes como também em Gn 9.6, mas que
representa toda a sociedade, justos e não justos. Acreditamos que esta imagem foi
completamente distorcida, mas não perdida tal como lemos em Cl 3.10, 2Co 3.16-18,
aonde esta imagem vai sendo restaurada conforme a aproximação da criatura em
relação ao seu Criador, homem e Deus de modo que este processo é de glória em
glória.
Sendo o homem feito a imagem e semelhança de Deus, precisa de Deus para que a
cada dia se pareça mais e mais com Cristo que é a imagem perfeita do Deus invisível.
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III - O PECADO ARRUINOU ESSA IMAGEM E SEMELHANÇA
Como já vimos, mesmo após a queda o homem não perdeu completamente a imagem
de Deus mas pelo contexto histórico, pela experiência humana e pelas Escrituras
vemos algumas coisas que mudaram após a queda do homem.
Bruce Milne diz que o pecado transtornou o homem na sua relação com Deus, com o
próximo, com o próprio homem, com a ordem e com o tempo.
J. Scott Horrel descreve os efeitos do pecado de Adão falando as cinco divisões que ele
causou:
a) Espiritual (o homem e o Criador);
b) Psicossomática (o homem consigo mesmo);
c) Sociológica (o homem do homem);
d) Antro-ecológico (o homem da natureza);
e) Ecológico (a natureza da natureza).
Daqui em diante estudaremos nesta linha de raciocínio em relação ao transtorno que o
pecado causou em toda criação de Deus, especificamente o homem.
3.1 - Separação Entre o Homem e Deus
Vemos este fato claro quando Adão e Eva se esconderam de Deus. Este fato, a
separação do homem com Deus é a conseqüência do pecado. Isto deu-se queda e
agora é algo real a todos os homens.
Todos pecaram (Rm 3.23), ou seja, todos os homens estão separados de Deus e se
encontram sob a ira divina (Mt 3.7, Jo 3.36, Rm 1.18, Ef 2.31). Esta palavra separação
encontra-se na ordem divina feita a Adão: no momento em que dela comerdes
certamente morrerás (Gn 2.17), (a palavra morrerás tem um sentido de separação).
Esta morte tanto fala do ato físico (onde a alma se separa do corpo), como no aspecto
espiritual onde o homem se separa de Deus. Separando-se de Deus o homem abraçou
a Satanás, que agora exerce poder sobre ele (2Co 4.3-4, Hb 2.14-15, Ef 2.1-2, 5.8,
1Jo 3.7-10, Jo 8.44).
3.2 - Corrupção da Natureza do Homem
Com a queda a natureza humana foi corrompida em Rm 7. Vemos que o homem em si
mesmo é mal. O homem para ser mal não precisa da influência de Satanás, mas este
adquiriu um propensão natural para a maldade. Chamaremos essa corrupção de
depravação total, que significa que o homem foi corrompido em toda a sua natureza e
em todos os seus poderes. Depravação significa que todas as partes da natureza
humana foram atingidas e o homem vive marcado em tudo pelo pecado. Os
pensamentos, os sentimentos, os impulsos, a vontade, a consciência, o corpo, a alma,
o amor ao Criador tudo no homem está corrompido (Is 1.5,6). Ele é escravo do pecado
(Jo 8.34, Rm 6.16-22). Não tem retidão diante de Deus (Is 64.6-7, Rm 1.29-31, 3.1018), é insensível diante da Palavra de Deus, orgulhoso, se acha auto suficiente
pensando que pode viver sem Deus. O homem sente até antipatia por Deus.
3.3 - Consciência da Culpa
Após a queda o homem passou a sentir-se culpado (Gn 3.7-10). Ao verem que
estavam nus, sentiram a necessidade de cobrir-se, pois se viram culpados e
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envergonhados diante de tal fato. A culpa significa sentimento de ter feito o que não
devia. Junto com a realidade veio este sentimento tão horrível que pode levar o
homem ao suicídio, tal como Judas ao trair Jesus.
3.4 - Distúrbios Sociais
Logo após a queda enxergamos a relação do homem com o próximo. Adão, ao invés
de amor e ajuda mútua. Agora vemos o homem acusando sua mulher (Gn 3.12). Logo
o matrimônio foi afetado.
Se o homem e a mulher foram feitos a imagem de Deus (Gn 1.27), então os seus
sentimentos eram perfeitos um para com o outro vivendo em plena harmonia, mas o
pecado conseguiu rachar e este relacionamento social. O que dizer de Caim, que
matou o seu irmão por inveja e de Lameque que num canto conta de suas proezas. E
das guerras mundiais, nacionais e os crimes o desrespeito, a injustiças sociais a
exploração do próximo e coisas semelhantes a estas. De fato o próximo está
manchado com o próximo.
3.5 – Morte
Uma das conseqüências é a morte física no sentido da desobediência, pois acredito que
o homem mesmo sendo a imagem e semelhança de Deus poderia vir a morrer se este
não se alimentasse da árvore da vida. A vida estava condicionada a duas coisas: 1º)
Não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal; 2º) Comer da árvore da vida.
A morte entra nessa história somente porque o homem ao transgredir o mandamento
divino não poderia mais viver eternamente em seu corpo na condição pecaminosa.
Imagine que horrível não seria o homem viver eternamente na terra com todas suas
maldades. Se um só homem que pode viver em média 70 anos pode matar 6 milhões
de pessoas, o que não faria um se pudesse viver eternamente como pecador. Logo
após a queda, Deus colocou Querubins ao oriente do Jardim do Édem e uma espada
flamejante que se revolvia por todos os lados para que o homem não comesse da
árvore da vida.
Antes da queda não havia espada, nem Querubins e o homem habitava no Édem
indicando que sempre que quisesse poderia comer da árvore da vida. Pelo que lemos,
também não havia necessidade de se comer mais de uma vez para adquirir a
eternidade. Daí entendemos que o homem feito a imagem e semelhança de Deus
poderia morrer, pois para adquirir a imortalidade era necessário comer da árvore da
vida. Neste sentido encontramos dois fatores que provocaram morte:
1º) Comeram da árvore do conhecimento do bem e do mal;
2º) A ausência da árvore da vida como alimento para Adão e Eva.
Vemos claramente isto pois eles poderiam muito bem comerem da árvore do
conhecimento do bem e do mal e poderiam ter vivido eternamente se também
tivessem comido da árvore da vida como lemos em Gênesis 3.22: O homem agora
tornou-se como um de nós, conhecendo o bem e o mal: assim, para que não estenda a
mão e tome também da árvore da vida e coma e viva eternamente. Com isto vemos a
necessidade de se comer da árvore da vida, pois Jesus disse que até os vencedores
sendo este a imagem e semelhança de Deus precisariam comer da árvore da vida Ap
2.7, vede também Ap 22.2,19 e analise neste contexto. Sendo assim, entendemos que
esta morte é pura e simplesmente física, passou a ser espiritual porque desobedeceu a
Deus. Acredito que o homem pudesse morrer fisicamente mesmo sem desobedecer a
Deus se este não comesse da árvore da vida, pois ela era quem manteria o homem
vivo eternamente. O homem viveria no Édem com Deus toda sua vida, quando este
morresse por não se alimentar da árvore da vida, acredito que ele passaria viver
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eternamente
com
Deus
num
lugar
preparado
por
Ele.
CONCLUSÃO
O homem feito a imagem e semelhança de Deus sofreu muito em suas categorias quer
consigo mesmo, quer em relação a Deus.
Mesmo após a queda o homem não deixou de ser a imagem e semelhança de Deus,
esta ficou completamente distorcida precisando urgentemente de um toque divino que
só vem através de Jesus (2Co 3.16-18;Cl 3.10 e Ef 4.24).
Por fim, J. Scott Horrel fala da divisão da cruz, na morte de Jesus Cristo, que trouxe
solução para cada problema da queda.
BIBLIOGRAFIA
- Bíblia de Jerusalém.
- Bíblia Shedd
- Dicionário Bíblico Universal, 12º Impressão, São Paulo, Editora Vida, 1981.
- Oliveira, Raimundo Ferreira de, As Grandes Doutrinas da Bíblia, CPAD, Rio de Janeiro
1987.
- Pearlman, Myer, Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, 25º Impressão, São Paulo,
1997.
- Severa, Zacarias de Aguiar, Manual de Teologia Sistemática, A.D. Santos Editora,
Curitiba, 1999.
Autor: F. P. SARTINI
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