Povoamento/mestiçagem

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Povoamento/mestiçagem
O povoamento das ilhas foi feito por brancos, na sua maioria portugueses, mas também italianos
(genoveses), holandeses, ingleses e franceses, e por negros de várias etnias, trazidos como
escravos da costa ocidental de África, principalmente balantas, papéis e jalofos.
Cabo verde serviu também de escoamento para crianças judias. O cruzamento entre brancos e
negras ao longo de séculos, produziu uma "raça" nova, a dos mulatos. Gerou também uma cultura
e uma língua própria, o crioulo. Este dialeto terá surgido, no século XVII, primeiro nas ilhas de
Santiago e Fogo e nos rios da Guiné.
Desde o século XVI que os mulatos foram gradualmente adquirindo importância econômica e
social. Neste século, os moradores da cidade Ribeira Grande, solicitam à coroa para admitir para
certas funções, os "pardos" (mulatos) de Santiago. A expansão dos mulatos não era pacífica. Em
1620, os espanhóis que dominavam Portugal, degredam para Cabo Verde prostitutas portuguesas
para que as mesmas pudessem extinguir a proliferação de mulatos. Seja como for, a ascensão do
mulato não parou.
No século XIX, os mulatos cabo verdianos tem cada vez mais consciência da sua identidade. Para
o que concorreu uma série de órgãos, que possibilitaram o encontro e a discussão dos problemas
específicos das ilhas:
A Imprensa local: Boletim Oficial (1842), O Independente (1877), O Correio de Cabo Verde
(1879), Revista de cabo Verde (1899), etc.
Associações Culturais: Sociedade Recreativa Esperança (1853), Sociedade Filarmônica
Juventude (1864), Grêmio Promotor (1867), etc.
Instituições Culturais: Gabinetes de Leitura (o primeiro abriu em 1853, na capital); Teatro Africano
(década de 60 do século XIX); Biblioteca da Cidade da Praia (1871), etc.
Organizações Políticas: A Maçonaria Portuguesa (Grande Oriente Lusitano) tinha lojas em Cabo
Verde desde pelo menos 1840.
Ao longo do século XIX são muitos os intelectuais cabo verdianos que se salientam na defesa da
identidade da cultura crioula. Idéias que serão largamente difundidas durante a Iª. República
Portuguesa (1910-1926).
Cerca de 71% dos habitantes do arquipélago são crioulos, luso-africanos, cerca de 28% africanos
descendentes de escravos e imigrantes de outros países africanos.
A perfeita simbiose de povos em Cabo Verde, acabou por criar um "Homem Novo" que tem servido
de inspiração a diversas concepções ideológicas, nomeadamente do luso-tropicalismo.
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