EIXO TEMÁTICO 2: ESTRATÉGIAS, MATERIAIS E RECURSOS DIDÁTICOS NA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E BIOLOGIA. MODALIDADE: COMUNICAÇÃO ORAL - 18 PEQUENOS AUTORES Túlio César Teixeira Ferreira, MHNJB/UFMG, [email protected] Henrique Melo Franco Ribeiro, Escola Municipal Maria Modesta Cravo, [email protected] Pedro Henrique Ribeiro da Silva, MHNJB/UFMG, [email protected] Alessandra Abrão Resende, MHNJB/UFMG, [email protected] Financiamento: Pro-Reitoria de Extensão/UFMG; MHNJB/UFMG RESUMO: A educação ambiental nas escolas necessita de estratégias e materiais didáticos que aproximem os saberes trabalhados nas salas de aula com o empírico, o que se torna cada vez mais fundamental, em um mundo onde a dinâmica e fluidez dos processos de transformação do espaço natural pelo homem é acelerado e afeta toda escala global. A prática de ensino “Pequenos Autores” foi idealizada por educadores do Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais, conjuntamente com professores da escola do entorno, parceira da instituição, com o intuito de estimular o desenvolvimento da escrita e da capacidade de observação dos discentes do ciclo básico sobre a temática ambiental, principalmente, o bioma da mata atlântica. Palavras-chave: Educação ambiental, Jardim Botânico, Escola INTRODUÇÃO Pequenos Autores é uma prática de ensino que teve sua origem no projeto “O Jardim Botânico vai a Escola” (JBVAE), desenvolvido pelo Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais (MHNJB/UFMG) (SIEX/UFMG, 2014). O JBVAE foi criado originalmente pela Comissão de Educação Ambiental da Rede Brasileira de Jardins Botânicos, em 2003, tendo sido implantado em jardins botânicos (JBs) de todo o Brasil (CERATI, 2011). Sua proposta era criar parcerias com as escolas do entorno das instituições, expandindo o poder educativo dos JBs, adaptando a proposta às particularidades de cada jardim. A escolha das escolas do entorno dos JBs ocorreu após constatar a escassa divulgação nas escolas sobre o que é produzido nestes espaços, além do uso descontínuo e periódico das instituições para contextualizar os conteúdos do ensino formal nos colégios. Havia a necessidade de convergir os interesses da escola/professores com o ensinoaprendizagem dos alunos conjuntamente com a divulgação/disseminação da relevância dos JBs para a comunidade escolar como extensão da sala de aula, transformando-os em campo para as atividades educativas. Os objetivos do JBVAE são ainda contemplar a multiplicidade dos conhecimentos que abrange a elaboração da educação ambiental e sua prática em jardins botânicos e promover a apropriação do conhecimento acadêmico e a sua transformação/reestruturação para o diálogo com os discentes do ciclo básico e a construção da cidadania (CERATI, 2011). Elaborar práticas com significado para os discentes/docentes que buscam extrapolar as fronteiras dos muros da escola não é tarefa fácil. Para todos aqueles que estão envolvidos com o processo de educação, sabe-se da dificuldade espaço-temporal e até burocrática para efetivação das ações de formação de alunos e professores. Tentar ensinar numa perspectiva libertária (FREIRE, 1970), em que os alunos possam se apropriar dos conhecimentos conscientes das transformações do mundo para que talvez, no tempo histórico do futuro, as decisões passem a ser tomadas de forma coletiva, demanda despender esforço e dedicação. Neste contexto, Pequenos Autores já foi realizado em duas edições do JBVAE, tratando este trabalho da experiência realizada no segundo semestre de 2014. Utilizando como ferramenta de ensino um livreto intitulado “Seu Juca vai se mudar” (Barbosa et al., PELD/UFMG), esta proposta pedagógica busca desenvolver nos alunos a percepção crítica do processo de alteração do espaço pelo homem e suscitar a proposição de estratégias de recuperação de áreas degradadas e promoção do uso consciente dos recursos naturais. METODOLOGIA A metodologia foi construída coletivamente entre a equipe de educadores do JBVAE, composta por biólogos e estudantes de graduação em Ciências Biológicas e Geografia, modalidade licenciatura, com o grupo de professores do 5º ano do Ensino Fundamental da escola parceira, pertencente à rede municipal de ensino de Belo Horizonte, MG, composto por 6 pedagogos com especializações em diferentes áreas do conhecimento. Trata-se de uma proposta de trabalho interdisciplinar, que possibilita o envolvimento de docentes de diversas disciplinas além das Ciências Biológicas e da Geografia, como Língua Portuguesa, História, Educação Artística, Filosofia, entre outras áreas. O trabalho foi conduzido em 5 turmas, contendo 30 alunos cada. Realizou-se a formação dos professores, apresentação do material educativo e construção do fluxograma de trabalho, incluindo o desenho da saída de campo ao MHNJB/UFMG. O desenvolvimento e readequação da proposta junto aos alunos ocorreram no 2º semestre letivo de 2014. 1. Descrição do material educativo O livreto “Seu Juca vai se mudar” foi produzido pela equipe da Profa. Dra. Paulina Maria Maia Barbosa (Instituto de Ciências Biológicas/UFMG) como produto do Programa Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD/UFMG), financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O livreto contém apenas imagens, com linhas para o aluno descrever os acontecimentos percebidos. A primeira imagem demonstra um ambiente com vegetação de matas sem interferência na sua dinâmica natural (Figura 1A). Ao decorrer das páginas, surge um personagem, Seu Juca, que alude aos comportamentos humanos, promovendo a transformação desse espaço segundo suas necessidades, culminando na degradação e esgotamento dos recursos naturais e, consequente abandono da área pelo personagem (Figuras 1B-1C). Elementos diversos são representados abrindo espaço para o diálogo sobre os processos naturais e artificiais que ocorrem ao longo da história: agrotóxico, cisterna, chuva ácida, elementos da flora e fauna, incluindo a vida microscópica, curso d’água, etc. Figura 1. Exemplos de imagens presentes no livreto “Seu Juca vai se mudar” (Barbosa et al., PELD/UFMG). A- imagem da página 4, B- imagem da página 7, C- imagem da página 10. A B C 2. Fluxograma de trabalho O fluxograma de trabalho encontra-se representado na Figura 2. No primeiro encontro, as imagens do livreto foram projetadas para os alunos utilizando um equipamento de Data Show. Foi proposta a confecção da primeira redação, antes da administração de qualquer conteúdo relacionado à temática trabalhada. Figura 2. Fluxograma para o desenvolvimento da prática educativa Antes da realização do trabalho de campo no MHNJB, os professores utilizaram o personagem Seu Juca e sua história para trabalhar conhecimentos inerentes às imagens, dando subsídios aos alunos para incrementar suas redações, entre eles: relações ecológicas entre os seres vivos, ecossistema aquático e uso da água pelo homem, dinâmica das matas ciliares, processo de compostagem e decomposição da matéria orgânica, entre outros. O intervalo entre a primeira redação e o trabalho de campo foi de aproximadamente dois meses. Com a proposta de desafiar os alunos a escrever um novo final para a história do Seu Juca, o roteiro do campo foi estruturado de modo a contextualizar os conteúdos trabalhados em sala e promover o conhecimento sobre práticas de recuperação de áreas degradadas. Foi realizado um campo por turma (cinco campos), com duração média de quatro horas, nas dependências do MHNJB. Nas trilhas da reserva florestal contemplou-se a descrição dos processos relacionados ao clima, diversidade de fauna e flora, diálogo sobre relações ecológicas, degradação do solo e sobre as consequências das práticas antrópicas na dinâmica do bioma. No lago, foi contextualizada a cadeia alimentar aquática, utilizando fauna e flora locais, correlacionando- a à cadeia apresentada no livreto, enfatizado o desequilíbrio causado pelo distúrbio em cada um dos níveis tróficos. Na coleção de plantas aquáticas, foram apresentadas as adaptações das plantas ao ambiente aquático e sua importância no ecossistema. Foram discutidos os usos destas plantas como filtros biológicos para tratamento de esgotos, comum em sistemas de permacultura. Para visualização dos micro-organismos associados às plantas, uma amostra de água e de raiz foi levada ao laboratório para observação no microscópio ótico a partir de um exame a fresco, o que permitiu conhecer alguns componentes da comunidade planctônica. Finalmente, foram visualizadas as etapas da produção de mudas no viveiro, utilizadas para recomposição da reserva florestal e de áreas externas, de sitiantes e áreas desmatadas. Foi dialogado sobre a importância da manutenção da diversidade das espécies nativas no processo de recuperação de uma área degradada. Após as atividades realizadas no MHNJB, os alunos reescreveram as redações, incentivados a se apropriarem dos termos que foram introduzidos e contextualizados durante as aulas e o campo. O objetivo foi moldar melhor a percepção dos alunos sobre a temática ambiental, onde a personagem não tivesse a opção de partir e, sim, permanecer no lugar, restaurá-lo e preservá-lo para retornar à dinâmica natural do bioma, recuperando a área degradada. Os alunos foram instigados a usar a criatividade e desenvolver um texto e desenho que expressasse os processos de recuperação da área degradada pelo Seu Juca, um modo de convívio no espaço com uso consciente dos seus recursos. Para cada aluno, foi reproduzido um livreto individual, no qual as redações e desenhos foram transcritos e encadernados por eles mesmos. O trabalho culminou no evento escolar “Dia da Solidariedade” (equivalente a uma feira de Ciências), quando foi realizada uma manhã de autógrafos, na qual os livros foram expostos à comunidade escolar e familiares dos alunos. O projeto e seus produtos também foram apresentados pelos estudantes na I Feira Interinstitucional de Ciências Aplicadas e Tecnologias (FECATEC), realizada pela Estação Ecológica da UFMG e pela Secretaria Municipal de Educação, Belo Horizonte, MG. Ao avaliar a proposta pedagógica, foram utilizadas duas estratégias: leitura e análise dos objetos (redações e desenhos) e entrevistas com os professores participantes. Para a primeira estratégia, foi necessário o estabelecimento de algumas características estruturadoras que se esperava encontrar nas grafias dos alunos, tais como: apropriação dos termos e conceitos adequados para expressar as ideias e processos; compreensão das relações de causa-consequência das transformações ambientais apresentadas nas imagens; entendimento do real motivo do abandono do local pelo Seu Juca. Já as entrevistas semiestruturadas com os professores que participaram do projeto, tiveram o objeto de indagá-los não apenas sobre o desempenho dos alunos, mas também sobre seu processo de formação profissional ao longo do desenvolvimento do trabalho. Também foram colhidas as percepções subjetivas pela equipe do JBVAE, utilizadas para complementar esta avaliação. RESULTADOS De modo geral, a participação do corpo docente no desenvolvimento do projeto foi modesta e descontinuada, com exceção do professor de Ciências, o qual se integrou efetivamente à equipe. A tímida adesão à proposta de trabalho pode ser justificada de diferentes maneiras, seja pela dificuldade dos professores em participar de projetos de maior fôlego pelas muitas atividades do dia a dia escolar ou pelo próprio interesse. Se por um lado a necessidade da adoção de tecnologias educativas alternativas, participativas, transformadoras e emancipatórias é eminente na nossa sociedade, a ruptura com a conformidade e normalidade do método transmissivo e conservador de educação é um desafio enfrentado pelos educadores, frente aos entraves do sistema educacional vigente no país (RANCIÈRE, 2002). Além disso, a identificação com propostas pedagógicas que venham a contribuir para a promoção da educação ambiental tendem a ser maior entre os docentes das áreas de Ciências, Biologia e Geografia, apesar do seu caráter transversal e integrador (BRASIL, 1998 e BRASIL, 2012). Dessa maneira, apesar da dificuldade e até resistência encontrada por alguns professores em participar do projeto, vislumbramos o apoio e a vontade de integração da maior parte do corpo docente em discutir aspectos importantes da educação ambiental com os alunos das séries iniciais. Alguns levaram essa temática mais ampla para as aulas de Língua Portuguesa, História e Matemática. No plano discente, observamos diferentes níveis de motivação entre os alunos, o que pode estar relacionado com o contexto sócio-educativo de cada indivíduo. Coube aqui contemplar o aperfeiçoamento deles com a temática ambiental. Embora a maioria desenvolvesse de forma superficial sobre o assunto, alguns chamaram atenção pelo ímpeto na reescrita e apropriação da linguagem como expressão de compreensão das práticas do projeto. “Seu Juca se aproveitando do lugar, consumia os peixes do lago, árvores e outros animais, trouxe um animal que não pertencia à fauna daquele local, capturou pássaros e comprou agrotóxico. Seu Juca construiu outras casas, mas era pra vender, uma fábrica que poluía o rio. Ele tentando reverter a situação só piora, planta árvores que não fazem parte da flora da região. O rio morreu, já não era mais um rio, era um esgoto.” (Aluno da turma X) “...Dias depois de chegar, o Rato já estava com alguns projetos prontos, duas casinhas, madeira no chão e árvores cortadas, o rio já estava um pouco poluído e os bichinhos iam morrendo, como o zooplâncton e o fitoplâncton que são algas e pequenos animais que vivem nos rios. Cada dia que passava, a fazenda mudava mais um pouco, já não tinha mais mata, fábricas foram construídas e casas também, o lago já estava praticamente todo poluído, havia apenas um peixe, mas ele não conseguia respirar porque não tinha mais água limpa. Então o Rato viu que não tinha feito uma coisa muito boa, mas precisava de muito mais do que tinha feito.” (Aluna da turma Y) Todos os alunos foram capazes de observar e apontar as alterações promovidas por Seu Juca no espaço. Em geral, as redações se apresentaram muito mais descritivas do que propriamente reflexivas e críticas. Em relação aos cursos d’água, por exemplo, foi observado que os alunos não conseguiram entender a dinâmica dos fluxos superficiais, caracterizados por serem vistos acima do solo, como também dos fluxos subperficiais, conceituados a partir do movimento do corpo d’água abaixo do solo, embora em campo e nas aulas teóricas esse assunto tivesse sido discutido com os próprios. Além disso, um dos exemplos mais didáticos para essas afirmações é o modo como é expresso, através das redações e dos desenhos, o processo de como o agrotóxico é carreado para o rio. Uma minoria concebeu que a precipitação é a causa para o transporte dos sedimentos, contudo, os alunos em totalidade acreditam que a chegada do agrotóxico ao rio é devido ao derramamento direto do insumo agrícola e não sua infiltração com a contaminação dos níveis freáticos. Mesmo os desenhos sobre a recuperação da área demonstram o Seu Juca removendo o recipiente de agrotóxico de dentro do rio, onde deveria somente conter o líquido do defensivo agrícola (Figura 3B). Isto pode resultar também da representação da lata do agrotóxico dentro do corpo hídrico em uma das imagens do livreto, levando a interpretações indevidas (Figura 1C). Na primeira redação, a perspectiva dos alunos em relação às alterações sofridas pela fauna nativa se restringe à ação direta do homem, por exemplo, os peixes do lago morrem ou desaparecem devido à pesca, ou os pássaros desaparecem pelo aprisionamento em gaiolas. Inicialmente, não consideram a ação indireta dos demais processos envolvidos, como o uso dos agrotóxicos, a perfuração de poços artesianos, abertura de loteamentos, entre outros. Figura 3. Desenho dos alunos da área recuperada pelo “Seu Juca”. A- ausência de biodiversidade da fauna e flora, morfologia homogênea, B- personagem retira lata de agrotóxico de dentro do rio; presença de biodiversidade da fauna e flora, múltiplas morfologias. A B Em algumas redações, na segunda escrita, é possível observar uma alteração de perspectiva, que consiste no entendimento do conceito de eutrofização dos corpos d’água e seu impacto no ecossistema fluvial, assim como a migração forçada das aves pela retirada da cobertura vegetal nativa e a consequente escassez dos alimentos. As redações e desenhos demonstram que os peixes re-habitam o lago com a extinção do despejo de remanescentes dos processos industriais neste ambiente, além do esgoto doméstico e do agrotóxico, levando à interpretação que a causa da morte é exclusivamente por envenenamento, desconsiderando os baixos índices de oxigênio dissolvido na água, causados pela eutrofização (THOMANN & MUELLER, 1987) e os impactos no nível dos produtores da cadeia alimentar aquática, causado pelo aumento da turbidez da água, por exemplo. Relacionado às aberturas de rodovias, aparece como mais uma das possibilidades de interpretação dos fenômenos que ocorre no livreto. Embora não fosse esperado por nós que o aluno realizasse reflexões sobre tal assunto, já que não trabalhamos os significados e teorias da rua no urbano. A compreensão dos discentes com as rodovias não foge do normal de turmas do 5º ano. Pensam no asfalto como objeto de conforto para o tráfego de pessoas e veículos, via de passagem que leva a outros lugares. Há possibilidade de desenvolver no discente a percepção da rua enquanto necessidade de escoar as produções industriais, fluxo de mercadorias que abastecem as demandas populacionais. Aperfeiçoar o entendimento da rua usurpada do fazer política e dos direitos políticos, objeto restrito primordialmente à (re)estruturação guinada pelo consumo, esquecida como socialização dos sujeitos no urbano. Em relação ao replantio das mudas, dois fatos nos chamaram atenção. Primeiro, na maioria dos desenhos há uma área que os estudantes chamam de “casa das plantas”, “casa de preservação” entre outros termos que alude à visita ao “Viveiro de Mudas” e as conversas tidas naquela oportunidade, além de representarem as mudas em estágio de crescimento separadas da mata ou inseridas com outras árvores na área que está sendo recuperada. Assim, apontam para a relevância das estruturas de manutenção das mudas nativas (Figura 3A e 3B). Porém, o segundo fato é que o replantio das mudas é homogêneo na área degradada, ou seja, representam somente uma morfologia arbórea, mesmo exibindo a eles diversas espécies de árvores no “Viveiro de Mudas” do MHNJB. Ao desenharem, grafaram o equivalente a uma monocultura como mostra a última página do livreto (Figura 1C) quando a mata do lado esquerdo é substituída por cultivo de folhosas exóticas, supostamente eucalipto. Apenas poucos conseguiram representar a biodiversidade local (Figura 3A e 3B). Em diversos textos, há trechos que expressam a ideia de que não é possível preservar o bioma com a aproximação do homem e abertura de loteamentos. As ideias carregam o significado de que irão buscar constantemente se apropriar dos recursos naturais com ações tendenciosas à concepção de progresso1. Tendo em vista os aspectos observados, percebe-se que embora haja poucos avanços no entendimento da dinâmica ambiental, em boa parte dos textos dos alunos, há porém uma transposição didática (NEVES e BARROS, 2011) das ideias e conceitos trabalhados tanto em sala de aula quanto na aula de campo para o texto final de tantos outros. Alguns apresentaram resultados satisfatórios, passíveis de observação nos desenhos (Figura 3B) e fragmentos de texto apresentados. O erro gramatical e de escrita foram comuns, fato frequente nessa fase da vida escolar, que contudo não desabona o processo de aprendizagem ou de apropriação dos conceitos e termos utilizados no projeto. CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação ambiental nas escolas frequentemente é abordada sem o contato com os objetos de estudo. O MHNJB/UFMG surge como potencialidade de criar novas possibilidades no desenvolvimento da concepção de educação ambiental para o ciclo básico do ensino 1 Ver na página 7 última frase da citação da aluna da sala Y. regular. Apesar do caráter lúdico da proposta apresentada, foi demonstrado que ela apresenta grande potencial para uso como instrumento alfabetizador em educação ambiental a ser utilizada em diversos níveis de ensino, não apenas nas séries iniciais do Ensino Fundamental. O aperfeiçoamento da escrita e da observação dos fenômenos pelos alunos é essencial para reinventar novas visões críticas que vão de encontro aos processos urbanizadores contemporâneos e ao progresso moderno, intrínseco ao consumo incomensurável e incessante dos recursos naturais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, P. M. B., BARBOSA, F. A. R., ALONSO, R.S., BARBOSA, T. C. R., Seu Juca vai se mudar. Cartilha criada como produto do Programa PELD/UFMG, financiado pelo MCT/CNPq, sem data. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. SEF – Brasília, 1998. BRASIL. Ministério da Educação, Resolução n° 2, 15 de junho de 2012. Disponível em: <www.mec.gov.br>, acesso em 30 jan. 2015. CERATI, T. (org.). O Jardim Botânico vai à escola: a experiência dos Jardins Botânicos Brasileiros. São Paulo: Edição Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo, 2011. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17ª edição, (1ª Ed., 1970), Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. NEVES, K. C. R. e BARROS, R. M. de O. Diferentes olhares acerca da transposição didática. Investigações em Ensino de Ciências. Porto Alegre, v. 16(1), p. 103-105, 2011. RANCIÈRE, J. O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. SIEX/UFMG – Sistema de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais, Projeto O Jardim Botânico vai a Escola, 2014. Disponível em: <https://sistemas.ufmg.br/siex/AuditarProjeto.do?id=26333>, Acesso em 28 jan. 2015. THOMANN, R. V.; MUELLER, J. A. Principles of Surface Water Quality Modeling and Control. Harper Collins Publishers, 1987.