INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA JALDO

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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA
JALDO CAMBUY DA SILVA JUNIOR
PSICOLOGIA NA UTI: UMA VISÃO CARL ROGERIANA
Guanambi – BA
2016
JALDO CAMBUY DA SILVA JUNIOR
PSICOLOGIA NA UTI: UMA VISÃO CARL ROGERIANA
Artigo científico apresentado como requisito
de avaliação final do curso de Mestrado em
Terapia Intensiva do IBRATI – Instituto
Brasileiro de Terapia Intensiva.
Orientador: Prof. Ms. Fisiot. Ricardo Ribeiro
Badaró
Co-orientadora: Profª. Psic. Gláucia de Castro
Donato
Guanambi – BA
2016
Psicologia na UTI: uma visão Carl Rogeriana
JaldoCambuy da Silva Junior1, Ricardo Ribeiro Badaró2, Gláucia de Castro Donato3
RESUMO
A UTI, por si só, já é facilitadora do surgimento de sofrimento psíquico, portanto, trata-se de um
lugar onde a pessoa deve aprender a lidar com as próprias emoções, tendo como referência a
percepção acerca do ambiente em que ela está internada e da sua condição clínica. Assim, este
trabalho objetiva explicar a atuação do psicólogo na Unidade de Terapia Intensiva -UTI sob uma
visão Existencial Humanista Carl Rogeriana, centrada na pessoa, apresentando as possíveis
maneiras de atuação e amenização de sofrimento, propondo explicação no âmbito da Psicologia.
Os alicerces observados advêm da realização de uma pesquisa com metodologia de revisão
bibliográfica, cujos principais materiais utilizados encontram-se nas obras de Carl Rogers,
Amatuzzi, Simonettti, além de artigos e dissertações científicas extraídas da base de dados
Scielo. A pesquisa bibliográfica empreendida, permitiu estabelecer não só a importância do
trabalho de Carl Rogers na UTI, como também a necessidade da manutenção do respeito, a
integralidade e totalidade no homem submetido ao processo de hospitalização.
Palavras-chave: Abordagem Centrada na Pessoa. Unidade de Terapia Intensiva. Hospitalização.
Psicologia hospitalar
ABSTRACT
The ICU, in itself, is already facilitating the psychological suffering appearance, so it is a place
where one must learn to deal with their own emotions, with reference to the perception of the
environment in which it is hospitalized and their clinical condition. Thus, this work aims to
explain the psychologist in the Intensive Care Unit -UTI under Existential Humanistic Carl
Rogerian vision, person-centered, with the possible ways of acting and suffering alleviation,
proposing explanation in the context of psychology. The foundations observed come from
conducting a survey methodology literature review, the main materials used are in the works of
Carl Rogers, Amatuzzi, Simonettti, as well as articles and extracted scientific dissertations Scielo
database. The literature review undertaken, revealed not only the importance of Carl Rogers's
work in the ICU, as well as the need to maintain respect, completeness and wholeness in man
submitted to the hospitalization process.
Keywords: Person Centered Approach. Intensive care unit. Hospitalization. healthpsychology
Especialista em Saúde Mental pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Especialista em Psicologia Escolar
pela Universidade de Patos. Mestrando em Terapia Intensiva pelo Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva IBRATI. Psicólogo pela Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE. E-mail: [email protected]
2
Orientador - Especialista em Fisioterapia Ortopédica e Esportiva pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI. Doutorando em Ciências Biomédicas pela Instituto
Universitário Italiano de Rosário - IUNIR-AR. Fisioterapeuta pela Pontifícia Universidade Católica – PUC / MG.
3
Co-orientadora - Especialista em Saúde Mental pela UNIGRAD, Faculdade Guanambi - Ba. Especialista em
Psicopedagogia Clínica e Hospitalar pela Faculdade Católica de Ciências Econômicas da Bahia - FACCEBA.
Graduanda em Psicologia pela Faculdade Guanambi - BA. Pedagoga pela Universidade Estadual da Bahia – UNEB.
1
1 INTRODUÇÃO
O pensamento humanista em psicologia surgiu nos Estados Unidos no início do século
XX, recebendo contribuições de pensadores como Carl Rogers, Rollo May, Frederick Perls,
Maslow e outros. Psiquiatras europeus, influenciados pela literatura da filosofia de Heidegger
criticam a contribuição de Freud que prioriza a existência de um aparelho psíquico, propondo a
análise existencial, que passava a focalizar a clínica na relação com o paciente, compreendido em
seu mundo, em sua existência. (MOREIRA, 2009).
Carl Rogers contribui para a Psicologia com subsídios respaldado em uma visão
humanista. No ano de 1945, elaborou e definiu a sua abordagem como Método de Terapia
Centrada no Cliente. Em 1964, começou a participar do Centro de Estudo da Pessoa, em La Jolla
na Califórnia, juntamente com Maslow e outros filósofos da mesma linha de pensamento e deixa
contribuições significativas para o âmbito da psicologia (ZIMRING, 2010).
A Abordagem Centrada no Cliente, designada por Carl Rogers, busca demonstrar uma
forma humana de compreender a pessoa, usando a empatia e a congruência. A teoria trabalha
com a possibilidade da auto compreensão e habilidade de auto aceitação. Desse modo, apresenta
uma maneira de facilitar o despertar no outro a condição de se perceber, evidenciando que o
sujeito é basicamente responsável por si próprio (AMATUZZI, 2012).
A Psicologia Hospitalar traz a proposta para a área de saúde com intuito de prover melhor
bem estar aos pacientes e seus respectivos familiares, afim de que esses internos possam passar
pelos dias de internamento com mais conforto e dignidade, proporcionando-lhes assim uma
melhor qualidade de vida e bem estar mental. Cita Mezzono (2003), que o hospital é parte
integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja função é dispensar à comunidade completa
assistência médica, preventiva e curativa, incluindo serviços extensivos à família em seu
domicílio e ainda um centro de formação dos que trabalham no campo da saúde e para pesquisas
biossociais.
As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são centros que têm como objetivo atender a
pacientes em estado crítico ou de alto risco, passíveis de recuperação, num local que concentre
equipamentos, materiais e pessoal treinado para o adequado tratamento e cuidado. Dessa forma,
sua criação propiciou um ambiente favorável para os profissionais, a assistência e a observação
contínua dos pacientes (LINO &SILVA, 2001).
Sampaio (1988) considera a possível ruptura entre a normalidade psíquica anterior e a
provável alteração pós-internação em U.T.I. Afirma que quando uma pessoa adoece gravemente,
algo em seu sentimento de inviolabilidade se rompe, constituindo um estreitamento de horizonte
pessoal, uma ruptura em muitas das suas ligações com o seu meio, sua vida real e uma distorção
do seu relacionamento com os demais, frente a esta nova condição. Isso explica o foco da
atuação do psicólogo na UTI, local onde merece atenção e respeito, pois, é mediador e
organizador de tudo que se mencionou anteriormente. Pouco ou quase nada se é debatido sobre o
assunto em pesquisas, fazendo com que o presente trabalho surja como um instrumento de
grande relevância.
2 MATERIAIS E MÉTODO
Esse estudo advêm da realização de uma pesquisa com metodologia de revisão
bibliográfica, cujos principais materiais utilizados encontram-se nas obras de Carl Rogers,
Amatuzzi, artigos científicos, monografias e dissertações na base de dados Scielo, publicados
nos últimos quinze anos, com objetivo de explicar a atuação do psicólogo na UTI, seguindo uma
base Existencial Humanista, Carl Rogeriana Centrada na Pessoa, apresentando as possíveis
maneiras de atuação e amenização de sofrimento, propondo explicação no âmbito da Psicologia.
3 DISCUSSÃO E RESULTADOS
3.1 O HUMANISMO E A PSICOLOGIA
Entende-se que a Psicologia Humanista surgiu na década de 50 e começa a se equilibrar
nos anos 60 e 70. Compreende-se que, mediante o esclarecimento de Amatuzzi (2010), essa
Psicologia nasce como uma reação de insatisfação das duas importantes tendências destacadas na
época: o Behaviorismo e a Psicanálise. Surge assim a busca pela compreensão do ser humano.
Dentre os representantes dessa nova abordagem destaca-se Abraham Maslow, que traz uma nova
visão de homem. Explica Sampaio (2009), que Maslow criticou a análise do homem quando se
acha reduzida apenas uma de suas dimensões, como: organismo, inconsciente, comportamento e
papéis sociais. Desse modo, vê-se que essa linha da psicologia germina na condição de pôr em
evidência as particularidades das emoções humanas, necessidades, motivações e realizações.
Amatuzzi (2010) explica que a Psicologia Humanista não é vista como apenas um
postulado teórico, mas uma atitude concreta a favor do homem no processo da sua construção e
aperfeiçoamento, percorre no tempo influenciando as ideologias existenciais e fenomenológicas.
Existenciais no que se referem ao homem como ponto principal e fenomenológicas, no que
evidenciam a essência, consciência e investigações sobre alguma “coisa”. Elucida uma crítica à
atitude simplesmente científica. As premissas da gnosiologia de Kierkegaard, Husserl, Heidegger
e Sartre bem como outros pensadores, vêm contribuir para a compreensão do homem e a
existência do todo.
Sartre (2004) clarifica que o homem é, não apenas como é concebido, mas como ele se
quer a partir desse elã de existir; assim, é visto que ele nada mais é, além do que ele se faz. Ou
seja, a figura do homem traz em si um sentindo amplo e singular de ser; o ser humano é um
processo em construção com suas representações únicas. Amatuzzi (2010), reforça a ideia,
explicando que o homem sozinho não existe, uma vez que sempre é acompanhado de alguma
significação e dessa forma não temos acesso direto a ela.
Ao buscar compreender a visão de homem, Maslow (1968) fundamenta-se na ideia em
que cada um de nós tem uma natureza interna essencial, que está biologicamente alicerçada,
intrínseca, no certo sentido limitada, invariável. Esclarece que a natureza interna de cada pessoa,
é singularmente dela. Davidoff (2001) explica que Maslow traz também a ideia das necessidades
humanas que estão hierarquizadas nos motivos humanos. Sendo que uma necessidade é
substituída pela seguinte mais forte na hierarquia, na medida em que uma se satisfaz, parte para
outra. Classifica em: fisiológicas, segurança, afiliação, auto estima e auto realização. Visto que a
fisiológica é mais forte, por ser essencial e básica. Desse modo, prossegue a pirâmide das
necessidades, mediante a ordem de prioridade humana até chegar ao topo, sendo a última a auto
realização.
Assim, com base nessas pressuposições, percebe-se que a abordagem Humanista se
alicerça na ideia de compreender o homem dentro das suas peculiaridades. Amatuzzi (2010)
enfoca que Carl Rogers e Maslow aproximam-se bastante de análogas concepções. Entre eles
existe uma crença no homem, uma certeza que nele se manifesta; a comprovação disso é a
tendência atualizante de Rogers ou conceito de auto realização de Maslow.
3.2 CARL RANSON ROGERS E A TEORIA EXISTENCIAL HUMANISTA CENTRADA NA
PESSOA
Rogers nasceu em 8 de janeiro de 1902, em Oak Park, Ilinois, EUA. Trazia consigo
valores tradicionais e religiosos advindos da necessidade de trabalho árduo. Graduou-se na
Universidade de Wisconsin, licenciou em História, fez seminário em Teologia na União
Teológica, em Nova Iorque. Dedicou-se aos trabalhos em instituições eclesiásticas no ensino
religioso ao tempo em que procurava sustentar-se economicamente, logo que já havia se casado e
tinha dois filhos. Foi para Teachers College da Universidade de Columbia para frequentar o
curso de psicologia clínica e psicopedagogia. Em 1928, obteve os títulos de mestre e em 1931 de
doutor (ZIMRING, 2010).
No ano de 1929, Rogers abandona uma linha psicoterapêutica de orientação diretiva ou
interpretativa por uma perspectiva mais pragmática de escuta dos clientes, que foi denominada
Orientação Não Diretiva em Terapia. Publicou o seu primeiro livro: O tratamento Clínico da
Criança-Problema em 1939, quando passa a ser conhecido como psicólogo clínico e apresenta, a
partir daí, novos conceitos em psicoterapia. Em seguida vieram as obras: Aconselhamento e
Psicoterapia – 1942; Terapia Centrada no Cliente – 1945-1957, As Condições Necessárias e
Suficientes para a Mudança Terapêutica da Personalidade, Tornar-se Pessoa (best-seller
mundial) – 1961, A Relação Terapêutica e o seu Impacto – 1967, Grupos de Encontro – 1970,
Poder Pessoal – 1977 e Um Jeito de Ser – 1980 (ZIMRING, 2010).
É visto que, Carl Rogers traz para a Psicologia diversas contribuições respaldadas em
uma visão humanista. No ano de 1945 elaborou e definiu a sua abordagem como Método de
Terapia Centrada na Pessoa. Por alguns momentos, no decorrer dos seus estudos, conferências e
aperfeiçoamentos, Rogers encontrou outros pensadores humanistas para trazer sustentação à sua
ideologia. Em 1964 começou a participar do Centro de Estudo da Pessoa, em La Jolla na
Califórnia, juntamente com Maslow e outros filósofos da mesma linha de pensamento. Em 4 de
fevereiro de 1987, ainda em La Jolla – Califórnia, faleceu Carl Rogers com 85 anos de idade,
deixando contribuições significativas para o âmbito da psicologia (ZIMRING, 2010).
No Brasil, a abordagem Carl Rogeriana, ACP entra em eficácia, a partir da lei 4.119 de
27 de agosto de 1962, que regulamenta a profissão do psicólogo. Dessa forma, essa abordagem
ganha espaço, conduzindo a psicoterapia no sentindo da compreensão da pessoa, oferecendo
possibilidades da auto realização e auto atualização, numa visão da abordagem não-diretiva.
Elucida Leitão (1986) que a aceitação da pessoa e auto realização vêm favorecer o cliente;
enfoca que Rogers destaca o papel dos sentimentos e da experiência como fator de crescimento.
É visto que, para ele, a experimentação dos sentimentos é o caminho para a integração e o
desenvolvimento pleno do ser humano.
Entende-se assim, que a abordagem não-diretiva existe em todo ser humano como um
processo natural e fixo, onde a todo tempo a pessoa está em busca da sua auto realização, um
ajustamento com autonomia. Dessa forma, o indivíduo consegue crescer contando com a força
natural e permanente que tem e que existe dentro de cada um (RUDIO, 1999). Desse modo,
entende-se que a ideia da psicoterapia não-diretiva Centrada na Pessoa, utilizada por Rogers
expandiu-se, fortalecendo como impulso da vida humana, conduzindo a pessoa a tornar-se
autônoma, buscando pôr em prática suas potencialidades.
Dentro do contexto da auto realização e a tendência Atualizante de Carl Rogers ele
também traz alguns termos tais como: Campo de Experiência, que se limita às restrições
psicológicas e biológicas, uma tendência humana de se direcionar a atenção para aquilo que já
tem uma experiência segura, Self real como a visão verdadeira de si e Self ideal como a maneira
que a pessoa tem de acreditar no que existe em si mesma ou no que pensa ser. Explica ainda as
três condições para que surja um clima facilitador de crescimento da pessoa, sendo elas: a
Congruência, em que o terapeuta se põe transparente para o cliente, conduzindo-o a expressar o
que está presente na consciência; a Aceitação Incondicional, em que o terapeuta oferece à pessoa
a possibilidade de expressar o real sentimento, sem julgamento ou condição de valor e a
Empatia, mediante a qual o facilitador pode entrar tão profundamente no mundo interno do
cliente que se torna capaz de esclarecer até o que está abaixo do nível da sua consciência
(ROGERS, 2009). Esses são fatores explicados por Carl Rogers que partem do terapeuta e são
despertados no cliente, fazendo assim fluir a ideia de que ao ser compreendida e aceita a pessoa
passa naturalmente a compreender e aceitar a si mesma e ao outro.
Carl Rogers enfoca também sobre a Manutenção e Expansão. Comenta Feist (2008) que
Rogers embasa na teoria da hierarquia das necessidades de Maslow para explicar essas
experiências humanas. A manutenção é expressa no desejo da pessoa de compreender seu auto
conceito, aquilo que vê como mais conveniente, ela inclui a tendência para resistir à mudança e
para buscar o status quo. A expansão seria a vontade e iniciativa de aperfeiçoar e mudar.
Desse modo, a teoria Centrada no Cliente, designada por Carl Rogers, busca demonstrar
uma forma humana de compreender a pessoa usando a empatia e a congruência, respeitando o
que o cliente traz, independentemente de serem situações de angústia, desequilíbrio,
comportamentos negativos ou quaisquer outras nuanças de sentimentos. Rogers acredita que
sendo aceita incondicionalmente, a pessoa buscará em si, respostas, condições de aceitação e
possíveis equilíbrios que favoreçam melhores condições de vida.
Amatuzzi (2012), explica que estando com a atenção voltada sobretudo para os
sentimentos e finalidades daquele que nos procura, de imediato facilitaremos seu processo de
encontro consigo próprio. Faz ainda uma analogia, usando esclarecimento que para uma pessoa
se pentear, um espelho ajuda da mesma forma, pois serve para se conhecer melhor. A teoria
Centrada no Cliente, trabalha com a pessoa a possibilidade da auto compreensão e habilidade de
auto aceitação. Destarte, reforça ainda Amatuzzi (2012) que Carl Rogers não só traz ideia de
como lidar com a pessoa, porém apresenta uma maneira de facilitar o despertar no outro da
condição de se perceber. Evidencia que a pessoa é basicamente responsável por si própria, tendo
o terapeuta a postura de condutor.
3.3 A HOSPITALIZAÇÃO
A hospitalização pode ser percebida como qualquer necessidade que uma pessoa tenha de
receber os serviços prestados por uma unidade hospitalar. Ela impede a realização das suas
tarefas cotidianas, isola a pessoa do seio familiar e ainda faz com que a experiência de estar
adoecida seja sentida de uma forma desconfortável e dolorosa, representando uma ruptura com o
seu cotidiano, sua autonomia e sua história. A luta contra a dor, o sofrimento, a incapacidade
física e a própria morte testa os limites do paciente diante da necessidade de aceitação desse
processo.
Segundo Camon (1995), a hospitalização torna-se determinante de muitas situações que
serão consideradas invasivas e abusivas, na medida em que se desrespeitam os limites e
imposições da pessoa hospitalizada, submetendo-aa um processo de total despersonalização, pois
deixa de ter característica própria como nome, que passa a ser um número de leito ou o de
alguma patologia, dificultando sua necessidade de aceitação desse processo, ou seja, afastando o
indivíduo daquilo que de fato ele é. Concorda Rogers (2009), defendendo que durante a terapia,
o indivíduo se afasta de suas fachadas e de tudo o que ele deveria ser. Ele pode até estar confuso
e não saber para onde está indo ou o que realmente é, mas sabe que não é aquilo que outras
pessoas-critério desejam e esperam que ele seja. De fato, ele defende que durante o processo de
terapia o paciente caminha, então, para a autonomia, tornando-se responsável por si mesmo, num
ganho de liberdade existencial, acompanhado por uma crescente responsabilidade.
Paradoxalmente a Rogers, no hospital, o paciente supostamente sente-se controlado,
aguardando decisões e entregue a fantasia, preso ao medo pela emoção e à patologia pelo corpo.
Angerami-Camon (1994), acredita que não se pode entender o sofrimento físico e emocional
como sentimentos separados, desvinculados, pois os dois aspectos que os constituem, interferem
um sobre o outro, criando um círculo vicioso de sorte que a dor aumenta a tensão e, por sua vez,
o medo. Acentuam a atenção do paciente a própria dor, que, fortalecida, gera mais tensão e
medo. Para tanto, defende Rogers (2009) que o indivíduo, durante o processo de terapia deve
experimentar um ambiente de aceitação incondicional, segurança e empatia, numa tentativa
deafastar-se do que ele não é.
3.4 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: MEDOS E FANTASIAS
Segundo dados do Ministério da Saúde (BR). Lei 3.432, de 12 de agosto (1998):
“A unidade de terapia intensiva (UTI) é um setor destinado ao atendimento de pacientes
graves ou de risco que dispõem de assistência médica e de enfermagem ininterruptas,
com equipamentos específicos, recursos humanos especializados, além de acesso a
outras tecnologias destinadas ao diagnóstico e terapêutica.”
São lugares de acesso restrito, que têm evoluído com o passar do tempo e surgimento de
novas tecnologias. Tanto que, para Oliveira (2002), as UTIs eram reservadas a pacientes com
infarto do miocárdio agudo; depois, com a criação de equipamentos mais modernos ou
sofisticados, abrangeu também pacientes com insuficiência respiratória e renal aguda,
hemorragia digestiva alta, em estado de coma, estado de choque e diversas outras situações
igualmente graves.
Deveras ligada ao estigma da morte, a UTI situa-se na fantasia dos pacientes e familiares
como local de risco, dor, incerteza, solidão e impotência, tanto que, para Angerami-Camon
(1994), nas características da UTI: a exemplo das situações de morte iminente e rotina de
trabalho, somadas à individualidade do sofrimento da pessoa internada, podem favorecer fatores
psicológicos que atuam de maneira grave na enfermidade que a pessoa apresenta, ou seja, na
forma como o paciente lida com sua internação. Suas expectativas, valores e medos são também
variáveis que interferem na evolução do cuidado e, portanto, devem ser vistos com seriedade e
respeito por toda equipe da unidade. Entretanto, relata Rogers (2009), que à medida em que a
pessoa é capaz de assumir sua própria experiência, aumenta sua capacidade de aceitação e
compreensão da experiência dos outros, o que favorece a melhoria de suas relações. Descobre
que pode sentir raiva e que esta raiva pode não ser destrutiva; que pode sentir medo e não ser
paralisado por este medo, ou seja, que pode sentir de forma verdadeira e autêntica. Rogers não
encoraja a pessoa a agredir quando estiver com raiva, desistir de alguma atividade por aceitar o
medo ou fazer apenas o que quer, desconsiderando os sentimentos das outras pessoas. Sua aposta
é de que podendo vivenciar livremente os próprios sentimentos, a pessoa fica mais apta a agir,
mesmo que esta ação não aconteça na mesma direção do que os sentimentos.
De fato, o paciente perde sua autonomia, suas roupas, hábitos e mistura-se a
equipamentos que, a partir daquele momento, passam a ser sua principal companhia. Como
exemplo, Ressalta Domingues, et. al. (1999) que, associado à gravidade dos pacientes, a
existência de aparelhos eletrônicos, tecnologias e sons ininterruptos e desconhecidos, propiciam
sentimentos de medo, insegurança, ansiedade e depressão. Isso mostra que, mesmo sendo
acompanhado por uma equipe por 24hs, não há como controlar o que o paciente cria
mentalmente e nem tanto como controlar suas expectativas e medos relacionados à doença. O
mesmo acontece com quem está do outro lado, ou seja, do lado de fora da unidade. Os familiares
que aguardam atentos por informações e explicações médicas a respeito do quadro clinico do
paciente também se veem obrigados a lidar com suas próprias fantasias, medos e ansiedade. Isso
pode ser observado através do relato de Silveira EAA (2004), quando entende que a internação e
a doença são encaradas como uma ameaça, fazendo com que a família e indivíduo redirecionem
papéis e modifiquem seus hábitos de vida. Contudo, mesmo diante dessas adversidades, a
presença da família traz segurança afetiva para o paciente, tranqüilizando-o e oferecendo meios
para que a tensão emocional seja minimizada.
Uma das causas da tensão que acompanha o paciente seria, então, o medo. E deparar
com o medo, seria também deparar com a possiblidade da morte. Morte é uma palavra que
passeia dentro e fora da UTI. Dentro, quando se refere ao próprio enfermo e equipe; fora, quando
se refere aos familiares. Quanto à equipe, Kovács, (1992) ressalta que a morte ainda é um tabu. E
que no hospital, a morte não é só uma ideia. Defende ainda que sofrimento físico e psíquico
delimitam a tarefa e oferecem aos profissionais uma visualização da morte a partir da falência
física dos pacientes. Ou seja, a morte como uma realidade e não como um mistério.
Entretanto, o homem tenta adaptar-se às mais diversas situações que o angustiam. Faz
parte do próprio homem a busca por melhores condições de adequação a qualquer situação que
enfrente. Na medida em que o paciente hospitalizado busca alternativas para lidar com essa
realidade, também a equipe, a família e amigos, como pessoas que são, tendem a adaptar-se. Isso
pode ser percebido em Rogers, quando ele reconhece o homem como capaz de criar sua vida e
acreditar no seu potencial através de uma tendência inata da condição humana que se atualize
constantemente, chamada tendência atualizante (ROGERS, 2009).
Como parte do processo de adaptação, ou atualização, Kubler-Ross (2008) contribui,
sugerindo quea hospitalização elicia sentimentos que podem ser desconcertantes para a pessoa
que está sendo cuidada, e afirma ainda a importância dessa pessoa não ter esses sentimentos
julgados pelos profissionais, ou seja, não ter esses sentimentos vistos como maus ou
vergonhosos, mas sim compreendidos em seu verdadeiro sentido e sua origem como algo
humano e possível.
Logo, estratégias são desenvolvidas para que o período de hospitalização possa ser
vivenciado com dignidade e respeito. A partir da premissa das estratégias, Rogers defende a
ideia de que a pessoa deve organizar-se emocionalmente e acredita ainda que, para isso, existem
condições facilitadoras das atitudes do terapeuta que podem proporcionar mudanças. As três
principais condições necessárias e suficientes para a mudança terapêutica na personalidade
segundo Rogers (2009), usualmente concebidas como atitudes fundamentais ao terapeuta em
relação ao cliente para uma mudança construtiva de personalidade são: a Autenticidade ou
Congruência, a Aceitação e a Compreensão Empática.
3.5 PSICOLOGIA NA UTI
Simonetti (2014) define psicologia hospitalar como o campo de entendimento e
tratamento dos aspectos psicológicos acerca do adoecimento, cujo objetivo é a subjetividade e o
auxílio ao sujeito a fazer atravessar a experiência da doença. Afirma ainda que ela encontra sua
estratégia na palavra. Acrescenta o mesmo autor que o psicólogo fala e escuta, mais escuta que
fala. De fato, não se constrange frente a comentários, já que, supostamente, nenhum outro
membro da equipe é especializado nesse tipo de atendimento. O que busca o psicólogo hospitalar
não é a patologia, mas, a relação que o doente tem com ela e o significado que lhe confere. Lugar
que só pode ser alcançado através da linguagem.
A palavra, então, passa a ser a principal ferramenta do psicólogo, que tem como objetivo,
compreender a subjetividade do paciente no momento em que se encontra hospitalizado e
oferecer meios para que o próprio adoecido se compreenda e se adapte à sua condição. Então, o
atendimento psicológico não é um simples bate papo. Para Simonetti (2014), trata-se de uma
conversa assimétrica mediante a qual um dos participantes fala mais que o outro, uma vez que o
silencio do outro oferece força, consequência e significado à palavra do primeiro, o que permite
ao paciente uma melhor compreensão dos sentimentos oriundos da sua condição, já que ao
escutar, ainda segundo o autor, o psicólogo ampara a angústia do paciente o tempo necessário
para que ele a elabore de forma simbólica. Mesmo quando o paciente encontra-se
impossibilitado de falar, por razões orgânicas ou não, já existem muitos sinais não verbais
equivalentes a palavras, tais como gestos, olhares, escrita e o próprio silêncio que podem ser
percebidos e trabalhados em sua subjetividade.
Deveras, o campo da psicologia hospitalar vem se ampliando com o tempo, inserindo-se
na pesquisa, assistência e ensino. O psicólogo desta área pode oferecer cuidados diretos tanto a
pacientes internados, quanto a familiares, com o intuito de cuidar da saúde mental daqueles que
foram surpreendidos por alguma doença, tanto em si mesmos, quanto em alguém próximo.
(ISMAEL & ANDRADE, 2013)
Cuidar da saúde mental é permitir que o cliente fale mais de si, no lugar de falar de
sintomas, do ambiente externo e dos outros. Rogers (2009) relata que comumente, seus clientes
sentiam que não estavam sendo seu verdadeiro self e ficavam contentes quando se tornavam
verdadeiramente eles mesmos. Sentir que não se é o verdadeiro self é característico do estado de
incongruência, quando a experiência organísmica não está de acordo com a noção de eu, formada
pelo sujeito. A satisfação de tornar-se quem se é, é advinda também da congruência conquistada
durante o processo terapêutico.
Corroborando Rogers, Torres (1999) enfatiza ainda que na Abordagem Centrada na
Pessoa, desenvolvida em um ambiente hospitalar, o psicólogo deve buscar a amenização do
sofrimento através do estabelecimento de uma relação interpessoal, oferecendo compreensão e
aceitação, na perspectiva de promover momentos de congruência, para que a pessoa aceite e
reconheça o seu momento, já que ser congruente é entendido, em Rogers (2009), como sendo
integralmente verdadeiro, cuja pessoa expressa aquilo que ela verdadeiramente é, sem máscaras,
mostrando-se transparente e autêntica.
Para tanto, é necessário que o paciente se considere e seja considerado positiva e
incondicionalmente. Feist (2008) explica, mediante esclarecimento de Rogers que a consideração
positiva é a necessidade de ser aceito incondicionalmente pelo outro, sem quaisquer condições
de valor ou qualificações. Contribui ainda, defendendo que os terapeutas apresentam condição
positiva incondicional quando oferecem uma atitude calorosa e receptiva em relação ao que é o
cliente. Ou seja, significa que os terapeutas aceitam e valorizam as pessoas sem restrição,
julgamento ou reserva, sem se preocuparem com seus comportamentos, o que enfraquece suas
atitudes defensivas e auxilia o crescimento psicológico.
Certo, então, de que o trabalho do psicólogo ultrapassa a enfermidade e as paredes do
hospital; entende-se que sua função ultrapassa o atendimento individual do paciente internado,
pois, auxilia tambéma família a enfrentar o adoecimento, de modo que aceite simultaneamente
toda a realidade, desde a descoberta da doença, até a hospitalização e uma provável morte. Cabe
também ao psicólogo assistir a fatores que interferem na estabilidade emocional do paciente,
orientar e informar as rotinas da UTI, avaliar a adaptação do paciente à hospitalização, avaliar o
seu estado emocional e sua compreensão acerca do diagnóstico, além das reações emocionais
frente à internação e à doença, trabalhando de forma integrada com os demais profissionais de
saúde, objetivando uma visão global do paciente dentro do enfoque interdisciplinar,
possibilitando também apoio e assistência à equipe. (BAPTISTA & DIAS, 2003).
Para Rogers (2009), o contato com a pessoa não consiste em condicionar o indivíduo, ou
induzi-lo. Consiste em ajudá-lo a deslocar as dificuldades interiores, de forma a conservar a sua
autonomia e retomar o seu processo normal de desenvolvimento. Assim, Rogers (2009) defende
ainda a não-diretividade, acreditando que o psicoterapeuta não deve tentar controlar a sessão,
nem direcionar a fala do cliente, tampouco diagnosticar com o intuito de prescrever
determinadas ideias ou comportamentos. Ou seja, numa atitude de aceitação, congruência e
compreensão a psicoterapia não-diretiva, então, concentra a atenção na pessoa e não nos
sintomas, pois sóa partir dela, é que surge a mudança.
Durante o processo da psicoterapia surgem novos sentimentos e novas significações, que
se abrem para novas e diferentes formas de existir e atuar no mundo. A transformação pessoal
pode ser facilitada quando a relação entre cliente e terapeuta é autêntica e sem máscaras, cujos
sentimentos são expressos de forma aberta (ROGERS, 2009). Isso ameniza a possibilidade de
ações defensivas, já que a pessoa sente-se motivada a relatar sua vivência pessoal devido ao
encorajamento recebido mediante o respeito, aceitação e contato que lhe foram oferecidos,
fatores que potencializam a capacidade natural que o ser humano possui de se auto dirigir,
atualizar-se constantemente e suprir as suas próprias necessidades, tendência inata da condição
humana, que favorece o surgimento de um self mais flexível, que se baseia na experiência global
do cliente, percebida sem distorções.
Sendo assim, uma das mudanças mais importantes encontradas por Rogers no decorrer do
processo terapêutico se refere à configuração básica da personalidade. Segundo Rogers (2008)
ocorre uma unificação e integração maiores da personalidade. Baseado na experiência global do
cliente, percebida sem distorção, começa a emergir um self mais flexível e mais congruente com
a totalidade da experiência. O comportamento do indivíduo passa a ser menos defensivo e mais
coerente com o self e a realidade. Isso permite ao indivíduo manter-se pessoa, entendendo que,
quando a psicologia atua em um espaço como a UTI, fica diante da concretude da experiência
vivida e participa dos fatos que se transformarão em acontecimentos na vida do paciente e de
seus familiares, assim como da construção dos elos da história própria de cada um, pois o
paciente hospitalizado sofre perdas importantes e violentas, tanto física quanto subjetivamente.
Não tem garantias, não sabe como será sua vida. Teme ser um peso para a família, perder o
emprego e suas conquistas. Sente-se frágil, desamparado afastado da família, amigos, trabalho e
lazer. A rotina de sua vida é alterada, passando por um estado de privação e isolamento. Sente-se
entregue aos profissionais de saúde, tornando-se um paciente, ou seja, uma pessoa resignada aos
cuidados médicos, que deve esperar serenamente a melhora de sua doença, sendo vulnerável,
submisso e dependente (OLIVEIRA, 2002).
Para manter-se integro em tais situações é necessário que encontre condições pra isso.
Além da congruência, outra condição, agora numa vertente humanista-fenomenológica, refere-se
ao conceito de empatia, a partir do pensamento de Rogers, quando este a compreende como
sendo uma maneira de penetrar no mundo perceptual do outro e captar com precisão seus
sentimentos e significados pessoais, numa condição de “como se” e comunicar essa compreensão
ao cliente. Moreira (2009) ratifica Rogers, acrescentando que ser empático possibilita ao
terapeuta além de entrar no mundo do cliente, mover-se na companhia do mesmo, em busca de
compreender sua experiência vivida, ou seja, colocar-se em seu lugar. Entretanto, Feist (2008)
adverte que a empatia não deve ser confundida com a simpatia, uma vez que a simpatia refere-se
a um sentimento pelo cliente e a empatia, refere-se a um sentimento com o cliente.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O papel da psicologia é ajudar a pessoa a lidar com as próprias emoções, tendo como
referência a percepção de cada um, acerca do ambiente em que ele está internado. A UTI, por si
só, já é facilitadora do surgimento de sofrimento psíquico, a começar pela hipótese de uma
arquitetura, sem janelas, nem luz natural, condições em que até mesmo um paciente consciente
pode vir a perder referências fundamentais para o equilíbrio. Aliada a esta sensação, está a
ansiedade sobre o seu estado de saúde, alterações no sono, face aos procedimentos médicos,
ruídos constantes dos equipamentos hospitalares, movimentação da equipe de saúde, gemidos e
fantasias a respeito do próprio futuro.
À medida em que o homem submete-se à hospitalização, num contexto de Unidade de
Terapia Intensiva, ele perde toda a capacidade de intervenção no ambiente ao seu redor e o seu
poder de decisão.
Numa visão Rogeriana, não cabe ao psicólogo intervir para que o paciente aceite o
processo de hospitalização, ou a própria UTI de bom grado, mas, que se adapte a ela,
conseguindo posicionar-se como pessoa durante todo o processo, situando-se como dona de si
mesma. De fato, priorizando o ser humano que necessita de cuidados, respeito e atenção.
Para tanto, Rogers defende as três condições comumente designadas como atitudes
fundamentais ao terapeuta em relação ao cliente para uma mudança construtiva de personalidade:
a Autenticidade ou Congruência, a Aceitação e a Compreensão Empática, condições estas que
oferecem ao indivíduo a possibilidade de atualização, ou seja, de direcionar-se por si mesmo no
sentido de uma melhora. Um paciente mais íntegro, dono do seu próprio self, com autonomia e
ciente da sua condição, aceito e compreendido por uma equipe congruente e autêntica, tende a
oferecer uma maior aceitação dos cuidados, dores e medos, facilitando o trabalho. Razão pela
qual, este estudo é favorável ao entendimento e prática dos ensinamentos de Rogers, não apenas
pelo terapeuta, mas por toda a equipe multiprofissional, que atua nesse espaço caracterizado pela
dor, medo e angústia, onde a psicologia vem marcando presença.
A visão Carl Rogeriana traz possibilidades de tornar a Unidade de Terapia Intensiva, um
local menos sofrido e mais adaptável, menos desrespeitoso e mais compreensivo, menos
invasivo e mais aceito ou colaborativo, menos desintegrador, já que a pessoa, por estar internada,
não necessariamente precisa deixar de ser pessoa, pelo menos, enquanto viva.
Rogers, respeita a condição de humanos, de todos envolvidos no processo do cuidado, ou
seja: da equipe e da família, acreditando que devam ser de igual modo, compreendidos e aceitos
de forma empática porque também possuem em sua subjetividade, sentimentos que podem
assemelhar-se com os dos próprios clientes.
O presente estudo abriu possibilidades para novos questionamentos e investigações e
apontou alguns elementos que são atualmente pouco evidenciados na literatura, como a
psicologia na UTI numa visão Existencial Humanista Carl Rogeriana. Portanto, novos estudos
são necessários para que o atendimento psicológico oferecido aos pacientes em condição de
Tratamento Intensivo seja mais acessível e preciso, ao mesmo tempo em que, possibilite aos
psicólogos e demais profissionais da área de saúde, condições dignas de trabalho e, ao paciente e
familiares, condições mais favoráveis de hospitalização.
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