HISTÓRIA - SÍNTESES DAS AULAS 50, 51 e 52. AULA 50 – A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE INDUSTRIAL BRASILEIRA Imagine-se como um trabalhador que ingressa pela primeira vez em uma grande indústria. Você, como qualquer outro novato, ficaria certamente atordoado com o barulho daquelas máquinas modernas e com o trabalho incessante dos operários. Tudo funciona como um relógio; cada minuto é importante; o tempo é racionalizado; as máquinas ditam o ritmo da produção; o trabalho é coletivo e disciplinado. Se, nos dias de hoje, tempo das novas tecnologias e da informática, ainda nos impressionamos com tudo isso, imagine o impacto que a introdução do sistema de fábrica deve ter causado muito tempo atrás - na Europa, no início do século XIX, e no Brasil, no início do século XX. Sociedade industrial Charles Chaplin lançou, em 1936, uma de suas obras-primas: o filme Tempos Modernos. Nele, Chaplin apresenta o mundo moderno industrial de forma poética e crítica. Há cenas que se tornaram clássicas na história do cinema mundial; em uma delas, o protagonista, Carlitos, se vê engolido pelas enormes engrenagens industriais; em outra, enlouquece e sai apertando parafusos imaginários por toda parte. Com a Revolução Industrial, a fábrica transforma-se na sede da nova sociedade. Nela são geradas muitas mudanças. O trabalho torna-se cada vez mais coletivo e intenso. O mercado em expansão exige novos métodos que racionalizem o esforço dos operários. O tempo passa a ser visto como o tempo da fábrica. As relações de trabalho também sofreram profundas alterações no mundo da fábrica. Entrou em cena o contrato de trabalho entre o empresário e o trabalhador. Nele, estabeleceu-se um acordo com regras fixas e objetivas (valor do salário, horas de trabalho, punições). Essas transformações não foram vividas sem problemas nas sociedades européias. Na Inglaterra, no final do século XVIII e início do século XIX, iniciou-se um movimento de quebra de máquinas; protestava-se contra a perda de postos de trabalho e contra a rígida disciplina estabelecida pela fábrica. Gradativamente, o operariado inglês buscou novas formas de organização para resistir às enormes jornadas de trabalho e às péssimas condições de vida. Era o início do movimento sindical, que se desenvolveu na Inglaterra e em vários outros países europeus no decorrer do século XIX. Paralelamente, surgiram correntes ideológicas anticapitalistas, organizadas em movimentos ou partidos políticos, que passaram a exercer forte influência no movimento sindical. Entre outras, destacaram-se as correntes anarquista (que defendia a supressão do Estado) e socialista-marxista (que propunha a revolução proletária e a instalação de um governo de trabalhadores). 1 Primeiros industriais no Brasil Nas primeiras décadas do século XX a indústria tornou-se uma realidade na vida de algumas cidades brasileiras. Não foram poucos os problemas enfrentados pelos primeiros industriais. Um deles era a concorrência externa, em razão da falta de uma política do governo federal para proteger a indústria nacional. Outro, contraditoriamente, era a crítica, feita por vários setores, de que a indústria brasileira era “artificial”, dependente do governo e responsável pela carestia. Finalmente, os industriais enfrentavam a luta operária por melhores salários e condições de trabalho. O grande número de estrangeiros entre os operários de São Paulo tem sido destacado por diversos estudiosos. Com a grande imigração ocorrida no final do século XIX em direção às fazendas de café, muitos trabalhadores tomaram o rumo da cidade em busca de melhores condições de vida. Destaca-se a forte presença de italianos entre os primeiros operários. O impacto da presença de imigrantes na formação da classe operária em São Paulo foi expressivo. Foram principalmente eles que difundiram no meio operário as ideias de transformação radical da sociedade pela via revolucionária, socialista ou anarquista. O anarquismo ganhou força e logo se transformou na principal corrente política de base operária. E não era difícil entender por quê. Naquela sociedade com um mercado de trabalho em formação, em que praticamente inexistia qualquer proteção ao trabalhador; em que a utilização do trabalho infantil era justificada como forma de se retirar os meninos da rua; em que, em suma, eram extremamente duras as condições de trabalho. Os anarquistas não confiavam nas instituições liberais. Desprezavam os políticos, os partidos e o parlamento. AULA 51 – A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL A política de alianças das potências européias durante a Paz Armada transformou a guerra num conflito generalizado. A Tríplice Aliança reunia os impérios militaristas da Alemanha e da Áustria e o reino da Itália. → A Alemanha mantinha um exército permanente de mais de 1 milhão de soldados e alegava precisar de espaço para se expandir. → Apesar de suas dimensões colossais, o Império Austro-Húngaro apresentava uma situação interna extremamente frágil, pois abrigava várias nacionalidades. → A Itália se aliou à Alemanha e à Áustria procurando expandir seus domínios Coloniais. 2 Para contra balançar a Tríplice Aliança, a França, a Rússia e a Inglaterra formaram a Tríplice Entente. → A França ainda se recuperava da derrota de 1871 diante da Alemanha, quando perdeu os ricos territórios da Alsácia e da Lorena. → A Rússia aderiu à aliança entre a França e a Inglaterra em 1908. → A Inglaterra foi a maior potência econômica do século XIX. A estabilidade interna, somada ao grande desenvolvimento de sua indústria, fez dela uma potência de primeira ordem no cenário mundial. A Primeira Guerra Mundial marcou o início do desmoronamento do poder britânico no mundo. O atentado em Sarajevo No dia 28 de junho de 1914, o príncipe herdeiro da coroa austríaca, arquiduque Francisco Ferdinando, foi assassinado na cidade de Sarajevo, na Bósnia. A visita do herdeiro a essa região tinha um nítido conteúdo político: pretendia demonstrar o domínio austríaco na região. O atentado, cometido por um estudante ligado a uma organização secreta sérvia, desafiou a autoridade austríaca na região. A resposta foi imediata: a Áustria interveio na Sérvia. A Rússia também mobilizou seus exércitos na região. Em pouco tempo, toda a Europa estava em guerra. Os motivos que desencadearam o conflito foram: → a rivalidade entre as grandes potências pelo domínio dos mercados coloniais; → a corrida armamentista, geradora de novas tensões, e o estado de prontidão dos exércitos dos países europeus; → a política de alianças entre as potências, que transformou o conflito num enfrentamento generalizado; A Primeira Guerra Mundial durou mais de quatro anos. Mas, apesar da participação dos Estados Unidos e do Japão e dos enfrentamentos nas colônias, foi um conflito essencialmente europeu. O grande desenvolvimento técnico e industrial alcançado pelas potências européias resultou na criação de armas de guerra extremamente poderosas. Os exércitos terrestres utilizaram a artilharia pesada, armas de repetição e metralhadoras. Durante a guerra, surgiram armas novas e ainda mais terríveis: os lançachamas, os gases tóxicos e o tanque. No mar, as esquadras utilizaram enormes navios encouraçados que carregavam peças de artilharia pesada. Os submarinos, armados de torpedos e minas explosivas, ameaçaram a navegação comercial inimiga. No início, a aviação foi usada apenas para vigiar os movimentos do inimigo. No transcorrer do conflito, os aviões foram armados com bombas e metralhadoras, convertendo-se em armas. 3 A intervenção norte-americana na guerra foi decisiva para a vitória da Entente. AULA 52 – A REVOLUÇÃO RUSSA Revolução Russa de 1917 ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial. O imenso e arcaico império russo não suportou o peso de uma guerra moderna. Em 1917, a burguesia russa tomou o poder durante alguns meses. No mesmo ano, o movimento da burguesia cedeu terreno para a primeira revolução socialista da história contemporânea. A Rússia é o país mais extenso do mundo, e em possuía graves desequilíbrios sociais, econômicos e políticos. Um dos principais problemas era a concentração de terras nas mãos de poucos proprietários. A reforma de 1861 distribuiu terras, mas poucos camponeses receberam terras em quantidade suficiente. Apenas uma minoria de pequenos e médios proprietários, os kulaks, se beneficiaram. O resto da população do campo era formada por um miserável proletariado rural. No final do século XIX, as ideias socialistas chegaram até a Rússia. A eclosão da Primeira Guerra Mundial demonstrou a incompetência da corte e da aristocracia russa. Durante a guerra, a economia russa desmoronou. Os soldados russos, mal armados e mal preparados, morriam aos milhares nas frentes de combate. Os operários organizaram greves e muitos soldados começaram a desertar. Lênin participou ativamente do movimento contra a guerra e o regime. Já naquela altura, o partido socialdemocrata estava dividido em duas tendências: → os bolcheviques (palavra que significa “maioria”), dirigidos por Lenin; → os mencheviques, a “minoria”. Nas primeiras semanas de março de 1917, eclodiu um movimento revolucionário na cidade de Petrogrado (atualmente São Petersburgo). As tropas do exército aderiram à revolução, e até os setores mais moderados da sociedade russa abandonaram o czar. Nicolau II abdicou. Os revolucionários formaram um governo republicano que se tornou cada vez mais impopular. Nesse quadro, Lenin ganhou expressão. Pregava a paz com a Alemanha e a saída da Rússia da guerra, a distribuição de terras aos camponeses e o fortalecimento dos sovietes. A Revolução de Outubro de 1917 O movimento dirigido por Lenin contou com a participação de Leon Trotski e Josef Stalin. A Revolução de Outubro triunfou: os bolcheviques derrubaram o governo de Kerenski e efetivaram o poder dos sovietes dirigidos pelo partido bolchevista, desde então chamado de comunista. O novo governo, presidido por Lenin, adotou uma série 4 de reformas radicais, baseadas no marxismo e executadas por meio da ditadura dos sovietes. Os objetivos dos comunistas não eram apenas derrubar o governo provisório: eles criaram uma nova sociedade, baseada no socialismo. As terras da aristocracia e da Igreja foram confiscadas. A propriedade privada dos meios de produção (terras, minas, fábricas) foi abolida. O comércio exterior e o sistema financeiro ficaram sob o controle do Estado. Consequências da Revolução Russa Ao tomar o poder, os bolcheviques assinaram a paz com a Alemanha. A nacionalização de terras e fábricas administradas pelos operários constituiu a grande novidade introduzida pela revolução. Inicialmente, entretanto, o sistema adotado pela revolução não apresentou bons resultados. A fome e a miséria continuavam atormentando a população russa. As potências estrangeiras tentavam desestabilizar o regime soviético, considerando seu exemplo uma ameaça para a sociedade capitalista. As consequências da revolução foram: → a criação do primeiro Estado socialista, baseado nas doutrinas de Marx e Lenin; → a independência da Polônia, da Finlândia e dos países bálticos; → a Rússia se afastou das potências européias, permitindo que a Alemanha concentrasse seus esforços bélicos na frente ocidental; → a revolução repercutiu profundamente no plano internacional: a União Soviética se tornou o foco dos movimentos revolucionários comunistas na Europa; → a partir de então, ficou nítida a diferença entre os socialistas e os comunistas. As potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial, alarmadas pelas medidas tomadas pelo governo soviético, começaram a ajudar os contrarrevolucionários. Apesar do auxílio estrangeiro, o governo de Lenin triunfou sobre seus inimigos. 5