Aulas 5 e 6 Passagem da consciência mítica ao discurso racional filosófico. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. Ática, 1995. LOGOS. Enciclopédia Luso Brasileira de Filosofia. PASSAGEM DA CONSCIÊNCIA MÍTICA AO DISCURSO RACIONAL, FILOSÓFICO. Esquema de quadro: 1) A origem da filosofia. 2) O legado da filosofia grega para o Ocidente europeu 3) O nascimento da filosofia 4) O que perguntavam os primeiros filósofos. 1) A origem da Filosofia: Origem grega: PHILO = amigo / SOPHIA = sabedoria → AMIGO DA SABEDORIA. Filósofo: o que ama ser sábio, que é amigo do sábio ou tem amizade pelo saber, deseja ser sábio. Filósofo é movido pelo desejo do saber. VERDADE: ela está diante de nós como algo a ser procurado e é encontrada por aqueles que a desejaram, que tiverem olhos para vê-la e coragem para buscá-la. A filosofia surgiu quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e o seres humanos, os acontecimentos humanos e as ações do seres humanos podem ser conhecidos pela razão humana, e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesmo. FILOSOFIA = ATIVIDADE ZETÉTICA = PESQUISA. 2) O legado da filosofia grega para o mundo ocidental europeu. a) b) c) d) Quando se diz que a filosofia é um fato grego, o que se quere dizer é que ela possui certas características, apresenta certas formas de pensar e de exprimir os pensamentos, estabelecer certas concepções sobre o que sejam a realidade, a razão, a linguagem, a ação, as técnicas, completamente diferentes das de outros povos e outras culturas. PRIMEIROS TRAÇOS QUE DEFINEM A ATIVIDADE FILOSÓFICA NA ÉPOCA DE SEU NASCIMENTO: Tendência à racionalidade: significa que a razão humana é a condição de todo conhecimento verdadeiro, por isso ela deve conhecer as leis, regras, princípios e normas de suas operações e de seu exercício correto. Recusa de explicações preestabelecidas: a exigência de uma perene atividade zetética. Tendência à argumentação e ao debate para oferecer respostas conclusivas para questões: tudo provado racionalmente em conformidade com os princípios e as regras do pensamento. Capacidade de generalização: é a capacidade da síntese; [EXPLICAR DIALÉTICA]. Síntese = palavra grega que significa reunião ou fusão de várias coisas numa união íntima para formar um todo. O pensamento generaliza, isto é, encontra sob as diferenças a identidade ou a semelhança e reúne os traços semelhantes, realizando uma síntese. Ex: os estados da água (líquido, neblina, gelo, vapor]. e) Capacidade de diferenciação: mostrar que os fatos ou coisas que aparecem como iguais ou semelhantes são, na verdade, diferentes quando examinados pelo pensamento ou pela razão. O uso da análise: palavra grega que significa “ação de desligar e separar, resolução de um todo em suas partes”. a) b) c) d) e) f) g) Argumentar e demonstrar por meio de princípios e regras necessários e universais, apreender pelo pensamento a unidade real sob a multiplicidade percebida ou, ao contrario, apreender pelo pensamento a multiplicidade e diversidade reais de algo percebida como uma unidade ou uma identidade, eis aí algumas das características do que os gregos chamavam de filosofia. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DO LEGADO GREGO: A idéia de que o conhecimento verdadeiro deve encontrar as leis e os princípios universais e necessários do objeto conhecido e deve demonstrar sua verdade por meio de argumentos ou provas racionais. A idéia de que a natureza segue uma ordem necessária e não causal ou acidental: a idéia de que ela opera obedecendo as leis e princípios necessários, isto é, não poderiam ser outros ou diferentes do que são; universais, quer dizer, são os mesmos em toda parte e em todos os tempos. EXPLICAR NECESSARIO E CONTINGENTE / UNIVERSAL E PARTICULAR. A idéia de que as leis necessárias e universais da natureza podem ser plenamente conhecidas pelo nosso pensamento: não são conhecimentos misteriosos e secretos, que precisam ser revelados por divindades, mas são conhecimentos que o pensamento humano, por sua própria força e capacidade, pode alcançar. A idéia de que a razão também opera obedecendo princípios, leis, regras e normas universais e necessários, com os quais podemos distinguir o verdadeiro do falso: por sermos racionais, nosso pensamento é coerente e capaz de conhecer a realidade porque segue leis lógicas de funcionamento. O agir humano exprime a conduta de um ser racional dotado de vontade e de liberdade: a atividade racional não é medida pela divindade. A idéia de que os acontecimentos naturais e humanos são necessários, não exclui a compreensão de que esses acontecimentos podem ser acidentais: é a questão do acaso, pois a natureza segue leis necessárias que podemos conhecer e nem tudo é possível, por mais que o quisermos. A idéia de que os seres humanos naturalmente aspiram ao conhecimento verdadeiro, à justiça e à felicidade: ao conhecimento verdadeiro porque são racionais; à justiça porque são dotados de vontade livre e à felicidade porque são seres dotados de emoções e desejos. 3) O nascimento da filosofia Historiadores dizem ser ao final do século VII a.C. e início do século VI a.C., nas colônias gregas da Ásia Menor, na cidade de Mileto. O primeiro filósofo foi Tales de Mileto. A filosofia nasce como uma cosmologia, ou seja, um conhecimento racional da ordem do mundo ou da natureza. Alguns historiadores dizem que ela nasce das transformações que os gregos operaram na sabedoria oriental (egípcia, persa, caldéia, fenícia e babilônica). Alguns acreditam ser um milagre grego. EXPLICAR ESTE MILAGRE GREGO. 4) O que perguntavam os primeiros filósofos: Por que nascer e morrer? Por que os semelhantes são iguais? Por que tudo muda? Por que a doença invade o corpo e rouba-lhe a força? Por que o uno se multiplica em tantos outros? Por que nada permanece idêntico? De onde vêem os seres? Para onde vão quando desaparecem? O mito e a religião explicavam todas elas, mas as explicações não eram satisfatórias mais.