UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO CAMPUS DE RIBEIRÃO PRETO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PROCESSOS DE GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO Docente: Prof. Dr. Alberto Borges Matias Alunos: Jonatas Levi Borba de Souza Carlos Yuji Ribeirão Preto – Abril de 2009 1 JONATAS LEVI BORBA DE SOUZA CARLOS YUJI ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA GESTÃO COMPARADA DO CAPITAL DE GIRO Trabalho apresentado à disciplina Administração Financeira do departamento de administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Docente: Prof. Dr. Alberto Borges Matias Ribeirão Preto – Maio de 2009 2 Sumário Resumo _____________________________________________________________ 4 1- Apresentação da Empresa Tema: Veolia ________________________________ 5 1.1 - Veolia Environnement – História e Formação da Empresa............................................. 5 1.2 – Divisões de Negócio e Locais de Atuação no Mundo ......................................................... 6 1.2.1 – Veolia Water / Veolia Água .......................................................................................... 6 1.2.2 – Veolia Environmental Services / Veolia Serviços Ambientais .................................... 7 1.2.3 – Veolia Energy / Veolia Energia ..................................................................................... 8 1.2.4 – Veolia Transport / Veolia Transportes......................................................................... 9 1.2.5 – Locais de Atuação da Veolia no Mundo ....................................................................... 9 1.2.6 – Informações Financeiras Globais da Veolia Environnement ................................... 11 2- A Veolia no Brasil / Veolia Serviços Ambientais _________________________ 12 2.1 - Organograma da Empresa ................................................................................................. 12 2.2 - Amplitude de Mercado dos Serviços Oferecidos .............................................................. 13 3- Processos da Administração Financeira da Empresa _____________________ 17 3.1 - Processos de Tesouraria e Planejamento Financeiro ....................................................... 18 3.2 - Processos de Contas a Receber e Contas a Pagar ............................................................ 21 3.3 - Processos de Gestão do Capital Empregado (Estoques) .................................................. 22 4 – Perspectivas e Objetivos Financeiros de Curto e Longo Prazo ____________ 23 5 – Opinião dos Autores sobre os Processos da Gestão do Capital de Giro 24 6 – Perfil da Administradora Financeira: Sra. Flávia Schlesinger ____________ 26 II – PARTE – Diagnóstico Financeiro Global, Setorial e da Veolia Environnement (Mundial) nos Últimos 10 Anos 1. Análise Econômica Internacional 29 1.1.EUA 1.2. Zona do Euro 1.3.América Latina 1.4. China 29 31 35 37 2. Análise Econômica Nacional 38 2.1. Segundo Mandato de FHC (1999 a 2002) 2.2. Governo Lula (2003 a 2008) 2.3. Gráficos de indicadores financeiros e econômicos de 1999 a 2008. 3. Análises Prospectivas para os anos de 2008 e 2009 39 43 48 52 3 3.1. – Análise Prospectiva da Economia Brasileira 3.2. Análise Prospectiva da Economia Internacional 52 53 4. Análise Setorial – Saneamento Básico 56 4.1. Características do setor 4.2 Barreiras 4.3. Análise Swot 4.4. Dados do Setor 4.5. Perspectivas para o setor 56 56 56 59 59 5.Análise dos Demonstrativos Financeiros da Veolia Environnement 60 6 – Projeções de Desempenho para 2009 e 2010 66 III – PARTE – Análise da Gestão do Capital de Giro na Veolia Environnement 1 – A Administração do Capital de Giro na Veolia Environnement 68 2 – Parecer sobre a gestão do capital de giro na Veolia Environnement 71 Bibliografia 73 Apêndice 74 Artigo: Working Capital Improvements Go Global 75 4 Resumo Este trabalho tem por objetivo a realização de um diagnóstico detalhado sobre a Gestão do capital de Giro de uma empresa escolhida (Veolia Environnement) bem como o estudo das políticas e processos adotados na administração financeira e do capital de giro de uma de suas subsidiárias (Veolia Serviços Ambientais). É também um objetivo deste trabalho a exposição da opinião da Diretora Financeira da Veolia Serviços Ambientais, Sra. Flávia Schlesinger, sobre a função do gestor financeiro, as características necessárias para a função e seu parecer sobre a grade curricular da Faculdade de Economia e Administração da USP Ribeirão Preto. Para tais fins, foram buscadas informações em diferentes fontes, tanto em publicações econômicas quanto no site institucional das empresas estudadas. Nos demonstrativos contábeis da Veolia Environnement foram buscadas as informações contábeis e financeiras dos últimos 5 anos, bem como outros dados da companhia. Neste trabalho se encontram informações sobre a amplitude de mercado dos produtos da empresa, segmentos de atuação, locais de atuação da Veolia Environnement no mundo e locais das unidades operacionais da Veolia Serviços Ambientais Para o estudo da gestão financeira da empresa, foram buscadas informações sobre os processos das áreas de tesouraria, contas a pagar e receber e planejamento financeiro. Por ser uma empresa de serviços e não operar com a utilização de estoques, foi estudada o processo de gestão do capital empregado. Por fim, contamos com a valorosa e de grande utilidade ajuda da Sra. Diretora Financeira-Administrativa da Veolia Serviços Ambientais, contribuindo tanto com informações referentes à empresa quanto com a sua opinião à respeito da função, atividade e formação do gestor financeiro contemporâneo. Agradecemos a mesma pela disponibilidade. 5 1 – Apresentação da Empresa Tema: Veolia Environnement / Veolia Serviços Ambientais 1.1 – Veolia Environnement – História e Formação da Empresa A Veolia Environnement é uma empresa multinacional francesa atuante na Área de serviços ambientais, sendo uma das líderes em seus diversos setores de atuação. Foi fundada em 14 de dezembro de 1853 com o nome de Compagnie Générale des Eaux (CGE), sob decreto do Imperador Napoleão III. Sua fundação era marcada por dois grandes objetivos: abastecer de água as cidades francesas e irrigar as plantações do país, tendo sido o seu primeiro contrato a concessão do abastecimento de água de Lyon. Apenas 7 anos depois, a companhia obteve um contrato de 50 anos de duração para o abastecimento de Paris. Em 1880 foi feito o primeiro negócio fora da França: a distribuição de água em Veneza, na Itália, obtendo nos anos posteriores contratos para os mesmos serviços em Constantinopla (Istambul, Turquia) e Porto (Portugal). Figura 1 – Decreto Imperial de fundação da Compagnie Générale des Eaux. Fonte: Site Institucional – Veolia Environnement Na primeira metade do século passado foram criadas a Compagnie Générale d'entreprises automobiles (CGEA, especializada na manutenção e operação de frotas de 6 veículos industriais) e a Compagnie Générale de Chauffe (CGC, especializada em sistemas de aquecimento e climatização). Ambas vieram a ser adquiridas pela CGE na metade seguinte do século XX Em 1975 a CGE criou a SARP, empresa de tratamento e reciclagem de resíduos de risco, que se tornou rapidamente a o primeiro centro de tratamento europeu de lixo tóxico. Finalmente, em 1999 foi criada a Vivendi Environnement, empresa que agrupava todas as divisões dos negócios anteriormente descritos bem como outras companhias adquiridas (Onyx, do setor de Gestão de Resíduos, Dalkia, do setor de Energia, e Connex, de Transportes). Em 20 de Julho do ano 2000 a Vivendi abriu seu capital listando suas ações na bolsa de valores de Paris, com a Vivendi Universal sendo a principal acionista, detendo 70% do capital. A listagem de suas ações na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) se deu em Outubro de 2008. Em Dezembro de 2002 a participação da Vivendi Universal na Vivendi Environnement foi reduzida para próximo a 20%, tornando assim a Veolia uma empresa independente. Em 2003 a organização teve seu nome alterado para Veolia Environnement. Com o intuito de aumentar a visibilidade da marca, em 2005 as quatro divisões da empresa (Water, Environmental Services, Energy e Transportation) passaram a operar sob um único nome, Veolia. 1.2 – Divisões de Negócio e Locais de Atuação no Mundo A Veolia Environnement possui 4 grandes divisões de negócio: Água, Energia, Serviços Ambientais e Transporte. 1.2.1 – Veolia Water / Veolia Água A Veolia Água (Veolia Water) é especializada em soluções de tratamento e distribuição de água e esgoto, tanto para clientes públicos (municípios e governos) quanto para clientes corporativos (indústrias e congêneres). É a divisão mais antiga da empresa, com mais de 150 anos de existência no gerenciamento de água e esgoto sob parcerias público-privadas 7 Está presente em 57 dos 67 países onde a Veolia possui subsidiárias, provendo aos seus clientes serviços de redução do desperdício, proteção da saúde, aumento da produtividade de usinas de tratamento e dutos de distribuição e conservação da água. As Prioridades da Veolia Water no mundo hoje são: Buscar oportunidades de crescimento, principalmente na Europa, Asia e Oriente-Médio. Continuar seus esforços para aumento da eficiência Desenvolver analiticamente e por meio da pesquisa ferramentas para perseguir e assegurar a performance de sua rede tecnológica. Sendo uma das principais players mundiais, a Veolia Water possui alguns dados globais consideráveis: Líder mundial em serviços de tratamento de água. 10,9 Bilhões de euros de Faturamento 82.900 colaboradores em 60 países. Disponibilização de Água potável e serviço de Esgoto para 132 Milhões de pessoas. 1.2.2 – Veolia Environmental Services / Veolia Serviços Ambientais A divisão de Waste Management gerencia os processos relacionados aos resíduos sólidos de seus clientes públicos e corporativos, da logística ao tratamento dos resíduos, cobrindo todo o ciclo relacionado ao descarte de resíduos, incluso também serviços de limpeza urbana, limpeza e preparação de terrenos, coleta, seleção, transferência, tratamento, reciclagem e reutilização. Suas atividades incluem também a triagem de resíduos de risco, compostagem, terraplanagem, e tratamentos físico-químicos, bem como a conversão de lixo em energia, material orgânico e matéria-prima reciclada. Os Objetivos primários Veolia Serviços Ambientais são: 8 Reduzir a quantidade de resíduos poluentes, para mitigar os danos ambientais causados pelo aumento da produção de lixo. Incentivar a reciclagem e reutilização, como pré-requisitos para o crescimento futuro. Tal qual a Veolia Água, a Veolia Environmental Services também é uma das principais empresa do mundo no segmento em que atua: Número Um global em gerenciamento de resíduos. 9,2 Bilhões de Euros de Faturamento 100.100 Colaboradores em 33 Países 66 Milhões de Toneladas de resíduos tratados. 1.2.3 – Veolia Energy / Veolia Energia A Veolia Energy é a divisão da Veolia que oferece serviços de otimização na eficiência energética de seus clientes corporativos e governamentais. Atendendo pelo nome de sua subsidiária Dalkia, tem como proposta tornar as plantas de produção de energia de seus clientes mais eficientes tanto energeticamente quanto ambientalmente, promovendo a redução nas emissões de CO2. Suas atividades incluem projetos de climatização (aquecimento e resfriamento), utilidades industriais, instalação e manutenção de equipamentos de força e controle climático e iluminação pública. Suas prioridades são: Continuidade do crescimento nas principais áreas geográficas, incluindo a Europa, América do Norte e China. Ampliar a pesquisa e desenvolvimento do tratamento de emissão de poluentes e projetos de captura de carbono. E essa divisão também possui números consideráveis sobre sua operação: Líder européia em serviços relacionados à energia. 6,9 Bilhões de Euros de faturamento. 54.400 colaboradores em 39 países. 9 1.2.4 – Veolia Transport / Veolia Transportes A Divisão de serviços de transporte público da Veolia surgiu após a aquisição da Connex, e tem como atividade o oferecimento de serviços de transporte urbanos municipais, regionais e nacionais aliados à redução de emissões de gases do efeito estufa e melhoria da qualidade de vida, utilizando todos os tipos de veículos (Ônibus, trem, metrô, trolleys, taxis, etc.) A Veolia Transport também foca em clientes industriais, incluindo linhas ferroviárias, serviços aeroportuários e logística industrial. Seus objetivos prioritários são: Manutenção de um crescimento estável, concentrado em algumas regiões como França, Europa Central, Alemanha, Austrália e Estados Unidos. Crescimento contínuo do negócio de cargas, com a abertura do mercado europeu indo para sua segunda fase. Preparação para a competição irrestrita no mercado de transporte de passageiros na Europa. Abaixo seguem alguns números da Veolia Transport que confirmam sua amplitude global de atuação: Operadora de serviços de transporte de passageiros por vias terrestres número um na Europa. 81.600 colaboradores em 30 países. 5,6 Bilhões de Euros em Faturamento. 2,7 Bilhões de Euros em transporte de passageiros. 1.2.5 – Locais de Atuação da Veolia no Mundo Hoje a Veolia é uma das empresas francesas mais globalizadas, presente em 67 países nos 5 continentes. Apesar da larga presença global, a Veolia procura adotar uma estratégia de crescimento seletivo, focando em áreas de crescimento econômico rápido e boas perspectivas de desenvolvimento. 10 A Veolia se concentra, fora da União Européia, em alguns países cuidadosamente selecionados da Ásia, como a China, e grandes mercados com um potencial considerável porém que até hoje não foram muito receptivos com o gerenciamento de serviços ambientais por empresas privadas (como os Estados Unidos). Continente País Continente País Continente País Africa Armenia Africa Burkina Faso Asia China Europe Czech Republica Asia Hong Kong Europe Denmark Africa Chad Asia India Europe Estonia Africa Egypt Asia Indonesia Europe Finland Africa Gabon Asia Japan Europe France Africa Israel Asia Kazakstan Europe Germany Africa Lebanon Asia Macao Europe Hungary Africa Morocco Asia Malaysia Europe Ireland Africa Niger Asia Philippines Europe Italy Africa South Africa Asia Singapore Europe Latvia Africa Tunisia Asia South Korea Europe Lithuania Africa United Arab Emirates Asia Taiwan Europe Luxembourg America Argentina Oceania Australia Europe Netherlands America Brazil Oceania New Caledonia Europe Norway America Canada Oceania New Zealand Europe Poland America Chile Europe Austria Europe Portugal America Colombia Europe Belgium Europe Romania America Guyana Europe Bulgaria Europe Russia America Mexico Europe Croatia Europe Slovakia America Puerto Rico Europe Czech Republica Europe Spain America United States Europe Denmark Europe Sweden America Venezuela Europe Estonia Europe Switzerland Europe United Kingdom Tabela 1 – Países onde a Veolia Environnement está presente (Em Inglês). Fonte: Site Institucional – Veolia Environnement 1.2.6 – Informações Financeiras Globais da Veolia Environnement 11 Capital de Giro nos últimos 5 Anos: Capital de Giro da Veolia Environnement: Ano 2004 2005 2006 2007 2008 Valor (Em Milhões de €) 247,4 348,7 431,9 354,0 523,4 Tabela 2 – Capital de Giro em 31 de Dezembro nos últimos 5 Anos (Fonte: Relatórios Contábeis) Faturamento Mundial nos últimos 5 Anos: Faturamento Anual: Veolia Environnement Ano 2004 2005 2006 2007 2008 Valor (Em Milhões de €) 22.500,3 25.244,9 28.620,4 31.932,2 36.205,5 Tabela 3 – Faturamento Anual em 31 de Dezembro nos últimos 5 Anos (Fonte: Relatórios Contábeis) Número de Colaboradores do Grupo Veolia no mundo: 12 Número de Colaboradores do Grupo Veolia Ano 2004 2005 2006 2007 2008 Número de Pessoas 235.521 241.627 260.088 284.072 297.965 Tabela 4 – Número de Colaboradores em 31 de Dezembro nos últimos 5 Anos (Fonte: Relatórios Contábeis) Capital Social Registrado e Subscrito: Estrutura do Cap. Social (Milhões de Euros) Share Capital (Capital Social) Additional Paid-In Capital 2008 2.362,90 9.197,50 2 – A Veolia no Brasil / Veolia Serviços Ambientais A Veolia está presente no Brasil com 3 de suas 4 divisões: Veolia Água, Veolia Energia (por meio da subsidiária Dalkia) e Veolia Serviços Ambientais, sendo esta ultima a que abordaremos com maior ênfase neste estudo. Atuando no país há 12 anos, a Veolia Serviços Ambientais possui 210 colaboradores distribuídos em suas três operações: Unidade Sasa, localizada em Tremembém, Unidade Resicontrol, localizada em Sorocaba e a Unidade Osi, em São Paulo capital. No último ano a empresa obteve um faturamento de 82 Milhões de reais. A Veolia Serviços possui as certificações ISO 14001, de segurança ambiental, e a OHSAS (Occupational Health and Safety Assessment Series) 18000, relacionada à saúde e segurança ocupacional, e conta com o suporte tecnológico e as inovações desenvolvidas nos centros de pesquisa do Grupo Veolia Environnement. 2.1 – Organograma da Empresa 13 A Veolia possui sua direção estruturada tradicionalmente, com as direções das diferentes áreas de negócios se reportando hierarquicamente ao presidente local. Existem também o reporte funcional de algumas áreas para direções internacionais ou na Matriz. Existem na empresa as seguintes direções: Diretoria Comercial Diretoria de Operações Diretoria Financeira e Administrativa Diretoria de Recursos Humanos Diretoria Técnica e de Desenvolvimento Figura 2 – Organograma do Corpo Diretivo da Veolia Serviços Ambientais 2.2 – Amplitude de Mercado dos Serviços Oferecidos A Veolia oferece no Brasil uma variada gama de produtos, sendo possível dizer que ela possui atuação em todo o ciclo de gerenciamento de resíduos, de variados tipos e procedências. A Veolia Serviços Ambientais oferece os seguintes serviços no país: Tratamento e Disposição Final de Resíduos, Co-Processamento, Gestão Global de Resíduos, Remediação de Áreas contaminadas, Sistema de Armazenamento Temporário, 14 Análises Laboratoriais, Limpeza e Descontaminação de Dutos e Tanques e Outros Serviços Especializados. O Serviço de tratamento e disposição final de resíduos, para o qual a Unidade Sasa é especialista, envolve resíduos de origem industriais, domiciliares, comerciais e de coleta pública. A Planta da Sasa, situada em Tremembé, conta com células específicas para cada tipo de operação. Os procedimentos foram avaliados pela CETESB e certificados pela ISO 14001, o que atesta o compromisso da empresa com a preservação ambiental. Todas as células para disposição final de resíduos foram construídas com um seguro sistema de impermeabilização completa, protegendo integralmente o solo e os lençóis de água subterrânea de qualquer contato com afluentes. O compromisso com o meio-ambiente é firmado não apenas por meio de investimentos em tecnologia, mas também por meio da conscientização de todos os colaboradores envolvidos nas operações. Figura 3 –Vista parcial da Unidade Sasa (Fonte: Site Institucional – Veolia Serviços Ambientais) A Unidade Resicontrol,situada em Sorocaba, é especializada em outro serviço oferecido pela empresa: o de Co-Processamento, que consiste na utilização de resídos industriais para fins de aproveitamento energético durante sua destruição. Ou seja, a utilização de resíduos como sendo combustível. A Empresa possui alguns negócios importantes como o co-processamento de resíduos em fornos para a produção de cimento (Única empresa no país a fazer tal modalidade de co-processamento) na Cia. De Cimento Ribeirão Grande, na cidade de Ribeirão Grande. 15 A Resicontrol foi a introdutora no Brasil do conceito de “Blend” (Mistura Homogênea), que permite a utilização de resíduos industriais como combustível alternativo para substiuição de combustíveis fósseis não-renováveis. Tal substituição, quando aliada à uma grande escala e regularidade no fornecimento, possui grande eficiência. Já o serviço de Gestão Global de toda a cadeia de valor do resíduo é a especialidade da Unidade Osi, onde o gerenciamento estruturado abrange desde a geração até a adequada disposição final dos detritos. O Conjunto de atividades da Gestão Global garante o controle e o inventário da geração dos resíduos, sua caracterização e classificação, licenciamentos e interface com organismos ambientais, operações de segregação, armazenamento temporário, coleta e transportes interno e externo, tratamentos e destinação final, monitoramentos, auditorias externas em empresas terceiras e qualificação de fornecedores, emissão de certificados de destinação de resíduos, treinamentos e operação de centrais de resíduos, incluindo o fornecimento de mão-de-obra, equipamentos apropriados e seguros ambientais. O Serviço de Gestão Global do resíduo pode ser customizado para a necessidade de cada cliente, e utilizado tanto para a geração diária quanto para a geração esporádica de detritos. As Atividades da Unidade Osi não estão limitadas somente ao momento após a geração dos resíduos, pois a empresa busca atuar diretamente onde estes são gerados: o processo de produção. Por meio da união de tecnologia e Know-How de operações e processos industriais, a Unidade Osi orienta seus clientes para que reduzam a geração de resíduos e para que sejam adotados sistemas operacionais alternativos baseados em tecnologias de produção limpas. Em razão da solidez e capacidade financeira do Grupo Veolia, garantem à Unidade Osi não só a participação na concepção dos projetos de gerenciamento de resíduos, mas também a possibilidade de aportar os investimentos necessários para a implementação e operacionalização dos projetos concebidos, tanto pela modalidade BOT – Build, Operate and Transfer, onde a empresa constrói a estrutura e transfere para o cliente, como pela modalidade BOO – Build, Operate and Own, onde a Veolia constrói a estrutura e permanece com ela, prestando os serviços para o cliente a partir da mesma. O Serviço de Remediação de Áreas Contaminadas é oferecido com o suporte tecnológico e experiência desenvolvidos após o tratamento de mais de 2.000 áreas, incluso 16 neste o maior projeto desta natureza na Europa (recuperação da área onde antes havia instalada uma antiga refinaria da AGIP, na cidade de Milão, na Itália, envolvendo o tratamento de 280.000 toneladas de solo. Figura 4 –Remediação de antiga área da AGIP, em Milão, Itália (Fonte: Site Institucional – Veolia Serviços Ambientais) O Serviço de Armazenamento Temporário é oferecido à partir de uma área exclusiva para tal fim na Unidade Resicontrol.Esta área preparada previamente para tal fim é fechada e possui sistema de combate a incêndio, vigilância 24 horas, áreas impermeabilizadas, bem como outras providências com o objetivo de assegurar aos geradores toda a segurança durante o período em que o resíduo permanece armazenado. Para agregar valor à este serviço, a Unidade Resicontrol não só realiza o recebimento e o armazenamento, mas também a segregação, a caracterização, a seleção dos destinos finais possíveis, o condicionamento dos resíduos a fim de otimizar os custos da destinação e por fim o licenciamento ambiental e o encaminhamento para o destino final. Compartilhado por duas unidades, o serviço de Análise Laboratorial é feito tanto na Unidade Sasa como na Unidade Resicontrol.Tal serviço atualmente está em processo de adequação para obter a certificação segundo a norma ABNT ISO/IEC 17.025 - Requisitos Gerais para Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração. Tal certificação, à ser realizada pelo Inmetro, irá comprovar a implementação de um sistema de qualidade capaz de produzir resultados tecnicamente válidos. As Análises desenvolvidas são dos seguintes materiais: Águas (Superficiais e Subterrâneas) Efluentes Líquidos, Industriais e Domésticos. Solos 17 Resíduos Sólidos Outros Serviços (Análises Físico-Químicas em geral e Agricultura) A Veolia Serviços Ambientais detém também o Know-How em oferecer serviços de Limpeza e Descontaminação de Tanques e Dutos. As soluções Veolia Serviços Ambientais de limpeza de tanques e dutos compreendem todas as fases, desde o planejamento e projeto, destinação ou recuperação dos resíduos, até sua completa descontaminação, garantindo assim risco de explosividade zero, para o caso de necessidade de serviços de manutenção. Tais serviços também se aplicam à drenagem e limpeza de tanques abertos ou dragagem de lagoas de águas oleosas. 3 – Processos da Administração Financeira da Empresa A Gestão financeira da Veolia Serviços Ambientais, gerido pela Diretoria Financeira e Administrativa, possui como responsável a Sra. Flávia Schlesinger. Reportando-se ao presidente local, a diretoria financeira replica a organização financeira da matriz da empresa e segue a política da empresa de adotar as melhores práticas contábeis e a normas da lei Sarbannes-Oxley, já que a Veolia possui ações negociadas em Bolsas de Valores na Europa e Estados-Unidos. Em razão disto, existe o reporte funcional da Diretoria Financeira da Veolia Serviços Ambientais do Brasil ao CFO da Veolia na França. As Funções existentes dentro da Direção Financeira da empresa são Controladoria, Planejamento Financeiro, Compras, Jurídico, Tesouraria, Fiscal e Reporting. 18 Figura 5 –Organograma Funcional da Área Financeira 3.1 – Processos de Tesouraria e Planejamento Financeiro - Gestão das Disponibilidades e Aplicações Os Processos relacionados à gestão de tesouraria e Planejamento Financeiro, onde são definidas as políticas relacionadas às disponibilidades e aplicações da Empresa, são iniciados anualmente durante a elaboração do Orçamento ou Plano de Negócios, que compreende um horizonte de médio prazo de três anos, feito geralmente em maio para ser apresentado e aprovado na França em setembro e implementado no ano posterior. O Plano de Negócios tem sua elaboração iniciada à partir de dados históricos, mais seis meses do ano corrente (aquele em que está sendo elaborador), mais seis meses projetados. Um exemplo seria um plano de negócios à ser apresentado para aprovação na França em setembro de 2009, terá na sua base de dados (financeiros e de mercado reais) informações de janeiro a junho de 2009, e dados de julho à dezembro projetados. 19 No Escopo da gestão de tesouraria, existem dois itens que estão intrisecamente relacionados: O Project Finance e o Capital de Giro. Figura 6 –Composição do Plano de Negócios de Médio Prazo A partir do Plano de Negócios, são verificados quais serão os investimentos em itens permanentes para dar suporte à operação, como: Novas máquinas Expansões industriais Manutenções A partir do faturamento e do custo do serviço, são verificadas a geração de caixa operacional.Neste momento é observado se o caixa operacional será suficiente para cobrir o plano de investimentos ou se será necessário buscar recursos fora da operação para financiá-lo. Sendo a Veolia um grupo multinacional, são analisados os custos de financiamento a partir dos riscos de câmbio e juros, para o caso de a matriz fazer o aporte de capital, que pode ser feito de duas maneiras: Através de capital social Por meio de empréstimos intercompany 20 Ou opta-se, caso os custos sejam menores, pela busca de recursos no mercado financeiro local. Cada investimento feito pela empresa deve seguir uma política de aprovação que inclui: Elaboração de fluxos de caixa descontados Analise de ROI – ou retorno sobre investimento Após tais análises, é determinado o retorno do investimento, e a Veolia Serviços Ambientais, optando pelo padrão do mercado no referente à linha de corte de retorno, opta somente por projetos com expectativa de retorno maiores que 20%. Todos os itens do Plano de Negócios são projetados em um fluxo de caixa padrão IFRS – International Financial Reporting Standards, onde são projetados: Fluxo de Caixa Operacional Fluxo de Caixa de Investimentos Fluxo de Caixa de Financiamentos Por fim, após todas estas projeções, é possível fazer a avaliação da geração de caixa. Deste fluxo geral em padrão IFRS, deriva-se o que é chamado de fluxo de caixa de tesouraria, onde existe uma projeção diária dos gastos e receitas conforme o plano de negócios elaborado anualmente, para um horizonte de seis meses. Este fluxo é atualizado diariamente, e um ajuste fino é elaborado para os meses projetados. Caso haja um descasamento entre as contas da empresa, existe uma conta garantida, ou linha de crédito bancária de curto prazo, cujo custo do capital entra na equação caso venha a ser utilizada. 21 Figura 6 – Fluxo da Definição do Planejamento Financeiro focado na Avaliação da Geração de Caixa 3.2 – Processos de Contas a Receber e Contas a Pagar Os processos de contas a pagar da Veolia Serviços Ambientais seguem as normas e procedimentos recomendados pela Sarbannes-Oxley, refletidos na política do grupo para a área financeira. Ou seja, há um processo de aprovações e verificações em relação ao Plano de Negócios para todos os gastos. As aprovações são dividas em limites de autoridade (controle de alçadas de decisão) conforme os valores. Para as contas a receber o procedimento é semelhante, onde se segue uma política comercial que, a partir do Plano de Negócios, delineam-se os prazos de recebimento, bem 22 como os limites máximos de descontos. Para casos especiais e grandes contratos, é realizada uma análise separada. Nesse ponto é possível incluir o que a Sarbannes-Oxley também determina as questões relativas à controles. Procura-se também reduzir ao máximo o prazo de recebimento e “casar” com o maior prazo de pagamento possível. Desde o advento do plano real em 1995, dificilmente são encontradas formações de preços em empresas B2B onde se incluem juros reais, assim como os prazos de recebimento foram significativamente reduzidos para algumas indústrias. Figura 7 – Fluxo de Contas a Pagar e Contas a Receber 3.3 – Processos de Gestão do Capital Empregado (Estoques) 23 Em razão da Veolia Serviços Ambientais ser uma empresa de serviços, ela não possui estoques para sua operação. No entanto, é possível analisar a política de gestão do capital da empresa, que equivale aos estoques das industrias na medida que ambos representam um dinheiro alocado com vista à retorno futuro. Um exemplo é possível ao descrever a linha de negócios que gere os aterros da empresa. Tal linha aloca uma porção significativa de capital empregado, uma vez que os aterros devem ser construídos para sua capacidade máxima, independente da receita projetada para o próximo período imediato. Transformando em números, quando se constrói um aterro com capacidade para receber 1000 toneladas, e no entanto no primeiro ano são recebidas 250 toneladas, é possível afirmar que o espaço restante é estoque. O objetivo do capital empregado é gerar a maior lucratividade possível para a organização e/ou acionistas. A Afirmação supracitada significa que se existir um capital empregado alto e uma lucratividade baixa, algo no Plano de negócios deve ser revisitado, sendo geralmente a margem de contribuição e os custos fixos. Pode ser também que a política de investimentos esteja alocando recursos para os projetos de baixa lucratividade, assim como pode significar que o prazo de recebimento e pagamento esteja “descasado”, ou os estoques foram constituídos em momento de alta nos preços dos suprimentos. 4 – Perspectivas e Objetivos Financeiros de Curto e Longo Prazo Com a recente mudança no cenário econômico-financeiro global, a Veolia Environnement, a partir de sua matriz na França, redirecionou suas políticas globais de negócio tendo em vista a mitigação e anulação dos impactos da turbulência global em seus resultados. Para tal fim foram traçadas algumas metas globais: Redução de capital empregado em negócios considerados menos estratégicos Redução de despesas fixas Hedge para negócios afetados por preços de commodities. 24 O Objetivo Financeiro da Veolia Serviços Ambientais para o ano de 2009, no entanto, possui uma expectativa de crescimento mínimo de 8%, oriunda do seguinte cálculo: Figura 8 – Cálculo do crescimento esperado para 2009 Já os planos de longo prazo são de no máximo 5 anos, de modo semelhante ao feito em outras empresas multinacionais, onde recebem o nome de 5-Year-Plan ou Long Range Plan. Na Veolia, neste plano se mantém a mesma formulação da meta anual, exibida na figura 8. 5 – Opinião dos Autores sobre a Organização e Processos da Gestão do Capital de Giro Após a cuidadosa observação de todos os dados expostos neste trabalho, foi possível efetuar as seguintes conclusões no referente à organização e processos de gestão do capital de giro da Veolia Serviços Ambientais: A Empresa, ao replicar não somente a estruturação de sua área financeira da Matriz Francesa como também as diretrizes normativas recomendadas pela lei SarbannesOxley em seus procedimentos de controle financeiro, possui um alto grau de 25 clareza, controle e segurança na tomada de decisões financeiras que impactem nas atividades do negócio. A Cuidadosa auferição de dados históricos e projeção de dados futuros para a definição do plano de negócios caracteriza uma empresa comprometida com a continuidade e crescimento de suas operações, bem como o estabelecimento de metas e objetivos para a sua equipe de colaboradores. O Modelo de aprovação de novos investimentos garante não somente que a empresa privilegie aqueles cuja expectativa de retorno é maior que 20% como também contribui, juntamente com a estimação do caixa operacional posterior à definição dos investimentos permanentes, para uma mais precisa projeção do Fluxo Geral – feito em padrão IFRS – e uma posterior avaliação de caixa. Tal processo permite que a empresa disponha de maior segurança, qualidade e previsibilidade na gestão do capital de giro. Em casos excepcionais onde o capital de giro existente não é o suficiente, a empresa dispõe de meios de captação interna, por ser uma multinacional de grande porte, via aportes no capital social ou empréstimos intercompany. Ela dispõe também de meios de financiamento externos, como uma linha de emprestimo bancário de curto prazo via conta garantida. Tal fato garante um resguarde das operações da empresa em situações de imprevisto. Como conclusão geral, pode-se afirmar que a Veolia Serviços Ambientais está alinhada com as mais modernas políticas de controle, apoio e mensuração de impactos de decisões financeiras e possui, na gestão de sua diretoria financeira, uma profissional de boa reputação no mercado e com grande experiência, fator importante para a continuidade do crescimento das operações e atingimento das metas da empresa mesmo em um momento delicado na economia mundial. 26 6 – Perfil da Administradora Financeira: Sra. Flávia Schlesinger A Direção Financeira e Administrativa da Veolia Serviços Ambientais é administrada pela Sra. Flávia M. Schlesinger. Experiente profissional na Área de Planejamento Financeiro, é formada pela PUC-SP, com especializações pela Fundação Getúlio Vargas, Universidade de Pittsburgh (Joseph M. Katz Graduate School of Business) e possui MBA pela Universidade da Carolina do Norte (Kenan-Flagler Business School). Ocupa o cargo de CFO (Directrice Administratif et Financiere) na Veolia Environmental Services desde 2007, tendo atuado anteriormente como diretora financeira da Perkin Elmer e antes deste como Gerente de Planejamento Financeiro da Monsanto. Em 2002 foi reconhecida pela revista Você S/A (Editora Abril) como uma das CEOs do Futuro, reconhecimento que fez com que também aparecesse em reportagens nas revistas Claudia e Nova. 6.1 – Entrevista sobre a Função e Formação do Gestor Financeiro 1 – Como a sra. vê a função de gestor financeiro no mercado de trabalho no atual cenário? Resposta: Anteriormente a crise existia uma procura por profissionais financeiros nas áreas de Aquisições e Fusões, relacionamento com investidores e IPOs. Atualmente, após a crise a procura é por profissionais com o perfil financeiro mais clássico, ou seja, aquele que consegue fazer a gestão dos riscos e recursos financeiros e comunicar os resultados para que a interpretação possa gerar tomada de decisão preventiva e corretiva. Traduzindo – alguém que seja experiente em apresentações de desempenho financeiro e gestão de caixa. 2 – Quais atributos a sra. julga indispensáveis para um administrador financeiro? Resposta: Como falamos entre nós, existe uma diferença entre habilidade e competência. Como habilidade, um administrador financeiro deve ser capaz de agregar e se integrar as 27 áreas operacionais para que tenha conhecimento de riscos e problemas antes que eles aconteçam para que as ações necessárias sejam tomadas. Costumo dizer que ao mesmo tempo em que colocamos controles, não podemos ser o profissional do não, ou as outras áreas jogam os problemas para debaixo do tapete e tomamos conhecimento quando há pouco controle de prejuízo – damage control - a fazer. Queremos participar para que as outras áreas tenham confiança suficiente para nos enxergar como agregadores de soluções. Como competências devem ser experientes em avaliar e implementar controles internos, elaborar planejamento financeiro, profundos conhecimentos de impostos e contabilidade e um networking excelente com instituições financeiras, assim elaborar e apresentar apresentações sobre os resultados. 3 – Quais sugestões a Sra. daria para a melhoria do currículo da FEA-RP/USP nesta área? Resposta: Acredito que jogos de empresa, ou simulação empresarial deveriam fazer parte da grade até o final do curso, e que em cada fase se acumule os conhecimentos para as simulações. Fiz administração de empresas e por isso mesmo acho que são poucas horas de contabilidade. Para quem sai de administração e quer ser financeiro, isso pode ser uma desvantagem. Neste momento, ganha o administrador que se iniciou em uma BIG 4 – ou seja, em empresas de auditoria, pois a administrador que tiver no curso somente 90 horas de contabilidade não consegue ter uma evolução rápida na carreira, sua evolução será mais lenta a não ser que compense com auto-estudo. A empresa não dará este treinamento, pois há no mercado pessoas com background nas BIG 4 e é esperado que o administrador que quer a carreira financeira tenha bons conhecimentos de contabilidade, o que 90 horas restringe. Para fazer uma comparação, somente os cursos de trainee, ou contabilidade básica para uma BIG 4 compreendem de 160 a 240 horas de aulas de contabilidade. Um 28 administrador que iniciou sua carreira em auditoria, após 2 anos terá um mínimo de 640 horas, e estará apto para uma posição de analista financeiro pleno, enquanto o administrador que optar por iniciar por outros métodos estará neste momento em uma função bastante Junior, a não ser que seja autodidata. Neste momento a universidade perde o seu poder de diferenciação – o trainee de auditoria que se forma administrador, no ano de sua formatura tem 640 +90 horas de conhecimento enquanto o administrador tem 90 horas somente. Para a área de finanças a universidade - ou a “marca” acadêmica deixa de ser um diferenciador. Por saber que os conhecimentos financeiros aprendidos em administração são muito superficiais, as empresas e bancos optam por profissionais de contabilidade e engenharia, que por habilidade absorvem conhecimentos contábeis rapidamente... Que concorrem diretamente com o administrador que quer ser financeiro no mercado de trabalho, O mesmo não ocorre nas áreas de marketing e RH, pois somente a faculdade de administração proporciona conhecimentos mais profundos que outras disciplinas. Os melhores gerentes de produto (profissionais de marketing) são aqueles que têm bons conhecimentos de contabilidade e interpretação de demonstrações financeiras, pois conseguem antecipar os efeitos financeiros de suas estratégias. Como conclusão, é importante para o aluno de administração, que deseja ser CFO ou DAF, sair da universidade para seu começo de carreira com conhecimentos e habilidades desenvolvidas para conseguir visualizar os efeitos de suas decisões nas demonstrações financeiras da empresa. Deve ser tão automática esse acionamento de conhecimento teórico como apertar a embreagem de um veículo para mudar de marcha. 29 II – PARTE – Diagnóstico Financeiro Global, Setorial e da Veolia Environnement (Mundial) nos Últimos 10 Anos 1. Análise Econômica Internacional Iniciaremos a segunda parte do trabalho realizando uma análise macroeconômica internacional, enfatizando os principais acontecimentos e tendo como foco 4 países ou regiões distintas: EUA, Zona do Euro, América Latina e China. 1.1.EUA Desde a década de 70 a economia americana é marcada por déficits nas transações com os outros países e crescimento pouco acelerado. Em 1999 ela manteve o seu ciclo de crescimento, bem como em 2000, porém em 2001, sendo influenciado e influenciando o pessimismo do cenário externo, o crescimento econômico dos EUA apresentou acentuada desaceleração, crescendo apenas 0,3%. Gráfico 1 – Crescimento do PIB dos EUA Fonte – IPEA Para Estimular o crescimento interno, evitando uma recessão econômica, as Taxas das Notas do Tesouro norte-americano foram baixadas consecutivamente entre os anos de 2000 e 2003, se tornando uma das mais baixas de todo o mundo, o que estimulou um 30 grande fluxo de saída de investimentos dos Estados Unidos para países emergentes onde era possível obter maiores taxas e conseqüentemente maiores ganhos. Gráfico 2 – Taxas de Juros das Notas do Tesouro dos EUA (% a.a) Fonte – IPEA Esse fluxo de investimentos para o exterior causou uma queda generalizada nas taxas cambiais do mundo todo relativas ao dólar, com a desvalorização deste perante as moedas nacionais. EUA Cotação Dólar x Euro Cotação Yen x Dólar *Projeção 2000 2001 2002 2003* US$0,94 US$0,98 US$1,05 US$1,10 ¥ 114,32 ¥ 131,04 ¥ 118,57 ¥ 135,00 Tabela 1 – Cotação do Dólar em relação ao Euro e ao Yen de 2000 a 2003 Fonte – Global Invest e FMI 31 Em 2001, os Estados Unidos sofreram o forte impacto dos atentados terroristas de 11 de Setembro, em Nova Iorque. Esses atentados trouxeram grandes prejuízos para quase a totalidade dos setores da economia, tendo a própria Bolsa de Nova Iorque (NYSE) fechada durante alguns dias, porém os setores que mais foram impactados pelos atentados foram os relacionados à turismo e transporte aéreo. De acordo com a Agência France Press (01/11/2007, Edição Online), “O número de visitantes estrangeiros para os Estados Unidos teve uma queda de 17%, custando para a América 94 bilhões de dólares em perdas nos gastos de turistas, cerca de 200 000 empregos e 16 bilhões de dólares em taxas não arrecadadas”. No período estudado os Estados Unidos ainda tiveram o grave problema causado pelo estouro de sua bolha imobiliária, que foi a crise do SubPrime, causada por operações especulativas envolvendo as baixas taxas de juros norte-americanas, onde empresas hipotecárias com alta alavancagem (Fannie Mae e Freddie Mac) entraram em sério risco de insolvência, necessitando de ajuda do governo. Até o ultimo dia 27 de Agosto, as ações da Freddie Mac (FRE) já haviam caído 88,35% desde o o dia 2 de janeiro, enquanto as da Fannie Mae já haviam caído 85,94%. As Expectativas quanto a essa crise ainda se dividem entre os que acreditam que os piores desdobramentos já passaram e aqueles que pensam que ainda viveremos um colapso do mercado imobiliário em outras regiões do mundo, influenciados pela situação americana. 1.2. Zona do Euro Introduzido em 1999 como moeda escritural e em 2002 na forma de Notas e Moedas, o Euro é hoje a moeda oficial de 16 dos 27 países da União Européia. Estes países guardam diferenças significativas entre si, mesmo todos eles tendo de atender algumas regras pré-definidas para adesão à EU. 32 Mapa 1 – PIB Per Capita atualizado pela PPP na União Européia. Fonte – Eurostat Data Porém essas diferenças tendem a ser reduzidas com o passar do tempo, já que devido à liberdade de transição de pessoas e de fluxos de investimento com a integração econômica entre os países do Bloco, os países do Leste Europeu estão apresentando crescimentos bem acima da média do outros países da EU, em razão de estes terem menores custos de produção em suas plantas produtivas (principalmente pelo fato de terem mão de obra mais barata). 33 Tabela 2 – Crescimento do PIB dos Países Fundadores e dos Novos membros da UE. Fonte – Eurostat Como pode ser observado na tabela acima, entre 2005 e 2007 os novos membros a União Européia alcançaram taxas de crescimento muito acima da maior parte dos países que foram os primeiros membros e que em sua maioria são economias já desenvolvidas. A Política Cambial européia vem contribuindo para transformar o Euro em uma nova moeda de referência para transações internacionais. Após um período de desvalorização em sua implantação, o Euro passou a acompanhar a tendência das outras moedas mundiais e se valorizar perante o dólar: 34 Gráfico 3 – Taxa de Câmbio Euro / US$ Fonte – IPEA A União Européia, em especial a Zona do Euro, vem apresentando um ciclo de crescimento constante nos últimos anos, com sensível melhora dos indicadores sociais como nível de renda, escolaridade e desemprego, no entanto essa melhora não é tão acelerada quanto nas novas economias emergentes como China, Índia e Brasil. Mapa 2 – Evolução do nível de Desemprego nos países componentes da EU entre Março de 2005 e Março de 2008 Fonte – Eurostat 35 1.3.América Latina Nos últimos 10 anos, os países da América Latina têm se dividido em dois grupos distintos e tomado rumos diferentes, tanto na condução das políticas econômicas quanto das políticas sociais. Países como Chile, Brasil e Colômbia optaram por respeito às políticas aceitas pela comunidade internacional de relacionamento econômico entre os países, enquanto outros membros da América Latina como Venezuela, Bolívia e Equador optaram por regimes com maior poder do estado sobre a propriedade e economia. Obstante o Brasil ainda esteja no primeiro grupo, vale salientar que a participação do estado na economia Brasileira é deveras maior do que nos outros países da América Latina, que tem uma relação de gastos do governo sobre o PIB bem maior do que os outros países latinos. Gráfico 4 – Percentual dos Gastos do Governo em Relação ao PIB Fonte – USAID (United States Agency for International Development) Entre os países que optaram por políticas econômicas voltadas para o comércio internacional e desenvolvimento do seu ambiente interno, o Chile é um dos destaques, pois nos últimos anos vem apresentando consecutiva melhora na maior parte de seus indicadores 36 de renda e sociais, como pode ser visto no Gráfico abaixo: Gráfico 5– Salário Real em Países selecionados na A.L. (Índice 1990 = 100) Fonte - USAID Os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais dos países da América Latina, não obstante as animosidades existentes entre Washington e boa parte dos governos locais, como o Venezuelano e o Boliviano. A Balança Comercial dos EUA com a América Latina é negativa, ou seja, a América Latina está para os Estados Unidos da América na condição de exportadora, como podemos ver pelo seguinte gráfico: Gráfico 6 – Balança Comercial dos EUA com a América Latina (US$ Bilhões) Fonte – USAID Estima-se, portanto, que os países que mantiverem as relações comerciais mais abertas nos próximos anos em setores onde apresentam vantagens comparativas apresentarão ganhos econômicos e desse modo terão melhores desempenhos na Balança 37 Comercial, ao contrário de países que permanecem fechados ou com poucas relações comerciais. 1.4. China No Período dos últimos 10 anos, a China deu continuidade à sua expansão acelerada iniciada na década de 70. Com uma estratégia de expansão nas exportações e crescimento no comércio internacional, a China vem acumulando grandes e crescentes reservas ano a ano. Sendo governada por um partido de orientação comunista, a China vem fazendo grandes progressos para inserção no mercado global, tendo reconhecido em Outubro de 2003, na terceira plenária do Partido Comunista Chinês, o direito à proteção da propriedade privada. No Congresso Nacional Popular de 2006, a China traçou planos de crescimento de 45% no PIB e redução de 20% no consumo de energia até 2010.A Estratégia de desenvolvimento por meio de zonas econômicas diferenciadas, onde é permitida a exploração da iniciativa privada, vem causando uma desigualdade entre o desenvolvimento das diferentes partes do território Chinês, com a Costa tendo índices de desenvolvimento em crescimento acelerado enquanto o Interior permanece sem se desenvolver. A estratégia chinesa de câmbio desvalorizado faz com que o país tenha altíssima competitividade no cenário internacional, se configurando como um exportador à baixíssimos custos, em detrimento de países com câmbio valorizado como o Brasil. 38 Tabela 3 – Crescimento do Produto Interno Bruto Chinês comparado à Taxa de Câmbio Fonte – FMI A Inflação Chinesa teve um pico que causou a desvalorização da moeda em meados dos anos 90, e nos últimos anos os chineses vem experimentando também o temor global de uma alta generalizada na inflação mundial. Gráfico 7 – Inflação Chinesa (%) Fonte – IPEA 2. Análise Econômica Nacional Para analisar a economia brasileira fez-se uma abordagem das principais mudanças ano a ano, de 1999 a 2008, nas políticas econômicas nacionais: Política de Rendas; Política Monetária; Política Fiscal e Política Cambial. Após a compreensão das ações do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, e do governo Lula, os motivos que guiaram a trajetória da economia serão analisados para a formulação de uma projeção macro financeira nacional para 2009 e 2010. 39 2.1. Segundo Mandato de FHC (1999 a 2002) 2.1.1. 1999 O Brasil apresentou nesse período mudanças significativas, no que se refere às políticas cambiais e monetárias, na tentativa do governo de ajustar suas contas públicas. No começo do ano, a taxa de câmbio foi ajustada, tornando-se flutuante, refletindo o esforço do governo de enfrentar a instabilidade internacional. O Banco Central também promoveu uma reforma referente a taxa de juros, que deixou de ser flutuante e passou a ser delimitada pelas autoridades monetárias. No primeiro trimestre, a autoridade monetária passou a fiscalizar diariamente a liquidez bancária, e em primeiro momento promoveu a elevação da taxa de juros e recolhimento compulsório sobre os recursos captados em longo prazo pelas instituições financeiras. A nova política monetária e cambial começou a apresentar os primeiros sinais de recuperação do desempenho macroeconômico nacional no segundo semestre e em Junho foi implantada a política de metas para a variação do IPCA que ficou fixado em 8% para o ano 1999 e 6% e 4% para os anos 2000 e 2001, respectivamente, admitindo-se variações de 2% para baixo ou para cima. O reajuste da tarifas públicas e a majoração dos preços dos medicamentos e dos produtos agrícolas permitiram amortecer os impactos da elevação contínua dos preços de petróleo que sempre tem influenciado a economia do globo terrestre por representar a principal fonte de energia locomotiva, industrial e mesmo de subsistência em muitos países. No terceiro trimestre houve a aplicação da política monetária de redução do intervalo entre o custo do dinheiro e a taxa de juros cobrados pelos bancos na concessão dos empréstimos, fazendo com que as instituições financeiras buscassem uma fonte alternativa de receitas que é o aumento no volume de empréstimos aos setores produtivos da economia nacional. Amparado pela estabilização da inflação, o Governo lançou em Novembro de 1999, os títulos públicos prefixados de longo prazo, permitindo a captação de recursos para a condução da política econômica nacional. 40 O resultado de toda essa política monetária resultou na contabilização de recursos superavitários de 31,1 bilhões para o financiamento do setor público em 1999, equivalente a 3,1% do PIB contra os 0,01% apresentado no ano 1998. Tudo isso adicionado ao balanço favorável dos pagamentos de contas externas, permitiu o melhoramento do índice do risco país. Assim podemos afirmar que a transparência e a boa execução de política econômica praticada ao longo do ano de 1999, comprometida com a estabilização de preços, permitiu superar as repercussões da política cambial flutuante e alcance das metas que serviram para adquirir a confiança da comunidade financeira internacional. 2.1.2. 2000 Ao observar o aumento do PIB em 4,5%, o aumento dos níveis de emprego, a diminuição da inflação, resultados fiscais favoráveis e melhora das contas externas, nota-se que o processo de retomada do crescimento econômico estava se concretizando. A política monetária se mostra compatível ao câmbio flexível, sendo que as taxas de inflação, pelo segundo ano consecutivo, cumpriam suas metas. O aumento de crédito às pessoas físicas, que reflete a intensificação da economia, mostra também um cenário de melhoras para as taxas de juros, que abaixaram, em um ano que as instituições financeiras reafirmaram-se como o canal de transmissão da política monetária. No segundo semestre, a crise de confiança na Argentina e as incertezas em relação aos EUA, foram traduzidas com um aumento na rigidez da política monetária, apesar das condições favoráveis antes relatadas. As taxas de juros decrescentes, além da expansão do crédito, proporcionaram também uma evolução positiva em relação ao mercado de trabalho. O saldo entre contratações e demissões manteve-se positivo, e a taxa de desemprego apresentou uma redução em relação ao ano anterior. Ainda em relação à trajetória dos juros, eles contribuíram também para diminuição do financiamento do setor público.Além disso, o prazo da dívida pública pode ser ampliado para quase o dobro de tempo em relação ao ano anterior. 41 Foram registrados também aumentos nas exportações, que conseguiu contrair o déficit comercial, apesar dos aumentos nas importações e no preço do petróleo. Esse ambiente favorável a economia nacional também foi refletido pela ação de investidores estrangeiros, que realizaram parte do financiamento do déficit em conta corrente. 2.1.3. 2001 O ano começa com grandes perspectivas, devido ao bom comportamento das políticas macroeconômicas, da superação da flexibilização cambial e do funcionamento da política de metas para inflação. Nesse contexto, algumas implicações no cenário internacional, tornaram as boas expectativas quanto à gestão econômica nacional insustentável. Podemos citar como sendo algumas dessas implicações o agravamento da crise na Argentina, os ataques terroristas aos Estados Unidos da América e a crise energética nacional. A política monetária se posicionava na tentativa de estabilizar a inflação. Foi necessário o aumento do recolhimento compulsório, para desestimular a retenção de moeda estrangeira por parte dos investidores do país. A taxa de câmbio sofreu fortes pressões devido às crises externas chegando a moeda nacional a atingir a cotação recorde em outubro de R$ 2,84/ US$. Foi necessária uma intervenção das autoridades para impedir essa excessiva variação do real. Era de se esperar um quadro negativo para a balança de pagamentos, fato que não se concretizou. O País apresentou um superávit de U$2,6 bilhões. Com investimentos externos no país, captação de recursos diversos e renovação do acordo com o Fundo Monetário Internacional, o Brasil terminou 2001 com reservas que atingiram US$35,9 bilhões. Os índices gerais de preços, fortemente influenciados pelas variações nas taxas de câmbio, não conseguiram se sustentar, sendo as metas para inflação corrompidas. Água, esgoto, gasolina e tarifas de energia elétrica são alguns dos preços que foram inflacionados com as crises cambiais. 42 As previsões de crescimento do PIB, que visavam um aumento de 4,5%, comprovaram-se erradas. O Produto Interno Bruto atingiu apenas 1,5% de aumento, devido ao fraco desempenho da indústria nesse ano. A taxa positiva foi sustentada pelo setor agrícola, que apresentou um recorde em sua safra de 99 milhões de toneladas de grãos, um crescimento de 18%. O desemprego também se mostrou satisfatório, apresentando uma contração de 6,2% em seis regiões metropolitanas, de acordo com IBGE. Porém, embora a massa salarial apresenta-se elevações, o rendimento caiu, ou seja, foi deflacionado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, em 3,8%. Embora o PIB tenha apresentado baixo crescimento, o setor público apresentou superávit primário superior ao estabelecido, em decorrência das renegociações das dívidas estaduais e municipais com a União, cortando os desequilíbrios do controle fiscal, possibilitando ao Governo Central uma arrecadação recorde de tributos. 2.1.4. 2002 Novamente um baixo crescimento do PIB: 1,5%, igual ao ano anterior. As explicações se sustentam nas diversas crises mundiais, que criavam um cenário de incertezas nos mercados financeiros, e na corrida eleitoral, que gerava no país uma série de especulações. Esse ambiente de incertezas guiavam a trajetória dos investimentos externos à países desenvolvidos, que contribuiu negativamente para a América Latina que apresentou uma contração do fluxo de capitais privados líquidos de US$47,8 bilhões em 2001, para US$25,2 bilhões em 2002. O superávit comercial apresentou novo crescimento. Mas as taxas excessivamente voláteis de câmbio permitiram uma redução de crédito a investimentos externos. O balanço de pagamentos foi então complementado pela ajuda do Fundo Monetário Internacional. Importante analisar o comportamento das importações nesse período, pois se verifica a evolução da atividade industrial que manteve seu ritmo de crescimento, iniciado ao longo do último trimestre, em contrapartida, as importações de matéria prima e bens de capital mantiveram suas quedas, ligadas ao processo de substituições de importações. 43 Quanto ao câmbio, podemos citar que começou o ano estável, apesar das crises internacionais. Porém essa situação não conseguiu se sustentar, passando a cotação da moeda nacional ultrapassar R$3/US$. Vale ressaltar que apesar da alta do Dólar, a cotação futura da moeda norte-americana situava-se sempre igual ou abaixo da cotação presente, evidenciando a perspectiva de transitoriedade de depreciação do real. O Governo, na tentativa de desestimular a moeda estrangeira no país, promoveu mudanças na legislação cambial e monetária, aumentando as alíquotas do recolhimento compulsório e aumentando a exigência de capital para a exposição líquida em câmbio, medidas que não conseguiram afetar a alta da moeda dólar. As taxas de inflação também refletiram a alta do câmbio, passando os principais índices de preços apresentarem crescimento significativo. A alta da inflação também retratava a escassez de produtos agrícolas. Para frear a inflação, o Banco Central aumentou por três vezes seguidas a meta para Selic terminando o ano em 25%. Finalmente, concluído o processo eleitoral, o Real voltou a ganhar forças, confirmando a perspectiva de transitoriedade da depreciação do real. 2.2. Governo Lula (2003 a 2008) 2.2.1. 2003 O início do novo Governo tem a difícil tarefa de preservar a estabilidade dos preços na economia. Portanto, verifica-se nesse ano a ação das autoridades monetárias de ajustar a taxa Selic e aumentar o recolhimento compulsório. Também há um comprometimento da política fiscal de apresentar superávits primários que assegurassem a sustentabilidade da dívida pública. As medidas das políticas monetárias começaram a apresentar resultados quando a taxa de câmbio entrou em declínio. No segundo semestre, diminuindo o quadro de incertezas no novo Governo, apresentam-se reduções nas taxas de inflação, bem como um aumento nos investimentos e uma maior produção industrial. Marca-se um processo de crescimento da economia 44 nacional, verificando–se aumento no PIB, além de um aumento do nível produtivo e queda na taxa de juros. As exportações mantiveram a tendência de crescimento devido ao bom desempenho nos agronegócios e em alguns ramos da indústria. A balança de pagamentos também se apresentou saudável, devido ao aumento da liquidez internacional a ao declínio da taxa de câmbio. Nota-se nesse ano uma melhora significativa do segundo semestre em relação ao primeiro. Isso se reflete principalmente o aumento de concessões de crédito, de vendas varejistas e desempenho das exportações. Em relação ao crédito, seu aumento se deve a redução nos custos de suas operações. 2.2.2. 2004 Os primeiros meses do ano 2004 são marcados pela preocupação em relação ao índice de inflação, observando-se a continuidade de forte controle governamental sobre a taxa de juros, que se manteve inalterado nas primeiras duas reuniões do COPOM, chegou a variar 0,25% durante dois meses seguidos, porém ficou estabilizado nos quatro meses posteriores em 16% a.a.. A partir de Setembro, houve sensíveis reajustes seguidos da taxa de juros, chegando a encerrar o ano com 17,75%, e toda essa política monetária contribuiu para assegurar a inflação anual em 7,6%, dentro da variável de meta governamental. O ano é marcado pela repetição de dinamismo das exportações, batendo novo recorde de balanços entre as exportações e importações superavitários, ocorrendo também sensível recuperação da economia interna, expansão dos investimentos em bens de capital, redução da dívida pública e crescimento de reservas internacionais. 2.2.3. 2005 O ano 2005 é marcado pela geração de PIB inferior ao 2004, porém destacam-se as melhores condições de créditos aos consumidores, a recuperação dos rendimentos reais e de 45 emprego e principalmente a elevação de financiamentos às pessoas físicas em forma de créditos consignados em folha de pagamento. A política monetária do governo é dividida em dois períodos distintos, havendo a elevação gradual da taxa de juros até a metade do ano, dando continuidade à tendência demonstrada no final do ano anterior, atingindo o pico de 19,75 p.p. no mês de Maio a manutenção desse índice pelos dois meses consecutivos. No mês de Agosto iniciou a redução gradual e o encerramento do ano com taxa de 18% a.a.. Repetiu-se novamente, aumento em valores de investimentos, passando de 19,6% do PIB em 2004 para 19,9% em 2005. A queda do risco-Brasil e a evolução favorável da balança comercial permaneceram como principal fator de sustentação da economia nacional, resultando no ingresso cada vez maior de investimentos estrangeiros e conseqüente aumento das reservas internacionais do país. 2.2.4. 2006 Com um cenário benigno para o crescimento, tanto externamente quanto internamente, a economia nacional apresenta uma consolidação de seu crescimento, melhorando as expectativas, expandindo o crédito e aumentando a renda real. As políticas monetária e fiscal se mostram na trajetória certa. A monetária, ainda batalhando pra assegurar à nação uma estabilidade preços, consegue reduzir sucessivamente as metas para Selic, e a fiscal apresenta continuamente superávits primários, mostrando que o Governo conseguiu estabelecer uma boa alocação de despesas e melhoras nas contas públicas. É nesse contexto que o Brasil apresenta um forte crescimento em 2006, fundamentado na crescente da demanda interna, confiante na continuidade do crescimento nacional, nas boas opções de crédito e no aumento salarial. Para evitar a fragilidade nos choques externos, o país aumenta suas reservas internacionais; a divida pública também diminui e o Brasil passou a apresentar uma melhora em seu perfil nas agências de risco. 46 O ano apresentou novamente um saldo positivo na balança comercial, apesar do crescimento das importações, decorrentes da evolução da atividade interna e taxas favoráveis de cambio. 2.2.5. 2007 No ano 2007, observou-se a manutenção do intenso ritmo de crescimento da economia nacional, verificando-se maior dinamismo da demanda interna, aceleração de investimentos em bens de capital e elevação da consumo das famílias. A política monetária agiu de forma mais conservadora do que o ano anterior, mantendo cautela nas redução das taxas de juros que mesmo assim, veio encerrar o ano em 11,25% ao ano. A evolução do consumo interno com a elevação das importações, repercutiram na diminuição da margem de superávits comerciais, porém sem prejudicar a balança de pagamentos, devido ao ingresso cada vez maior de capitais estrangeiros de longo prazo. Vale destacar que a meta de inflação é assegurada também pela estabilização de preços provocada pela importação de bens de capitais e de consumo que contribuiu para equilibrar a oferta e a demanda do mercado interno, fortalecido cada vez mais pela aumento da renda e do poder aquisitivo da população nacional. No final de Agosto, houve o início de turbulência no mercado financeiro internacional, porém as elevadas reservas internacionais consolidadas a partir de 2003, mostraram ser elemento fundamental para resistir a essas oscilações da economia externa. 2.2.6. 2008 O Ano de 2008 começou sob a expectativa dos efeitos de algumas grandes alterações macroeconômicas globais sobre a economia Brasileira. A Crise Hipotecária do Subprime americana, apesar de toda exposição na mídia, não afetou de maneira tão expressiva o país – que ainda vive seu boom imobiliário – quanto as variações das commodities internacionais. 47 O Crescimento acelerado dos preços do petróleo valorizou a maior empresa nacional, a Petrobrás, que apresentou nos anos anteriores crescimento de seu valor de mercado muito maior do que o já acelerado crescimento do índice Bovespa. A obtenção do Grau de Investimento catalisou a entrada de investimentos externos no país, que já vinha crescendo ao longo dos anos. Porém no final da primeira metade do ano, influenciados pelos temores das crises externas, os investidores estrangeiros retiraram grandes volumes de capital dos mercados emergentes, o que resultou em uma queda acelerada da Bolsa de Valores de São Paulo. Gráfico 8 – Investimento estrangeiro em carteira – Ações (US$ Milhões) Fonte – IPEA A Taxa Cambial continua a níveis baixos, forçando a indústria a buscar competitividade e redução de custos para manter o nível de exportações. O Crescimento contínuo da oferta de crédito possibilita ao Brasil melhores expectativas de impulsão no crescimento do consumo, pois de acordo com o Finacial Times (31/08/2008, Edição Online), ao contrário dos outros 3 países do BRIC, já existe no país uma estrutura para concessão de crédito para os consumidores. 48 Gráfico 9 – Operações de Crédito ao Setor Privado (R$ Milhões) Fonte – IPEA 2.3. Gráficos referentes aos principais indicadores econômicos e financeiros de 1999 a 2008. Variação da Taxa de Câmbio 180 160 140 120 100 Variação da Taxa de Câmbio 80 60 40 20 2008.10 2008.01 2007.04 2006.07 2005.10 2005.01 2004.04 2003.07 2002.10 2002.01 2001.04 2000.07 1999.10 1999.01 0 Gráfico 10- Variação da Taxa de Câmbio Fonte:IPEA 49 Taxa de juros nominal - Overnight / Selic 60 50 40 30 20 10 0 1999.01 2000.09 2002.05 2004.01 2005.09 2007.05 Gráfico 11:Variação da Taxa Selic Fonte:IpeaData IPCA 50 40 30 20 10 0 -10 1999.01 2000.11 2002.09 2004.07 2006.05 2008.03 Gráfico 12: IPCA Fonte:IBGE 50 Dívida Pública 2008.01 2007.04 2006.07 2005.10 2005.01 2004.04 2003.07 2002.10 2002.01 2001.04 2000.07 1999.10 1999.01 60 50 40 30 20 10 0 Gráfico 13: Dìvida Pública Fonte: IpeaData PIB - variação anual 6 5 4 3 PIB - variação anual 2 1 0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Gráfico 14: PIB Real Fonte:Ipea Data 51 2008.06 2007.10 2000 2007.02 2006.06 2005.10 2005.02 2004.06 2003.10 2003.02 2002.06 2001.10 19 99 19 .01 99 20 .10 00 20 .07 01 20 .04 02 20 .01 02 20 .10 03 20 .07 04 20 .04 05 20 .01 05 20 .10 06 20 .07 07 20 .04 08 20 .01 08 .1 0 balança comercial 6000 5000 4000 3000 balança comercial 1000 0 -1000 -2000 Gráfico 15: Balança Comercial Fonte:Ipea Data Taxa de Desemprego 15 10 5 0 Gráfico 16: Taxa de Desemprego Fonte:IBGE/PME 52 3. Análises Prospectivas para os anos de 2008 e 2009 3.1. – Análise Prospectiva da Economia Brasileira Assim como outros países emergentes, salientando principalmente os outros componentes do BRIC, a economia Brasileira teve diminuído ou até anulada sua trajetória de crescimento econômico perante às turbulências financeiras globais. De acordo com recente publicação do site Euromonitor (Eghbal, M. 07/11/2008, Edição Online), o principal efeito da crise nos países emergentes, aí incluso o Brasil, seria em razão da queda da demanda por parte de alguns países desenvolvidos onde estão os principais mercados para exportações provenientes dos emergentes. Conforme o site, com a redução da economia global em 2009, os países do BRIC sentirão as conseqüências, à exemplo da China e Brasil que experimentarão uma menor demanda dos Estados Unidos e Europa por suas exportações. A Indústria, que sofreu retração no nível de produção tanto no último semestre do ano passado quanto no primeiro trimestre deste ano, só tem expectativas de uma recuperação mais clara a partir do segundo semestre, conforme pronunciamento do economista chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, publicado pela Agência Estado (07/04/2009, Edição Online). Conforme publicado, com o faturamento da indústria tendo recuado 10,9% no primeiro trimestre de 2009 em relação à 2008, o chamado efeito carregamento, que leva em conta o nível de vendas da indústria no ano anterior, faz com que seja necessário crescer 9,3% de março de 2009 até o final do mesmo ano para que seja mantida a estabilidade (crescimento nulo) em relação ao ano de 2008. 53 Tabela 4 – Expectativas de Mercado para 2009 e 2010 Fonte – Relatório Focus / Banco Central do Brasil Conforme divulgado pelo relatório Focus (Banco Central do Brasil, 03/04/2009, Edição Online), as expectativas de inflação tanto para 2009 quanto para 2010 caíram ou apresentam estabilidade, bem como o câmbio. A redução na expectativa da inflação em partes pode ser atribuída à redução da demanda em razão da crise financeira afetando o consumo. As Expectativas para o crescimento do PIB em 2009 apresentaram significativa redução, mostrando uma deterioração da confiança dos agentes de mercado na resistência do país à crise internacional. Por outro lado, a manutenção do nível das expectativas para o crescimento do PIB em 2010 mostra que é de opinião geral que o país pode se recuperar rapidamente dos impactos das turbulências internacionais. 3.2. Análise Prospectiva da Economia Internacional Após a abrupta redução do crescimento global ao final de 2008 e início de 2009, a principal discussão em termos de macro finanças global é se as economias mundiais estão prestes a entrar em uma fase de recuperação e retorno do crescimento ou se ainda haverão novas turbulências. 54 A Recessão, que é caracterizada por 2 trimestres consecutivos de retração no produto interno bruto de um país, já atinge várias economias desenvolvidas e há algumas expectativas de que ela atinja também alguns emergentes, como o Brasil (Ver Tabela 5). No entanto, apesar do caráter universal da atual crise, é importante salientar que a magnitude de seus efeitos difere quanto ao país atingido. As análises de que os países do BRIC possuíam economias “descoladas” das outras do mundo, no que tange à retração da economia, se provaram erradas. No entanto, esses países construíram ao longo do último ciclo de crescimento algumas vantagens que, no atual contexto, podem fazer com que os efeitos sejam abrandados. As reservas em moeda estrangeira de China (US$1,528 Trilhões), Índia (US$266 Bilhões), Rússia (US$464 Bilhões) e Brasil (US$179 Bilhões) são bastante elevadas, constituindo um instrumento que pode ser usado para evitar eventuais variações abruptas da moeda, principalmente as provenientes de mudanças na balança comercial (não obstante o fato de essa, pelo menos no Brasil, ter uma expectativa de aumento de seu saldo, conforme a tabela 5). Gráfico 17 – Exportações dos países do BRIC por tipo de Economia Fonte: Euromonitor Todo o país do BRIC, à exceção da Rússia, tem como maiores mercados para suas exportações as economias desenvolvidas, de acordo com o gráfico 34, e estas, apresentando 55 uma redução na sua atividade econômica e, por conseguinte em seu consumo, podem vir impactar nas transações internacionais desses emergentes. A Rússia é considerada o país, entre as grandes economias em desenvolvimento, mais vulnerável à crise internacional. Por ser uma economia em grande parte dependente da receita proveniente do petróleo, com a queda dos preços dessa commodity , que foi de US$147 o barril em Julho de 2008 para US$70 em Outubro do mesmo ano , o país perdeu partes significativas de uma importante fonte financiadora dos gastos governamentais. Fora tais fatos a tensões geopolíticas com a Geórgia e os questionamentos sobre a solidez do caráter democrático do governo aumentam a percepção de risco por parte dos investidores internacionais. A Índia tem uma grande parte de seu PIB dependente do setor de serviços, com grande participação daqueles que foram terceirizados e/ou realocados de países desenvolvidos. Com a queda da demanda nos países desenvolvidos, as companhias desse mercado podem ser forçadas à reduzir seus investimentos ou encerrar suas operações. A redução no consumo dos países desenvolvidos também é o principal gerador de preocupação para a China, na medida em que as exportações representaram 35,8% do seu PIB em 2007 (Euromonitor, 07/11/08, Edição Online). A China, bem como os outros países do BRIC, devem buscar na demanda interna, não tão afetada pela crise internacional, a receita perdida com a queda nas exportações, pois mesmo que o crescimento do mercado interno desses países diminua, a tendência é que os mesmos ganhem importância. O FMI revisou suas previsões de crescimento do PIB dos grandes países emergentes , embora a expectativa para todos ainda seja de crescimento. De acordo com a edição de 07/11/08 do boletim online do site Euromonitor, a expectativa de crescimento do PIB da China para 2009 é 9,3%, da Índia é de 6,9%, da Rússia é de 5,5% e a do Brasil, também para 2009, é de 3,5%. Apesar de revistas, essa expectativa do FMI também já se encontra defasa e muitos órgãos e institutos de pesquisa já reduziram novamente a expectativa de crescimento para esses países em 2009. 56 4. Análise Setorial – Saneamento Básico Como foi ilustrada na parte I do trabalho, a empresa analisada Veolia, apresenta vários ramos de atuação, porém aquele que esta sendo abordado para a analise é o setor de serviços ambientais e saneamento básico. 4.1. Características do setor Primeiramente, é importante salientar algumas peculiaridades desse setor de serviços, visto que ele apresenta algumas diferenças significativas em relação a sua provisão e sua regulamentação. Nozaki, Victor Toyoji, em sua tese de mestrado da Faculdade de Economia e Administração de Ribeirão Preto, alerta que os serviços de infra-estrutura em geral possuem regulamentação pública e provisão publica e que o governo surge como fator que intervém na alocação de recursos, atuando sempre em paralelo com o setor privado. Portanto, logo se percebe a importância que o Estado possui nesse ramo de serviços. O autor ainda defende que os principais elementos que proporcionam esse poder aos órgãos públicos são: 1) Bens Públicos 2) Externalidades 3) Monopólio Natural Esses três fatores que compõe o setor de saneamento básico são as características que proporcionam intervenção e atuação do governo. 4.2 Barreiras Podemos citar como barreira de entrada do setor: - Regulamentação do setor O saneamento básico, por possuir as características citadas anteriormente, e também por possuir em sua natureza a saúde da população, não foi alvo das privatizações que foram estabelecidas em outros setores de serviços. Isso pode ser um empecilho para as organizações privadas que tentam entrar nesse ramo de negócios. 57 Outra questão em relação à regulamentação é sua fragilidade e a falta de uma legislação forte que estabeleça corretamente os devidos responsáveis pela atuação, segundo Nozaki. Sabe-se que normas claras e de fácil entendimento são fundamentais para uma atratividade do setor, por essa razão foi estabelecida como barreira de entrada. - Fiscalização e controle O número de entidades que fiscalizam o setor de saneamento básico é extremamente grande, que implica em muitas normas a serem seguidas. Essas, que possuem divergências em suas obrigações, dificultam o trabalho nesse setor. -Custos Os custos na infra-instrutora desse setor são extremamente altos, isso aliado ao numero de normas que devem ser seguidas aumenta ainda mais o investimento necessário para estabelecer-se nesse setor. Há outras barreiras que implicam em uma dificuldade dos órgãos privados adentrarem no serviço de saneamento básico, como um incentivo do governo que não dispõe de recursos suficientes e normas mais modernas que favoreçam o investimento externo. 4.3. ANÁLISE SWOT Visto algumas das características do setor e as barreiras mais perceptíveis, vamos analisar como a Veolia pode melhor tirar proveito desse ambiente, realizando uma analise SWOT. Forças 58 A Veolia Serviços Ambientais é uma das principais empresas do mundo nesse segmento, tendo uma boa imagem internacional e a confiança necessária para relacionar seu nome à qualidade. Fraquezas A pouca visibilidade de seu nome em toda a área nacional, que pode acarretar em perda de demanda para empresas locais e também órgãos públicos. Oportunidades A falta de recursos do governo, principal agente atuante nessa área, como já foi descrito, que irá acarretar em uma privatização desse setor. Ameaças O ambiente jurídico que será sempre um empecilho para esse setor, que carece de normas mais atrativas para um investimento ideal nessa área. Forças e Oportunidades O atual momento de falta de recursos pela parte publica é excelente para Veolia, que pode pegar uma grande fatia do mercado nacional se conseguir mostrar a força de seu nome para a demanda. Forças e Ameaças Cabe a empresas que já possuem uma reputação de boa qualidade no exterior, como e Veolia desenvolver ações para criar condições para uma entrada volumosa de investimentos nesse setor. Fraquezas e Oportunidades Uma divulgação maior da empresa em todo o território nacional, junto principalmente ao poder público, com uma boa gestão de marketing é essencial para conseguir se apropriar do espaço que será cedido pelo Governo. 59 Fraquezas e Ameaças Se conseguir criar condições, aliada a ações publicas, que aumenta a atratividade parar investimentos nesse setor, seu nome conseqüentemente será mais fortemente fixado no pais. Resumindo, a analise SWOT permite identificar uma boa condição para o futuro da Veolia na Brasil, pois as forças públicas já demonstram estar criando melhores condições para o investimento privado no setor, tentando estrutura e modernizar sua legislação e seu ambiente. 4.4. DADOS DO SETOR Empresas de capital aberto SABESP (SP), Casan (SC), SANEPAR (PR), COPASA (MG), SANEAGO (GO) , CORSAN (RS), SANASA (Campinas- SP), CAGECE (CE), CAGEPA (PB), , entre outras. Até 2007, o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) indicou que os domicílios que recebiam a distribuição de água correspondiam a 93%, no entanto, aqueles que possuíam o tratamento de seus esgotos não chegavam a 33%. Ainda em relação a esse órgão, ele indicou uma perda de faturamento no setor de quase 40%, devido a vazamentos e ligações ilegais. O faturamento das estatais nesse ramos de serviços, em 2006 chegou a R$ 22,5 bilhões. 4.5. Perspectivas para o setor Nos próximos anos aguarda-se uma melhora significativa para as empresas privadas de saneamento básico. Embora hoje esse serviço seja realizado principalmente pelas estatais, ajustes fiscais e uma modernização nas normas regulamentadoras do setor irão permitir a participação privada para atender a demanda que, como foi demonstrado, não é atendida corretamente. 60 Um grande volume de investimento, oriundos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é esperado para o setor e para 2009 acredita-se que as empresas mistas e privadas de saneamento demonstrem um crescimento de faturamento de 12,5, pelo crescimento do numero de usuários do serviço e pela diminuição da perda do faturamento, que como foi visto, era muito elevado, alem de um reajuste das tarifas. O ano de 2010, ano eleitoral, espera-se um crescente investimento do PAC no setor, e também uma melhoria da eficiência das organizações, podendo o faturamento crescer até 16% nesse ano, novamente pelo aumento da demanda e não se esquecendo de novos ajustes tarifários. 5 – Análise dos Demonstrativos Financeiros Internacionais da Veolia Environnement Neste capítulo iremos analisar o desempenho financeiro (por meio dos Balanços Patrimoniais e as Demonstrações do Resultado do Exercício divulgados posteriores a 2002) da Veolia Environnement nos últimos, divulgados na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE), bem como por meio de outros relatórios divulgados oficialmente pela empresa. Antes de 2002 a empresa não possuía ações negociadas na NYSE, emitindo suas ADRs a partir daquele ano. Hoje a empresa possui ações negociadas tanto na Bolsa de Paris, compondo o índice CAC 40, quando na Bolsa de Nova Iorque. Gráfico 18 – Receita Bruta consolidada da Veolia Environnement (X1000 Euros) 61 Durante o período analisado a receita da Veolia Environnement cresceu 72,9%, indo de 20,9 bilhões de euros para mais de 36 bilhões de euros em 2008. O único período onde houve um decréscimo na receita fori entre os anos de 2003 e 2004. Depois destes, a empresa continuou a aumentar seu faturamento consistentemente. Gráfico 19 – Custos dos Serviços Vendidos (X1000 Euros) Como natural nas empresas de seu segmento, o custo dos serviços vendidos é a despesa mais significativa da Veolia, e tem comportamento bastante semelhante à curva da receita bruta. Tal fato significa que a empresa não apresentou variações consideráveis em sua margem, mantendo uma lucratividade operacional razoável. Gráfico 20 – Custos com Vendas, Administrativos e Gerais (X1000 Euros) 62 Os Custos gerais da Veolia também apresentam uma curva com alta correlação em relação à receita bruta, indicando que a estrutura da empresa como um todo é bastante enxuta e eficiente e opera conforme sua demanda, sem grandes custos desnecessários. Tal correlação é bastante incomum na maior parte das empresas que oferecem serviços na Europa, em razão de estas terem quadros excessivamente grandes ou pequenos, motivados pelos altos custos de contratação e demissão. Correlação com a Receita Bruta Custos com Vendas e Adm. 85,94% Custos dos Serviços Vendidos 99,67% Lucro Líquido 18,37% Tabela 5 – Correlação com a Receita Bruta Duas das poucas séries das demonstrações de resultados da empresa nos últimos 10 anos que não apresentam correlação significativa com a receita total é Lucro Operacional e o Lucro Líquido, o que indica que a empresa possui variações –podendo ser tanto receitas quanto despesas – posteriores à auferição de seu EBITDA que alteram o comportamento da curva de lucro. Gráfico 21 – Lucro Líquido (X1000 Euros) 63 Ao observar a DRE, nota-se que a despesa que mais afeta o lucro posteriormente ao EBITDA é a amortização do intangível. Concluí-se assim então que, a empresa possuí, como característica singular de seu negócio, grandes valores alocados em ativos intangíveis. Em seu relatório anual tal fato é explicado é descrita a origem dos valores alocados como Goodwill (ou seja, intangível): (€ million) Water - Distribution France Environmental Services - United Kingdom Environmental Services North America Solid Waste Environmental Services - Germany Dalkia France Environmental Services France Solid Waste Water - Central Europe Water - China Water Solutions and Technologies Water - United Kingdom Dalkia Italy Transportation - North America Energy Services - United States Water - Germany (excl. Berlin) Transportation - Passenger services France Water - Berlin Environmental Services - Italy Energy Services - Poland Transportation - Sweden, Norway, Finland Environmental Services - Marius Pedersen Goodwill balances > €100 million as of December 31, 2008 Goodwill balances < €100 million Goodwill As of December As of December 31, 2007 31, 2008 743.2 760.5 644.3 824.2 610.8 567.8 397.5 748.2 338.5 342.8 304.9 179.8 265.6 266.9 247.5 145.5 245.8 206.1 197.4 245.3 184.9 139.9 182.5 145.5 152.6 139.6 137.7 138.8 136.2 117.7 134.4 134.4 125.9 114.6 111.5 71.7 104.8 124.5 100.9 90.0 5,367.2 5,503.8 1,356.1 6,723.3 1,409.4 6,913.2 Tabela 6 – Origem dos Ativos Intangíveis Os Ativos intangíveis da Veolia podem ser de determinadas espécies dependendo do negócio e da divisão em questão, como capacidade disponível de depósitos de resíduos, 64 capacidade disponível de tanques, contratos de longo prazo junto à clientes públicos e corporativos e congêneres. Gráfico 21 – Patrimônio Líquido (X1000 Euros) A Evolução do Patrimônio líquido da empresa nos últimos 10 anos é outro indicador do bom desempenho das atividades da Veolia, apresentando uma evolução quase constante ao londo do período analisado. O único ano marcado por uma queda acentuada foi o ano de 2003, em razão do resultado negativo existente naquele ano. Mesmo em 2008, com o agravamento da crise financeira mundial afetando inúmeros setores da economia, o patrimônio da Veolia Environnement não sofreu grandes impactos. Gráfico 22 – Recebíveis (X1000 Euros) 65 Essa espécie de “blindagem” contra os impactos da crise pode ser resultado de contratos firmados tendo em vista o longo prazo, assegurando assim as receitas da empresa em momentos de turbulência econômica. Ao operar com contratos à prazo, a empresa possui também uma carteira de recebíveis considerável, e também com razoável correlação com sua receita bruta, indicando que as vendas à prazo é a principal modalidade de comercialização da empresa de seus serviços. (millions of euros) Water Environm.Serv. Energy Services Transport. Total Europe of which: France Germany United Kingdom Other Europe United States Rest of the World of which: Middle East Asia Oceania Rest of the World 8.611,40 4.883,50 7.666,00 3.693,90 6.769,00 3.628,20 4.651,40 2.317,30 27.697,80 14.522,90 1.376,70 671,50 1.679,70 612,20 3.334,30 862,10 1.108,80 1.667,70 1.195,60 1.350,40 1.127,70 79,90 57,80 487,90 2.595,10 322,00 358,40 60,60 621,90 128,20 1.584,00 760,40 642,30 24,20 3.165,20 2.955,30 7.054,40 3.045,00 5.462,70 1.026,80 1.335,40 1.136,80 706,00 341,80 109,40 188,40 556,80 61,30 2.707,60 1.728,30 Total 12.557,90 10.144,10 7.449,40 6.054,10 36.205,50 Tabela 7– Regiões de Atuação da Veolia no Mundo A Veolia é uma empresa de atuação global em suas 4 grandes divisões, e em 2008 alguns de seus principais contratos foram firmados em países onde ela está buscando ganhar mercado. Dois destes foram realizados no Brasil: Contrato com a Petrobras no valor de 60 Milhões de Euros e duração de 30 meses para renovação de uma planta de tratamento de esgoto e construção de uma nova planta de re-utilização, e construção de uma unidade de tratamento de “lama” no Paraná. 66 Renovação do contrato com a prefeitura de São Luís do Maranhão para gerenciamento do sistema de iluminação pública da cidade, no valor de 26 milhões de Euros e duração de 5 anos. 6 – Projeções de Desempenho para 2009 e 2010 Em Seu Relatório anual (Form 20-F) a Veolia Environnement divulgou que , como resultado da redução do crédito e da liquidez dos mercados, o acesso a recursos financeiros ficou tanto mais difícil quanto mais caro para a maior parte das companhias. No entando, como resultado da estruturação e dos vencimentos de seus financiamentos, a empresa irá ter nenhuma necessidade de refinanciamento significativa até 2012. Ainda assim, como resposta as dificuldades do atual contexto, estaria sendo implementado um novo plano de redução de custos (2010 Efficiency Plan) designado para adaptar a empresa ao atual cenário de negócios no sergmento de serviços ambientais. Como parte deste programa, foram vendidas as subsidiárias Clemessy e Crystal, da divisão de energia, por um valor de €226,3 milhões. Localidade EUA Europa Outros % das Receitas Prev. PIB 2009 Prev. PIB 2010 8% 76,50% 15,09% -2,80% -4,20% -1,30% 0% -0,40% 1,90% Tabela 8– Variação do PIB Conforme o FMI nas Regiões de Atuação da Veolia Para prever a receita da empresa, utiliza-se uma ponderação da previsão feita por um órgão de pesquisa confiável (neste trabalho, o FMI) do crescimento da Economia da região com a participação que esta região representa no faturamento total da empresa. 67 Localidade % das Receitas Prev. PIB 2009 Receita em 2009 Prev. PIB 2010 Receita em 2010 Outros 8% 76,50% 15,09% Total: 100% Eua Europa -2,80% -4,20% -1,30% € 2.959,74 € 26.534,49 € 5.391,68 0% -0,40% 1,90% € 34.885,92 € 2.959,74 € 26.428,35 € 5.494,13 € 34.882,22 Tabela 9– Variação Previsão do Faturamento da Veolia com Base na variação do PIB Com a previsão da variação da receita total, pode-se afirmar que é possível, com relativa precisão, devido à alta correlação entre receita total, custos de serviços vendidos e custos gerais, prever o lucro operacional da empresa para 2009 e 2010. Valores em Milhões de Euros Receita Bruta Custo dos Serviços Vendidos Custos com Vendas e Admin. Lucro Operacional 2007 2008 2009 2010 € 32.628,20 € 36.205,50 € 34.885,92 € 34.882,22 € 26.929,60 € 30.418,40 € 29.309,74 € 29.306,63 € 3.308,30 € 3.885,20 € 3.743,60 € 3.743,20 € 2.496,90 € 1.951,30 € 1.832,58 € 1.832,39 Tabela 10–Previsão do Lucro Operacional da Veolia Environnement para 2009 e 2010 A Impossibilidade de calcular o lucro líquido surge da imprevisibilidade de estimar o valor da depreciação dos ativos intangíveis da mesma, que variam conforme um grande conjunto de fatores. Conforme a previsão descrita na tabela 10, é possível afirmar que tanto em 2009 como em 2010 a Veolia seguira apresentando lucros, embora reduzidos em relação a 2008. Sendo seu principal mercado de atuação a Europa, esta deverá sentir parte dos efeitos da crise mundial. É possível, no entanto, que a empresa apresente resultados superiores aos aqui previstos, em razão das medidas que já estão sendo tomadas de corte de custos, cãodequação de despesas e busca de eficiência operacional. A empresa também, ao invés em mercados emergentes ainda pouco explorados, busca novas fontes de receitas, e de acordo com o relatório anual do FMI, alguns dos emergentes serão os primeiros países a se recuperar da atual crise financeira. 68 III – PARTE – Análise da Gestão do Capital de Giro na Veolia Environnement 1 – A Administração do Capital de Giro na Veolia Environnement Conforme já descrito na primeira parte deste trabalho, a administração financeira da Veolia Serviços Ambientais (uma das operações locais da Veolia Environnement) replica algumas práticas e estruturas adotadas na matriz francesa. Desse modo é possível afirmar que a gestão do capital de giro na empresa é tratada por meio de procedimentos que resultem uma margem satisfatória de segurança para a continuidade dos negócios, evitando problemas oriundos da escassez inesperada de recursos. Em escala global a empresa trabalha com planos de negócios das suas divisões que, em geral, são compilaões dos planos de negócios aprovados enviados pelas subsidiárias em cada país e região onde atua. No relatório anual de 2008, a empresa divulgou que suas operações geram um significativo fluxo de caixa e que, naquele ano, foi suficiente para cobrir suas necessidades de investimento. Neste mesmo relatório informa-se que a empresa acredita ter capital de giro suficiente para suas necessidades atual. A companhia também afirma ter acesso à fontes de financiamento bancário, títulos internacionais e congêneres. 69 Operating cash flow before changes in working capital Year Year ended % Change ended Current December December 31, 2007 exchange 31, 2008 adjusted rates 1,821.3 1,362.2 1,851.3 1,460.9 (1.6) % (6.8) % Energy Services 755.4 641.8 17.7 % Transportation 292.0 279.3 4.5 % Holding companies (93.6) (69.6) Total from Divisions and Holding companies 4,137.3 4,163.7 (0.6) % Total from Divisions and Holding companies at 2007 exchange rates 4,244.2 Water Environmental Services Financial Operating Cash Flow 26.3 43.4 (39.4)% Operating cash flow from discontinued operations 14.8 12.3 20.3% 4,178.4 4,219.4 (1.0)% Operating cash flow before changes in working capital Tabela 11–Mudanças no Fluxo de Caixa Operacional entre 2007 e 2008 Conforme a tabela 11, a empresa apresentou uma redução no seu fluxo de caixa operacional entre 2007 e 2008 de apenas 1%. Tal mudança pode ser considerada pequena, dado a situação macrofinanceira em que a companhia e o mercado se encontravam. A Divisão de serviços de energia foi a que apresentou maior crescimento em seu fluxo de caixa operacional, com 17,7%, enquanto a divisão de serviços ambientais apresentou um decréscimo de 6,8%. O Fluxo de caixa financeiro da empresa apresentou uma redução de 39,4%, sendo em partes compensada pelo aumento do fluxo de caixa de operações descontinuadas. 70 Gráfico 23 – Índice de Liquidez Corrente da Veolia Environnement O Índice de Liquiez corrente é obtido a partir da é obtido pela divisão do ativo circulante pelo passivo circulante e demonstra a capacidade da empresa de honrar seus compromissos de curto prazo pela execução de seus ativos circulantes para saldar seus passivos circulantes. Portanto, quanto maior este índice, mais saudável a situação da empresa. A Veolia apresentou, durante o período analisado, um índice de liquidez sempre bastante próximo a 0, o que demonstra que os valores de seu ativo circulante e seu passivo circulante são bastante semelhantes. Demonstra também, pela pequena variação deste índice, que eles variam de forma correlacionada. De fato, a correlação obtida entre os valores do ativo ciruclante e do passivo circulante entre 1999 e 2008 é de 79,09%. 71 Gráfico 24 – Disponibilidade (X1000 Euros) Apresentando resultados positivos consistentemente ao longo dos anos, a Veolia elevou o valor das suas disponibilidades, alcançando hoje um valor próximo a 4 bilhões de Euros. Após um pico de crescimento em 2004, seguido de um ajuste em 2005, os valores voltaram a se elevar em 2006, 2007 e 2008. Esse crescimento confirma o exposto no relatório anual, de que as operações da empresa geram fluxos de caixa suficientes para financiar suas próprias atividades. 2 – Parecer sobre a Administração do Capital de Giro na Veolia Environnement Tendo em vista os fatos expostos anteriormente, é possível realizar as seguintes afirmações sobre a gestão do capital de giro na Veolia Environnement: Planejamento anual, com revisões de planos de prazos maiores (qüinqüenais) tendo em vista as mudanças no cenário externo e interno. Operação com histórico de rentabilidade e capacidade de financiar as atividades e investimentos operacionais previstos. 72 Valores crescentes de suas disponibilidades, assegurando alta liquidez de seu ativo. Operação global financiando atividades locais por meio de empréstimos intercompany, possibilitando assim a redução de custos de captação. Contratos de longo prazo como característica do negócio, assegurando receitas futuras e reduzindo os riscos oriundos de variações de mercado. Os riscos existentes relatório anual se referem à não-pagamento de contratos estabelecidos em mercados onde seus clientes públicos apresentam maior estabilidade, em regiões fora da Europa e EUA, bem como riscos de regulamentação, acidentes ambientais e competição do setor, já expostos anteriormente. Como conclusão, pode-se afirmar que o parecer relativo à gestão do capital de giro da Veolia Environnement é positivo, alinhado com técnicas que buscam suprir a empresa de recursos não somente para evitar riscos à continuidade de sua operação como também para fomentar o crescimento de suas operações mundiais. 73 Bibliografia INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Publicações. Disponível em: < http:// ipea.gov.br > . www. Base de Dados. Disponível em: < http://www.ipeadata.gov.br > . UNITED STATES AGENCY FOR INTERNATIONAL DEVELOPMENT. Informações Econômicas sobre a América Latina. Disponível em < http://qesdb.cdie.org/lac/index.html> 'Unwelcoming' US sees sharp fall in visitors since 9/11’ Agência France Press, Edição Online, 01/11/2007, http://afp.google.com/article/ALeqM5gW0k9nzBC6HnafIwxJfGcmXxhGaQ EUROSTAT. Informações Econômicas http://epp.eurostat.ec.europa.eu> BANCO CENTRAL DO BRASIL, http://www.bcb.gov.br/?BOLETIM> sobre a Relatórios Europa. Anuais. Disponível Disponível em < em: < Site Institucional – Veolia Environnement http://www.veolia-finance.com/home.html Site Institucional – Veolia Serviços Ambientais http://www.veolia-es.com.br/home.php Site Institucional – Veolia Water http://www.veoliawater.com/ Site Institucional da Euronext (Bolsa Européia) http://www.euronext.com Site Bloomberg, Seção Índice CAC 40 http://www.bloomberg.com/apps/quote?ticker=CAC:IND Entrevista realizada com a Sra. Flávia Schlesinger, Diretora Administrativo-Financeira da Empresa, em Março de 2009 Revista Você S/A, Editora Abril, Edição Online http://vocesa.abril.com.br/edicoes/68/pgart_03_19022004_30305.shl 74 APÊNDICE Artigo da CFO Magazine sobre melhorias na gestão do Capital de Giro. 75 Working Capital Improvements Go Global After years of lagging behind, European companies finally equal their American counterparts when it comes to average days working capital. Tim Reason - CFO Magazine, 09/23/2004 The end of the financial bubble in Europe was evident last year when a squeeze on balance sheets caused a remarkable 83 percent of European industry sectors to report net declines in working capital. "Europe had a lot of fat, and it was easy to get rid of," says Marc Loneux, REL Consultancy Group's chief financial analyst. Although traditionally better at managing working capital, U.S. companies were already well into a downturn, and couldn't match Europe's burst of performance. Just 59 percent of U.S. sectors reported reductions in last year's CFO survey, and average days working capital (DWC) was reduced by less than one-third of the average European reduction. The 2004 survey once again shows DWC declining in 59 percent of U.S. sectors. This time, however, European performance is on par — 60 percent of sectors reduced DWC. Moreover, the United States and Europe show similar levels of improvement in receivables, inventory, and overall working capital performance. "Clearly, on both sides of the Atlantic there is now a common awareness of working capital best practices," says Loneux. "It's part of globalization." Ironically, globalization may also account for a slight deterioration in results for Dell, long the leader in working capital management. The company saw days sales outstanding (DSO) rise 20 percent, to 32 days. "As we continue our growth outside the U.S., certain countries aren't as robust" when it comes to payment and other practices that affect working capital, notes chief accounting officer Robert W. Davis. (For more on working capital, including a browsable version of 67 industry sectors, see "Off the Shelf: The 2004 Working Capital Survey" in the September issue of CFO.) DSO DIO DPO DWC Change Change Change '03 '03 '03 COMPANY 2003 '02 2003 '02 2003 '02 2003 Chang e '03 '02 United States Total 52.1 -2.6% 31.2 -2.5% 29.6 -0.3% 53.7 -3.9% Total Excluding Auto Mfring. 41.6 -3.0% 31.5 -3.1% 28.6 -1.7% 44.5 -3.9% Total 59.9 -0.5% 35.0 -2.8% 41.8 1.0% 53.1 -3.1% Total Excluding Auto Mfring. 51.1 -1.9% 34.1 -3.4% 41.4 0.7% 43.7 -5.8% Europe 76