A Liturgia no centro da vida da Igreja e do ministério

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A liturgia no centro da vida da Igreja e do ministério episcopal
João Paulo II quis assinalar as bodas de prata da sua eleição para a
cátedra de São Pedro com a assinatura e publicação da exortação apostólica póssinodal que é o fruto da décima Assembleia Geral e Ordinária do Sínodo dos
Bispos, que se reuniu em Roma de 27 de Setembro a 30 de Outubro de 2001 e
que teve como tema "O Bispo servidor do Evangelho de Jesus Cristo para a
esperança do mundo". Segundo a praxe, este importante documento ficou
conhecido pelas duas primeiras palavras da sua versão oficial: "Pastores
gregis", quer dizer, "Pastores do rebanho". Começa assim: "Pastores do rebanho,
os Bispos sabem que podem contar com uma graça divina especial no
cumprimento do seu ministério".
A Exortação interessa a toda a Igreja de que os Bispos são pastores.
Dizem também respeito a toda a Igreja muitas das considerações feitas no cap.
IV sobre o Bispo enquanto "Ministro da graça do supremo sacerdócio", isto é,
sobre o ministério da santificação que tem o seu momento culminante na vida
litúrgica em geral e nos sacramentos em especial: "A santificação do cristão
realiza-se na regeneração baptismal, é corroborada pelos sacramentos da
Confirmação e da Reconciliação e alimentada pela Eucaristia, o bem mais
precioso da Igreja, o sacramento pelo qual a Igreja é constantemente edificada
como Povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo" (n. 32).
Sendo a Liturgia, em especial a celebração eucarística, a meta e a fonte da vida
da Igreja, o ministério litúrgico do Bispo é também o momento central da sua
actividade em prol da santificação do Povo de Deus (cf. Ibid.). Daí se infere "a
importância da vida litúrgica na Igreja particular" (Ibid.). O Papa insistia na
"íntima e profunda correspondência" entre o ministério da santificação e os
outros dois: "ao exercer o ministério da santificação (munus sanctificandi), o
Bispo realiza o fim a que se propõe o ministério do ensino (munus docendi) e
simultaneamente recebe a graça para o ministério do governo (munus regendi),
modelando as suas atitudes à imagem de Cristo Sumo Sacerdote, de tal modo
que tudo se oriente para a edificação da Igreja e a glória da Santíssima Trindade"
(n. 32).
Após esta reflexão fundamental sobre a centralidade da Liturgia no
ministério episcopal e na vida da Igreja, a Exortação passa em revista os
principais actos em que se concretiza o ministério da santificação exercido pelos
Bispos: Eucaristia e demais sacramentos, Liturgia das Horas, presidência dos
outros ritos sagrados, promoção da vida litúrgica e da piedade popular autêntica
(cf. n.33). Particular relevo é dado às "celebrações onde ressalta a peculiaridade
do ministério episcopal como plenitude do sacerdócio": Confirmação,
Ordenações, Eucaristia estacional (com destaque para a Missa Crismal),
Dedicação de igrejas e altares, Consagração das virgens e outros ritos
importantes para a vida da Igreja particular. São estas as ocasiões privilegiadas
da graça que fazem do "ministério da santificação" "um momento fundamental
na promoção da esperança cristã" (Ibid.).
O n.º 34 deste Documento sublinha a importância da igreja catedral
como "ponto focal" do ministério de santificação do Bispo para toda a Diocese,
"igreja mãe", "centro de convergência da Igreja particular", "centro espiritual
concreto de unidade e comunhão para o presbitério diocesano e para todo o Povo
santo de Deus". Trata-se do lugar por excelência da "principal manifestação da
Igreja" e, por isso, recolhendo a recomendação do Concílio Vaticano II, todos
devem dar a maior importância à vida litúrgica da diocese que gravita em redor
do Bispo, sobretudo na igreja catedral".
É importante que as celebrações litúrgicas sejam cada vez mais
verdadeira "epifania do mistério", exprimindo "claramente a natureza do culto
divino, reflectindo o sentido genuíno da Igreja que reza e celebra os mistérios
divinos", "convenientemente participadas por todos, segundo os vários
ministérios", resplandecentes "em dignidade e beleza". O Papa confessava que
ele próprio fez das celebrações litúrgicas "uma prioridade", tanto em Roma
como nas suas viagens apostólicas. E declara: "Fazendo brilhar a beleza e a
dignidade da liturgia cristã em todas as suas expressões, procurei fomentar o
sentido genuíno da santificação do nome de Deus para educar o sentimento
religioso dos fiéis e abri-lo à transcendência" (n. 35). Eis a grandeza da tarefa
que igualmente incumbe a todos os Bispos e às Igrejas particulares confiadas à
sua solicitude.
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