u1_d29_v3_at06 - Acervo Digital da Unesp

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Bloco: 3
Disciplina: D29 – Avaliação Educacional e Escolar
Atividade 06 - Questões referentes ao texto 01
1. Reúnam-se em grupos e realizem a seguinte atividade:
Tanto no texto “Os Múltiplos sentidos e caminhos da avaliação educacional e
escolar” como no vídeo, foi discutida a ideia de que toda avaliação expressa um
posicionamento político, ético e teórico-metodológico. Assim, com base nas discussões e
nos resultados de pesquisa apresentados abaixo, respondam às seguintes questões:
a) Que procedimentos e atitudes devem ser privilegiados pelos avaliadores
(professores, gestores, órgãos externos) para tornar efetiva uma avaliação
democrática e ética, coerente com o projeto e anseio de uma educação inclusiva?
b) Por que precisamos superar o arbitrário cultural de nossas avaliações? E, que
orientações teórico-metodológicas nos permitirão orientar nossas avaliações a
serviço da aprendizagem dos alunos, em especial dos alunos pertencentes a
grupos sociais menos favorecidos? Justifiquem.
Pesquisas têm demonstrado que tanto os testes de habilidades (sejam os utilizados
pelos professores em sala de aula, sejam os utilizados nas avaliações externas) como os
de QI (Quociente de Inteligência), por pressuporem um quadro de referência cultural
particular, composto por valores, conhecimentos e padrões de comunicação específicos
de um determinado grupo social prestigiado, apresentam interpretação equivocada dos
resultados e podem ter sua validade comprometida.
Para Greenfield (1997, p. 1116), essa validade pode ser comprometida em relação
a três categorias culturais:
1. Valores e significados, ou seja, a existência ou não de concordância nos valores
ou méritos de uma resposta particular para uma questão particular e o significado
atribuído à linguagem utilizada, aos termos e conceitos envolvidos pelas diferentes
culturas1.
2. Processos cognitivos, implicando que deve haver uma concordância entre os
participantes entre os processos cognitivos exigidos pelo teste e o objeto de
conhecimento sendo avaliado, considerando que um tipo de viés cultural mais
profundo diz respeito à valorização dada por diferentes grupos a determinados
processos cognitivos ou à lógica utilizada para interpretar algum termo ou ideia.
3. Comunicação, no sentido em que as informações relevantes para se responder ao
teste devem ter significado reconhecido e familiar a todos os participantes,
lembrando que o uso de linguagem impessoal pode não ser aceita ou mesmo
reconhecida por todos e que, em situação de avaliação, o avaliado não tem
oportunidade de expressar suas dúvidas, o que compromete a validade e a
fidedignidade do teste.
Um exemplo apresentado por Greenfield (1997) ilustra esse viés cultural: um teste
de agrupar objetos foi apresentado para crianças Liberianas. Havia 20 objetos a serem
divididos de forma sensata e inteligente dentro das categorias linguísticas de alimentos,
equipamentos de cozinha, vasilhas para alimentos e roupas. Ao invés de dividir os objetos
nas categorias esperadas pelos pesquisadores, as crianças insistiam em agrupá-los de
maneira funcional por pares, colocando, por exemplo, o tomate e a faca juntos, porque
“você pega a faca e corta o tomate”. E as crianças justificaram suas respostas, dizendo
que “um homem sensato só poderia juntar isto com isto”. Em total desespero, um
pesquisador perguntou: “E como um tolo faria”? O resultado foi que agruparam de acordo
com o esperado pelos pesquisadores.
1
Quando um teste é planejado de acordo com as normas e padrões culturais do grupo dominante haverá diferença
cultural ou, viés cultural se o teste é aplicado a grupos minoritários, seja a diferença relativa a etnia, raça, sexo,
condição social, econômica ou cultural.
Este exemplo mostra que o entendimento das crianças de comportamento
inteligente e sensato diferia radicalmente do entendimento dos que elaboraram o teste, e
esta diferença no critério a ser utilizado para realizar a atividade com sucesso
comprometeu sua validade.
Referência: GREENFIELD, Patricia M. You can’t take it with you: Why ability assessments
don’t cross cultures. American Psychologist, v.52, n.10, p.1115-1124, 1997.
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