Investimento Português e as questões laborais em Moçambique 29 de Junho de 2015 Girassol Indy Congress Hotel & Spa Senhora Ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social; Senhores Altos Quadros do Ministério do Trabalho; Minhas senhoras e meus senhores; É da regra da diplomacia, e até da mera cortesia social, nunca contar em público conversas que se têm com altos dignitários do Estado. Espero que ainda assim a senhora Ministra me perdoe a minha inconfidência pois tenciono quebrar hoje aqui esse protocolo. Tenho a esperança de que neste caso muito concreto, como diria Maquiavel, os fins justifiquem os meios. Contudo, se nem assim for relevado o meu pecado, peço à senhora Ministra a indulgência de o enquadrar no simples facto de eu não conseguir ainda ser propriamente o protótipo do diplomata mais convencional. Pois bem, para conhecimento de todos aqui presentes, a ideia da realização deste seminário surgiu numa conversa relativamente recente que tive o prazer de ter com a senhora Ministra Vitória Diogo. Discutíamos de forma franca, descomplexada e pragmática entre muitas outras coisas as vantagens de realizar um evento deste tipo. Sendo os portugueses um dos três maiores investidores em Moçambique e o grupo estrangeiro que mais postos de trabalho cria para moçambicanos, nada mais natural que tentarmos em conjunto, e no interesse de Moçambique e dos investidores portugueses, ver como se 1/4 adaptam em geral às leis moçambicanas no âmbito do trabalho, os meus compatriotas que optaram por aqui desenvolver os seus negócios e que apoio lhes podemos dar no sentido de melhor conhecerem o quadro legal deste país. Entre esta conversa que tive com a senhora Ministra do Trabalho e a realização do evento medeiam apenas algumas semanas. Ora, se a este dado juntarmos o facto de também na sequência daquela conversa, e duma outra que se seguiu com o homólogo português, a senhora Ministra Vitória Diogo já me ter enviado uma lista de nada mais nada menos que nove propostas de acordos de cooperação bilateral, é caso para recorrer à expressão popular portuguesa: "a senhora não brinca em serviço". Bem haja senhora Ministra, pela sua dinâmica e capacidade de realização, pela sua abertura a cooperar connosco e pela sua presença neste evento que não só nos honra, como nos estimula a fazer o melhor. Para além da senhora Ministra, temos também hoje aqui os mais altos quadros do Ministério do Trabalho que explicarão as principais Leis e regras vigentes em Moçambique e que convém serem do conhecimento de todo e qualquer investidor. Estes altos quadros ficarão ainda disponíveis para responder a perguntas concretas que a plateia gostasse de ver esclarecidos. Teremos também o contributo de dois elementos da Embaixada de Portugal, o Dr. Fernando Carvalho como orador e a Drª Mónica Tavares como moderadora. O objetivo deste evento não é questionar as opções legislativas das autoridades moçambicanas mas sim melhor conhecer as Leis para melhor cumprir a legalidade num país soberano. Ainda assim, é desejável que no âmbito deste debate se tome nota de eventuais incoerências que possam existir não nas Leis mas na forma como por vezes possam ser aplicadas. 2/4 Este seminário e debate é uma iniciativa inovadora e é revelador do empenho das autoridades moçambicanas e da Embaixada de Portugal no desenvolvimento dum ambiente de negócios cada vez mais competitivo e estimulante. Dando os portugueses um contributo inestimável para a economia deste país, só terão por isso a ganhar com um conhecimento cada vez mais rigoroso da moldura legal existente. Permitam-me que vos conte uma segunda estória que à partida nada tem a ver com o seminário de hoje mas de onde julgo podemos tirar ilações. Ora, recordo-me de quando fui em trabalho aos Jogos Olímpicos de Atlanta ter ficado especialmente admirado com um anúncio da Nike que dizia qualquer coisa do género: "Nenhum atleta ganha uma medalha de prata, isso significa apenas que perdeu a medalha de ouro". Curiosamente alguns anos mais tarde o treinador português Mourinho, viria a dizer algo semelhante a respeito dum determinado clube de futebol português que tinha na mesma época chegado à final de três Taças: a dos Campeões Europeus, a da Liga e a de Portugal. Em todas ficou em segundo lugar. Ora para Mourinho o dito clube apenas tinha perdido tudo o que havia para ganhar e por isso considerava que tinha feito uma péssima época. É precisamente com este espírito de quem quer mesmo vencer, que portugueses e moçambicanos se devem afincar no trabalho e perceber que juntos nos negócios podem ir mais longe e com isso todos ganharem. Que para isso temos de ter cada vez mais um sentido pragmático e não nos refugiarmos por vezes em complexos de qualquer ordem para levar por diante uma ação que repito é do interesse de todos. É do interesse dos portugueses serem exemplares na aplicação das Leis moçambicanas do trabalho e é do interesse de Moçambique continuar a contar com o inestimável contributo que os portugueses dão para a criação de emprego, formação profissional e desenvolvimento económico de Moçambique. 3/4 Num mundo cada vez mais globalizado, Moçambique tem todo o interesse em ter um ambiente de negócios cada vez mais competitivo. Com isso ganhará Moçambique e os moçambicanos mas também os portugueses que optaram por investir em Moçambique quando o poderiam ter feito noutros países. Moçambique é um país com um imenso futuro pela frente, com oportunidades de negócios, de bons negócios para todos. Mais investidores atrairão ainda mais investidores e dinamizarão ainda mais a economia. Os portugueses têm por isso de ser competitivos não apenas nas suas capacidades técnicas ou preço dos seus produtos e serviços mas também na agilidade e eficácia com que conhecem, se adaptam e aplicam as leis moçambicanas do trabalho. Por fim, quero manifestar a esperança de que este seja um seminário especialmente útil para todos, que nos aproxime ainda mais, que dissipe dúvidas e que sirva de trampolim e de incentivo a mais portugueses virem investir em Moçambique, criando assim mais trabalho. Muito obrigado pela vossa atenção e muito agradeceria agora à senhora Ministra do Trabalho o favor de proferir a sua alocução. 4/4