Análise do filme “O NOME DA ROSA”

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
CEAD – CAMPUS: REALENGO
CURSO DE LETRAS: PORTUGUÊS/LITERATURA
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
PROFESSORA: LILIANA LÚCIA
TRABALHO DE FILOSOFIA
Leila Garzuzi Lanes – Matrícula: 2007040348
Rio de Janeiro,
14 de junho de 2008.
TRABALHO DE FILOSOFIA
1ª PARTE:
ATITUDES BÁSICAS PARA SE FAZER FILOSOFIA, E A IMPORTÂNCIA DO
EXERCÍCIO FILOSÓFICO COMO FERRAMENTA DE SUPERAÇÃO DE
CRENDICES, PRECONCEITOS, MITOS E DOGMAS.
Cada pessoa tem um tipo de filosofia de vida. No entanto atitude filosófica não
significa qualquer tipo de atitude. São posturas tomadas que estão em consonância com o tipo
de personalidade de cada um, e com a maneira como percebe as coisas, como vê o mundo e
como pretende responder ao mesmo a partir das suas convicções, satisfações ou insatisfações
com tudo.
Muitas pessoas não têm consciência de teorias filosóficas e mesmo assim as praticam
no seu viver diário. Quando conversamos com um amigo, ou até mesmo com uma pessoa,
ainda que desconhecida, ao estabelecer um diálogo já torna-se inevitável não estar se
desenvolvendo atitudes filosóficas. Portanto é impossível a vida sem a filosofia.
Quero colocar aqui algumas atitudes para se fazer filosofia:
Segundo Aristóteles uma delas é o espanto: Ele afirmava que a filosofia tinha sua
origem no espanto, na estranheza e perplexidade que os homens sentem dos enigmas do
universo e da vida. É o espanto que os leva a formularem perguntas e os conduz à procura das
respectivas soluções. Como refere Eugen Fink e o espanto torna o evidente em algo
incompreensível, o vulgar extraordinário.
Se quisermos ter uma atitude filosófica é necessário também que duvidemos de tudo
aquilo que é assumido como uma verdade adquirida. Ao duvidar estamos nos distanciando
das coisas, quebrando nossa relação de familiaridade com as coisas que adquirimos. Assim o
que pode parecer natural torna-se uma problematização e, portanto é exatamente aí que
começa o exame daquilo que se pensa ser verdadeiro. Se nunca duvidarmos de nada nunca
conseguiremos entender com profundidade aquilo que acreditamos e também não
conseguiremos desenvolver nunca uma capacidade de pensarmos por nós mesmos.
O questionamento rigoroso é o que entusiasma o filósofo, e isto é um ato que prepara
o mesmo para criar um novo saber sobre bases mais sólidas. Por isso é que a crítica filosófica
não pode deixar de ser radical, não admitindo conchavos com as ambigüidades, as idéias
contraditórias, os termos imprecisos.
A filosofia não pretende em nenhum instante encontrar respostas para as inquietações
de qualquer pessoa. O que o iniciante de filosofia, ou aprendiz, encontra na mesma, são
perguntas, problemas e incitamentos para que não confie em nenhuma autoridade exterior à
sua razão, para que duvide das aparências e do senso comum. É preciso fazer da procura do
saber um modo de vida. É necessário investigar e ampliar o conhecimento. Nunca se
satisfazer com nenhuma conclusão, e queira saber sempre mais. Não se dar por satisfeito é
uma boa atitude filosófica.
A atitude verdadeiramente filosófica se estabelece a partir da postura do filósofo em
relação ao conhecimento. O filósofo é aquele que está em uma constante busca do saber, mas
tendo consciência que nunca poderá chegar a um termo final.
O exercício filosófico nunca deixará de se constituir num questionar sobre o
pensamento. Seja este apreendido através da linguagem, das representações, das visões de
mundo, ou de alguma forma de discurso sobre a experiência ou a existência humana. É muito
importante a prática do exercício filosófico, pois é através dele que o homem acompanha
todas as reflexões com a própria razão, acionamos as potencialidades do entender, do
assimilar e do integrar em nós mesmos tudo o que emanou da dúvida, admiração e certeza.
Aquele que se utiliza do exercício filosófico não pode encarar os problemas do homem e seu
mundo com seus preconceitos, crendices mitos e dogmas, com uma atitude simplista de
aceitação ou negação. Ele assume a responsabilidade de ir além das aparências a fim de
descobrir as intenções que levam ao questionamento e mudar a realidade pelo fato de
interpretá-la.
A única forma de superação de crendices, mitos, dogmas e preconceitos, é tendo
atitudes filosóficas, pois somos capazes de pensar, indagar, criticar e tentarmos obter
respostas e soluções diante das dúvidas, incertezas e “verdades” que nos são impostas. A
Filosofia tem a tarefa criadora de nos levar a uma posição esclarecida perante a vida e o
mundo, e a um relacionamento compreensivo com o homem e a sociedade.
Leila Garzuzi Lanes
2ª PARTE:
Análise do filme “O NOME DA ROSA”
“O Nome da Rosa” é um romance que se passa em 1327, século XIV, num mosteiro
beneditino na Itália Medieval, onde ocorre a morte de sete monges, ao longo de sete dias e
sete noites, no qual as vítimas aparecem sempre com os dedos e a língua roxos. Guilherme
William de Baskerville, um monge franciscano, que é também um filósofo e utilizava-se da
ciência e conseqüentemente da razão para a solução dos crimes, e um noviço que o
acompanha, Adso von Melk, enfrentam a resistência de alguns religiosos do local e alguns
que crêem ser obra do demônio, até que ele descobre as causas dos crimes estava ligada a
manutenção de uma biblioteca, onde poucos monges tinham acesso às publicações sacras e
profanas.
A informação restrita a poucos, representava a dominação e o poder. Era a idade das
trevas, em que o conhecimento pertencia a poucos, e estes poucos deixavam que os outros
permanecessem na ignorância.
A época em que se passa a história do filme, é a Alta Idade Média, onde é retomado o
pensamento de Santo Agostinho, um dos últimos filósofos antigos e o primeiro dos
medievais. Santo Agostinho defendia que a fé revelava verdades ao homem de forma direta e
intuitiva. A razão é posterior à fé. Santo Agostinho estabelece precisamente que os cristãos
podem e devem tomar da filosofia grega pagã, tudo aquilo que for importante e útil para o
desenvolvimento da doutrina cristã, desde que seja compatível com a fé. Isto vai constituir o
critério para a relação entre o cristianismo (Teologia e doutrina cristã) e a filosofia e a ciência
dos antigos. Por isso é que a biblioteca tinha que ser secreta, porque ela incluía obras que não
estão devidamente interpretadas no contexto do cristianismo medieval. O acesso à biblioteca,
que continha o maior acervo cristão do mundo, é restrito porque também havia ali, um saber
que é estritamente pagão, especialmente os textos de Aristóteles, e que pode ameaçar a
doutrina cristã. O velho bibliotecário faz um comentário acerca do texto de Aristóteles: “a
comédia pode fazer com que as pessoas percam o temor a Deus e, portanto faz desmoronar
todo este mundo.” O dogmatismo religioso encarava o conhecimento como potencialmente
perigoso para a fé cristã.
“O Nome da Rosa” era uma expressão usada na Idade Média para denotar o infinito poder
das palavras.
No decorrer do filme, o monge Franciscano e Renascentista William de Baskerville,
descobre que os mortos que eram encontrados com a língua e os dedos roxos, era porque eles
desfolhavam os livros, cujas páginas estavam envenenadas, para que ninguém profanasse a
determinação de não ler o livro. Quem profanasse, morreria antes que informasse o conteúdo
da leitura. Essas mortes eram o resultado do dogmatismo religioso de um monge, empenhado
em impedir que um livro julgado perdido, de Aristóteles, sobre o riso, pudesse ser conhecido.
Este é um dos aspectos mais profundos e bem conseguidos do romance: parte dos crimes que
assolam a humanidade têm por base o dogmatismo intolerante de quem pensa ter o monopólio
da verdade e o direito de a impor aos outros.
Refletindo em seu contexto filosófico, vemos os conceitos de certo e errado, de bem e mal,
da moral cristã, do que está por trás dos conceitos e crenças atuais, mesmo que por contraste
com o conjunto de questionamentos que ecoam dos séculos atrás. Vemos também, na forma
utilizada para se cometer os assassinatos uma linguagem simbólica, pois o livro de
Aristóteles, que representava o conhecimento, teve suas páginas envenenadas e
metaforicamente podemos visualizar que a fé cega colocava como destino, que todo aquele
que busca o conhecimento, morre nesta busca.
Podemos refletir dentro do contexto do filme, o misticismo, o racionalismo, os problemas
políticos e econômicos daquela época, o desejo da igreja em manter o poder absoluto
cerceando o direito à liberdade de todos, e vemos em William de Baskerville a representação
da razão filosófica e da ciência, pois ele buscava a verdade através da razão. Ele é o espelho
de Descartes, que é o pai do racionalismo.
William menciona uma frase para o seu aprendiz, na qual ele diz: “a dúvida é inimiga da
fé”; esta frase sintetiza a Filosofia, pois o propósito do filósofo é o de buscar o saber e não
simplesmente crer, por isso a Filosofia é a arte de questionar.
Aluna: Leila Garzuzi Lanes
Matrícula: 2007040348
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