NOTA TÉCNICA Dengue no Rio de Janeiro 1. A dengue ocorre principalmente nos meses de janeiro a maio, pelas condições climáticas favoráveis ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti, nessa época do ano. Desde 1986, quando a doença foi introduzida no país 1, em todos os anos há registro de casos de dengue, com a ocorrência de vários picos epidêmicos durante esse período, relacionados com a chegada de um novo subtipo do vírus da dengue2. Na década de 90, mesmo em anos não epidêmicos a doença registra uma ocorrência de dezenas de milhares de casos por ano. O último pico epidêmico ocorreu em 2002, em decorrência da introdução do DEN-3, tendo sido registrados 794 mil casos, a maioria deles no Rio de Janeiro. Nos anos seguintes a dispersão do DEN-3 para os demais estados do país tem proporcionado o surgimento de surtos e epidemias, mas sem atingir os níveis de 2002. No ano passado, foram registrados 203.789 casos, sendo as regiões mais acometidas, o Nordeste (94.069) e o Norte (41.063). 2. Em 2006 temos o registro de 1.960 casos de dengue, até o momento. Mesmo considerando que são dados provisórios, porque estamos na metade do mês, a situação epidemiológica apresenta-se melhor que no ano passado quando tivemos 13.540 casos notificados no mês de janeiro. Os estados com maior número de casos em 2006 são Goiás (697), Minas Gerais (300), Mato Grosso (137), Amapá (113), Rio de Janeiro (109) e Rondônia (107). Não há registro de casos ou óbitos por Febre Hemorrágica de Dengue (FHD) até o presente momento. 3. O estado do Rio de Janeiro apresentou, em 2005, 2.451 casos de dengue, representando uma redução de 8,6% de casos em comparação com o ano de 2004. Essa baixa transmissão é resultado dos sucessivos surtos de dengue naquele estado, que reduziram muito a população susceptível para os três subtipos (1, 2 e 3) que circulam no país. Foram notificados também nove casos de Febre Hemorrágica da Dengue sem ocorrência de óbitos. Em dezembro de 2005 foram confirmados dois óbitos atribuídos a formas graves de dengue, oriundos dos municípios do Rio de Janeiro e São Gonçalo. Em 2006, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, foram notificados, até o momento, 109 casos de dengue, sendo 79 no município do Rio Janeiro, não havendo registro de nenhum caso ou óbito por dengue hemorrágica. Houve o caso de uma criança de 12 anos e um óbito de um adolescente de 15 anos, no Rio de Janeiro, que foram investigados, resultando em suspeita de leucemia para o primeiro e apendicite aguda com septicemia para o segundo. Em ambos os casos, a possibilidade de Febre Hemorrágica da Dengue está afastada. 1 Houve uma detecção em 1982 de casos autóctones de dengue em Roraima, mas não ocorreu disseminação nacional. 2 Há quatro subtipos do vírus da dengue, o DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4. A doença causada por um deles produz imunidade específica para aquele subtipo, mas a pessoa continua susceptível a contrair os demais. 4. O Ministério da Saúde desenvolveu, durante o ano de 2005, as seguintes ações no Rio de Janeiro, para apoiar a Secretaria Estadual e as Secretarias Municipais de Saúde nas ações de prevenção e controle da dengue: Repasse automático e mensal, de R$ 52,7 milhões/ano por intermédio do Teto Financeiro de Vigilância em Saúde (TFVS); Repasse adicional de R$ 9 milhões/ano para contratação de 1600 agentes de controle de endemias por parte de municípios prioritários; Manutenção de 2.292 agentes de controle de endemias que foram descentralizados da FUNASA para o estado e os municípios; Prorrogação do contrato de 5.391 agentes de controle de endemias que se encontram atuando sob gestão do estado e dos municípios; Manutenção de 02 consultores para atuação junto a Secretaria de Estado da Saúde apoiando a implantação e acompanhamento do Programa Nacional de Controle da Dengue - PNCD nos municípios prioritários; Realização no mês de setembro, na cidade do Rio de Janeiro, de reunião macrorregional de avaliação e acompanhamento das atividades de PNCD com 219 municípios prioritários da Região Sudeste; Execução, em outubro, do Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa) em 19 municípios:Angra dos Reis, Barra Mansa, Belford Roxo, , Campos dos Goytacazes, Duque de Caxias, Itaboraí, Macaé, Magé, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Friburgo, Nova Iguaçu, , Queimados, Resende, Rio de Janeiro, São Gonçalo, São João de Meriti, e Volta Redonda. Os municípios de Cabo Frio, Petrópolis e Teresópolis, que estavam programados, não realizaram o levantamento. O LIRAa permite que o governo municipal tenha a informação sobre a situação de infestação pelo mosquito transmissor da dengue para cada bairro, permitindo a atuação focalizada e intensificada com tempo de prevenir a ocorrência de surtos no verão; Repasse de R$ 200.850,00 para capacitação de 303 médicos, 196 instrutores do PACS/PSF, 161 ACS e 47 técnicos em mobilização social; Veiculação de campanha publicitária de comunicação e mobilização para o Dia D contra a Dengue3 no estado: - Televisão e Rádio: veiculação no período de 4 a 19 de novembro; - Jornal: anúncio no dia 19 de novembro nos jornais O Globo, Extra e O Dia; - Metrô e trem urbano: veiculação no período de 4 a 30 de novembro; - Mobiliário urbano: veiculação no período de 15 a 21 de novembro; - Cartazes e folderes: impressos 42.000 cartazes e 250.000 folderes Desde a implantação do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), em 2002, o Ministério repassou equipamentos e veículos como 351 pickups; 45 pickups cabina dupla; 40 veículos tipo furgão; 43 veículos com equipamentos para aplicação de inseticidas a ultra baixo volume (fumacê); e 164 equipamentos portáteis para aplicação de inseticidas. 5. O Ministério da Saúde está monitorando os municípios que apresentam maior risco de surtos de dengue de maneira a detectar precocemente sinais de intensificação da transmissão e apoiar os estados e municípios nas ações de 3 Realizado no dia 19 de novembro bloqueio. É o que está sendo realizado nesse momento em áreas do município do Rio de Janeiro onde foram identificados focos de transmissão, tendo sido deslocados 150 agentes de controle de endemias e 7 veículos equipados com UBV (fumacê) da reserva estratégica do estado. 6. A campanha publicitária do Ministério da Saúde, para o esclarecimento e mobilização da população sobre as ações que cada família deve realizar para evitar criadouros do mosquito nos seus domicílios, já está sendo novamente veiculada em rádios e televisões.