ESCOLA POLITÉCNICA

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ESCOLA POLITÉCNICA
DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ENERGIA
AUTOMAÇÃO ELÉTRICAS
Estudo e Análise de Sistemas de Automação
para Gestão de Recursos Hídricos
André Granziera Miyake
André Godoi de Bueno
PROJETO DE FORMATURA/2006
ESCOLA POLITÉCNICA
DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ENERGIA
AUTOMAÇÃO ELÉTRICAS
PROJETO DE FORMATURA / 2006
Estudo e Análise de Sistemas de Automação
para Gestão de Recursos Hídricos
ALUNOS: André Granziera Miyake
André de Godoi Bueno
ORIENTADOR: Sergio Pereira
COORDENADOR: Dorel Ramos Soares
SUMÁRIO
1. OBJETIVOS...............................................................................................................................................
2. METODOLOGIA UTILIZADA .............................................................................................................
3. RESULTADOS OBTIDOS.......................................................................................................................
4. DIFICULDADES ENCONTRADAS.......................................................................................................
5. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................................
ANEXO A – ...................................................................................................................................................
Objetivo
O objetivo desse trabalho é analisar o sistema de distribuição de água da
cidade de São Paulo para encontrar alguns pontos passíveis de melhora em relação
ao aproveitamento dos recursos hídricos. E propor, assim, uma solução automatizada
para a otimização da distribuição de forma que se diminuam as perdas sem atrapalhar
no abastecimento da população.
Importância do Projeto
Sabendo que recursos hídricos são um bem esgotável, estes apresentam
uma crescente tendência a se tornarem de enorme importância econômica e política.
Uma vez que estes recursos são essenciais para a vida humana em qualquer
sociedade, é de extrema importância que quaisquer desperdícios sejam minimizados
de forma a otimizar o sistema de utilização dos mesmos.
A Sabesp, empresa responsável pelo abastecimento de água no Estado de
São Paulo, fornece estatísticas estimadas sobre essas perdas. Estimadas, pois é
muito difícil de obter medições ao longo da linha de distribuição. Assim, esse projeto
visa analisar soluções e equipamentos que possam ser usados pela Sabesp na
supervisão da distribuição de água.
A redução dessas perdas traz benefícios não apenas ambientais como
também econômicos. O tratamento da água é um processo caro e parte dessa água
tratada é perdida na distribuição. Se houvesse uma forma de descobrir trechos da
rede com problemas de vazamento, por exemplo, criar-se-ia um sistema que
diminuísse a distribuição de água por esse ramo e utilizar-se-ia de um outro para o
abastecimento da região afetada. De forma análoga ao que é feito com a distribuição
de energia elétrica.
Metodologias
O trabalho será realizado por meio de intensa pesquisa bibliográfica e
também por meio de visitas técnicas às instalações da Sabesp. Soluções de outros
países também serão pesquisadas e estudadas para uma possível implementação na
cidade de São Paulo.
Na segunda parte do projeto será elaborada uma solução automatizada da
distribuição de água utilizando-se os dados obtidos com a Sabesp e com instrumentações encontradas na pesquisa bibliográfica.
3.2 – Distribuição de Água
A água é um bem essencial a todas as pessoas, assim o abastecimento de
água é uma das principais prioridades dos governos, em especial de países emergentes, onde a situação é menos favorável. No Brasil houve um imenso progresso na
implantação de sistemas de abastecimento de água nas décadas de 1970 e 1980 com
a implantação do PLANASA – Plano Nacional de Saneamento – que permitiu atingir
níveis de atendimento de 90% da população urbana.
Hoje se observa, nos centros urbanos, uma deterioração dos sistemas
antigos, em especial na parte de distribuição com tubulações antigas que apresentam
freqüentes problemas de rompimentos e vazamentos de água, ou mesmo uma saturação (limite de capacidade) em regiões que apresentam um rápido e desordenado crescimento.
A distribuição de água é constituída de várias partes, são elas:
Manancial: lugar de onde é retirada a água para abastecimento, deve
fornecer vazão suficiente para atender a demanda de água e a qualidade dessa água
deve ser adequada sob o ponto de vista sanitário.
Captação: sistema (estruturas e dispositivos) construído junto ao manancial para a retirada de água destinada ao sistema de abastecimento.
Estação Elevatória: conjunto de obras e equipamentos destinados a recalcar a água para a unidade seguinte. Geralmente existem várias estações elevatórias
nos sistemas de abastecimento de água, tanto para recalque de água bruta como para
recalque de água tratada.
Adutora: canalização que se destina a conduzir água entre as unidades
que precedem a rede de distribuição. Não distribuem água aos consumidores, mas podem existir derivações, as sub-adutoras.
Estação de Tratamento de Água: conjunto de unidades destinadas a tratar a água de modo a adequar as suas características aos padrões de potabilidade.
Reservatório: o elemento de distribuição de água destinado a regularizar
as variações entre as vazões de adução e de distribuição e condicionar as pressões
na rede de distribuição.
Rede de distribuição: parte do sistema de abastecimento de água é
formada de tubulações e sistemas de apoio, destinadas a colocar água potável à
disposição dos consumidores, de forma contínua, em quantidade e pressão
recomendadas. Essa é a parte da distribuição de especial interesse para esse
trabalho.
Figura 1 – Sistema de abastecimento de água da região metropolitana de São Paulo (Fonte: Sabesp 1995)
As redes de distribuição são, em geral, o componente de maior custo do
sistema de abastecimento de água, cerca de 50 a 75% do custo total de todas as
obras do abastecimento.
Em um sistema público de abastecimento de água, as redes de distribuição
e as ligações prediais são as partes que normalmente não estão sob constante
vigilância. As obras de captação, adução, tratamento e reserva, por encontrarem-se
concentradas, e mesmo por seus portes, usualmente maiores, são contempladas
pelas equipes de operação com uma atenção ininterrupta, pois são as obras visíveis e
visitáveis permanentemente. O mesmo, entretanto, não ocorre com relação às redes
de distribuição. Estas são obras enterradas, as quais se distribuem sob as vias públicas, sendo o acesso às mesmas bem mais difícil e, às vezes, extremamente complexo. Isto não quer dizer que as redes não possam ser operadas. Muito pelo contrário,
pelo fato de ser a parte do sistema de abastecimento que se encontra mais próxima do
consumidor, deve merecer especial atenção, principalmente no que se refere à qualidade e perdas da água. Esses dois aspectos devem ser preocupações contínuas dos
responsáveis pelo sistema de abastecimento de água.
Desde a captação no manancial até a entrega da água tratada ao consumidor final ocorrem perdas, de vários tipos, que em grande parte são causadas por
operação e manutenção deficientes das tubulações e inadequada gestão comercial
das companhias de saneamento. Contudo, isso não quer dizer que é possível contar
com perda zero nos sistemas de abastecimento de água, onde a existência de tubulações enterradas pressurizadas e medidores de volumes ou vazões com certo grau de
imprecisão inerente levam naturalmente a se trabalhar com um nível de perdas que
será aceitável, tanto sob os pontos de vista econômico e operacional, como sob a
ótica de conservação de recursos hídricos.
Desta forma, a vinculação entre o nível de perdas em uma companhia de
saneamento e sua eficiência operacional é total, ou seja, é de se esperar que os
sistemas de abastecimento de água bem operados e mantidos (em outras palavras,
bem gerenciados) possuam baixos índices de perdas. O sucesso das ações contínuas
para a redução de perdas nas companhias de saneamento leva a uma melhor
performance econômica da companhia, revertendo tal benefício em tarifas mais baixas
aos clientes e à uma postergação de novos investimentos na amplificação dos
sistemas de produção, adução e reserva de água.
A conscientização do problema de perdas, o conhecimento das técnicas e o
envolvimento de todos os profissionais da companhia são fundamentais para reverter
o preocupante quadro hoje ocorrente na maioria dos sistemas de abastecimento, com
perdas elevadas e uma má imagem perante os seus clientes.
A primeira noção que vem à mente é a de que “perda” é toda a água
tratada que foi produzida e se perdeu no caminho, não se chegando ao uso final pelos
clientes da companhia de saneamento. Essa noção, no entanto, trata a perda como
algo físico, um volume de água perdido em um vazamento, por exemplo. Efetivamente
tem-se aqui um caso concreto de um produto industrializado que se perde no
transporte até o consumidor. O conceito de perdas, no entanto, é mais abrangente. Do
ponto de vista empresarial, se o produto for entregue e, por alguma ineficiência, não
for faturado, tem-se um volume de produto onde foram incorporados todos os custos
intrínsecos de produção industrial e transporte, mas que não está sendo contabilizado
como receita da companhia, ou seja, uma perda também com conotação diferente em
relação ao caso anterior, sendo mais ligada ao aspecto comercial do serviço prestado.
3.3 – Automação na Distribuição de Água
Nas últimas décadas, com o avanço na engenharia eletrônica, foi possível o
desenvolvimento de computadores e equipamentos sofisticados para serem utilizados
em automação dos sistemas de abastecimento de água e de esgoto sanitário. Embora
esses equipamentos aumentem os custos do sistema, a comparação técnicaeconômica entre a sua utilização ou não, normalmente leva a optar pelo uso desses
equipamentos, pois diminui os custos de pessoal, reduz o consumo de energia elétrica
e de produtos químicos, melhora a eficiência dos processos, aumenta a segurança na
operação do sistema etc.
Como a automação consiste na substituição da ação humana pela
mecânica ou por outro dispositivo criado pelo homem, é de fundamental importância o
conhecimento detalhado do funcionamento do sistema (hidráulico, processos, etc.) e
dos equipamentos eletromecânicos.
Há várias formas de controle dos sistemas de abastecimento de água.
Controle por módulos (Figura 2) e sistema integrado de controle de água (Figura 3).
Figura 2 – Controle do sistema de abastecimento de água por módulos
Figura 3 – Controle integrado do sistema de abastecimento de água
Conforme se observa na figura seguinte, o controle dos sistemas de
abastecimento de água pode ser feito através de diferentes níveis de automação.
Figura 4 – Níveis de automação
As principais funções da automação na adução e distribuição de água são:
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Medição de níveis de reservatórios, vazões e pressões nas linhas;
Macro e micromedição de volumes;
Controle automático das pressões nas linhas;
Controle nos níveis dos reservatórios;
Centralização operacional;
Integração dos sistemas de controle de ETAs, elevatórias, boosters e poços;
Telecomando e telemonitoração das bombas de elevatórias e de poços;
Telecomando de válvulas de manobra;
Modelamento matemático previsional, de controle e simulação da rede;
Controle otimizado da rede;
Integração com GIS;
Integração com sistema de gestão de manutenção.
A automação e o controle da distribuição de água é feita usando-se
controladores lógico programáveis (CLPs), vários tipos de instrumentos de medida e
vários tipos de atuadores ou acionamentos.
Os instrumentos de medida são os elementos primários do controle, ou
seja, os responsáveis pela entrada de informações no controlador. De acordo com o
sinal elétrico de saída podem-se classificar os instrumentos como digitais ou
analógicos.
Instrumentação Digital:
Nos instrumentos digitais o sinal de saída só pode adquirir dois estados
(ligado ou desligado, aberto ou fechado, verdadeiro ou falso, etc.) caracterizando,
portanto, uma variável digital. Exemplos de instrumentos digitais:
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Pressostato
Chave de nível
Chave de fluxo
Termostato
Chave de fim-de-curso
Fotocélula
Instrumentação Analógica:
Nos instrumentos analógicos o sinal de saída pode adquirir infinitos estados
dentro de uma faixa pré-determinada caracterizando, portanto, uma variável analógica.
Exemplos de instrumentos analógicos:
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Transmissor de nível
Transmissor de vazão
Transmissor de pressão
Transmissor de posição
Transmissor de vibração
Medidor de pH
Turbidímetro
Atuadores ou acionamentos são equipamentos que convertem os sinais
elétricos vindos do controle em ações físicas no processo. Os atuadores são os
elementos finais do controle, ou seja, aqueles que vão realmente alterar as variáveis
de saída do processo e os acionamentos são os equipamentos que vão acionar os
atuadores.
Exemplo de atuadores ou elementos finais:
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Bombas
Ventiladores
Agitadores
Aquecedores
Lâmpadas
Válvulas
Robôs
Nos sistemas de abastecimento de água, verifica-se que o segundo maior
custo com a operação é o consumo de energia elétrica. Sendo os sistemas de
bombeamento os maiores responsáveis por esse custo, a maioria das intervenções
realizadas com a tecnologia de automação tem o propósito de otimizar a operação
desses sistemas.
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